The Baby Sitter escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 31
30. Nós dois


Notas iniciais do capítulo

Oie bbs,

Então,
EU VOLTEI, PORR* !

Ahahaha, desculpem a minha emoção.

Quer dizer, eu voltei para postar esse capítulo. Em breve estarei voltando de verdade, quando as minhas férias chegarem. Eu tava com tanta saudade disso aqui, e fora que estou em dívida com muita gente, vários capítulos atrasados. Mas já disse e repito, nunca desistirei de uma história, nem que leve 10 anos pra eu termina-la. Só espero que vocês sejam pacientes comigo, ahsuahsu

Bom, esse capítulo tá enorme. Já tinha muito tempo que eu não escrevia um desse tamanho. Aos que amam capítulos grandes, esse está um prato cheio. Aos que odeiam, me desculpe, não há muito o que se fazer. Se nem a deusa agradou a todos, não sou eu que conseguirei esse feito (mas acho que vocês vão gostar sim desse capítulo, ahaha!)

Eu escrevi com muito carinho. Tenho certeza que muitos estavam ávidos por este, então aqui está. Por favor, me digam o que acharam. Vou tentar muito não sumir mais desse jeito, juro!

Agora vamos ao que interessa!



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Scorpius Malfoy aguardava de braços cruzados, encostado junto ao pilar da escada que levava ao dormitório. Como era previsto, o salão comunal da grifinória estava vazio. O garoto já havia feito a sua ronda noturna, sozinho, e vira que muitos alunos de Hogwarts rumavam em direção ao sétimo andar. A tão esperada festa de aniversário de James havia enfim chegado.

O claquear de sapatos de salto vibrou na escada e o loiro levantou a cabeça. Assim que o viu, Lily abriu um sorriso radiante. Malfoy a retribuiu.

— Uau, Weasley. – a elogiou. Lily estava linda, de fato.

Ele entregou um singelo lírio branco a garota. Lily aceitou e deu uma volta em torno do próprio eixo. Seu vestido verde deslizou suavemente no ar.

— Você gostou? – ela perguntou, animada.

— Eu e todos os garotos de Hogwarts. – Scorpius respondeu. – Exceto o Al, claro.

— Então está ótimo!

Scorpius soltou uma risada gostosa enquanto a ruiva o arrastava pela mão. Ambos saíram pelo quadro da mulher gorda, rumo a Sala Precisa.

— Eu estou surpresa, admito. – ela deixou escapar, enquanto analisava a flor que acabara de receber.

— Um Malfoy sempre deve ser um cavalheiro.

— Desde quando?

— Desde sempre. Eu que ignorava essa regra.

A ruiva sorriu. Enquanto conversavam, eles viraram o corredor. Foi quando um pequeno ponto de luz destoou na escuridão. Uma sombra se avolumou na parede. Scorpius puxou Lily pelos ombros e os dois entraram em um armário de vassouras.

— Filch... – Lily sussurrou.

O loiro assentiu com a cabeça.

— Abaffiato! – alguém disse mais ao fundo.

Lily virou-se rapidamente e deu de cara com o tórax largo de Zabini.

— Vocês poderiam ser mais discretos. – o sonserino comentou, de cara feia.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Lily rebateu, ácida.

— O mesmo que vocês, pelo visto.

Violet estava sentada em cima de um caixote velho de madeira. Scorpius lembrou-se de que, há alguns meses atrás, ele e Rose estiveram naquele mesmo armário. Fora ali que ele a convencera a participar da disputa acadêmica como a sua dupla. Também fora ali que, depois de anos, os dois ocuparam o mesmo espaço sozinhos.

O loiro balançou a cabeça rapidamente, dispersando os pensamentos.

— Acho que ele já foi. – Anthony comentou. – Podemos sair.

Liderando a fila, Zabini abriu a porta do armário. Lily o seguiu. Logo quando Scorpius e Violet pretendiam sair, alguma coisa – ou alguém – fez um barulho estrondoso no fim do corredor.

— ALUNOS! – eles ouviram Filch gritar. – ALUNOS FORA DA CAMA!

Violet puxou Malfoy de volta para dentro o armário de vassouras, pela gola da camisa. Antes de ser arrastado, o loiro conseguira ver Zabini também puxar Lily para o canto oposto, atrás das grandes colunas do corredor.

— Onde estão os dois? – a lufana perguntou.

— Escondidos, eu espero. – ele respondeu.

— Ótimo. Agora somos só eu e você, little Malfoy.

— Que maravilha, eu diria.

Scorpius encostou-se a parede, de braços cruzados. Violet o analisou da cabeça aos pés.

— Eu não acredito. – ela disse.

— No que?

— Você realmente mudou.

— O que te faz acreditar nisso?

— A sua cara de idiota pacífico agora.

— Obrigado, eu acho.

A loira tentou prender um riso, porém não conseguiu. Scorpius desviou o olhar.

— Será que devemos sair agora? – indagou, tentando olhar pela fresta da porta.

— Talvez. – Violet respondeu, pendendo a cabeça de um lado para o outro. – Só espero que o Anthony não tenha mesmo sido pego dessa vez.

— Dessa vez?

— É. Um pouco antes de vocês entrarem aqui ele olhou para trás e se distraiu, não sei com o que. O Filch estava vindo. Eu o arrastei para cá a tempo, mas foi por pouco.

Malfoy franziu a testa. Não havia nada no corredor quando ele e a Lily passaram. Pelo menos nada que ele considerasse interessante o suficiente para chamar a atenção de Zabini.

— Vamos. – ele disse.

Os dois saíram correndo de dentro do armário, em direção a Sala Precisa. O corredor esquerdo estava vazio. Alguns segundos depois uma pequena porta amarronzada apareceu atrás da tapeçaria de Barnabás, o amalucado. Scorpius e Violet adentraram a festa.

