Projeto Doppelgänger escrita por Heringer II


Capítulo 8
Relatório geral: conclusão de caso


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao final de mais uma história, e como é de costume, deixarei as despedidas para o final. Kkkkkkk.

Espero que gostem! ^^



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Hannah foi acompanhada do piloto militar à zona sul da cidade, que estava sendo atacada pelo experimento 11. Ela desceu do veículo e deu as instruções.

— Diga aos outros soldados que saiam da área imediatamente.

— E quanto a você?

— Eu sei me virar.

— Vai lutar sozinha contra essa coisa?

— Eu sobrevivi a um acidente de avião , soldado. Não vai ser um ciborgue com alguns centímetros de altura a mais do que eu que vai me parar.

— Mas como você pretende detê-lo?

— Isso é problema meu. Agora, leve os soldados daqui.

O militar assentiu com a cabeça e se dirigiu para seus colegas.

— Atenção! Todos vocês, se afastem da área. — gritou, tentando soar mais alto do que o barulho de explosões e tiros.

— Mas... — retrucou um dos soldados. — o sargento disse...

— Esqueça o que o sargento disse! — Hannah se intrometeu. — Vão embora agora!

— Quem você pensa que é para nos dar ordens assim?

— A pessoa que salvará a vida de vocês. Vão agora!

Os soldados relutavam em obedecer as ordens de Hannah, mas logo mudaram de ideia quando uma voz mais grossa e autoritária ecoou.

— Escutem o que ela diz! — disse o sargento, vindo em um outro veículo militar, juntamente com Susie e Michaelson.

— É o sargento!

— A senhorita Harper sabe como parar o ciborgue. Ela passou a informação para esses dois que estão aqui comigo, e eis o resultado. — mostrou o corpo desativado do experimento 10.

— E aí? — disse Hannah. — Vão contrariar as ordens do sargento?

— Mesmo assim — o soldado prosseguiu. —, você não acha que é perigoso demais enfrentar esse ciborgue sozinha?

— Ele tem razão, Hannah. — disse Susie. — Tem certeza que não quer nenhuma ajuda?

— Absoluta.

Hannah se aproximou vagarosamente da barreira militar, que já estava se desfazendo com os soldados de afastando.

— Ei! — Hannah gritou, para chamar a atenção do ciborgue, que estava olhando para o outro lado.

Franklin Owens olhou com o olhar vago para Hannah, que manteve contato visual com ele. O gêmeo começou a caminhar em direção a ela.

— Escuta, eu não sei o que diabos aconteceu com vocês dois, mas pode ter certeza que a sua festinha acaba aqui. — Hannah falou.

Susie e Michaelson assistiam calados. O ciborgue se aproximou aos poucos de Hannah.

— Não. Haverá. Misericórdia. — disse o ciborgue, pronunciando as palavras no mesmo tom.

O humano modificado começa a trocar socos contra Hannah, que apesar de saber que seus simples socos quase não surtem efeito na pele de grafeno, revida com golpes fortes.

— Hannah! — gritou Susie, preocupada.

O experimento 11 acerta alguns fortes golpes no rosto de Hannah. Apesar disso, ela não desiste e prossegue atacando-o.

— Você. Não. Pode. Me. Impedir. — disse o ciborgue.

— Ah, você fala como se fosse uma criança na alfabetização. — disse Hannah.

— Precisamos ajudá-la! — disse Michaelson.

— Ela pediu para que não fôssemos. — Susie respondeu.

— Mas se continuar assim, ela vai morrer.

— Não! Não vai. Eu confio na Hannah. Eu sei da capacidade dela.

Nesse instante, Susie teve um rápido "flashback" da sua infância.

Quando tinha apenas 8 anos de idade, ela vinha sozinha da sua escola. Seus pais nunca se preocuparam com o fato dela ir e voltar sozinha do colégio, pois ele ficava na rua ao lado à da casa deles. A distância entre a casa dos Byron e do colégio de Susie não chegava a 5 metros.

Naquele fatídico dia 5 de junho de 1994, Susie voltava, como o de costume, a pé e sozinha para casa. Naquele dia, havia tido uma festa na escola, pois um de seus colegas estava aniversariando. A pequena Susie, com sua farda escolar, mochila do antigo desenho animado Cavalo de Fogo e uma franjinha cobrindo-lhe a testa vinha saltitante alegremente com uma das bexigas do aniversário, quando esta acabou escapando de sua mão e voando para uma rua que ela não estava acostumada a andar.

Susie sabia que tinha que voltar para casa, mas não queria perder sua bexiga, então saiu correndo atrás dela.

