Projeto Doppelgänger escrita por Heringer II


Capítulo 6
Relatório de Susie Byron: o horror está entre nós


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu ainda acho que foi maldade encerrar o capítulo anterior daquela forma, obrigado.


Kkkkkkkkkkk.

Espero que gostem. ^^



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Acordei. Quando abri os olhos, demorou para que minha visão se estabelecesse novamente. Aos poucos, as manchas distorcidas foram se transformando em objetos conhecidos.

Reconheci de início um ventilador e uma lâmpada LED em um teto branco. Olhei para os lados, e vi nas paredes alguns mapas anatômicos.

Olhei para mim mesma e eu estava vestindo uma camisola branca por cima da minha roupa, que ainda não havia trocado desde que chegara da viagem com Michaelson, e que agora estava toda manchada e rasgada. No meu braço, havia uma agulha grudada por onde eu tomava soro.

As lembranças aos poucos se remontaram na minha mente. A Área 51. O avião. A reclamação do piloto. A queda.

Deixo aqui para qualquer pessoa que porventura leia esse relatório, uma dica que acho que deveria saber, mas ao mesmo tempo torço para que nunca precise pô-la em prática.

Se por acaso, estiver viajando de avião e a aeronave começar a cair, se dirija imediatamente à parte traseira do avião. As aeronaves, geralmente, caem com a parte da frente atingindo o solo. Portanto, quem estiver mais longe da frente, terá mais chances de sobreviver. Claro que suas chances de sobrevivência não serão muito maiores do que as daqueles que permanecerem  perto do ponto de impacto, mas que você terá uma probabilidade minimamente maior de não se tornar uma vítima fatal do acidente, você terá.

Foi isso que eu fiz, quando vi que estava caindo, corri para a parte da extrema traseira do avião, empurrando com meus braços Mike e Susie, para que também viessem.

Fiz um pequeno esforço para me levantar, haviam pequenas dores por quase todos o meu corpo. Não consegui sair da cama, mas pude ver, pela janela, uma bandeira azul com símbolos que demorei para reconhecer.

 

Foi quando minha mente retomou as aulas de geografia do ensino primário. "Estou em Kentucky!", pensei. O estado vizinho era Virgínia.

Voltei a lembrar os momentos da queda. Antes de ficar inconsciente, me lembro de termos caído em uma área florestal. Área essa que, se não me falha a memória, deveria ser o Parque Nacional de Mammoth Cave, conhecido mundialmente pelas suas cavernas e grutas naturais que formavam o Mammoth Cave System, que se tratava justamente de um complexo sistema formado por essas cavernas e grutas, que tinham como principais pontos turísticos suas nascentes de águas cristalinas e suas cavernas com belíssimas e pontiagudas estalactites.

— Pelo amor de Deus! Não faça tanto esforço assim! Seu corpo está muito debilitado! — disse uma mulher, possivelmente enfermeira, entrando no meu quarto.

— Me desculpe, só estou um pouco confusa. — eu respondi.

— Ah, eu entendo. Mas como está se sentindo?

— Não muito bem. Estou com dores por todo o meu corpo.

— Não é para menos, vocês caíram de uma altura muito alta do avião em que estavam. Você é militar?

— Não. Por quê?

— O avião que estavam usando era um Lockheed F-117 Nighthawk, não era?

— Sim. Pelo visto você entende muito de aviões.

— Não mais do que a maioria das pessoas. Tive acesso ao relatório policial e descobri que o avião em que vocês estavam voando era um desse modelo.

— E por que perguntou se eu era militar?

— Achei interessante o design da aeronave e pesquisei mais sobre ela. Era um modelo de guerra já aposentado pelo exército dos Estados Unidos há algum tempo. Além disso, tanto o piloto quanto um dos passageiros trajavam fardas militares.

Essa última frase da enfermeira me fez lembrar do meu namorado e minha amiga.

— Mike e Hannah! — falei alto. — Onde estão eles?

