Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 34
Capítulo 34 - Kiss me again




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Capítulo 34 - Kiss me again

 

CHARLES SCHMIDT 

 

Charles Schmidt não era muito propenso a ter uma noite repleta de pesadelos, na verdade ele costumava ser bem calmo, sempre controlando seus próprios sentimentos mesmo quando estava enlouquecendo. Mas nos últimos meses, nem mesmo ele estava conseguindo manter sua pose de durão.

Levantou-se da cama xingando baixinho, deixou sua varinha na cabeceira da cama e se dirigiu para o banheiro.

Ele estava um caco.

Haviam enormes olheiras debaixo de seus olhos, o pior de tudo é que ele tinha um semblante de quem estava doente. Charles não aparentava estar fraco, mas sim solitário. Ele jamais fora fraco, sempre teve uma língua afiada, apesar de raramente trocar ofensas com alguém, naturalmente ele assustava as pessoas com o seu jeito fechado. Estava acostumado com a solidão, mas agora estar sozinho não lhe parecia tão atraente assim.

Se perguntava se sua irmã mais nova estava bem, diferente dele e de Richard, Camilla era fraca quando se tratava de emoções, sempre ficava muito vulnerável. Apesar de a convivência com dois garotos irônicos tenha ajudado a menina a esconder seus sentimentos, os dois irmãos ainda a conheciam bem o suficiente para dizer quando ela estava bem ou não.

Quando viu a irmã na maca da enfermaria, com os pulsos cheios de arranhões que ela fizera em si mesma, e um enorme machucado em seu abdômen, foi a primeira vez que Charles de fato presenciou a total vulnerabilidade da sua irmã. Porque quando ele pisou naquela enfermaria, ele sabia que ela estaria sozinha. Sabia que a marca posta em seu braço contra sua vontade tinha o separado dela.

Sabia que Camilla nunca o olharia com os mesmos olhos quando descobrisse, sabia que não poderia ficar ao seu lado, se não colocaria a vida dela em risco. Sabia o como ela ficaria magoada quando descobrisse que ela era a única que não sabia da verdade. Mas o quê ele poderia fazer? Talvez tivesse sido melhor daquela forma. Desde o obliviate até agora, ao menos sua irmã estava segura.

— Charles? — uma voz feminina abafada o tirou de seus pensamentos, o Schmidt saiu do banheiro e se apoiou na soleira da porta, Daphne Greengrass, sua noiva, estava sentada na ponta da cama bocejando.

Um pequeno sorriso apaixonado surgiu no rosto dele.

Aquilo nunca tinha acontecido antes, ele não costumava demonstrar muito interesse pelas garotas depois que se envolvia com elas. Costumava ser um cara de uma noite, sempre fora assim. Contudo, ele não soube explicar o que lhe prendeu a Daphne, talvez o sorriso encantador da loira, ou a forma como ela o abraçava, ou até mesmo como ela parecia entender o que se passava com ela com a mesma facilidade que a sua mãe.

Mãe.

Pensou sentindo seu coração se estilhaçar em milhares de pedaços.

— Você não está se torturando com pensamentos, está? — ela perguntou, agora mais desperta, indo em sua direção.

Daphne não era baixa, mas mesmo assim, precisou erguer a cabeça para olhar para seu noivo.

— Não estava conseguindo dormir. — ele sussurrou com sinceridade, se perdendo nos olhos da garota a sua frente. Se sentia tão estúpido por estar apaixonado em meio a uma guerra, se sentia precipitado por abrir mão de tudo por ela, mas ao mesmo tempo, tudo o que ele queria era ela. Daphne era seu refúgio, sempre fora.

A garota deu um sorriso tímido e passou seus braços em torno dele, o abraçando.

— Ela está bem Charlie, eu não conheço a Camilla, mas tenho certeza de que ela está lidando com as coisas do jeito dela.

— É isso que me preocupa — ele desabafou, escondendo o rosto na curva do pescoço dela.

