Scripture escrita por XIII


Capítulo 3
O Desafiante




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Para um Fortificador como ele, era estranho ser especialista em armas. Ele era um Fortificador genial. Usava uma blusa com apenas uma manga comprida, para esconder a runa "Maestria" em seu braço esquerdo. A runa era conhecida apenas por sua mãe e pelas pessoas mais íntimas. Não que fosse algo proibido em Riseria, mas ele não queria que sua runa fosse descoberta por pura vaidade. Talvez não por pura vaidade, já que ele também se preocupava com o sangue gasto das pessoas. Mas vaidade era o maior motivo.

Desde criança, Theo se destavaca pela criatividade em criar suas runas. A runa "Dobrar" era uma runa incrível e corajosa. Graças à sua natureza, precisava que muito de seu sangue fosse fervido, mas em combate, era perfeita. E como Theo Ophara estava em seu dojo, pronto para treinar, é o momento perfeito para mostrar suas habilidades.

Como costume, todos os lutadores guardavam suas penas para inscrição nos bolsos esquerdos. O kimono de Theo só tinha a parte esquerda, como se fosse incompleto, mas nós sabemos o porquê de ele ser assim. Seu oponente daquela vez era um rapaz cujo nome não tem relevância, já que você pode imaginar, conhecendo a este ponto o protagonista desse conto, que o rapaz que o enfrentaria não sairia vitorioso da disputa.

Começaram. Theo era mais rápido que qualquer um para inscrever uma runa em combate e logo inscreveu a runa já mencionada, "Dobrar", nas costas do braço direito. Começou a ferver o sangue logo, mas a sua runa de "Maestria" ainda não estava ligada. Ele não precisaria dela agora. Recebeu o que seria um duro golpe na boca do estômago, mas seu corpo simplesmente dobrou, como se não tivesse qualquer resistência ou osso. Evitou o golpe com maestria e logo reergueu o corpo, usando as mãos no chão como apoio. Seu oponente tentava golpeá-lo sem parar, veloz e potente. Theo desviou de dois golpes dobrando o corpo, mas resolveu segurar um terceiro. Ele se arrependeu um pouco de ter feito, mas tirou proveito da situação. O punho de seu adversário estava quente. Mais do que deveria. Deveria ter três ou mais runas ativadas naquele exato momento, que Theo imaginou que estariam dando velocidade, força e ainda um elemento desconhecido, provavelmente resistência. Mas a melhor parte é que o oponente não duraria muito com todo aquele sangue fervendo e logo ficaria exausto. Cogitou pegar a vara em suas costas e dar com ela na cabeça do adversário ali mesmo, mas seria fácil demais. Aguentou um pouco mais a pressão, mas seu sangue também estava começando a ferver demais. Uma runa que remodela o corpo não seria de fácil manipulação. Ele também precisaria terminar aquilo rápido. Desligou a runa "Dobrar" e inscreveu uma runa "Força" em seu abdômen, tudo isso entre uma respiração e outra. Segurou três golpes. Percebeu que seu oponente buscou mais ar do que o costume. Havia chegado ao limite. Era agora. Ativou a runa "Dobrar" mais uma vez. Atacou. Tentou acertar o rosto do oponente com o antebraço inteiro, mas não seria tão fácil, pois foi bloqueado. Mas talvez ainda fosse bem fácil, já que ele imaginava que isso aconteceria. Seu antebraço dobrou, acertando em cheio o rosto do desafortunado adversário de Theo Ophara, o terceiro herói destes contos. Ele não cairia tão fácil, então tratou de retomar o equilíbrio, mas não contava com o giro pro lado oposto de Theo, acertando-lhe em cheio no outro lado do rosto, desta vez com o pé. Theo deu este chute aproveitando o pé que já usava como apoio girando-o, graças à runa "Dobrar". E seu oponente estava no chão.