Era uma senhora festa. A sala precisa se dividira em um pequeno hall de entrada e um grande salão. Na parte maior do recinto, luzes coloridas giravam, confusas, nos cantos adornados do teto redondo. No centro do saguão, um palco enorme fora montado, e dele, saia uma passarela prateada. O som estava bem alto. Uma música bastante conhecida tocava, sendo cantada nada mais, nada menos, do que por Pero Maximillian, o mais novo astro do pop bruxo daquela década.

Ao lado de Malfoy, Violet simulou um assobio.

— Uau... – ela completou, também embasbacada com a decoração estonteante.

Malfoy não sabia como James conseguia realizar com tanta proeza os seus planos, mas agradeceu mentalmente por ter se aproximado dos Potters um dia.

Antes que o garoto desse um passo sequer, uma mão apareceu bem a sua frente.

— Nome? – um garoto alto, e muito, mas muito bem vestido, perguntou de cabeça baixa.

— Qual é, Louis? – a lufana rolou os olhos. – Você sabe quem somos nós.

O rapaz ergueu a cabeça. Ele sorriu ao encarar Violet. Seus olhos azuis eram intensos e os seus cabelos loiros, de fios tão arrumados, pareciam ter sido tecidos por artesãos.

— Ei, Violet. Malfoy. – os cumprimentou. – Me desculpem. Dominique me pediu para ficar aqui enquanto o James e o Fred foram fazer alguma coisa inútil por aí.

Os garotos riram.

— Então... – disse o loiro mais velho. – Vocês vieram juntos? – perguntou, incrédulo, enquanto agitava a varinha para riscar os nomes no longo pergaminho. – Essa é uma noite de grandes surpresas.

— Não viemos exatamente juntos. – Malfoy rebateu, incomodado com a ideia.

— Não? – Louis parou o risco no meio do nome de Scorpius.

— Na verdade foi um acidente.

Louis estreitou os olhos. Ele respirou fundo logo depois.

— Bom, vocês são um par, de qualquer forma. – voltou a riscar o nome. – Isso que interessa.

Tanto Violet quanto Scorpius fizeram cara feia. Louis sorriu. A porta da sala precisa se abriu outra vez e Lily e Zabini entraram, esbaforidos. Ambos soltavam gargalhadas.

— Por Merlin, o Filch é muito burro! – Anthony exclamou, com a mão esquerda segurando a barriga.

— Você viu a cara dele quando eu lancei aquele feitiço do outro lado do corredor? – Lily perguntou, enquanto calçava os sapatos.

— Completamente idiota.

Eles voltaram a rir. Violet olhou de soslaio para Malfoy, que permaneceu calado, somente a observar. A lufana pigarreou então. Anthony e Lily olharam para o lado, como se só agora tivessem se dado conta de que não estavam sozinhos.

— Mais surpresas... – Louis continuou riscando os nomes, com um risinho dúbio nos lábios.

Zabini ergueu a postura e andou rapidamente para o lado de Violet, segurando-a pela cintura. Scorpius se aproximou de Lily. Um silêncio estranho imperou por alguns segundos até que Louis se manifestou:

— O que vocês ainda estão fazendo aqui?! – ele questionou. – Vamos, saiam da minha frente! Xô, xô!

Sem precisar serem enxotados duas vezes, os dois casais saíram rapidamente.

 

 

...

 

 

Lily e Scorpius tentavam passar pelo meio da multidão que pulava e dançava loucamente. No palco montado no centro da sala, a banda tocava, em plenos pulmões.

Os dois pararam mais ao canto, perto das cortinas. Lily estreitou os olhos e logo depois ergueu a mão, acenando para alguém. Instantes depois, Malfoy viu James se aproximar, de mãos dadas com Dominique.

— Ei, vocês vieram! – Jay exclamou, animado.

— Feliz aniversário, cara.

Scorpius estendeu a mão para James, mas o garoto mais velho o puxou pelos ombros. Scorpius sentiu-se um pouco encabulado. Lily e Domi riram da expressão assustada do loiro.

James apontou para uma mesa extensa que ficava alguns metros atrás deles.

— Acho que tem algumas coisas ali que vocês vão gostar bastante...

— Ah, eu vou gostar mesmo! – Lily respondeu, encarando a torre de hidromel que jorrava incessantemente e fazendo o irmão rir.

— Não deixe o Al ouvir isso. – Jay disse. – E aproveitem a festa. Os dois. – olhou para Scorpius.

Ele se despediu e se afastou, com Dominique grudada em sua mão outra vez. Lily segurou Malfoy pelo braço e começou a arrasta-lo.

— Vem. – o chamou. – Vamos começar a nos divertir de verdade.

Scorpius rolou os olhos, mas se deixou ser levado.

 

 

...

 

 

Havia quase dez minutos que Rose estava parada na frente do espelho do quarto. Não sabia muito bem o que estava sentindo ao se ver naquela forma. A ruiva não se arrumava para uma festa de verdade desde o aniversário de dezesseis anos de Victoire, que por acaso, na época, ela ainda era uma criança. Rose se enxergava muito diferente naquele momento.

Ela passou a mão pelo vestido vermelho que Dominique a ajudara a escolher. A prima insistira no modelo um tanto justo, e de fato, Rose não se sentia incomodada. Ela até gostara do contorno que ganhara a sua silhueta. A ruiva nunca tinha reparado nos próprios detalhes com atenção antes, embora soubesse que outras pessoas reparavam por ela.

Por falar em outras pessoas, Hector já devia estar esperando-a no corredor. A garota apanhou uma rosa branca que estava apoiada em cima da penteadeira. Também fora a prima que escolhera. A ideia era coloca-la junto ao vestido, mas Rose achou muito melhor prendê-la no cabelo. E assim o fez, se admirando mais uma vez na superfície espelhada.

