Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 35
Capítulo 35 - La vie en rose




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764468/chapter/35

Capítulo 35 - La vie en rose  



DRACO MALFOY

 

Ofegante, o garoto deitou-se ao lado da menina que tinha seu rosto completamente corado, ele não conseguiu evitar dar uma risada. Mal conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Por dentro, ele estremeceu.

Ele tinha transado com sua ex-melhor amiga.

Aquilo claramente tinha deixado de ser uma amizade já fazia muito tempo.

— Uau, isso foi, uau — Camilla arfou colocando sua mão na testa, tão descrente quanto ele do que tinha acontecido minutos atrás.

— Eu sempre soube que era bom na cama, obrigado. 

A garota deu um tapa em seu braço, com uma expressão indignada no rosto, e o loiro não pode evitar dar risada abertamente como não fazia há muito tempo. Malfoy puxou o corpo nu dela para seus braços, e a embalou em um abraço. Estar muito próximo dela fez ele notar os batimentos cardíacos acelerados da menina, isso o deixou contente por não ser o único estupidamente apaixonado.

— Isso é loucura Draco. — era a primeira vez que Camilla falava o primeiro nome do garoto sem que viesse acompanhado de seu sobrenome ou de uma enorme onda de sarcasmo. Seu tom de voz era rouco e grave, contudo, ela não aparentava estar arrependida.

Draco suspirou, apertando o corpo dela cada vez mais.

Os últimos dias estavam o matando aos poucos, ele tinha a completa certeza de que era um fracasso, de que o Lorde das Trevas iria o matar diante de sua mãe e todos os comensais da morte.

Contudo, estar perto de Camilla fazia o se sentir mais leve.

Ela fazia com que ele sentisse felicidade, uma felicidade utópica e passageira, porque minutos depois ele se dava conta de como a sua realidade era horrível. Sabia que Camilla não mediria esforços para abandoná-lo, sabia o como ela se sentiria enojada ao ver a Marca Negra em seu braço, marca esta que ele tinha conseguido esconder temporariamente dos olhos da menina.

Tinha total noção de que aquilo não iria durar, era questão de tempo para que tornassem a discutir novamente e Camilla decidisse partir para outra.

E como ele tinha vontade de ceder, Draco queria muito ceder durante as discussões, mas não podia, sua vida estava em jogo. Ele queria ser sincero, queria ser presente e poder tratar Camilla como ela merecia. Mas ele simplesmente não podia.

Seus olhos cinzas faiscaram ao encontrar os olhos castanhos da menina.

Draco nunca tinha achado olhos castanhos tão interessantes como daquela vez, os olhos de Camilla eram escuros, quase que negros, sendo marcado por grossos cílios negros. A íris da garota era um mistério para ele, embora o garoto conseguisse captar algumas das várias emoções que ela transmitia com o olhar.

— Não diga isso. — ele sussurrou com a voz falha.

Foi a vez de Camilla suspirar, escondendo seu rosto na curvatura do pescoço dele.

— É difícil, sabia? — começou a falar sem olhar nos olhos dele, para que aquele par de olhos azuis acinzentados não a distraísse — É difícil olhar para você, e lembrar que a sua tia executou a minha mãe na minha frente. Eu sei que a minha mãe foi uma agente dupla, e é isso que acontecem com agentes duplos mas…

— Sua mãe fazia parte da Ordem? — Draco perguntou chocado, não fazia a mínima ideia do porquê a mãe de Camilla tinha sido brutalmente assassinada, agora aquilo fazia sentido.

Seu coração pareceu se partir em milhares de pedaços.

Agora Draco tinha a completa e total certeza de que ele e Camillla estavam em lados opostos, sabia que a garota fazia o impossível para honrar a sua mãe, para vingar todo aquele sofrimento.

Ele queria entender o lado dela também, mas doía sequer pensar sobre.

— Eu sinto muito. — sussurrou, fazendo um breve carinho nos cabelos ondulados da menina, procurando desviar seus pensamentos. Não queria chorar na frente dela, não queria que ela descobrisse. Camilla iria ficar tão irada, ele se lembrava claramente de como ela estava furiosa quando lhe lançou o impedimenta…

— No quê você está pensando? — ela murmurou tornando a olhar para ele, com os olhos castanhos brilhando.

Draco passou alguns momentos olhando intensamente para aquele par de olhos castanhos, até por fim achar uma resposta.

— Estava pensando em como você é muito mais forte do que eu imaginava. Eu sinto muito de verdade-

— Você não precisa se desculpar pela sua família, — ela disse dando um sorriso triste — e por Merlin, que broxante falar sobre a sua família nesse tipo de situação.

Malfoy corou com as falas da morena e acabou dando risada junto dela.

— Você tem razão. — disse, roubando um selinho dela.