— Eu tenho a visto de longe na escola, Camilla está bem, eu não vou dizer que ela aparenta ser a pessoa mais feliz de Hogwarts mas ela está lidando com a dor. — a garota comentou e ele assentiu, se apegando as palavras da namorada e desejando ao máximo que sua irmã estivesse bem.




CAMILLA SCHMIDT




— Meninas, desçam para tomar café da manhã. — a voz da Sra. Weasley me tirou dos meus pesadelos. 

Acordei com a respiração acelerada e com a testa suada, felizmente Gina estava sonolenta e ao mesmo tempo irritada com a presença de Fleur em seu quarto, que nem reparou. Levou um tempo para eu conseguir normalizar a minha respiração e finalmente me sentar na cama.

— Bom dia! — Fleur disse com seu sotaque francês irritante, era incrível como o fato de ela acordar sorrindo e espreguiçando me lembrava daquelas propagandas de manteiga que passavam na televisão dos trouxas. Fleur na verdade, parecia ter saído de dentro de um comercial de manteiga. 

— Dia. — eu respondi brevemente e Gina simplesmente ignorou a existência da mais velha indo direto para o banheiro.

Suspirei, tornando a deitar a minha cabeça no travesseiro, olhando para o teto. Esperei que as duas se arrumassem para que eu pudesse pegar uma muda de roupas e ir para o banheiro. Assim que eu estava pronta, apenas coloquei um short jeans velho e uma camiseta amarela que eu suspeitava ter sido de Charles só que de alguma forma tinha ido parar no meu guarda roupa, bem agora era minha.

— Sirvam-se por favor. — Molly disse fazendo um gesto com a varinha, e enquanto eu descia as escadas, só pude ver as travessas de comida esvoaçando pela cozinha. — Oh, Camilla querida, dormiu bem?

— Sim Sra. Weasley. — dei um sorriso fraco enquanto me juntava aos meninos. — Bom dia.

Gina que tinha seus cabelos cor de fogo presos nem sequer respondeu, ela parecia estar furiosa, Rony murmurou alguma coisa que eu não consegui ouvir porque sua boca estava entupida de comida e Harry me deu um aceno com a cabeça.

Eu não estava com fome naquele momento, mas não queria preocupar Molly, então dei o meu máximo para comer alguma coisa. Assim que eu terminei a minha refeição, mal tive tempo de fazer nada, Gina me puxou pelo braço para fora da Toca.

— Finalmente! — ela estendeu os braços para os céus — Estamos livres daquela criatura.

Dei risada do exagero dela e quando já estávamos distantes da Toca, me sentei na grama ao lado dela.

— Certo, você vai me falar o por quê você anda estranha esses dias? Aconteceu alguma coisa na festa do Slug?

Arregalei os olhos, impressionada com a capacidade de dedução de Gina. Dei de ombros e decidi contar o que tinha acontecido, eu não ganhava nada escondendo as coisas dela. Contei detalhe por detalhe para ela, e ora ou outra dei risada das caretas que ela fazia quando eu mencionava o nome do Malfoy.

— Sabe, ele é um idiota. Não, isso é pouco, ele é um filho da puta — Gina disse com leveza, da mesma forma que diria “bom dia” para alguém — , mas, eu odeio dizer isso, acho que ele sente alguma coisa por você. Nunca vi esse garoto fazer algo por alguém antes, ele tem uma forma estranha de demonstrar o que está sentindo, mas com certeza ele sentiu ciúmes.

— Mas isso não justifica o porque ele sumiu do nada! — exclamei cruzando meus braços, contudo ela apenas deu um sorriso preguiçoso.

— Camilla, até então vocês não tem nada sério, então na teoria, por mais babaca que seja, ele pode aparecer e desaparecer a hora que quiser. Claro que você não é obrigada a aturar os sumiços dele, mas, agr- não me faça ter que continuar defendendo ele!