— Ok, vamos lá. – disse a si mesma.

Ela pegou o seu casaco e saiu do quarto.

 

 

...

 

 

Lily era uma ótima piadista, disso Scorpius não tinha mais nenhuma dúvida. Ele estava rolando de rir de uma história que a garota contara há mais de um minuto. Porém, mesmo com toda essa capacidade da ruiva Potter entreter a sua plateia, o riso de Scorpius murchou ao ver de relance quem acabara de passar pela porta principal.

Hector e Rose pararam para cumprimentar James, de mãos dadas. Malfoy congelou no tempo e em todas as outras dimensões existentes nesse universo. Mesmo com a presença petulante do corvino ao lado da sua ruiva, os olhos de Scorpius focaram-se em Rose. Apenas em Rose.

Por Merlin, como ela estava linda. Scorpius não saberia mensurar o quanto, se lhe fosse perguntado.

Lily estalou o dedo a frente do loiro.

— Hogwarts chamando Scorpius... – brincou.

— Ahn... – Malfoy desviou o olhar levemente para a acompanhante. – O que você disse?

— Que você tá com cara de idiota porque a Rose chegou.

O loiro balbuciou, mas nenhuma resposta veio a sua mente. Lily riu.

— Quer conversar? – ela perguntou.

— Não sei. – ele respondeu.

— Eu acho que você quer sim. – a ruivinha rebateu, perspicaz. – Vem, os sofás estão livres.

Outra vez, Lily o arrastou pela sala cheia. Os dois avançaram alguns metros por atrás do palco, até um espaço de descanso. Atrás da poltrona, Bob Davies, um sonserino do mesmo ano de Lily, se amassava freneticamente com o seu par.

— Ah, que bosta... – a garota resmungou.

Lily passou pelos dois, chutando as almofadas sem nenhuma discrição. Ambos, contudo, não se importaram. Continuaram a sua dança de línguas tumultuadas e cheias de saliva.

Scorpius se jogou no sofá maior. Lily sentou-se ao seu lado, com o copo cheio de hidromel na mão. O loiro a encarou.

— Por que você não veio com o Lorcan? – ele a indagou.

A ruiva ergueu as sobrancelhas.

— Já está arrependido de ter me convidado? – ela replicou, meio afrontosa.

— Não, claro que não! – Malfoy apressou-se em reparar a frase. – É que... eu só queria entender por que você não gosta mais dele.

Lily ajeitou-se no assento, enquanto saboreava devagar a sua bebida. Seu olhar, sempre tão animado, agora parecia um tanto nebuloso.

— Eu não sei dizer o porquê. – respondeu. – Mas não foi tão rápido quanto parece.

— E como foi?

— Eu também não sei. Nós só... crescemos, eu acho.

A ruiva soltou um longo suspiro. Seus ombros vergaram-se para baixo.

— O Lorcan é incrível. Eu não saberia descrever o quanto. Ele é dedicado e atencioso. É muito engraçado também, quando não está irritado. – ela sorriu de canto. – Como eu disse, nós crescemos juntos. Aprendemos a jogar quadribol e xadrez bruxo juntos. Passamos todas as nossas férias um ao lado do outro. Não houve um natal sequer da minha vida onde ele não esteve presente.

— Isso não seria bom? – Scorpius questionou.

Aquilo parecia um sonho comparado a todos os momentos solitários dentro da mansão dos Malfoys.

— Por um tempo foi, mas acho que as coisas foram mudando. Pelo menos para mim. – ela respondeu. – Hoje eu vejo o Lorcan da mesma forma que eu vejo o Hugo, por exemplo. Esse “nós dois” não me parece certo.

— Mas o Hugo é seu primo, de verdade. – Scorpius argumentou. – E se a gente for olhar por esse lado, o James e a Dominique namoram desde sempre. Não seria realmente um problema.

— O Jay e a Domi nasceram um para o outro. O meu irmão é meio idiota às vezes, mas não existe nada nesse mundo que ele não faça pela Dominique...

A frase ficou solta no ar por um breve instante.

— Já você não faria nem a metade pelo Lorcan. – Scor a completou, perspicaz.

— Exato.

Malfoy compreendia bem o que Lily estava falando. A menina o encarou.

— Eu sei o que todos vocês falam por aí, que eu sou uma garota mimada e que eu gosto de coisas banais.

— Não é bem assim... – Scorpius tentou negar, mas a ruiva ergueu a mão livre.

— Por favor, Malfoy. Cale a boca. – ela pediu, com um sorriso debochado. – Para falar a verdade, eu sou um pouco esnobe mesmo. – e riu de si mesma. – Mas não sou totalmente assim. Eu só acredito em muitas coisas que talvez não façam sentido para vocês.

— Tipo?

— Contos de fada.

— Quê?

O loiro fez uma careta confusa. Lily riu mais uma vez.

— Contos de fadas são as histórias que os trouxas contam as crianças. – ela explicou. – O papai e a tia Mione costumavam contar várias a gente.

— Por que você acredita nelas? – Scorpius perguntou.

— Por que no final a garota sempre encontrava o garoto perfeito para ela.

— Isso não existe.

— Talvez não exista mesmo. Mas eu só tenho 15 anos. Tenho bastante tempo para continuar procurando por aí.

Malfoy rolou os olhos, mas sorriu logo em seguida. Ele encarou o horizonte outra vez, absorto.

— Eu sei o que você está pensando, Scor, mas eu acho que você e a Rose estão muito mais para James e Dominique do que para Lily e Lorcan.

Será? O garoto se questionou.

