Lovely Death Angel escrita por Jibrille_chan
Notas iniciais do capítulo
*O* MAN! o NYAH VOLTOU!!! o Tanta coisa pra postar >—
Odeio quando esse tipo de coisa acontece. Não que trabalhar com a morte seja algo agradável, mas detestava quando a vida que teria que terminar era a de uma criança. Oito anos. O que se aprende em oito anos? Parece muito e pouco tempo ao mesmo tempo. E o dia estava tão bonito... E aquele garotinho que brincava perto de mim, que não podia me ver, iria morrer.
A bola com a qual brincava acabou quicando até a rua, e ele foi seguindo, um sorriso alegre nos lábios. Aproximei-me, vendo um carro vir em sua direção, o motorista distraído brigando com alguém no celular. Desviei os olhos, não querendo ver a cena. Ouvi gritos, o freio do carro e... choro de criança?
Não havia sangue ou o pequeno cadáver que deveria estar ali. O menino chorava, nos braço de um homem que havia surgido de algum lugar. Depois de tentar acalmá-lo, acabou soltando-o, sorrindo, vendo o menino correr até à mãe desesperada.Encarei o homem, embora ele não me visse. Ele se afastou e eu o segui, segurando seu braço.
- Por quê?
O homem se assustou com aquela abordagem repentina, virando-se de frente pra mim. Tinha os cabelos claros, repicados até o ombro, o rosto com traços delicados mas que eram marcantes ao mesmo tempo.
- Desculpe?
- Por que salvá-lo? Como saber que não era a hora dele morrer?
Ficou me encarando, o cenho franzido. Depois sorriu.
- Não tem como saber. Mas eu acho que... cada pessoa merece uma segunda chance.
Virou-se, indo embora, me deixando ali, curioso.
- Mais oxigênio! Depressa!
A sala de cirurgia estava movimentada, enfermeiros correndo de um lado para o outro. O médico parecia o mais aflito ali, mas se controlava. Na mesa de cirurgia, e mesmo menino que havia sido salvo de um atropelamento. Olhei para o médico, percebendo que ele me parecia familiar. Todos se movimentavam, passando por mim.
Suspirei, um pouco aborrecido por ter que esperar, até ouvir uma movimentação maior ainda, quando o aparelho que media os batimentos do menino emitiu um som contínuo, indicando a parada cardíaca.
Mais correria, desfibriladores sendo ligados, mas de nada adiantaria. Virei-me de costas, vendo o menino ali, parado, olhando a cena com os olhos arregalados. Sorri, indo até ele.
- Tsuhiro?
- Hai?
- Vamos?
- Pra onde? Ver a mamãe?
- Não... Mas prometo que poderá ver seu pai.
O menino sorriu, alegre. Eu estendi a mão e ele a pegou. Saímos pela porta, atravessando-a, e eu o levei até o lado de fora, nos fundos do hospital. Uma luz azul intensa brilhava, e ele se assustou um pouco.
- O que é isso?
- É pra onde você tem que ir.
- Mas o que é?
- Ah, isso só você pode saber.
Me deu um último sorriso, indo em direção àquela luz e desaparecendo. Fiquei ali, olhando o ponto em que o menino desaparecera. Realmente odiava aquilo. Ouvi a porta às minhas costas se abrir com violência, me sobressaltando. Virei-me, vendo o médico que estava tentando salvar Tsuhiro, apoiado na parede. E ele ainda me parecia familiar.
Só o reconheci quando retirou a touca que escondia os cabelos, os fios loiros libertando-se. Era o mesmo rapaz que havia salvado Tsuhiro naquele dia, quando era para o menino ter morrido da primeira vez, atropelado.
Por mais que ele tentasse esconder o rosto, eu via as lágrimas escorrendo, manchando-o. O desespero era mais que visível, e toda aquela carga de sentimentos me atingiu em cheio. Toda a culpa, a dor, tristeza... Aproximei-me dele, deixando que me visse, minha mão em seu ombro. Apertando-o de leve.
- Não foi sua culpa.
Seu estado não permitiu que ele se assustasse. Apenas afirmou com a cabeça, mas ainda soluçava. E, sem nenhum aviso, ele veio, me abraçando e escondendo o rosto no meu peito. Fiquei sem reação, sem saber se deveria afastá-lo ou não. Acabei por abraçá-lo, ainda meio inseguro.
Ficamos ali por algum tempo, até ele parar de soluçar. Limpou as lágrimas na manga da camisa, erguendo o rosto.
- Eu... já te vi antes, não é?
Fiquei encarando-o por algum tempo, percebendo o tímido sorriso que se formava no rosto do médico loiro.
- É... já.
- Sabia. Não esqueço um rosto tão fácil. Me desculpe por... ahn... isso.
Abaixou a cabeça levemente, mas eu ainda podia ver o rubor em sua face. E ele era... tão lindo.
- Não precisa se desculpar. Não estão precisando de você lá dentro?
- Eu... acho que sim.
- Então deveria voltar. Ainda há aqueles que precisam de você. Não se preocupe com Tsuhiro, ele ficará bem.
Ele arregalou os olhos, abrindo a boca para dizer alguma coisa, mas naquele instante a porta se abriu, revelando a cabeça de uma enfermeira.
- Takashima-san! Precisamos do senhor!
Ele piscou, confirmando com a cabeça. E antes que ele voltasse a olhar pra mim, dei um jeito de sumir dali. Primeira regra: nunca se aproxime de um mortal. Eu não tinha realmente me aproximado muito. Mas aquilo deveria parar antes que se complicasse.
Então por que o loiro não me saía da cabeça?
Continua...
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