Apesar de ainda estar brava com o Malfoy, acabei dando risada da reação da Gina. Era péssimo ter que admitir que ela estava certa.

— Eu sei é que arh, — suspirei olhando para a enorme paisagem ao nosso redor — tudo bem, eu vou falar com ele.

— Bem, eu não falei nada. — Gina deu risada — Você faz o que achar melhor, mas não vou mentir, eu adoraria ver a cara de raiva dele quando você lançou o impedimenta.

— Na verdade eu não olhei para o rosto dele, eu estava muito nervosa na hora. — comentei me deitando na grama e logo Gina me imitou. — Mas e você Gin? Sempre vejo os meninos falando que você está namorado o Dino Thomas, ele parece ser ok.

Gina ficou alguns momentos em silêncio.

— Eu não sei se gosto dele de verdade. — desabafou depois de passar alguns momentos pensativa. — Quero dizer, talvez só seja uma paranóia da minha cabeça. Ele é legal, me trata bem…

— Acontece, — eu murmurei me lembrando vagamente de quando beijei Ernie no baile no quarto ano — ele pode ter quantas qualidades for, se você não sentir nada por ele...Mas talvez você goste dele, só precise de tempo para perceber. Ou talvez não...

— Eu acho que teria percebido antes. 

Olhei para ela como se compreendesse o que se passava com ela, suspirei, garotos eram complicados, mas não era como se fosse o fim do mundo. O planeta estava lotado de vários outros garotos.



(...)



— Nós dois poderíamos conversar, a sós? — Harry perguntou meio sem jeito quando me viu conversando com Fred e Jorge sobre algumas passagens dentro de Hogwarts que davam no porão da Dedosdemel, eu mal podia acreditar que fui descobrir sobre apenas no sexto ano.

— Claro. — falei confusa me despedindo dos meninos e seguindo Harry para fora da Toca. — Do que se trata?

Ele olhou para baixo, como se estivesse pensando nas palavras que iria usar comigo, e então pigarreou.

— Eu vi a sua discussão com o Malfoy na festa do Slug. 

Fechei os meus olhos querendo me estapear, é claro que alguém iria perceber que eu e ele estávamos brigando, já que ambos gritamos um com o outro no meio de um corredor com eco. E agora Harry tinha a completa certeza de que em algum momento eu estive com o Malfoy, era agora que ele ia ficar extremamente irritado comigo.

— Que droga. — sussurrei sem olhar diretamente para ele.

— Não vou te julgar, — ele disse com certa dificuldade — na verdade eu já suspeitava que isso fosse acontecer, desde quando eu vi o Malfoy te olhar com o Macmillan eu sabia que ele sentia alguma coisa por você.

— Quê? — perguntei, meu queixo estava caído.

Harry colocou suas mãos nos bolsos da calça jeans.

— Malfoy te viu beijar o Ernesto naquele dia, achei estranho ele ter ficado tão bravo subitamente, mas acho que agora eu entendo, principalmente depois daquela conversa com o Dobby. Eu realmente acho que vocês foram próximos em algum momento, e que ele não podia se aproximar de você. — comentou enquanto seu óculos escorregava em seu nariz.

Mordi meus lábios, não sabia se estava disposta a conversar sobre aquilo, as vezes Harry parecia ser um irmão mais velho super protetor, embora eu fosse mais velha que ele.

— Isso não exclui o fato de que eu acho que ele esteja servindo Voldemort, eu só queria que você tivesse cuidado. Sei que você não vai se afastar dele só porque eu disse que é perigoso, então tome cuidado.

— Obrigada Harry, — sussurrei com a voz fraca, era adorável ter amigos que se preocupavam comigo — e-eu vou tentar.



(...)



— Camilla! — Harry exclamou em um tom de voz acusador quando eu peguei uns chocolates da mão dele.

— O que foi? — ergui uma sobrancelha dando um pequeno sorriso zombeteiro — Sabe, nada melhor que chocolate durante a TPM. 

