Calisto escrita por Odd Ellie


Capítulo 6
Capítulo 5 - Curiosidade Pessoal (Howard, Anthony)




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“A curiosidade matou o gato, mas a satisfação o trouxe de volta” - Provérbio Judaico

 

Howard

Howard Philips Hume tinha um pouco de esperança ver Connor sentado em um dos bancos que levava os médicos e enfermeiros do centro correcional até o hospital naquela manhã. Isso não aconteceu.

Imbecis ele pensou.

Ele sentia um pouco de culpa, ele sabia desde o começo que o garoto ia ser punido por ele ir para a triagem, mas ele imaginou que seria uma suspensão ou talvez até apenas uma bronca dos agentes da federação considerando o número razoável grande de pacientes que eles recentemente haviam adquirido e quantos médicos e enfermeiros seriam necessários para tratá-los mas não, preso.

Ele se lembra do rosto dele em pânico no dia anterior, ele achou que veria uma expressão assim quando eles estivessem no meio do acidente, mas não, lá Connor se mostrou focado e profissional. O pânico só veio quando eles voltaram para o hospital e havia dois agentes da federação esperando por ele, eles o jogaram contra o chão e algemaram suas mãos contra suas costas e o colocaram em uma das vans da federação. Na hora não havia nada que Howard pudesse fazer então ele apenas se concentrou no trabalho. Mas seis horas depois quando as coisas estavam mais estáveis ele foi levado de volta ao centro correcional 22, o mais próximo ao hospital e descobriu que Connor tinha sido levado para lá algumas horas antes, embora ele estivesse em um bloco diferente.

Antes de partir naquela manhã ele deixou ordens que ninguém deveria mexer com o garoto e se alguém fizesse isso que ele deveria ser punido imediatamente. Em todos os seus anos lá ele nunca tinha dado uma ordem similar, mas ele sabia que seria cumprida a risca. Isso por dois fatores, o primeiro era que ele era um médico e o segundo que ele era um dos perpétuos. Essas coisas contavam bastante lá dentro.  

Ele foi para o escritório da federação, ele conheceu sua sombra do dia, um interno do departamento de ortopedia chamado Lucas que parecia até mais tenso do que o normal ao ouvir as instruções habituais. Ele provavelmente tinha ouvido que a última sombra de Dutor Hume tinha sido preso por falha em cumprir protocolo. Howard então recebeu as fichas dos pacientes que fariam parte da sua rota para o dia e um leve sorriso por um segundo surgiu nos seus lábios. Ele recebeu o que ele queria. Ele recebeu o homem que Meera tinha salvado. Everett Kugel.

No dia anterior ao ver Meera indo na direção da lona negra estendida no chão ele achou que talvez ela tivesse esquecido o procedimento padrão para triagens, mas aí ele viu o desespero quando ela começou a atender o homem, ela parecia confusa, como se suas próprias ações não fizessem sentido pra ela. Meera naquele estado tinha sido uma visão bizarra, o lembrou da primeira vez que ele viu seu pai chorar quando ele tinha oito anos, como Realmente ? Você faz isso também ? Você não está tão acima de nós afinal ?

Em teoria devia ter sentido bom ver a pessoa que ele mais detestava no mundo naquele estado, mas o que ele sentiu mais foi curiosidade.

Ele atendeu os dois pacientes que estavam na frente de Everett na rotação o mais rápido possível e foi para o leito onde ele estava. O corpo estava mal, o lado direito tinha apenas algumas escoriações mas o esquerdo estava em má forma, a pele branca com aparência de couro e o tecido necrosado em volta, ele estava sendo mantido em coma induzido apesar de queimaduras de terceiro grau ao contrário do que a maioria supunha não causarem dor, todos os nervos transmissores de sensações em queimaduras daquele tipo haviam se destruído. Quando a pele começasse a se restaurar, aí ele ia sofrer, mas agora o coma era apenas para evitar que ele entrasse em pânico ao ver o estado de seu corpo. Ele começou a rolar a ficha no tablet mas esta parou apenas no nome, data de nascimento e nos dados vitais. Ele não conseguia acesso a ficha criminal, local de nascimento, histórico escolar. Nada.