— Nós brigamos outra vez. – ele contou. – Um pouco por sua causa.

— Bom, isso explica muita coisa. – Lily comentou, lembrando de todos os episódios onde a prima a tratou com frieza durante a semana. – O que houve? – indagou.

— Nós discutimos logo após a prova com a veritaserum. Eu acabei dizendo algumas coisas que não deveria.

— Você disse muitas coisas que não deveria naquele dia.

Lily estava se referindo ao que acontecera no grande salão, mas o loiro sorriu de canto, lembrando de um breve momento antes da discussão começar. De fato, ele havia deixara escapar muitas coisas, entretanto, contar a Rose que ele a amava... daquilo Scorpius não se arrependeria de modo algum.

Porém, mesmo depois de tudo o que fora dito, Rose estava dançando com outro, apenas há alguns metros a sua frente. E a cada passo que a ruiva dava, Scorpius a via sorrir para Hector, como se apenas eles dois existissem naquela pista. Isso fazia o coração do loiro se esfarelar pouco a pouco.

Malfoy se levantou do sofá.

— Me desculpe, Lily, mas eu não posso. – ele disse, entristecido. – Eu preciso ir.

Lily sorriu condescendente. Ela segurou a mão de Scorpius com doçura.

— Está tudo bem. – o tranquilizou. – Eu sei que você tentou.

— Vai sobreviver a essa festa sem mim?

— Tenha certeza que sim.

O loiro beijou a mão da garota antes de começar a se afastar. Alguns passos a frente e ele voltou a cabeça para trás.

— Não beba todo o hidromel. – falou, olhando-a por cima dos ombros.

— Isso eu já não posso garantir. – ela gritou de volta.

Scorpius gargalhou e se inseriu no meio da multidão que continuava pulando insensata, ao som da banda.

 

 

...

 

 

— Olá, pombinhos. – Louis sorriu para a prima, enquanto a pena ao seu lado riscava o nome da ruiva no pergaminho. – Eu estava me perguntando onde vocês estavam.

— Hey, Lou. – Rose sorriu. – Desculpe, eu demorei um pouco mais para finalizar a ronda nas masmorras essa noite. – mentiu.

— Você não foi a ronda dessa noite. – uma voz meio embargada a interrompeu.

Fred parou ao lado de Louis, com os olhos semicerrados. Em seu canto, Hector franziu a testa, confuso, e Rose sentiu suas bochechas esquentarem.

— Como você pode ter tanta certeza disto? – ela rebateu, mesmo assim.

— Eu estava acompanhando o James na ronda das masmorras hoje noite. – ele disse. – O Filch quase me encontrou, inclusive.

— O Jay fez a ronda hoje? No dia da sua própria festa de aniversário?

— Ele é o monitor-chefe. Tem que dar exemplo.

— Até parece! – Rose debochou.

— Não mude o foco da conversa, Rosie!

— Ei, Fred, a Rose chegou mesmo um pouco atrasada da ronda hoje. – Dominique interviu rapidamente, aparecendo ao lado do primo. – Eu estava a procurando para entregar o vestido, lembra? – comentou, teatralmente. – Falando nisso, você está maravilhosa, Rosie. – Domi elogiou.

Rose sorriu, enquanto Fred parecia estar fazendo alguns cálculos mentais. O semblante do garoto se demonstrava confuso o suficiente para Rose perceber que o primo já deveria ter passado do quinto copo de cerveja amanteigada há muito tempo.

— Fredie, por que você não leva o Hector para cumprimentar o James? – Louis indagou.

— Eu?

— Sim, você. Aproveite e o apresente a mesa de bebidas.

— Tá. – Fred concordou. – Carter, me siga antes que eu desista.

Rose fez um sinal com a cabeça, incentivando que o corvino acompanhasse o primo. Assim que os dois saíram do hall, a garota deixou os ombros caírem, liberando a tensão.

— Obrigada. – ela agradeceu, aliviada. – Vocês dois.

— Não há de quê. – Dominique respondeu, com um sorriso.

Ela aproveitou a oportunidade para dar mais alguns passos à frente, chegando mais perto da ruiva mais nova.

— A flor era para colocar no vestido... – a corvina passou os dedos finos pelas mechas vermelhas de Rose, de tom mais escuro e vibrantes do que as suas. – Mas admito que ficou perfeito onde está agora.

— Verdade? – a grifinória indagou, um pouco insegura. – Você sabe que eu sou péssima com esse lance de combinações.

— Você está linda, Rose. – Louis comentou, sincero.

— Vocês também. Mas isso nem é novidade porque vocês sempre estão.

Os dois irmãos sorriram. Dominique desceu as mãos pelos ombros de Rose, acalentando-a.

— Fique tranquila e vá aproveitar a festa. Já devem estar ansiosos te esperando.

Rose sorriu para os primos outra vez e se afastou, adentrando a multidão do grande salão. Apoiado na bancada, Louis encarou a irmã.

— “Já devem estar ansiosos te esperando...?” – repetiu a fala de Dominique, num tom de questionamento.

— O quê? – a corvina ergueu os olhos azuis.

— Nada. – Louis fingiu dar de ombros. – Eu só estava me perguntando sobre qual dos dois você deveria estar falando.

Domi apertou os lábios, de forma marota.

— Você é um Nundu, Lou. – ela comentou. – Cheio de veneno.

— É claro que sou. Somos gêmeos, esqueceu?

Dominique soltou uma gargalhada.

 

 

...

 

 

— Ei! – Rose ancorou-se ao lado de Hector, que parecia um tanto perdido. – Onde está o Fred? – perguntou.

— Eu não sei. – ele respondeu. – Estávamos indo em direção ao James, mas cinco segundos depois eu olhei para o lado e ele estava agarrado no pescoço da Shanti.