— Isso é algum tipo de milagre? Draco Malfoy disse que eu tenho razão em algo. — Camilla colocou as mãos sobre a boca, fingindo uma expressão de surpresa.

— Ah cale a boca. — o loiro resmungou revirando os olhos.

— Só se for com a sua. — ela de um sorriso travesso que surpreendeu o loiro.

— Quem é você e o que fez com a garota tímida da Corvinal que eu conhecia?

Camilla não respondeu, apenas deu risada.




(...)





Malfoy acordou sentindo sua cabeça pesada, ele olhou para Camilla dormindo do outro lado da cama e não pode evitar dar um sorriso. O loiro se levantou da cama sentindo seu coração pesar, não podia continuar fazendo aquilo, ele tinha de se focar cem por cento na tarefa que o Lorde das Trevas tinha lhe designado. Com muito pesar, ele tentou prometer para si que aquela era a última vez.

Com um aceno de varinha ele organizou as roupas que estavam jogadas no chão e se vestiu rapidamente, já que a Marca Negra agora estava visível em seu braço. Deu um suspiro sentindo seus olhos transbordar.

Se ele não fizesse agora, não iria fazer nunca.

  Mesmo assim ele falhou ao ouvir a garota sussurrar seu nome enquanto dormia.

Draco, por que você não me conta a verdade? Eu…Eu lembro de você. — a voz dela morreu enquanto ela se debatia, aparentemente não estava tendo um sonho muito bom.

 Malfoy estremeceu, percebendo que o quê ele vinha suspeitando a tempos era realidade: Camilla já sabia parte da verdade.

 Engoliu em seco, se acovardando.

 Não podia fazer isso com ela naquele momento de extrema fragilidade, então ao sair de seu quarto Draco fez completamente o contrário. Tinha deixado um bilhete pedindo para passar uma tarde com Camilla.

 É só por hoje, prometeu a si mesmo, eu não vou ficar mentindo para ela dessa maneira.



CAMILLA SCHMIDT



 Acordei sentindo frio, demorou um pouco para que meus olhos se abrissem e se acostumassem com o ambiente novo em que eu estava. Percebi assustada que não estava no meu dormitório, logo as memórias da noite passada vieram a minha mente. Senti meu corpo estremecer de vergonha, estava completamente corada. Eu tinha perdido a minha virgindade com Draco Malfoy, e tinha sido ótimo.

 Afundei meu rosto no travesseiro dele, sentindo - sem querer - seu cheiro. Meu coração acelerou, mesmo que ele não estivesse ali. 

 Fiquei um bom tempo ali, sem me importar com o tempo, apenas fiquei olhando para o teto refletindo sobre as minhas atitudes.

 Respirei fundo me levantando da cama, me cobrindo com um lençol. Olhei em torno do quarto dele, e quase sorri quando percebi que as minhas roupas estavam dobradas esperando por mim junto de um pedaço de pergaminho. Era, basicamente, um bilhete dizendo que ele tinha um compromisso mas que gostaria de se encontrar comigo a tarde para um piquenique.

 

“Não estou insinuando nada, mas a minha torta favorita é de avelã. Ah, eu também gosto de hidromel.”

 

 Vesti minhas roupas silenciosamente, me perguntando qual era esse compromisso super importante que fizera Draco levantar da cama em pleno sábado.

— Camilla? — Crabbe apareceu na porta do quarto, tive de cobrir a minha boca para abafar um grito surpresa. — Draco pediu para eu te ajudar a sair daqui sem ser vista, vem comigo.

 Era estranho conversar com Crabbe, já que para mim ele parecia um brutamonte desprovido de inteligência. Contudo, ele até que conseguia ser legal quando queria.

 Felizmente o Salão comunal da Sonserina estava vazio, o que facilitou muito para que eu saísse dali sem ser vista. Crabbe basicamente me escoltou o caminho inteiro até que eu pudesse sair das masmorras.

— Obrigada. — falei para o garoto que apenas deu de ombros.

 Tornei a caminhar sozinha pelos corredores da escola, ocupada demais em pensar no tal compromisso do Malfoy. O que era tão importante assim…? Na verdade, desde quando ele se importava com alguma coisa?

 Ao mesmo tempo, comecei a refletir sobre a minha estupidez crônica. Até onde eu tinha me lembrado, nos dois estávamos brigados, eu tinha tudo para poder arrancar umas boas respostas dele mas estraguei tudo comendo aquela droga de chocolate. Agora eu tinha ido parar na cama dele e praticamente tinha o perdoado por esconder as coisa de mim.

— Camilla! — uma voz familiar me chamou a atenção, era Michael Young.

 Ah não...eu ainda não tinha falado com ele desde o meu sumiço na festa do Slughorn. Comecei a me sentir muito mais estúpida do que estava antes.