Mas não era a isso que se limitavam as capacidades de Theo. Ainda não mencionei, mas Theo tinha um amigo. Um bom amigo. Foi com ele, Atlaz, que Theo aprimorou suas capacidades como Fortificador. Atlaz era bem mais forte que Theo fisicamente, mesmo que o protagonista deste conto sempre fosse mais habilidoso. A força de Atlaz era dada, além de seu árduo treinamento, pela runa "Força", inscrita em seu braço esquerdo. Como um espelho, tinha um kimono incompleto assim como Theo, mas que cobria a parte direita de seu corpo, onde a runa "Revidar" ficava escondida. Diferente de Theo, que mantinha sua runa escondida aos olhos de todos, a maior parte dos integrantes do dojo conheciam a "Revidar", runa que Atlaz escondia apenas de seus reais inimigos. Os dois costumavam viajar juntos para enfrentar outras duplas. Era aí que a verdadeira força dos dois aparecia. Parando pra pensar, o que está escrito no braço direito de Theo? E no braço esquerdo de Atlaz? Pois é.

Os dois estavam juntos, como sempre. Estavam preparados para aceitar o desafio. Lutariam como uma dupla. Theo e Atlaz, invencíveis. Iriam enfrentar outra dupla que, mais uma vez, não me darei o trabalho de revelar-lhe os nomes, já que você sabe o que acontecerá com eles. Não, isso não dará certo, são duas pessoas e isso pode ficar confuso. Tudo bem. Seus nomes eram Ryan e Claymer. Ryan usava duas espadas curtas e Claymer usava uma lança. Theo estava usando um cajado. Atlaz estava preparado para lutar com as mãos nuas. Começaram. As regras daquele combate não diziam que o oponente precisava morrer, mas também não diziam que ele não podia. E era isso que Ryan tinha em mente quando partiu pra cima de Theo. Atacava ferozmente com suas duas espadas curtas, o que fez com que Theo fosse obrigado a ativar sua runa de "Maestria". A música que os repetidos embates entre espadas e o cajado era hipnótica.

Atlaz estava em ligeira desvantagem, afinal, enfrentava com as mãos nuas um lanceiro. Ele não conseguiu perceber, mas o lanceiro tinha uma runa tatuada em seu peito escondido pela camisa. Uma runa que dizia "Acertar". Então você deve imaginar o trabalho que Atlaz estava tendo para se manter vivo. Mas seu sangue já estava fervendo e a runa certa já estava ativada. Adivinhe a runa. Enquanto Atlaz tentava se manter vivo, tomando a menor quantidade de dano possível, Theo começava a colocar certa pressão.

Eu ainda não disse o motivo que justifique o protagonismo de Theo até aqui e, não se preocupe, eu ainda não direi. O que eu direi agora é que Theo golpeava rapidamente o oponente, que dava um novo e complicado uso às suas espadas. Para um homem que era acostumado a atacar até que seu oponente estivesse caído, morto ou inconsciente, era totalmente improvável que estivesse usando suas duas espadas curtas para bloquear, mas estava. Theo estocava seu cajado contra o inimigo implacavelmente e, quando isso não dava certo, girava seu corpo e sua arma como se fossem um, apenas para minar as defesas do inimigo. Theo não se preocupou nada com as runas do inimigo. Ele teria se preocupado se soubesse que, nos dois braços de Ryan, estavam escritas as runas "Matar", e que Ryan sabia ferver a quantidade certa de sangue para ativá-la apenas na hora certa. Mas você e eu sabemos que isso não aconteceria. Theo acertou uma vez na perna esquerda, outra vez na parte direita do abdômen e mais uma vez na orelha direita. Atlaz sorriu, pois finalmente pararia de sangrar à toa.

Fizeram um "X" com os braços. Como você já deve ter imaginado, ou o seu intelecto não é dos melhores, os dois juntos formariam a runa "Dobrar Força". "E pra que dividir a runa?" Você pode estar me perguntando. Pra não ter que ferver tanto sangue assim. Pros corpos deles, eram apenas as runas "Dobrar" e "Força". Lirium poderia rir da piada que fizeram com suas regras, pois a runa criada pela simples pose era completamente válida. E Atlaz finalmente atacou, com uma força inacreditável, imoral, descomunal, afinal, sua runa "Revidar" estava queimando desde o início do combate. Para Claymer, o combate acabou ali mesmo.