— Patil? – ela indagou, incrédula.

— Essa mesma.

Hector apontou em direção ao um dos pilares decorados do saguão. Fred e a garota estavam tão agarrados que pareciam estar entrando em processo de simbiose. Os dois adolescentes riram.

— Vem.

O corvino segurou a mão de Rose entre a sua. Juntos, eles seguiram em meio a multidão.

— Eu não sei porque eu estou surpresa, mas não imaginei que viria tanta gente assim. – a ruiva praticamente gritou para poder ser ouvida.

— Estou tão surpreso quanto você... – Hector respondeu, no mesmo tom. – Não imaginei que Hogwarts tivesse tanto aluno assim. – Rose riu do comentário. – Ali!

James conversava com um grupo de convidados que também haviam acabado de chegar. Hector e Rose se aproximaram do aniversariante.

— Até que enfim vocês! – James esticou um dos braços para abraçar a prima.

— Feliz aniversário, Jay. – a ruiva o felicitou.

— Obrigado, Rosita. – ele sorriu.

Hector, assim como a garota, aproveitou o momento para dar os parabéns ao dono da festa. Eles conversaram durante alguns minutos, até que James teve que se afastar, para recepcionar os outros estudantes que haviam acabado de chegar. Logo que o garoto se afastou, Hector arrastou Rose até metade da pista de dança, quase em frente ao cantor.

Ele pôs a mão em sua cintura, trazendo-a mais para si.

— Hey... – ela sorriu e pôs as mãos em volta do pescoço do garoto. – Eu já te disse que você está bastante atrevido hoje?

— Eu já te disse que você está linda hoje? – Hector a elogiou, em réplica.

— Desse jeito eu vou achar que os outros eu estou bem feia.

— Impossível.

Rose soltou uma risada gostosa.

— Você está muito bonito também. – ela o elogiou de volta.

— Obrigado. – ele beijou a sua bochecha, antes de gira-la ao som da música mais lenta que tocava naquele momento.

Quando Rose voltou a apoiar as suas mãos nos ombros de Hector, seus olhos focaram-se nos fundos do salão. Estava tudo meio nublado, mesmo com as luzes piscantes que rodeavam o espaço, criando sombras em todos os lugares. Ainda assim, não tinha como ela confundir o que estava vendo. Esgueirando-se por entre os grupos que dançavam animadamente, Scorpius Malfoy avançava em direção ao hall de entrada.

Os passos de Rose ficaram mais lentos, tão lento que não acompanharam mais os dos seu par. Sem querer, ela tropeçou. Se não fosse os braços firmes e rápidos do corvino, a ruiva teria ido direto ao chão.

— Desculpe. – a garota pediu, sem jeito.

— Está tudo bem? – Hector perguntou, ainda a segurando.

— S-sim. – ela engoliu a saliva rapidamente. – Sim, está.

Porém os seus olhos a denunciaram. Hector olhou para trás.

— Ah... – foi a única coisa que ele disse antes de desviar o olhar novamente.

 

 

...

 

 

Havia mais de meia hora desde o instante que Rose e Hector se afastaram da pista de dança. A ruiva partira para o lado oposto do salão, com a desculpa de que estava indo buscar uma bebida, mas a verdade é que ela precisava ficar sozinha por alguns minutos.

A garota se aproximou dos sofás com dois copos de cerveja amanteigada nas mãos. Ela sentou-se no assento maior e esticou o braço, oferecendo a bebida ao acompanhante. Hector aceitou, em silêncio, e bebericou um gole logo em seguida. Rose fez o mesmo.

Ela umidificou os lábios e respirou fundo.

— Hec... – o chamou.

O corvino levantou os olhos na direção da ruiva. Suas feições eram tristes. Isso partiu o coração de Rose, pois, ela sabia que era a culpada por aquilo.

— Me desculpe. – ela pediu. – Eu não queria estragar a sua noite.

O garoto sorriu sem muita emoção e bebeu mais um pouco da sua cerveja amanteigada.

— Nós poderíamos tentar outra vez e voltar a dançar, se você quiser... – a ruiva insistiu. – Ou se você quiser a gente pode, sei lá, ir par...

— Não, Rose. – Hector a interrompeu. – Não.

A garota engoliu a seco.

— Eu...  – ela sentia-se mal. – Realmente... por favor, me desculpe. – pediu mais uma vez.

— Não se desculpe mais. A gente não controla o que sente. – o corvino respondeu.

— É claro que a gente controla! – a ruiva retrucou, resoluta. – A gente pode controlar o que quiser!

Hector sorriu de canto. Ele levou a mão até uma das bochechas de Rose e a afagou com uma delicadeza absurda.

— Eu daria mil galeões para não saber o que passa pela sua cabeça nesse momento.

— O que você quer dizer com isso?

— Sempre fomos amigos, Rosie. Sempre seremos, antes de tudo. Eu sei que neste exato momento você está pensando nele. Você está pensando no Malfoy.

Rose não poderia negar a aquela afirmação.

— Agora me diz, como vamos conseguir controlar os nossos pensamentos?

Hector pôs o seu copo em cima do aparador. A ruiva fez o mesmo. Ela o encarou.

— Eu nunca quis te magoar. – falou com sinceridade.

— Eu sei que não. – o corvino concordou. – E de qualquer forma, eu esperava que isso fosse acontecer em algum momento. Demorou até mais do que eu pensei.

Rose sorriu. Hector arrastou-se bem a beira do sofá, de modo a ficar mais próximo da garota.

— Eu amo você, Rose. E se a sua felicidade é estar com ele, que seja. Eu só quero que você seja feliz.

Uma lágrima caiu dos olhos de Rose. Em sua sequência muitas outras vieram. Ela jogou os braços ao redor do pescoço de Hector e o abraçou com todo o afinco que lhe foi permitido.