Ele chamou uma das técnicas do departamento de TI o que acabou se mostrando inutil.

“Aqui diz que você não tem a autorização pra ver os dados além dos que estão mostrados na tela” Tessa a técnica disse.

“Eu sou o médico dele, por lei da federação eu deveria ter direito a ver toda a ficha dele, sem restrições”

“É coisa da própria federação, não um bug, eles dizem que você não pode ver, você está bloqueado”

“Você pode tirar o bloqueio ?”

“Não”

“Por falta de capacidade, ou por um apego a restrições ilegais feitas ao meu acesso ao histórico do meu paciente ?”

“Eu não vou quebrar protocolo. Eu não quero ser presa”

“Ninguém vai te prender por isso”

“Sim eles não vão, porque eu não vou fazer”

Howard respirou fundo e partiu para o próximo paciente da ronda se perguntando se aquilo seria um incidente isolado ou o começo de um padrão de pedidos simples serem negados apenas por causa do garoto ser preso. Lhe ocorreu que ele poderia tirar Everett do coma e simplesmente perguntar a ele todas as coisas que ele queria saber, as pessoas tendiam a ser honestas com médicos quando eles achavam que estavam em risco de vida pela sua experiência.

O próximo paciente era um de Lucas, um dos que tinha ficado no último vagão do trem que não tinha caído, os dois pilotos que tinham resgatado o pequeno grupo lá de cima parecia tudo que os outros estavam falando ao invés das dezenas de médicos e enfermeiros e paramédicos que realizaram o trabalho no chão, o que era previsível mas mesmo assim ligeiramente irritante.  Enquanto Lucas atendia o paciente Howard resolveu testar e ver se ele conseguia acessar os dados dele. Ele conseguiu, resumidamente os dados da ficha diziam :

Newton Rutherford

Nascido dia 30 de Agosto de 2508 em Havilland, Marte.

Diagnóstico : Concussão. Escoriações leves. Torção do pé direito sem ruptura de ligamentos.

Observações : Clínico geral recomenda que seja mantido em observação por 48 horas.

Histórico de doenças : Catapora aos 8 anos.

Histórico Escolar : Ensino médio completo, Ensino superior incompleto em Engenharia Mecânica.

Histórico criminal : Roubo e hacking. 2 anos em prisão.

O último item chamou a atenção de Howard então ele clicou para mais detalhes. Lá ele descobriu que houve um surto da febre gleviana em Marte na época em que Newton foi preso, e falta de vacinas disponíveis para cobrir toda a população, um sorteio foi feito entre as cidades para receber as vacinas, Havilland não foi uma das sorteadas, mas ainda assim recebeu um caminhão de vacinas e teve sua população vacina graças a interferência do rapaz que foi preso pouco depois por ter hackeado a database da Federação. Alguém que fazia isso, provavelmente conseguiria desbloquear a ficha certo ?

Mais tarde no refeitório ele ouviu algumas pessoas comentando que a mãe de Connor estava na diretoria do hospital brigando com a direção sobre eles não estarem fazendo nada para soltar o filho dela. Era verdade que Howard mal conhecia Connor mas ele tinha suspeitas que o garoto se sentiria embaraçado por isso, embora ele provavelmente não deveria. Talvez ele estivesse errado em pensar em Connor como um garoto ao invés de um homem, mas ele era apenas alguns meses mais velho que Jéssica, em sua mente ela ainda era uma criança, assim como era qualquer um da mesma idade que ela tinha. Se fosse Jéssica que tivesse sido injustamente presa por não cumprir uma regra idiota ele também brigaria com qualquer um dos responsáveis por isso até que ela estivesse livre.