Do outro lado, Ryan levantava-se. Vapor saía de seu corpo, o que indicava que estava fervendo sangue demais. As runas ativadas eram "Regeneração", "Berserk", "Retaliação" e "Força". Todas combinadas, então o sangue gasto nisso era demais pra qualquer pessoa normal. Se isso se mantivesse por muito tempo, ele poderia morrer. E Theo não gostava de ver pessoas morrerem. Sua força também estava com a força dobrada, mas sabia se conter o suficiente pra não matar ninguém com seu cajado. Esperou que Ryan partisse pra cima, o que não demorou muito. Ryan atacou ferozmente com as duas espadas ao mesmo tempo, coisa que obrigaria Theo a se esforçar bastante se não fosse a atual força dobrada, então o herói Ophara apenas empurrou o adversário de volta com força. O que fez com o que o berserker reagisse com ainda mais força, graças à runa "retaliação". Mas Theo estava preparado. Quebrou a perna direita com um golpe, mas Ryan quase não sentiu. Com outro, teve a certeza de quebrar no mínimo três costelas. O mais leve dos golpes foi dado na orelha ainda imaculada, apenas para terminar de derrubar o oponente. Theo e Atlaz eram imbatíveis.

Depois de alguns anos, Atlaz desceu de Riseria. Desceu para os sujos Injea, nome dado aos lugares presos ao chão. Ele queria conquistar aquele lugar e convencer os injeanos a ascender à Riseria. Pra isso, ele precisava se provar como o mais forte. E você sabe que a tragédia aconteceria aqui. Porque você já entendeu algo que conecta nossos heróis, além de terem mudado o mundo. Existe o motivador. Existe ele.

"Eu preciso me tornar mais forte, Theo." Atlaz disse, com lágrimas caindo, descontroladas.

"Pra quê? Eu posso te proteger!" Theo mordia os lábios e, ao contrário de Atlaz, ele fazia esforço para conter as lágrimas. A arca atrás de Atlaz estava pronta para descer, esperando apenas os últimos passageiros. Atlaz virou de costas, segurando a mala sobre os ombros.

"E daí, Theo!? Não é o que eu quero! Eu quero ser forte... pra você não precisar me proteger! Eu quero melhorar para que eu possa te proteger também!" E, enquanto falava, apertava o passo, até começar a correr na direção da arca. Theo apertava os punhos, como se, se não o fizesse, desabaria. Tolo. Ele já estava desabando.

Atlaz fez história em Injea. O Flutuador não perdia, simplesmente. Uma vez enfrentou cinco Fortificadores da Casa Impetus e os venceu. Acho que contarei essa história agora.

Cruzando os arredores de Altria, logo após sua descida de Ophara, Atlaz estava triste por ter se despedido de Theo, mas estava motivado, então logo tratou de escrever uma runa, bem na direção do coração. Quando foi abordado pelos cinco baderneiros ruivos, ele sabia exatamente o que fazer para descontar a tristeza. Era uma runa de poder absurdo, que  não deveria ser usada muitas vezes. Era até um exagero usar contra aqueles rapazes, mas ele não ligava. De qualquer forma, era uma runa que fervia sangue demais e abusava muito do corpo. Os rapazes foram golpeados de diferentes e aleatórias direções, com uma potência avassaladora. Só não morreram porque Atlaz não quis. É uma história curta, eu sei. Mas que outra história você esperava de uma runa chamada "Vencer"?

Há meses que ele o procurava. Eles, pra falar a verdade. Só que um acharia antes do outro e isso mudaria tudo. Você já sabe de quem estou falando. Estou falando de Benedict Edgard e também estou falando de Theo Ophara. Você já sabe quem chegará antes, não é?

Atlaz Ophara não entendeu quando viu seus desafiantes no chão, tendo espasmos e sangrando. Nem entendeu o que aquele Forjador dos Novaterra estava fazendo ali, pelo menos, não de imediato.

"Eu estava interessado em você, pois me disseram que você era o mais forte. Eu preciso aprimorar a minha técnica e alguém como você é perfeito pra isso!" Naquela época, quando as coisas eram um pouco mais simples, os fios de aço de Benedict Edgard(ou eu deveria dizer "Novaterra", já que não são todos que compreendem que o garoto nunca foi considerado como membro da família pelas pessoas que realmente importam?) ainda não tinham letras escritas, o que poderia fazer com que o combate contra ele fosse um pouco mais fácil.