— Eu também amo você.  – disse ao seu ouvido. – Obrigada por tudo.

— Eu que tenho que te agradecer. – ele respondeu.

Quando ambos se afastaram, Hector limpou o rastro molhado das lágrimas do rosto da ruiva.

— Nos vemos amanhã. – falou. – Aproveite a noite.

Ele virou o resto da cerveja de uma vez e se levantou.

 

 

...

 

 

Rose empurrou algumas pessoas que pulavam loucamente ao som da banda. No centro de uma rodinha, Lily Luna Potter dançava, de pés descalços. Suas feições estavam avermelhadas e a garota parecia bem mais alegre do que o de costume.

A ruiva mais velha tocou o ombro da prima, com cuidado. Lily, porém, virou-se rapidamente, nada minuciosa em seus atos naquele momento.

— Rose! – ela exclamou, sorridente. Até mais do que deveria.

Rose observou um copo com um líquido amarronzado preso firmemente na mão esquerda de Lily. A garota mais nova voltou a sorrir e abraçou a prima com bastante força para o seu tamanho. Rose deu batidinhas com as mãos nas costas de Lily.

— Você está tão linda, por Merlin... – Lily a observou de cima abaixo. – Tão linda...

A ideia era que o elogio fosse um sussurro, mas Lily parecia não ter noção de que o seu tom de voz não estava tão baixo assim.

— Você também está linda, Lil – Rose respondeu, com um sorriso.

— Você achou?! – Lily arregalou os olhos, realmente surpresa. – Eu acho que você foi a única essa noite...

O tom de lamento da prima fez a ruiva mais velha sorrir. Apesar do drama bêbado de Lily, Rose sabia que ela a única a ter reparado na beleza da quartanista naquela noite. Principalmente por causa dos olhares que as duas estavam recebendo naquele momento.

E foi por isso que Rose a puxou para o canto, livre dos holofotes. Lily sorriu ao ver que estava perto das garrafas de bebidas novamente e balbuciou umas palavras soltas, mas parou o que ia comentar quando sentiu alguém encostar ao seu lado.

— Achei vocês! – Albus praticamente gritou, encarando a irmã. – Lily, onde estão os seus sapatos?!

— Eu não sei. Acho que os perdi. Você sabe que eu odeio usar sapatos. – ela fitou subitamente a acompanhante do irmão, com certa curiosidade. – Ei, você não é a Kristen Cheeve?!

— Sim, Lily. Você sabe que eu sou. – a garota respondeu, sem soltar a mão de Albus.

— Deixe-me ver a verruga no seu pé! – Lily pediu.

— Lily! – Albus ralhou.

Rose riu.

— Infelizmente não posso ajuda-la. – Kristen respondeu, aparentemente também achando graça.

— Oh, que merda.

Lily virou o resto do hidromel na boca.

— Você está bêbada? – Al perguntou, incrédulo. – Eu não acred...

— Não acredita no que, Al?! – Lily o cortou. – Que eu posso vir para uma festa e me divertir, como todo mundo aqui está fazendo? – indagou, irritada. – Me desculpe te decepcionar, mas eu posso sim!

— Não sej... – ele começou a falar, mas novamente foi interrompido pela irmã.

— Você não é o papai, Al! E eu consigo me virar sozinha!

Rose resolveu intervir antes que a discussão piorasse.

— Eu acho que aqui e agora não é o melhor lugar para vocês conversarem sobre isso. – a ruiva mais velha falou. – Esse é o aniversário do Jay. O irmão de vocês.

Albus engoliu a seco. Havia cólera em seus olhos verdes.

— Ok... – Albus resmungou. – Faça o que quiser então. – se direcionou a irmã.

— Farei. – a garota rebateu com altivez.

O garoto deu meia volta e se afastou, levando Kristen consigo. Assim que os dois se afastaram o suficiente, Rose voltou a encarar a prima.

— Ele está certo. – disse.

— Não começa você também! – Lily ergueu a mão.

— Não começarei. – Rose garantiu, deixando o assunto de lado. – Na verdade, eu só queria te perguntar se... hum... se você sabe onde o Malfoy está..

Lily ergueu uma sobrancelha.

— Ah, o Scorpius...  – ela fez uma careta estranha, que Rose não soube identificar se era por causa da pergunta ou por causa do efeito do hidromel no corpo da prima. – Bom, eu não sei onde está o Scorpius.

— Tem certeza?

— Yeps.

— Ah, ok...

— Ele estava chateado, sabia? – a ruiva mais nova comentou. – O Scorpius.

— Hum... foi? Por que ele estaria? – Rose quis saber.

— Qual é, Rose. A bêbada da noite sou eu, não você. – Lily debochou e revirou os olhos. – Você sabe muito bem porque o Malfoy está chateado.

Rose preferiu não comentar nada. Lily aproveitou a deixa para atacar a mesa de bebida.

— Enfim, eu realmente não sei onde ele está... – comentou, enquanto cheirava uma das garrafas com um líquido colorido dentro.

— Ok, Lil, obrigada mesmo assim. – a ruiva mais velha agradeceu. – Eu vou procura-lo.

— Boa sorte.

Rose assentiu e deu alguns passos para trás, ainda a observar Lily. Ela sabia que a prima não estava bem, mas aquele não era um problema para ela resolver naquele momento. A sua noite já estava bagunçada o suficiente.

A ruiva se embrenhou outra vez no meio da multidão. Desde a hora que chegara na festa até aquele momento, os convidados pareciam ter se multiplicado. Rose empurrou um grupo de sonserinos que pulavam e berravam, como se estivessem no meio da comemoração de alguma aposta louca que somente as serpentes eram capazes de se meter.