Ele abriu e fechou a boca várias vezes mas eu acabei o interrompendo.

— Pelas barbas de Merlin, eu estou atrasada para a aula da Mcgonagall, nos vemos depois Harry! 

Antes que ele pudesse sequer falar alguma coisa eu desatei a correr pelos corredores de Hogwarts, torcia no fundo da minha alma que Filch não topasse comigo. Felizmente ou não, algumas coisas não mudavam, estava tão apressada que acabei derrubando alguém ea caixa rosa em formato de coração com chocolates dentro.

— Olhe por anda Schmidt.

— Ah, Zabini — falei com um tom de voz desanimado, não era exatamente ele quem eu esperava encontrar no corredor. Enquanto eu pensava ele se agachou e me entregou a caixa de chocolates que estava intacta. — Obrigada.

Blaiso me analisou por alguns momentos, seu olhar oscilava entre a caixa de chocolates e o meu rosto. Naquele exato momento uma ideia bem idiota se passou pela a minha cabeça, e infelizmente dessa vez eu estava decididamente sóbria.

— É de um admirador secreto, fofo não?— forcei um sorriso convincente, ele estreitou os olhos e então deu de ombros, afinal não era da conta dele.

— Patético. — ouvi ele murmurar enquanto ia embora, dei um pequeno sorriso esperando que ele fosse contar aquilo para uma certa pessoa.

Como eu tinha dito anteriormente, era uma ideia estúpida.

Para evitar ficar me crucificando por ser uma completa idiota, eu peguei um dos chocolates da caixa e coloquei na boca de uma vez só. Fiquei alguns segundos parada no corredor, afinal aquele chocolate merecia um momento de apreciação e degustação, contudo o sabor não era lá aquelas coisas.

— Isso parece um chocolate caseiro mal feito, na verdade parece tão ruim, que eu provavelmente devo ter feito. — murmurei fazendo uma careta, indo em direção a aula.

A Professora McGonagall não ficou nada feliz com o meu atraso, tive de ouvir um sermão cabisbaixa já que ela tinha razão em cada palavra que falava. Embora a minha mente estivesse estranhamente dispersa, consegui fazer minhas anotações como de costume. Ao final da aula eu estava cansada e tudo o que eu queria era poder almoçar em paz. 

Caminhei tranquilamente até o Salão Principal segurando meu costumeiro livro de Astronomia, e assim que pisei no salão, ao olhar para a mesa da Sonserina, meu coração disparou sem aviso algum.

Eu não esperava vê-lo ali, com o olhar perdido enquanto seus amigos conversavam sobre alguma coisa. Ele parecia entediado, e solitário como sempre. Mas hoje havia algo especial naquele garoto.

Assim que ele percebeu que eu o encarava, desviei o meu olhar com as bochechas coradas efui sorrindo me sentar à mesa da Corvinal.

Meu Merlin, ele era tão lindo!

Hm, Camilla, tudo bem? — Sabrina perguntou cobrindo a minha visão do garoto.

— Eu acho que estou apaixonada. — confessei em tom sério.

A loira me olhou com a mais pura indignação.

— Tá, eu venho falando há meses que você está apaixonada pelo Malfoy, não é nenhuma novidade. — minha amiga debochou enquanto eu negava com firmeza.

— Não, não é isso. Eu realmente amo ele, ele é tão...uau. 

Sabrina ergueu uma sobrancelha.

— Você e o Malfoy se acertaram?

— Malfoy? — perguntei confusa — Eu estava falando do Blásio Zabini é claro.

Minha amiga pegou o livro de Astronomia e bateu ele com força na minha cabeça, chamando atenção do resto da mesa.

— AÍ, VOCÊ FICOU LOUCA?! — coloquei minha mão sobre o local onde ela tinha batido e fiz um biquinho triste. 

— Camilla eu sei que você é amiga dos gêmeos Weasley, mas essa pegadinha realmente não vai colar. Você vai ter que fazer melhor que isso. — ela me repreendeu, o que me indignou de verdade. Então ela, logo ela que era minha melhor amiga estava duvidando do meu amor pelo Blásio?