"Vencer" contra "Controle". O combate estava frenético. Enfatizei o fato de que a runa "Vencer" fervia sangue demais, mas nunca, em momento algum, falei sobre os requisitos da runa "Controle" de Benedict. A resposta é: depende do quanto ele pretende controlar. E para enfrentar alguém com uma runa tão poderosa quanto a de Atlaz, ele precisava gastar bastante de seu corpo. Bons socos foram acertados em Benedict, mas bons cortes também foram feitos em Atlaz. A luta estava assustadoramente equilibrada, até que os dois ficaram sem fôlego.

"Quem é você e por que você matou duas pessoas inocentes?" Disse um Atlaz Ophara enraivecido, mas seus olhos não procuravam vingança. Ele queria apenas que a justiça fosse feita. Sua conduta será comparada com a de Maleth Novaterra, o Herói Prateado, quando este deixasse de ser a criança que era agora.

"Eu sou Benedict Edgard" e Atlaz achou o sobrenome do Novaterra um tanto quanto estranho "e, se eu não tivesse matado dois inocentes aqui, você não me daria atenção, não é?" E ele estava certo. Atlaz apenas acharia que era mais um qualquer querendo enfrentá-lo e não daria ouvidos. Mas Benedict não fez aquilo só pra chamar atenção. Fez aquilo, acima de tudo, porque podia.

O sangue de Atlaz ainda fervia uma única runa enquanto ele buscava fôlego para voltar à luta. Benedict tomou a dianteira do combate e seus fios de aço já arranhavam as paredes do salão onde estavam se enfrentando. A runa "Vencer" já estava queimando novamente. O som violento das cordas de aço movimentando-se contra o ar, buscando cortar a carne de Atlaz daria medo em qualquer um que estivesse próximo. Os reflexos de Atlaz movimentando-se com selvageria, buscando o Forjador, concediam a Benedict Edgard uma amostra de como medo se parecia. Atlaz acertava mais do que sofria danos, o que era enorme vantagem, graças à runa "Força".

"Essa runa já deu o que tinha que dar, seu forjador de merda!" Num movimento súbito, usando todos os fios da mão direita, sangue Ophara foi derramado, da forma que ninguém imaginaria. Mas você já poderia imaginar. Porque existe algo que une os heróis. Existe o motivador. Qual é o motivador? A derrota, mas não a do herói. É a queda dos entes queridos que fazem, desses heróis, heróis de fato.

Atlaz pulou pra trás, assustado. Benedict Edgard sorria um sorriso vil. Pois sabia que venceria. Seus fios de aço balançavam agitados, como se compartilhassem a sede de sangue de seu mestre e, de certo modo, compartilhavam. Atlaz não sabia o que fazer contra aquele oponente e, você já sabe, não havia nada. Os fios de aço cortaram e foram estilhaçando, junto com o corpo de Atlaz, suas esperanças. E foi com o corpo destroçado, mas ainda surpreendentemente vivo, que Benedict Edgard saiu, vitorioso. Logo depois, o herói deste conto apareceu, finalmente tendo achado seu amigo, por quem tanto procurara.

E Theo chorou lágrimas que sabiam exatamente o que estava pra acontecer.

"Atlaz!" Foi tudo o que ele conseguiu dizer, enquanto repousava a cabeça do companheiro em seu colo.

"Theo... sabia que... eu sabia que você viria?" Atlaz não focava o olhar em lugar algum.

"Diga-me... o que aconteceu com você?" Nessas horas, as pessoas normalmente dizem coisas como "Não fale nada!", na vaga esperança de que isso poderia mudar algo, quando sabem que já é tarde demais. Theo sabia o que aconteceria, então queria ouvir o máximo possível da voz do amigo.

"Me... desculpe... eu perdi... eu só queria... ficar mais forte... pra proteger você..." Atlaz sorria. Parecia que finalmente estava enxergando o companheiro.

"Eu queria ser mais forte, Atlaz. Eu queria ser tudo pra você! Por quê... Por que você teve que ir embora?" Theo Ophara chorava como uma criança.

"Eu não queria... incomodar... Se eu pudesse ser mais forte... Você acreditaria... que eu poderia protegê-lo da maneira que você me protege?" Atlaz começou a fechar os olhos, cansado.

"Você já me protegia, seu idiota! Você não precisava ser forte... Você só precisava estar ali!" Agora Theo berrava como uma criança.