Howard disse para Lucas que ele iria ao banheiro, ao contrário do que o protocolo dizia que devia ser feito Lucas não o acompanhou.

Howard Phillips Hume passou pela porta do banheiro e ele continuou andando.

 

Escolha para Filho de Kivi :

A - Ir até a diretoria do hospital e pedir pelo desbloqueio do histórico de Everett Kugel assim como discutir a saída de Connor da prisão.

B - Tirar Everett Kugel do coma induzido e perguntar de onde ele veio e qual exatamente era sua conexão com Meera Wither

C - Ir até Newt e pedir se ele sabe como tirar o bloqueio do histórico de Everett Kugel




Anthony

Logo após acordar Anthony pegou e abriu duas garrafas de cerveja da geladeira, ele tomou um gole de uma e a outra ele levou até sala, ele tocou o vidro gelado contra a mão da moça dormindo no sofá.

Ela acordou desnorteada, ele riu.

“Babaca” Andrômeda disse.

“Cerveja ?”

“Se você está tentando me embebedar pra eu transar com você esqueça cara, não vai acontecer”

“Eu não preciso embebedar uma mulher para conseguir sexo, isso foi apenas eu sendo um bom anfitrião para minha convidada”

“Tanto faz” Andrômeda disse pegando a garrafa, e dando um gole “Eu acho que isso é como o fundo poço sente”

“Tomando cerveja em um belo dia ensolarado com um cara bonitão ao seu lado ? Wow Andy você deve ter uns padrões altos”

Ele e Andrômeda haviam se conhecido três anos antes, pouco após ele ser liberado da prisão no Centro de Adaptação para Ex Presidiários. Por lei todo presidiário teria ajuda em se tornar um membro produtivo da sociedade de Calisto, e o jeito que a federação resolveu implementar essa noção nobre foi colocando um monte de pessoas que ainda eram basicamente adolescentes nascidos na lua para lidar com ex criminosos e ensiná-los como viver em Calisto, e tentar achar empregos e moradia e etc durante o primeiro ano após a sua libertação se fosse requerido pelo ex prisioneiro. Antes de se tornar uma bibliotecária Andrômeda havia sido sua Conselheira. E alguns anos depois quando ele precisava alguém não diretamente conectado a ele para apostar em corridas que ele havia feito pequenas intervenções ela se tornou sua parceira no crime. Eles faziam isso cerca de uma vez por mês pelos últimos dois anos, ele não diria que eles eram amigos, no entanto quando ela apareceu na sua porta as duas da manhã dizendo que ela precisava de um lugar pra dormir ele não disse não.

Ele ligou a televisão e encontrou o rosto de Blake Verlac na tela, isso não o surpreendeu, o mesmo tinha ocorrido na noite anterior. Ela e a repórter do canal 3 estavam no centro de treinamento e ela estava sendo entrevistada sobre seu grande resgate no dia anterior. O rosto de Blake por mais de dez minutos no ar em uma plena terça-feira. Mesmo se ela ficasse por último em todas  as corridas os patrocinadores a encheriam de dinheiro pelo próximo mês ou talvez até mais. Ele realmente estava se odiando por não ter lhe ocorrido ir ao desastre de trem também colher um pouco da publicidade gratuita.

Andrômeda se levantou do sofá e foi para a geladeira pegar outra cerveja, ela se apoiou contra a parede e perguntou :

“Você conhece ela ?”

“Sim. Ela me odeia”

“Eu tenho certeza que você fez por me merecer”

“Sim. Ela era da equipe daquela mulher que ficou paralisada”

Ele sabia que ele não precisaria especificar mais do que isso, aquela corrida em questão também havia sido ruim para Andrômeda, ela perdeu mais de dez mil créditos na ocasião. E ele quase perdeu sua carreira como piloto, sua melhor mecânica foi presa, e ele ganhou um sentimento que em toda sua vida ele nunca havia sentido antes : culpa.