Quando enfim a alcançou, viu que estava perdida. A rua em que estava agora era estreita e haviam várias árvores densas em ambos os lados dela.

Pelo fato da rua ser pequena e as folhagens das árvores serem extensas, a luz do sol não iluminava muito bem aquele local, o que deixava a rua muito escura.

Correu um pouco para ver se encontrava o local por onde havia entrado. Nada. Estava mesmo perdida.

De repente, começou a ouvir algo estranho. Logo viu que se tratava do rosnado de um cachorro. Quando olhou para trás, viu que um enorme rottweiler a encarava com olhar feroz. A pequena Susie correu, o que fez o enorme cachorro perseguí-la.

A garotinha tropeçou, deixou seu balão fugir e o rottweiler se aproximar.

O cachorro se preparava para atacar a pobre e indefesa Susie, até que...

— Parado! — disse a voz de uma garotinha, que logo se revelou nas sombras. — Cachorro feio! Eu disse para não sair de casa! Vá pra casa agora, vai!

O rottweiler, agora com cara de submisso à sua dona, a obedece e vai embora.

— Você está bem? — perguntou a garotinha que acabara de salvar Susie.

— Estou sim. Aquele cachorro é seu?

— É. Me desculpe, o Spike é um pouco violento.

Susie olhou para a farda escolar da garota que acabara de conhecer.

— Você estuda na mesma escola que eu. — disse, em seguida percebeu que ela carregava uma bexiga semelhante à sua. — E também é da minha sala.

— Sou sim. — ela sorriu simpaticamente. — A gente já estuda juntas há um tempinho, mas nunca nos falamos.

Susie mostrou um semblante triste pelo seu balão perdido. Ressentida, a garota lhe dá o dela.

— Pra mim? — Susie perguntou.

— Sim. — respondeu ela, com o mesmo sorriso.

— Você sabe por que caminho eu vou para a minha rua?

— Qual é a sua rua?

— É aquela com um supermercado.

— Ah, sei sim. Não é muito longe daqui. Venha, eu te levo.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer. Como você se chama?

— Susie Byron. E você?

— Hannah Harper.

Quando Susie voltou seu pensamento ao presente, percebeu que Hannah levava sua mão ao bolso, de onde tirou uma faca e a cravou por trás do pescoço do ciborgue, que cai no chão.

— Hannah! — gritou Susie.

Os dois se aproximam de sua amiga.

— Você está bem? — perguntou Michaelson.

— Quietos! — disse Hannah. — Ele está tentando dizer algo.

— Abortar. Operação. Missão. Fracassada.

— Missão fracassada? — Susie perguntou. — Foi a mesma coisa que o outro gêmeo disse quando o desativamos.

Hannah se aproximou do rosto do ciborgue.

— Que missão? — questionou.

— A missão... imposta... pelo general... Frederick Green. Eliminar... Susie Byron... Michaelson Wright... e Hannah Harper... — disse o experimento 11, antes de ser permanentemente desligado.

Susie, Michaelson e Hannah não podiam acreditar no que acabaram de ouvir.

— O general Green... — disse Michaelson. — Mandou os ciborgues nos matar?

O sargento foi até eles.

— Tudo bem com vocês? — ele perguntou.

— Eu quero um avião de volta para Nevada, agora! — exigiu Hannah.

— Senhorita Harper, sinto muito, mas...

A fala do sargento é interrompida com Hannah segurando fortemente sua farda e puxando-o para perto dela.

— Eu não vou falar outra vez. Providencie para nós três um avião para Nevada, imediatamente!

— Senhorita Harper...

— É uma questão de urgência!

Sem entender muito bem, o sargento assente.

— Providenciem o mais rápido possível um avião para Nevada para o senhor Wright, a senhorita Byron e a senhorita Harper. — deu a ordem.

— Hannah, o que está planejando? — Susie perguntou.

— Não está claro? Os verdadeiros inimigos não eram os gêmeos ciborgues. O verdadeiro inimigo é o general Frederick Green. — disse sussurrando.

Um jipe militar buzinou mais à frente. Estava pronto para levá-los ao aeroporto

— Precisamos de uma satisfação.

E assim, os três foram ao aeroporto, que já tinha um T-38 Talon à espera deles.

*

Cerca de quatro horas e meia depois, ainda naquele dia, o general Frederick Green repousava em sua cadeira na sua sala fechada quando um dos dos soldados lhe pediu permissão para que entrasse.

— Pode entrar.

— General Green, imagino que já saiba do ocorrido.

— Afirmativo.

Os dois permaneceram em silêncio por alguns constrangedores segundos.

— O senhor está bem? — perguntou o soldado, quebrando o momento de silêncio.