"Então... eu vou... tentar... mais uma vez... Eu tinha outra coisa em mente... Ele... não está longe..." Ensanguentado, o corpo ainda estava quente. A runa "Força" religava-se, mas num contexto completamente diferente. Ele se levantiou. "Vou... dar um golpe... Theo. Com tudo! E... assim... poderei proteger você... de verdade!" Partiu como se não estivesse mortalmente ferido. Na direção de Benedict Edgard. E o Forjador assustou-se. Duas runas estavam ligadas, por pura força de vontade. E Atlaz Ophara acertou um golpe. Um golpe que ficou na história. Aquele ferimento ecoaria até no embate final entre Maleth Novaterra e Benedict Edgard. A runa "Revidar" foi utilizada. Junto com a "Força". Junto com a "Dobrar" de um Theo Ophara em prantos. Atlaz Ophara sabia que Benedict sobreviveria, mas quis mostrar. Quis mostrar que, quando se luta contra um Ophara, você deve sempre finalizar o inimigo.

Treinou e treinou por anos. Sua jornada reiniciou no mesmo ano que o Herói Prateado começou a sua. E venceu inúmeras batalhas com seu cajado, mas buscava apenas um confronto. Seus olhos não buscavam justiça. Esses sim, buscavam vingança.

E se enfrentaram, pela última vez, numa cidadela neutra que ficava entre Vrenna e Altria. Theo Ophara não carregava, dessa vez, um cajado. Ele trazia uma foice, perfeita para sua vingança. Ali, naquela época, inspirado pelo combate contra Atlaz Ophara, Benedict Edgard começara a usar seus alfabetos em cada um dos fios de aço. A grande foice de Theo só tinha duas palavras. "Cortar" e "Matar". Duas runas que, mesmo podendo trabalhar juntas, foram escritas separadamente, por pedido do próprio Theo. E com o balançar dos fios contra o ar, o combate se iniciou.

Os sons eram infernais para os habitantes da cidade, que não foram advertidos do combate. Bom, nem os combatentes sabiam que se enfrentariam ali, naquela cidade, então a culpa seria de quem? Fios de aço batendo na foice e Theo tentando cortar Benedict, sendo bloqueado pelos mesmos fios. O Fortificador girava o corpo, movimentava os pés, balançava os braços, tudo buscando um bom ataque. O Forjador focava-se em se reposicionar, sabendo que, num combate corpo-a-corpo, não venceria. Movimentava seus dedos como se fosse um pianista no meio da maior apresentação de sua vida. E a dança selvagem dos dois continuava, sem uma única gota de sangue derramada. Isso, até que sangue Ophara foi derramado mais uma vez nas linhas de Benedict, que ficou desesperado.

"É engraçado que você controle seus fios tão bem, Novaterra, mas eu sou tão bom com elas quanto você!" O sangue fora derramado, mas foi bem pouco e não fazia diferença. Theo segurava os dez fios de Benedict com as duas mãos. Os fios pararam completamente qualquer movimento. "Nossas runas são equivalentes, Forjador! Sua runa 'Controle' é tão poderosa quanto a minha 'Maestria'! E, por isso, você não vai me derrotar!" Largou os fios e levantou a foice com os pés, logo segurando-a com as duas mãos e impedindo qualquer avanço ofensivo do assustado Novaterra. Logo o segurou pelo pescoço e segurou mais uma vez os dez fios, dessa vez com apenas uma mão. Sua vingança estava ali, em suas mãos. E aquele momento o marcaria para sempre. Marcaria os dois.

Theo Ophara seguiu os anos contente por não ter se vingado, mas o remorso tomou conta de sua mente quando soube das atrocidades que ele voltou a fazer, principalmente contra o Herói Prateado. Mas Theo Ophara não poderia se preocupar com aquilo agora. Pois tinha uma preocupação maior. O Mais Forte dos Heróis estava realizando um sonho, um sonho que não era propriamente dele. O sonho dos Mistanne L'arc, seu motivo para viver. Theo Ophara, um vindo dos céus, estava prestes a conhecê-la. Conhecer a Deusa. Conhecer Mistanne, a Deusa dos Oceanos. E aquele momento era um dos que mudaria definitivamente o mundo.


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