A garota estava quase chegando ao hall, quando foi parada mais uma vez. Violet sorriu para a amiga.

— Ei, já está indo embora?! – a loira perguntou, interessada. – Eu estava te procurando desde quando eu cheguei, mas esse lugar parece que cresce a cada minuto!

De fato, era o que estava acontecendo.

— Desculpe, Vi, mas eu tenho que ir. – a ruiva respondeu, um pouco sem graça.

— Por quê?! – a lufana franziu a testa. – Onde está o Hector?

— Já foi embora.

— Você está indo encontra-lo?

— Não.

— O que houve? – Violet segurou a mão da amiga, preocupada. – Você parece a flor da pele.

— É porque eu estou. – Rose respondeu.

A ruiva se desvencilhou da mão da amiga com delicadeza e voltou a caminhar rumo a saída. Não conseguiu dar cinco passos, todavia, sem ser parada novamente.

— Você está indo atrás do Malfoy, não é? – Violet indagou.

Rose suspirou.

— Sim.

A lufana passou a mão pelos cabelos curtos.

— Ok, eu sabia que isso iria acontecer um dia. – comentou, mais para si mesmo. – Porém não imaginava que esse dia seria hoje, admito.

Rose não conseguiu refrear um sorriso.

— Você não vai gritar comigo? Dizer que eu estou louca?

— Vontade não me falta, mas seria um erro dizer que você está louca.

Violet segurou as bochechas da amiga com firmeza.

— Eu quero que você seja feliz. Mesmo que isso inclua o Malfoy na minha mesa do café da manhã. – ela disse.

— Eu te amo. Você sabe disso, né? – Rose falou, abraçando a amiga.

— É lógico que eu sei. – a loira a apertou de volta, mas a soltou rapidamente. – Agora vá. E diga ao Malfoy que se ele vacilar outra vez eu mesma vou azara-lo!

Rose sorriu com vontade e se apressou em direção a saída.

 

 

...

 

 

Rose estava cansada. Ela praticamente vasculhara toda a torre da grifinória em busca do loiro, mas parecia que ele não estava em nenhum lugar dali. Todos os dormitórios estavam quase que completamente vazios, exceto os dos alunos do primeiro e segundo ano, que por um breve lapso de consciência, James impedira de ir a sua festa. Uma ótima decisão, por sinal, pois Rose não os considerava com idade apropriada para o local.

A ruiva parou junto ao quadro da mulher gorda e respirou fundo, duvidosa enquanto a sua busca, se deveria leva-la ou não a diante. Resolveu continuar a procurar por mais um tempo.

Ela atravessou a passagem devagar e pensativa. Diferentemente de mais cedo, já não seria mais necessário todo o cuidado para se esconder. Filch já deveria estar dormindo há muito. Além do mais, Scorpius não deveria estar longe. O frio se intensificara e ela podia ver que a neve voltara a cair lá fora.

Rose seguiu pelo corredor. Apenas o som dos seus sapatos de salto ecoava no silêncio da noite. Ela dobrou a passagem e os seus sentidos se aguçaram quando a pulseira em seu braço se amornou lentamente. Rose encarou a escada a sua frente e então subiu os degraus.

 

 

 

...

 

 

Parado em frente ao resguardo da Torre de Astronomia, Scorpius Malfoy segurava três pedras escuras e arredondadas nas mãos. Eram as últimas de uma sequência de várias que o menino conjurara um pouco mais cedo. Ele ouviu quando passos lentos e pontuais atroaram na escada atrás de si. As pisadas cessaram subitamente, mas Malfoy não se atreveu a mudar de posição. Pelo contrário, ali mesmo de onde estava, o loiro lançou uma das pedras no horizonte. A rocha cortou o ar zunindo como um chicote ao quebrar a barreira do som.

Os passos voltaram a ecoar pelo tablado de madeira, agora mais próximos.

— Eu achei que você estivesse curtindo a festa.

Scorpius sorriu de canto.

— Eu estava. – respondeu.

— Não é o que eu vejo. – Rose replicou.

— E o que você vê? – ele indagou.

— Não sei. – ela respondeu com sinceridade. – Ainda estou me perguntando sobre.

Por cima do ombro, Scorpius encarou a ruiva.  Ele a analisou por longos e longos segundos. Rose ergueu as sobrancelhas avermelhadas.

— O quê? – questionou.

— Nada. – o garoto deu de ombros. – Só estou surpreso que você ainda se pergunte sobre algumas coisas.

— Você não acha que se surpreende muito fácil?

— Tratando-se de você? Não acho.

— Sua opinião é circunstancial.

— Você tá linda para caralho hoje.

Foi a vez de um pequeno sorriso se formar no canto dos lábios de Rose. Ela desviou o olhar do loiro, ruborizada. Scorpius voltou-se para o horizonte outra vez.

— O que você está fazendo aqui, Weasley? – ele perguntou.

— Não é só você que se cansou da festa.

— Onde está o seu acompanhante?

— Em algum dos dormitórios da corvinal, acredito.

— Vocês pareciam bastante empolgados mais cedo.

— Festas foram feitas para isso, não?

Scorpius balançou os ombros levemente.

— Creio que sim. – disse. – O que torna mais estranho você estar aqui sozinha agora.

— Eu não estou sozinha. – Rose rebateu. – Eu estou com você.

O loiro virou-se por inteiro na direção de Rose. A rajada de vento frio do inverno agitou os fios claros dos seus cabelos, deixando-os bagunçados por completo, o que de longe era comum ao garoto. Também havia um laivo vermelho ao redor das suas íris acinzentadas.

— Então agora a minha companhia é importante? – o loiro indagou.

— Sempre foi.

Ele suspirou.

— Por que você está fazendo isso comigo, Rose?