— Eu? Não poderia estar melhor. Por que a pergunta?

— O senhor está aqui trancado há quatro horas, desde que os experimentos 10 e 11 foram desativados.

O general demorou alguns segundos para responder.

— Quando me disseram que eu deveria ter cuidado com Susie Byron e Michaelson Wright, eu fiquei imaginando o que dois simples agentes da CIA eram capazes de fazer. Agora eu sei porque me avisaram para tomar cuidado com eles.

— Vale lembrar que não estavam sozinhos, senhor.

— Não. Hannah Harper os ajudou. Eu sabia que ela seria um empecilho para a gente.

— Com todo o respeito, general. Por que mandou os dois gêmeos matarem eles?

— Está querendo saber demais, soldado.

— Mas o senhor estava querendo cometer um assassinato!

— E qual o problema?

— Qual o problema? Armou todo esse circo para matá-los? Pôs em risco a vida de milhares de cidadãos apenas para...

O soldado interrompe sua fala ao ver uma arma saindo de um mecanismo no braço de Frederick Green.

— General Green... O senhor é...

Atira. O soldado cai no chão.

Frederick olha pelos televisores de sua sala, que estavam conectados às câmeras de segurança da base S4. Viu Susie, Michaelson e Hannah se aproximando da entrada da base S4.

— Sinto muito, mas vocês não podem passar. — disse um dos soldados na parte de fora.

— Somos dois agentes da CIA e uma militar furiosos. — disse Susie. — Libere essa droga de passagem!

— Deixem que entrem. — disse o general Green, pelo comunicador.

— Tem certeza, general?

— Sim.

O soldado olha para os três.

— Podem passar.

Eles descem novamente pela escada que levava ao subterrâneo. Iam na contramão, enquanto todos os soldados que estavam lá dentro subiam. Estavam deixando a base por ordem do próprio Frederick Green.

Quando Susie, Michaelson e Hannah chegaram lá em baixo, Frederick já os esperava.

— Penso eu que tenham muitas perguntas, não é? — disse Frederick.

— Pensa bem. — disse Hannah. — Foi você, não foi? Foi você quem programou os dois gêmeos para se rebelarem e ameaçarem a segurança. Você os programou para atacar a cidade. Tudo isso foi culpa sua.

— Exatamente. — Frederick respondeu friamente.

— Por quê?

— Porque nós, ciborgues, embora ainda poucos, já somos uma raça muito mais avançada que vocês, humanos não-modificados. Temos o direito de nos estabelecer acima de vocês. É o nosso direito, assim como, durante anos, vocês se declararam acima de todos os outros seres vivos.

— Espera aí. — disse Michaelson. — O que quer dizer com "nós, ciborgues"?

Frederick deu uma pequena risadinha, e em seguida arrancou uma parte do revestimento de grafeno do seu rosto, revelando um sistema de circuitos na sua face.

— Você é um deles? — perguntou Hannah.

— Isso mesmo. Quando me apresentaram a iniciativa Neogênese, fiquei tão fascinado que pedi para que fosse realizado em mim tal maravilhoso processo. E convenhamos, até que caiu bem.

Frederick saiu do escuro, revelando de vez seu rosto meio-robótico.

— Por que envolveu os agentes Byron e Wright nisso?

— Ah, não era minha intenção. Mas o fato é que me deram ordens para matar vocês. Só estava fazendo o que me mandaram.

— Quer dizer que alguém mandou você nos matar? — Susie perguntou.

— Sim.

— Quem?

— Isso é segredo.

— Quer dizer que... — disse Michaelson. — Aquela bomba de pulso eletromagnético no avião, que nos fez cair... Foi você quem colocou lá?

— Imaginei que se acabasse logo com vocês, diminuiria o trabalho dos gêmeos.

— Seu maníaco. Seu plano acaba aqui. — disse Hannah.

— Acha mesmo, senhorita Harper? É uma pena que vocês morram aqui, numa base secreta. Ninguém poderá vir tirar os corpos de vocês. Nem direito a enterro vocês terão. Quando tudo estiver acabado, os ciborgues serão a raça dominante, e vocês serão comparados a ratos no...

Frederick interrompe seu discurso ao ver nas mãos de Hannah uma bomba PEM.

— Onde conseguiu isso? — Frederick perguntou.

— Susie tirou de um dos ciborgues. Eu imagino que seus circuitos não resistam a um pulso eletromagnético tão forte. Nem mesmo sua pele de grafeno te protegeria disso.

— Você não se atreveria...

— Isso não vai destruir só você, general. Cada um de seus amiguinhos ciborgues terá seus sistemas danificados com essa bomba.