— Se refere aos pacientes Hannah Harper e Michaelson Wright?

— Eles mesmos! Eles estão bem?

— Eu estou ótima. — disse Hannah, aparecendo na porta do meu quarto.

Me levantei e caminhei, com cuidado para não derrubar o soro que estava tomando.

A abracei.

— Que bom que você está bem, minha amiga. — eu falei.

— Também estou feliz por você estar bem.

Quando a soltei, meu rosto de felicidade voltou a esbanjar preocupação.

— Onde está o Mike? — perguntei.

— Bom, como posso dizer... — disse, mostrando um semblante triste.

As palavras de Hannah me deixaram tensa.

— Hannah, não me diga que ele...

— Ai, calma. Não é nada disso!

— Mike está vivo?

— Está. Só não está muito bem...

— Como assim?

Ele entrou, e nesse instante, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a muleta que ele usava para se segurar. Em seguida, sua perna direita, erguida e seriamente machucada.

Abracei ele. Estava muito aliviada por ainda estar vivo. Lágrimas desciam pelos meus olhos nesse momento. Aquele foi o abraço mais longo que demos desde que nos conhecemos.

— Você está bem? — perguntei com palavras de choro.

— Estou sim, só a minha perna que não está em um dia bom.

— Você corre o risco de ficar paraplégico?

— Se ele fizer o tratamento corretamente, não. — a enfermeira me respondeu.

Abracei-o mais uma vez, beijando-o.

— Então quer dizer que todos sobrevivemos? — perguntei.

— Não. — respondeu Hannah. — O nosso piloto acabou falecendo com o acidente.

— É sério?

— Infelizmente, sim.

— Ele não teve a mesma sorte que nós. — Michaelson comentou.

— E que sorte, hein? — eu disse. — A cabine em que estávamos era muito pequena, tínhamos tudo para morrer também.

— Mas não morremos, devido à resistência do avião. De forma que o impacto só foi muito letal mesmo para o piloto. O F-117 Nighthawk é um avião de guerra, não é facilmente abatido; e quando o é, ainda consegue proteger quem quer que esteja lá dentro, se essas pessoas estiverem num local propício à sobrevivência dentro da cabine.

— Você nos empurrou para esse local propício, Susie. Você é a principal responsável por estarmos vivos. — disse Hannah.

— Mas eu ainda tenho algumas dúvidas. — eu disse. — Se o Lockheed F-117 Nighthawk é tão forte assim, como ele foi facilmente abatido no nosso vôo?

— Agente Wright, pode explicar? — disse Hannah.

Mike tirou do bolso um estranho objeto cilíndrico, com cerca de 15 centímetros de altura e 8 de largura. Aparentava ser feita de um resistente metal e possuía uma pequena tela no centro.

— O que é isso? — perguntei.

— Isso, Susie — disse Hannah. —, é uma bomba de pulso eletromagnético.

Eu fiquei estarrecida.

— Alguém colocou uma bomba PEM dentro do nosso avião? — eu perguntei.

— Sim. Mas essa é das pequenas, o alcance não foi muito longe. Ainda bem, pois se ela fosse um pouco mais potente, a radiação eletromagnética teria causado sérios danos ao nosso corpo humano também.

— Quer dizer que, além de destruir qualquer fonte ou aparelho de energia, as bombas PEM também podem prejudicar a saúde humana?

— Sim. Pode causar erupções cutâneas na pele, baixar a eficácia do sistema imunológico, provocar problemas cardíacos, e além disso, trazer danos graves ao cérebro, causando tontura e vômito. Sem falar que, como os neurônios funcionam através de pequenos pulsos elétricos, expor-se a um pulso eletromagnético pode fazer com que o cérebro produza cargas elétricas anormais, provocando descoordenação motora, fraqueza, perturbações do sono, e em casos mais extremos, favorecer o surgimento do Alzheimer.