“De onde você tirou os dez mil naquela vez? Não pode ter sido do seu empreguinho do governo”

“Eu peguei da minha ex”

“Oh. Então você é uma lésbica, isso explica porque você não caiu pelos charmes”

“Não, eu sou bi. A explicação é apenas que você não é tão charmoso quanto você acha que é”

“Ela apenas te deu dez mil para apostar ?”

“Não, eu peguei. Esse é o motivo pelo qual ela uma ex agora”

“Sinto muito. Mas sabe o que eles dizem, tem muitos peixes no oceano”

“Ela não era um peixe, ela era o oceano”

“O que isso significa ? Você já está bêbada ?”

“Cala a boca. O que eu quis dizer é que nem todo mundo é como você quando se trata de romance, pessoas não são tão facilmente substituíveis, okay ?”

“Oh ela foi o grande amor da sua vida que você perdeu ?”

Andrômeda ficou quieta.

“Droga, ela foi ?”

“Talvez. Provavelmente. Acabou. Não importa agora”

“Como vocês se conheceram ?”

“Na escola. Nós namoramos por alguns anos e aí nós terminamos. Fim”

“Alguém já te disse que você é uma péssima narradora ? Eu não senti simpatia nenhuma pela história de Andrômeda e...qual o nome dela ?”

“Maggie. Margot”

“Vamos me conte a história de Andrômeda e Margot, dessa vez com detalhes”

“Porque eu faria isso ?”

“Porque não ?”

“Você tem vodka ?”

“Sim, você já terminou sua segunda cerveja ?”

“Sim, onde está a vodka ?”

“Na parte de baixo, ao lado dos tomates. Você tem certeza que você quer misturar drinks ? Sabe não é a melhor coisa de estômago vazio”

“Sim eu tenho”

“Okay é a sua vida não venha me culpar quando você acabar vomitando”

“Eu não vou”

“Então como vocês se conheceram ? Dessa vez com detalhes por favor”

“Nós nos conhecemos anos antes de nós nos tornarmos próximas, a gente tinha a mesma idade então a gente foi colocada na mesma escola na quinta série, vocês vêem essa cidade enorme, mas não tinha quase ninguém da nossa idade aqui naquela época, pra você ter idéia eu fui o bebê 127 que nasceu nessa lua e Margot alguns meses depois foi o bebê 176. Mas a gente mal se falava, eu ficava no meu canto sozinha e ela ficava com os amigos dela do orfanato e era isso, o máximo que a gente conversou foi essa uma vez em que colocaram a gente juntas nesse projeto de ciências e a gente marcou de fazer trabalho na véspera da apresentação na biblioteca que tinha acabado de ser inaugurada, mas no dia eu estava sem vontade de sair de casa então eu não fui, eu nem avisei a ela eu apenas não fui, e no dia seguinte ela chegou lá e ela me entregou esses cartões numerados pra eu ler intercalando com ela na apresentação e essa maquete linda que ela fez no dia anterior foi colocada na mesa e tinha o meu nome e o dela, nós tiramos um A-. Ela devia ter pego isso como um aviso sabe ? Ela sabia como eu era desde o começo”

“Talvez, como vocês se aproximaram ?”