Frederick ativa a arma do seu braço.
— Se detonar essa bomba, eu juro que não sairá viva daqui, senhorita Harper.

— Então atire. Pode me matar, pode matar a nós três. Mas os ciborgues deixarão de existir para sempre, junto com os únicos computadores que possuem os arquivos da Iniciativa Neogênese. De um jeito ou de outro, seu reinado de humanos modificados se encerra aqui, general Green.

— Então... Sua vida se encerrará junto com ele.

Quando Frederick iria disparar, Michaelson pega suas muletas e joga nele. O namorado de Susie cai no chão por ainda não conseguir sustentar suas pernas por causa da dor, ao mesmo tempo que o general Green é derrubado.

— Vamos embora daqui, rápido! — disse Hannah, ativando a bomba PEM e correndo.

Desesperado, Frederick dispara descontroladamente contra os três, mas não acertou nenhum tiro. Se dirigiu rapidamente em direção à bomba, mas a contagem regressiva já estava em seus segundos finais.

A bomba explode, liberando um pulso eletromagnético que destrói todo o equipamento da base, incluindo computadores que guardavam toda a pesquisa da Iniciativa Neogênese e do Projeto Doppelgänger. Em seguida, os circuitos de todos os ciborgues entram em colapso, matando a todos, inclusive Frederick.

Ao chegarem na superfície, Susie, Michaelson e Hannah perceberam que alguns helicópteros estavam vindo na direção deles, mas não eram helicópteros militares.

— São os helicópteros da CIA! — disse Susie, entusiasmada.

*

Uma semana se passa.

A mídia divulgou o ataque dos gêmeos ciborgues como sendo um ataque terrorista. Todos os militares envolvidos se reuniram secretamente com a CIA para passar toda a informação do que havia acontecido.

Hannah Harper passou uns cinco dias na casa de Susie e Michaelson, enquanto encontrava algum outro lugar para ficar. Arrumou um trabalho em Fort Bragg, uma base militar na Carolina do Norte. No último dia 14 de julho, despediu-se de seus amigos no aeroporto. Já era bem tarde e o sol estava quase se pondo.

— Foi um prazer te rever, Susie. — disse Hannah, abraçando sua amiga.

— Igualmente, Hannah. A Carolina do Norte fica vizinho a Virgínia, venha nos visitar de vez em quando.

— Sempre que puder, virei.

Se dirigiu para Michaelson.

— E aí, cara. Como vai sua perna?

— Ela está bem e agradece sua preocupação.

Michaelson e Hannah riem e se abraçam.

— Até mais, Mike. Posso te chamar assim?

— Deve.

— Cuida bem da Susie, ok?

— Sua amiga está em ótimas mãos.

— Bom saber. Até mais.

Hannah se dirige ao avião.

— Ah, ia me esquecendo. — disse ela, já com os pés na entrada da aeronave. — Se algum dia vocês decidirem ter um cachorro, que não seja um rottweiler, está bem?

Hannah dá uma piscadinha de olho para Susie, que retribui com um sorriso desajeitado, e entra no avião. Os dois continuaram ali até o avião se esconder entre as nuvens e o céu laranja de fim de tarde.

— Vamos para casa agora? — perguntou Susie.

— Vamos, sim. Está quase na hora do jantar.

— Quem cozinha hoje é você.

— Tudo bem, pelo menos eu sei cozinhar.

Susie dá um pequeno soco no ombro de Michaelson.

— Escuta, Susie... — Michaelson fez uma pequena pausa.

— O que foi, Mike?

— Quem você acha que mandou o general Green vir atrás de nós?

— Eu não sei, por quê?

— Porque seja lá quem for essa pessoa, ela ainda deve estar à solta por aí, ou seja, ela pode voltar a atacar.

— Tem razão. Mas por que essa pessoa estaria tentando nos matar? Ela deve ter algum motivo para nos odiar tanto assim.

— E para conseguir convencer um general do exército americano a ajudá-la, ela deve ser uma pessoa muito influente e poderosa.

— Talvez... Algum membro remanescente dos S0V3R3IGNS?

— Ou quem sabe coisa pior...

Susie segurou a mão de Michaelson e olhou em seus olhos.


— Seja lá quem ou o que for, quando vier estaremos juntos e preparados para qualquer ameaça.

Michaelson sorriu e os dois foram para casa, encarando a noite que se aproximava.

— Tem só mais uma coisa que eu quero saber, Susie.

— E o que é?

— Que história é essa de um rottweiler?

Susie ri alto.

— Ah, Mike. Essa eu não vou te contar tão cedo. É uma história longa.


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