— Eu... – ela engoliu a saliva lentamente. – Eu só estou tentando... entender, eu acho.

— O quê? – ele questionou, ligeiramente exasperado.

— Você. Eu. – disse a ruiva. – Nós dois. – completou.

— Você foi bem clara quando disse que esse “nós dois” nunca seria o suficiente.

— Eu fui bem clara quando eu disse muitas coisas, Scorpius. E você também. Não é como se você fosse a pessoa mais fácil do mundo de se lidar.

O garoto assentiu e novamente deu as costas para a ruiva.

— Creio eu que você não tenha esse tipo de problema com o Hector. – o nome do corvino foi dito com certo desdém. – Ele sim deve ser uma pessoa fácil de se lidar. – disse, com certa presunção.

— Na verdade, isso eu não posso negar. – Rose respondeu.

O garoto sorriu sem achar graça de fato.

— O que iria sobrar para mim? – seu questionamento era retórico. – O Carter é perfeito.

— O que você quer dizer com isso, Scor?

— Que desde quando você o conheceu, eu nunca tive chance alguma.

Essa nunca foi uma possibilidade, ela pensou.

— Talvez seja uma possibilidade. – ela disse, com as sobrancelhas outra vez arqueadas.

Scorpius estava cansado demais de tudo aquilo para esboçar qualquer reação explosiva e inconsequente. Ele jogou mais uma pedra pelo parapeito da enorme abertura da torre.

— Novamente, não estou surpreso. – comentou, preparando-se para jogar o último cascalho.

Scorpius o lançou com tanta força que Rose não conseguiu acompanhar o trajeto que a pedra fez no ar. O peito do loiro ardia em mágoa e tristeza naquele momento.

Ele fungou ao se virar definitivamente e encara-la, com os braços cruzados fronte ao seu corpo.

— Me diz, Rosie... existe algo em mim que o Hector não tenha?

— Isso faz alguma diferença para você?

— Talvez faça. – insistiu. – Porque deve, sei lá... – ele pontuou o ar com o dedo indicador, descruzando os braços. – Deve existir algum detalhe, quem sabe...

 Rose balançou a cabeça de maneira dúbia e fez uma careta logo em seguida.

— Sim. – a ruiva respondeu, por fim. – Existe um detalhe.

A passos suaves, mas torturantes, ela se aproximou do peitoril de madeira da Torre de Astronomia. Scorpius abaixou os olhos cinzentos. Agora ambos estavam frente a frente.

Rose o encarou de volta.

— Você me tem. – ela disse.

As mãos de Rose se apoiaram sobre o grosso casaco de Malfoy e mesmo assim o loiro pode sentir todo o calor que elas emanavam. A ruiva o fitava, com os olhos azuis acesos, como se pedisse algo que somente ele poderia dar. O coração de Scorpius, minutos antes tão apagado, agora estava praticamente ao ponto de romper as costelas da sua caixa torácica. Quando Rose, mesmo sobre os saltos, esticou-se em direção a sua face, Scorpius apoiou as mãos largas em sua nuca e a beijou em seguida.

Os lábios se colaram como se um imã os puxasse. Rose subiu os dedos pelo tórax de Malfoy, até que as suas falanges alcançassem os seus ombros largos. A garota pode sentir o tecido úmido, respingos dos pequenos flocos de neve ali depositados naquela noite. Isso não a impediu de segurar o pano áspero e gelado com afinco, puxando o corpo do loiro e prendendo-se a ele. Scorpius a beijava com voracidade. Sua língua, sôfrega, explorava a boca de Rose com detalhe. Ela o retribuía de mesma forma.

Malfoy desceu uma das mãos pelas costas de Rose, parando na altura das suas curvas. O casaco que cobria a pele da ruiva estava quente e macio, em contraste com o seu.  Os lábios desgrudaram-se momentaneamente, contudo apenas para explorar novos espaços. Scorpius mordeu o queixo de Rose, o que a fez com que respiração da garota se tornasse ainda mais irregular.

Ele desejava mais. Scorpius precisava de mais. O cheiro da ruiva era inebriante e mexia com ele por inteiro. Malfoy arriscou-se a embrenhar a palma da sua mão na cintura de Rose, por dentro do casaco. Ele a ainda a pressionava contra o seu corpo, mesmo que naquele momento isso já não fosse fisicamente possível. Com a mão livre, Scorpius deslizou os dedos pela nuca da menina, até parar em seus cabelos vermelhos. Ele os segurou, sem machuca-la, mas com a teimosia de não querer solta-la nunca mais.

Seus olhos cinzentos se abriram e o que o loiro enxergou fora uma Rose Weasley completamente entregue. Ela arquejou lentamente e segurou o lábio inferior parcialmente entre os dentes antes de também erguer as pálpebras. Era difícil de acreditar, mas dessa vez não havia uma faixa sequer de arrependimento no seu olhar. Toneladas de esperança agora pulsavam, quentes, nas artérias do garoto. Seu sangue era ternura por inteiro.

Scorpius apoiou a sua testa na da garota.

— Diga que isso é verdade... – ele pediu, ofegante. – Diga que eu não estou sonhando...

A ruiva tocou os lábios do garoto com o dedo indicador, suavemente.

— Você não está sonhando. – falou.

Então Rose o puxou pela gola do casaco e voltou a beija-lo.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?!

Me contem aqui nos comentários! Eles são muito importantes para a evolução da história! (e podem ajudar a postagens mais rápidas ;] )

Para quem não conhece ainda, eu tenho uma página onde posto os links das histórias, alguns spoilers de vez em quando, umas novidades também... Dá uma chegadinha lá!
==> https://www.facebook.com/Mrs-Ridgeway-1018726461593381/

Beijos!