— Tem certeza que a enfermeira aqui sou mesmo eu? — disse a médica, que ainda ouvia atentamente nossa conversa, fazendo a gente rir. — Me desculpem se eu pareço grossa ao fazer isso, mas eu gostaria de me intrometer na conversa de vocês.

— Fique à vontade. — eu disse.

— Isso que vocês estão falando tem a ver com os ataques desta manhã?

Nós três nos entreolhamos.

— Que ataques? — perguntou Mike.

— Nas cidades de Alexandria e Arlington, no estado vizinho.

— Não estamos sabendo disso.

— Ah, claro! — disse a enfermeira, pondo a mão na testa. — Vocês estavam inconscientes nas últimas três horas.

— Espere aí, já fazem três horas que estamos aqui? — perguntei.

— Exatamente. — a enfermeira me respondeu.

— Isso quer dizer que os gêmeos Owens já devem estar perto de se encontrar. — Hannah falou.

— Vocês não sabiam? — perguntei.

— Nós acordamos pouco mais de meia hora atrás.

— Aonde disse que estão ocorrendo os ataques? — perguntou Hannah à enfermeira.

— Arlington e Alexandria. — a enfermeira respondeu.

— Um deles já está em Arlington. — Hannah afirmou.

— E o outro está em Alexandria. — complementei o pensamento de Hannah. — Que é uma cidade muito próxima ao Condado de Arlington.

— Vocês já sabem o que vai acontecer quando esses dois se encontrarem, não é?

A enfermeira ligou uma televisão de tubo encostada na parede do quarto. O jornal local anunciava as notícias.

"Dois gêmeos tinham acabado de entrar de descer de duas aeronaves diferentes. Eles pousavam cerca de 40km longe um do outro, mas parecem estar se aproximando. Ambos pilotavam aviões militares. As forças armadas até tentaram contê-los, mas as balas disparadas simplesmente ricocheteavam e os dois homens misteriosos nem pareciam totalmente alheios a elas. Eles atacam qualquer um que apareça na frente deles, portanto, os moradores da região devem ficar alertas. O que eles são, de onde vieram e quais seus objetivos, são perguntas ainda sem respostas.", dizia a repórter.

— Como que eles nem mesmo se ferem com as balas que a polícia e o exército dispararam? — perguntou a enfermeira.

— A pele deles é uma sintética. — respondeu Hannah. — Ela é toda feita de um material chamado grafeno. É o material mais resistente que conhecemos.

— Já ouvi falar dele. — disse Mike. — O grafeno, assim como o grafite e o diamante, é formado por átomos de carbono. Mas o que o diferencia desses outros materiais é que os átomos do grafeno constituem uma folha plana e altamente densa.

— Exatamente. — disse Hannah. — Mesmo sendo um material leve, maleável, fino e transparente, o grafeno é 200 vezes mais resistente que o aço. Há quem considere a descoberta do grafeno tão importante quanto a descoberta do petróleo. O grafeno é, provavelmente, o material base para muitas coisas no futuro.

— E esses... homens... Têm a pele revestida com essa coisa? — a enfermeira perguntou.

— Isso aí.

De repente, Susie tirou a agulha que levava soro à sua veia e começou a caminhar em direção à saída do quarto.

— Senhorita Susie Byron, aonde vai? — perguntou a enfermeira.

— Não posso ficar aqui com aquelas coisas lá fora.

— Susie, olhe o seu estado! — Mike me disse. — É perigoso demais. Você não pode ir!

— Me deixa, Mike! — gritei. — Me chamaram aqui para parar aqueles ciborgues e é isso que eu vou fazer.

— Mas você nem sequer consegue andar sem cambalear!

— Falou o cara que está de muletas!

— É, mas eu não estou pensando em deixar o hospital e ir lutar contra dois homens ciborgues no estado em que eu estou!

— Ele tem razão. — disse a enfermeira. — É perigoso demais!

Simplesmente os ignorei e saí pela porta.


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Notas finais do capítulo

Ufa!

Espero que tenham gostado. ^^
Até o próximo! O/



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