“Quando eu tinha uns dezesseis anos eu meti na minha cabeça que eu queria conhecer meu pai uma vez, eu descobri o centro de detenção que ele estava e eu fui lá no sábado que é o dia em que tem visitas com os menores e eu pedi pra moça da direção pra avisar ele que eu estava lá e que eu queria ver ele, e menos de um minuto depois ela apareceu dizendo que ele tinha negado o meu pedido de visita. Agora eu acho que ele provavelmente fez isso, mas no dia me irritou porque eu tinha certeza que esse não havia sido o caso, eu tinha certeza que a moça só estava sendo preguiçosa e que o pedido nem havia chegado a ele e eu disse isso pra ela, e aí eu comecei a discutir e aí eu vi Margot. O pai dela mora na mesma prisão que o meu e ela estava lá pra visita semanal dela. E eu fiquei embaraçada por ela me ver naquele estado, e eu saí com a certeza de que quando eu chegasse na escola na segunda todo mundo saberia, mas ela não fez isso, ninguém sabia além dela e de mim. Isso foi legal dela, uns dias depois teve um trabalho em grupo e ela me chamou pra fazer parte do grupo dela, talvez fosse pena, mas sei lá eu não me importei muito. No sábado seguinte ela me viu andando a caminho do centro correcional e ela foi junto, nós falamos no caminho sobre coisas de escola, e foi divertido eu sabia que ela era uma nerd mas não que ela inteligente fora de coisas relacionadas a escola. Quando nós chegamos eu educadamente pedi para avisarem meu pai que eu estava lá e ele novamente negou meu pedido de visita, e ao invés de ir visitar o pai dela naquele dia ela saiu comigo, ela me comprou um sorvete e ai nós fomos ao cinema central e assistimos uns três filmes um após o outro, só depois eu descobri o quanto incomum isso foi, ela quase nunca falta uma visita com os pais, e ela é bem mão de vaca quando se trata de dinheiro, tipo você sabe aqueles cubinhos de nutrientes feitos com as plantas daqui que servem na prisão ?”

“Sim, eu ainda tenho pesadelos sobre eles. Foi a pior parte de estar preso”

“Ela basicamente só come aqueles. Ela diz que ela gosta deles e que ela estava mais acostumada com eles do que com a comida terrestre mas eu acho que isso foi só um jeito que ela arranjou de justificar a avareza dela na mente dela”

“Mas naquele dia ela pagou o sorvete e o filme”

“Sim”

“Ela estava a fim de você”

“Talvez um pouco, mas eu acho que na época era mais pena, ou empatia, o que você preferir chamar. Mas sei lá foi divertido, eu não estava acostumada com pessoas aleatoriamente me dando coisas. Eu comecei a almoçar com ela depois disso, eu já tinha tirado a idéia de ver meu pai da minha cabeça, mas aí na sexta ela veio falar comigo que ela tinha ligado pro pai dela e pedido pra ele falar com meu pai, e que ele tinha concordado em me ver naquele terceiro sábado. Então eu fui, ela foi comigo. E conhecer meu pai foi estranho, eu achei que fosse me fazer sentir alguma coisa mas não fez, ele era só mais um cara desconhecido, nós falamos por três minutos e eu fiquei enrolando por mais uns sete minutos só pra dizer que eu não tinha aproveitado a visita. Quando eu saí ela estava lá esperando por mim. Foi bizarro eu não estava triste mas eu comecei a chorar naquele momento quando eu vi ela, era como se eu e meu corpo fossemos duas coisas separadas, até hoje eu não entendo exatamente o que aconteceu. E aí ela me abraçou e foi até mais estranho, no passado quando outras pessoas me abraçaram sentiu desconfortável ter outro corpo me apertando, mas com ela foi bom, eu nunca entendi antes do que os outros estavam falando quando eles falavam sobre se sentirem confortados por um abraço. Talvez o que eu deveria ter procurado nela era uma figura materna nela como algumas das crianças do orfanato onde ela cresceu faziam ao invés de uma namorada, mas sabe eu era uma adolescente e hormônios, e se você visse ela você entenderia. Ela é tão bonita, as vezes eu me lembro de apenas olhar para ela e pensar como é possível que você seja real ? E o que diabos você está fazendo comigo ?”

“Talvez eu deveria ir dar uma olhada nela um dia desses”

“Esse seria um caso perdido. Ela sabe quem você é, e o seu envolvimento no negócio da trapaça e do dinheiro da aposta, ela te culpa um pouco por me envolver com tudo isso”

“E você ?”

“Não, eu sabia o que eu estava fazendo”

“Aí vocês começaram a namorar ?”