— Eu amo ele. — falei com simplicidade — Mas se você não aceita meus sentimentos, acho que não podemos mais ser amigas, isso é um adeus Harris.

Peguei meu livro, minha mochila e um pedaço de frango, me retirando da mesa com um olhar contrariado.

Fiquei duas longas aulas de Feitiços pensando qual seria a melhor forma de confessar meus sentimentos para o Zabini. Felizmente ele era um cara que não costumava andar em grupos, seria fácil abordá-lo num corredor.

Com esse pensamento eu saí da aula do Professor Flitwick disposta a demonstrar todo o meu amor. Segui em direção às masmorras e em alguns momentos cheguei a topar com Crabbe e Goyle, os dois eram bem atrapalhados, era óbvio que alguém tinha os deixado de tocaia.

— Aí meu Merlin! — sussurrei quando vi Blasio vindo na minha direção.

Contive um suspiro apaixonado e me aproximei dele como quem não quer nada.

— Boa tarde Blasio. — sorri, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Blásio, por outro lado, estava me olhando confuso.

— Tarde. — respondeu, somente aquelas palavras fizeram meu coração disparar. Como ele conseguia?

Pigarreei, sentindo minhas bochechas corarem.

— Bem, eu estava pensando… — dei um sorrisinho sem graça — e eu acho que estou apaixonada.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Oras, vá falar com Draco então. — pela primeira vez na vida eu vi aquele garoto dar um sorriso, ele parecia feliz pelo amigo.

Franzi meu cenho, não, ele tinha entendido tudo errado!

— Não! Eu estou apaixonada por você! — exclamei segurando seu pulso.

Naquele exato momento Zabini prendeu a respiração, achei que ele estava olhando fixamente para mim, mas na verdade o garoto olhava além. Me virei para ele, me deparando com uma figura pálida.

Draco Malfoy estava com o rosto lívido e com os punhos cerrados. O loiro parecia estar cansado e ao mesmo tempo, furioso.

— Que porra é essa? — ele se aproximou de Blasio.

— Eu não faço a mínima ideia, ela está louca. — Zabini me olhou como se eu fosse uma paciente da ala psiquiátrica do St Mungus.

— Blásio, me responda, por favor eu- 

Os dois garotos me olharam incrédulos ao perceber que havia lágrimas se acumulando nos cantos dos meus olhos.

— Eu devia saber que não era recíproco, mas está tudo bem eu vou- 

— O que aconteceu com ela? — Malfoy perguntou bruscamente enquanto me afastava do Blásio.

O moreno alternou o olhar entre eu e o amigo.

— Eu acho que tenho uma ideia do que possa ser. — disse por fim.




(...)




— Vocês fizeram muito bem em trazer essa mocinha para mim, — Slughorn deu um breve sorriso enquanto fechava a porta de sua sala — felizmente essa poção do amor não me parece ser muito forte, Camilla poderá voltar ao normal em algumas horas. Mesmo assim, acho que possa ajudá-los com um antídoto.

Blásio e Malfoy se entreolharam duvidosos, contudo acabaram por ceder.

Eu estava muito perplexa com a beleza de Blásio e com o fato de ele ter me dado um fora, que não conseguia focar na conversa que eles tinham com o professor. Sorri, estava feliz por ele ter se importado com o meu bem estar, eu gostava de quando as pessoas se importavam comigo.

— Bem senhorita, tome um gole desse frasco. — Slughorn me ofereceu o frasco com um sorriso receoso.

— Isso vai fazer ele gostar de mim? — cochichei com o professor que deu uma risadinha assentindo. — Então está ótimo.

Dei um grande gole no conteúdo do frasco. Fiz uma careta querendo cuspir o líquido assim que este entrou em contato com os meus lábios, tinha um gosto muito amargo. Engoli a poção contragosto e entreguei o frasco de volta para Slughorn.