“Não, isso só aconteceu mais de um ano depois, nós éramos amigas. O tempo todo eu tinha essa paixonite massiva era bem ridículo, e um dia eu não consegui me segurar mais e eu aleatoriamente beijei ela, e eu achei que seria o fim da nossa amizade mas não foi, ela me beijou de volta e ela começou a me apresentar pros outros como a namorada dela, e isso foi o que eu fui por alguns anos. Não foi perfeito, nós tínhamos várias ideias que não combinavam o que levava a discussões, quando eu decidi não fazer faculdade ela ficou tão puta comigo, como se eu estivesse fazendo pra atacar ela, e eu odiava que ela tinha essa queda super creepy por esse cara que ela conhecia desde que ela era uma criança, tipo ela sempre negava quando eu perguntava mas eu podia ver que ela tinha. E muitas outras coisas aleatórias bobas. Mas em geral era bom sabe, eu gostava de ser a namorada dela, sabe ?”

“E aí você roubou dela”

“Eu ia devolver. Não é como se ela estivesse usando o dinheiro, ela estava só guardando e quando ela for usar vai ser um desperdício porque não tem jeito nenhum dos sonhos estúpidos dela acontecerem. Eu não estou dizendo isso só porque é você, eu disse isso pra ela muitas vezes”

“Hum, eu não sou nenhum especialista em monogamia, mas chamar os sonhos da sua parceira estúpidos não parece muito bom para um relacionamento”

“Mas eles eram estúpidos. Ela quer tirar os país da prisão, ambos receberam a pena perpétua. Em 30 anos da federação nunca houve um caso de alguém que recebeu prisão perpétua ser liberado, eu ajudei ela a pesquisar ok ? Eu sei o que eu estou falando. Ela fica guardando e guardando e no fim ela vai gastar tudo em algo que não vai acontecer. Eu não estou dizendo que ela não deveria ter terminado comigo pelo que eu fiz mas isso não faz o sonho dela menos idiota”

“Ok...você viu ela desde que vocês terminaram ?”

“Ontem. Você não foi a minha primeira escolha de anfitrião”

“Droga, como foi ?”

“Ela me expulsou sem hesitação. Deu até um pouquinho de orgulho. Eu gostaria de estar puta mas não estou sabe ? Você não pode culpar alguém por ter descobrido com quase dez anos de atraso que você não vale a pena sabe”

Agora o comentário sobre estar no fundo do poço estava fazendo um pouco mais de sentido para Anthony, ele estava se arrependendo um pouco insistir que ela contasse. Ele nunca teve uma Margot em sua vida, ele seriamente duvidava que ele tinha em si a capacidade para ter um dia. Ele procurou algo pra mudar de assunto, ele encontrou nas notificações do seu tablet.

“Ei olha saiu a lista de mortos do acidente de trem, tem alguém que você gostaria que estivesse morto ?”

“Ettore Montanari. Ele é o quarentão que Maggie quer pegar. Mas eu vi ele ontem de noite, ele foi acompanhar ela até o apartamento dela, nenhuma chance dele estar na lista”

Anthony riu. Ele parou quando ele viu um dos nomes da lista. Ele clicou no nome e uma foto apareceu confirmando suas suspeitas.

“Que cara é essa ?” Andrômeda perguntou.

“Eu conheço uma das pessoas que morreu. Antiga ficante, Joana Alvarez”

“Sinto muito”

“Yeah...nós não éramos próximos, as coisas não acabaram bem entre a gente. Meio estranho pensar nela estar morta no entanto...eu vou sair, você quer alguma coisa ?”

“Que você feche as cortinas pra eu poder voltar a dormir”

“Okay...durma bem”

Escolha para MaryDuda2000 :

A - Anthony vai para a pista de corrida pra tentar treinar.

B -Anthony vai para a pista de corrida pra tentar se meter em uma das entrevistas de Blake sobre o acidente de trem.

C - Anthony vai para o antigo apartamento de Joana para ver se algum funeral está sendo organizado para ela.  *Escolhida 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários são sempre apreciados.