— Ela vai ficar bem? — Malfoy perguntou com um olhar preocupado enquanto eu fazia diversas caretas, sentia que ia vomitar tudo o que eu tinha comido anteontem.

— Oh sim, esse tipo de poção não demora muito para fazer efeito. Aqui senhorita, pegue um chocolate para restaurar suas forças.

Agarrei a pequena barra de chocolate e não demorei muito para comê-la, percebi subitamente que eu estava morrendo de fome.

Sentia a minha cabeça girar me dando uma sensação nauseante, a minha cabeça doía, e muito. Fechei meus olhos procurando respirar fundo, focando em qualquer coisa que não fosse o incômodo que eu estava sentindo naquele momento.

Aos poucos eu fui retomando a minha consciência, minha primeira reação foi afundar meu rosto em minhas mãos morrendo de vergonha. Eu tinha me declarado para Blasio Zabini na frente do Draco Malfoy, e ainda como se não fosse suficiente, tinha dado um basta na minha amizade com Sabrina. 

Ai meu Merlin.

Ah, me desculpe, de verdade. Eu argh, foram aqueles chocolates que eu roubei do Harry. — resmunguei, ainda com o meu rosto entre as mãos.

— Oh, era muito comum que meus alunos tivessem esse tipo de problema no dia de São Valentim principalmente. — Slughorn deu uma risadinha.

— Você está bem? — era a voz de Malfoy.

Droga, o Malfoy.

Tirei minhas mãos do rosto e criei coragem para encará-lo, assenti com a cabeça enquanto engolia em seco.

— Sendo assim, leve ela até o dormitório, já passou do horário de recolher. — o professor deu um sorriso amistoso para Malfoy.

 Foi naquele momento que eu percebi que Blásio Zabini não estava mais naquela sala, por um lado era uma vergonha a menos, mas eu não estava muito certa sobre ficar sozinha com Malfoy em um corredor novamente. Quero dizer, nós dois ainda tínhamos muito que acertar e muito o que discutir também.

Ficamos em silêncio por alguns momentos até eu perceber que ele não estava me levando para os dormitórios da Corvinal.

— Onde estamos indo? — perguntei com a voz rouca, percebendo que ele segurava meu braço para me ajudar a andar visto que eu ainda estava meio zonza.

— Para a cozinha, você está pálida, precisa comer alguma coisa.

— Mas e o Filch? 

Draco se virou para mim com um sorriso zombeteiro em seus lábios.

— Nós dois sabemos que você não dá a mínima para aquele idiota. Aliás, temos Slughorn do nosso lado, agora vamos.

Não ponderei muito sobre o que ele tinha falado, porque não deixava de ser verdade. Eu não me importava com as ameaças de Filch, não me importava de cumprir detenções nem nada do gênero.

Assim que entramos na cozinha lotada de elfos trabalhando a todo vapor, Malfoy me levou até um canto isolado e pegou um pouco de comida.

— Coma. — disse com simplismo, era óbvio que pela forma seca que ele estava falando denunciava o quão bravo ele estava comigo. 

Assenti enquanto comia algumas batatas assadas que eu fiz questão de colocar ketchup por cima.

— O que você está fazendo? — ele questionou com estranhamento.

— Não sei, — dei de ombros enquanto colocava uma batata na boca — mas eu juro que é gostoso. Quer um pouco?

Malfoy fez uma careta e negou.

— Eu sinto muito. — falei de repente, com o olhar focado no prato de comida — Eu sei que eu estava alterada, mas mesmo assim sinto muito, não foi justo exigir coisas de você sendo que nós dois não temos nada.

O loiro pareceu ficar surpreso com as minhas palavras.

— Obrigada por ter cuidado de mim agora pouco, eu passei muita vergonha hoje. Não que eu não tenha passado em Hogsmeade também…Só, obrigada por ter cuidado de mim.

Por mais incrível que pareça, um pequeno sorriso apareceu no rosto dele.

— Como eu poderia te deixar naquele estado? — ele suspirou. — Blás me contou sobre o que aconteceu com você hoje, sabe, você deveria ter mais cuidado.

Dei de ombros, dando um sorriso preguiçoso.

— Acho que eu ando gostando de viver perigosamente.

Naquele momento Draco parecia pensar em vários possíveis sermões para me dar, contudo, ele apenas deu risada. Como eu amava ouvir o som dele rindo.

Vamos, vou te levar para o seu dormitório. — disse entrelaçando suas mãos nas minhas enquanto saímos da cozinha, senti meu coração pulsar mais rápido. Aquela era a primeira vez que ele fazia algo tão sutil, mas que podia ter tanto significado.

— Você não está bravo? — sussurrei fazendo ele parar no corredor para poder me olhar.

— Por você ter se declarado para o Blás?

Fiz uma careta, morrendo de vergonha, e assenti.

— É óbvio que eu fiquei puto, mas o que eu podia fazer, você ingeriu uma poção do amor sem saber. — ele resmungou contragosto.

— e por… 

Ele pareceu me analisar por uns bons momentos, me fitando intensamente, e antes que eu pudesse terminar a minha fala, já estava com os meus lábios colados nos dele.

Não fazia a mínima ideia quanto eu sentia falta de beijá-lo, eu só fui perceber isso quando a mão dele segurou meu rosto com delicadeza, aprofundando o beijo. Não importava o quão lento aquele beijo fosse, eu queria mais, queria juntar nossos corpos, queria poder beijar aquela boca até que meus lábios inchassem. 

Draco parou de me beijar e seguiu dando beijos lentos e molhados por toda a extensão do meu pescoço. 

Suspirei, deixando o nome dele escapar dos meus lábios. Estava em um eterno momento de torpor, ele era o culpado.

Passei meus braços em torno de seu pescoço, ansiando por qualquer proximidade que pudesse haver entre nós. Passeei com meus dedos pelo seu cabelo, desalinhando cada fio, respirei lentamente em seu pescoço, querendo sentir seu perfume.

— Cam, você precisa ir para o seu dormitório. — ele arfou, falando com a voz falhada.

Eu sorri, passando minha mão por sua camiseta.

— E se eu não estiver com vontade? 

Malfoy arfou novamente.

— Eu vou enlouquecer. — sussurrou.

Como provocação, eu dei uma série de beijos na região da clavícula dele. O corredor estava tão silencioso, que tudo o que eu conseguia ouvir era a sua respiração irregular.

As mãos de Draco desciam perigosamente pela minha cintura, eu sorri de canto, com malícia.

Tudo estava indo maravilhosamente bem até que nos dois ouvissemos um miado.

— Você ouviu isso? — eu sussurrei alerta, me separando dele.

— Madame Norra.

— Merda. — murmurei, e antes que pudesse pensar Draco me puxou pelos corredores. Eu não fazia a mínima ideia de onde estava, só conseguia segui-lo.

A única iluminação nos corredores eram vindas de nossas varinhas, algumas pessoas nos quadros resmungavam pedindo que não atrapalhássemos seu sono.

— Já são mais de onze horas. — ele murmurou olhando em seu relógio de pulso, atônito, ele continuou a me guiar pelo corredor.

— Eu não acho que o meu dormitório seja por aqui. — murmurei reconhecido que estávamos andando nas masmorras.

— Nós não temos muita opção, não sei se percebeu, mas Filch está a alguns corredores de distância. — ele murmurou.

Desviei meu olhar de Draco e prendi minha respiração, a nossa frente estava o Barão Sangrento se arrastando pelo corredor com uma carranca.

— Ora, alunos no corredor. — ele resmungou bruscamente.

— Barão nos deixe passar, por favor, não iremos atrapalhar a sua noite. — sim, por mais incrível que pareça o loiro tinha falado “por favor”.

 O fantasma resmungou e acabou nos deixando passar, Draco puxou minha mão e parou diante de uma parede. O garoto falou alguma coisa baixinho, o que me parecia ser uma senha e me puxou para dentro da sala.

— Uau. — sussurrei olhando em volta — Este é o Salão Comunal da Sonserina? É muito bonito e confortável aqui. 

Malfoy dei um pequeno sorriso e por fim, suspirou aliviado.

— Vem. — murmurou me puxando para um lugar que eu supus ser o dormitório masculino. Não pude deixar de soltar uma exclamação ao perceber que Malfoy tinha um quarto só para si. Eu não sabia se era pelo status de sua família ou se era algo dos alunos da Sonserina mesmo.

O quarto de Draco era escuro, as paredes eram pintadas de cinza, havia algumas fotos penduradas em um canto, fotos dele com sua família, ou dele jogando quadribol. Olhando em volta era um quarto comum, e até mesmo simples. Claro que sua nimbus enfeitava o quarto, sendo colocada em um pedestal, mas mesmo assim, parecia um quarto normal.

Engoli em seco rapidamente me recompus.

— Eu vou dormir no chão. — ele disse abrindo o seu guarda roupa, contudo eu o interrompi, barrando sua passagem.

— Relaxa Malfoy. — murmurei, me dando conta de que eu teria que passar a noite com ele — Nós podemos dividir a cama.

Um vestígio de malícia passou pelo rosto de Draco, e tão rápido como surgiu, desapareceu. Ao menos ele parecia estar tentando respeitar o meu espaço.

— É que… — a voz dele falou enquanto procurava se justificar, era engraçado ver ele corado, cabisbaixo murmurando palavras desconexas.

Eu definitivamente vou me arrepender disso, mas eu não acho que me importo como meu autocontrole.

Antes que Draco pudesse fazer qualquer coisa eu estava o beijando, inicialmente ele pareceu estar receoso, mas aos poucos foi se deixando levar pelo calor do momento.

— Camilla, eu-

Sorri, sentindo meu corpo ficar ansioso.

— Você não precisa falar nada, eu quero.

Malfoy sorriu, como se nunca tivesse sido interrompido, ele tornou a me beijar, me levando para a cama. Eu queria muito resistir ao sorriso dele, ou até mesmo ao beijo dele. Haviam milhares de motivos para que eu simplesmente desistisse do garoto a minha frente, mesmo assim eu conseguia ter um vislumbre do lado bom dele, e talvez fosse por isso que eu continuava ali.

Ele não era uma pessoa ruim, ele não me machucaria. Eu sabia disso.

Tinha consciência de que ele provavelmente me tratava bem porque já me conhecia antes, porque já tinha visto as minhas lágrimas antes. E mesmo que Malfoy não admitisse isso, eu sabia, e era isso o que importava.

Deveria estar nervosa por estar quebrando uma série de regulamentos da escola, minha amiga Sabrina ficaria louca com o meu sumiço. Mas naquele momento, tudo o que me importava era a boca dele contra a minha e o calor que emanava do meu corpo.

Deslizei meus dedos suavemente pela camiseta preta dele, a tirando de seu corpo e mordi meu lábio inferior. Se Draco Malfoy já era bonito vestido…

— Apreciando a vista? — ele perguntou com uma sobrancelha erguida, com um sorriso de canto presente em sua face.

Corei, mas mesmo assim sorri para ele.

— Eu preciso falar o óbvio? — sorri com malícia enquanto jogava a camiseta dele em um canto do quarto.

Draco não era super musculoso como os caras da televisão dos trouxas, ele era magro, na verdade aparentava ter pulado algumas refeições, mas céus, ele era lindo.

Aproveitando a minha distração, Malfoy inventou nossas posições, ficando por cima de mim. Ele distribuiu uma série de beijos na região da minha clavícula, enquanto suas mãos passeavam da minha coxa até a bunda. 

Seria uma longa noite.

 


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