— Michael me desculpa, sério. 

 O garoto apenas sorriu levemente para mim.

— Não precisa pedir desculpas, eu já percebi o que se passa entre você e o Malfoy.

 A pouca cor que tinha no meu rosto se esvaiu.

— Eu só queria dizer que eu respeito as suas decisões, e quando você se cansar dele, eu vou estar aqui. — disse dando um sorriso adorável.

 Olhei para Michael surpresa, era como se ele soubesse de antemão que Malfoy fosse me magoar e que eu procuraria por ele. Corei, achando aquela fala completamente prepotente, mas acabei lhe oferecendo um sorriso sem graça. Qualquer um olhando para a atual situação saberia que Draco Malfoy iria me magoar.

— Eu vou lembrar disso, obrigada Michael.

 Mas era uma pena que eu também pudesse magoar o Malfoy.

 O garoto sorriu para mim e tornou a caminhar.

 Dei um suspiro, caminhando para o Salão Principal, disposta a conversar com Sabrina eesclarecer o que tinha acontecido na noite passada.

— Bom dia. — sorri sem graça na frente de Sabrina que me olhava desconfiada.

— Blásio Zabini veio me falar que você passou a noite na enfermaria porque você ingeriu uma poção do amor. Isso é verdade? — ela questionou cruzando os braços, por pior que a situação fosse, eu dei risada.

— É, acho que foi algo assim. Desculpa pelo o que eu falei ontem.

 A loira estreitou os olhos, como se soubesse que algo estava diferente, mas acabou não comentando nada para o meu alívio.




(...)




— Torta de avelã, caldeirõezinhos de chocolates e duas garrafas caríssimas de hidromel. Você está tentando me conquistar Schmidt? — Draco perguntou erguendo a sobrancelha, enquanto nós se sentávamos perto do lago.

 Era um sábado, praticamente a escola inteira estava em Hogsmeade, então não havia risco de ninguém nos ver fazendo um piquenique nos arredores da escola.

— Na verdade eu comprei as garrafas porque queria beber. — disse dando um sorriso debochado, escondendo o fato de que eu vinha comprando coisas caras com o dinheiro do meu pai. Era como uma forma de me “vingar” pela merda que vinha acontecendo.

 Abri uma garrafa e dei um gole, já acostumada com o gosto forte da bebida.

— Eu vou fingir que isso não me magoou. — ele fingiu estar triste enquanto abria a sua garrafa.

 Dei um sorriso de canto, dando outro gole na garrafa.

 Os últimos dias tinham sido caóticos. Harry estava completamente obcecado com Malfoy, e agora eu não conseguia mentir que também estava curiosa. Eu não via Malfoy em lugar nenhum, ele simplesmente não estava na biblioteca, nem nas estufas e muito menos fora da escola.

 As aulas de aparatação tinham começado e eu estava me matando de estudar para finalmente conseguir aparatar. Talvez fosse por isso que eu raramente o visse andando por aí.

— Você está linda hoje, sabia? — ele disse sem necessariamente olhar nos meus olhos.

 Corei, sem saber como responder, eu estava me vestindo como me vestia todo santo dia. Um suéter verde claro e uma saia pregueada cinza.

— O que, você não acredita em mim? — Draco se virou para mim erguendo uma sobrancelha.

 Senti meu coração pulsar para fora do meu peito, eu jamais conseguiria sequer imaginar que iríamos parar naquela situação. Eu e Draco conseguíamos conversar sem nos matar, na verdade, toda vez que ficávamos juntos, eu tinha a estranha sensação de que eu e ele funcionavamos juntos.

 Isso me assustava, mas ao mesmo tempo eu queria abraçar aquele sentimento, aquela sensação de que eu estava me apaixonando e que ele era o único.

— Não é isso, — murmurei dando um pequeno sorriso enquanto dava outro gole no hidromel — é só que...Você vive me surpreendendo, acho que te julguei mal todos esses anos.

 Malfoy abriu um sorriso de orelha a orelha, foi a coisinha mais fofa do mundo ver ele sorrir bobo daquela forma.

— Eu nunca fui transparente com você antes, por isso eu acho que você não precisa se desculpar. Em parte, foi culpa minha. — ele dizia aquelas palavras olhando nos meus olhos.

 Não pude deixar de estremecer e sentir a sinceridade de sua fala, todo o meu corpo se arrepiou com aquilo, com a transparência da fala dele. Eu nunca iria imaginar que Draco Malfoy falaria aquilo para mim.

 Talvez fosse justamente isso que eu gostasse nele, o garoto vivia me surpreendendo de uma forma boa. Cada dia que se passava ele me fazia acreditar que ele tinha um lado bom, um lado que eu ainda não conhecia muito bem, mas estava disposta a conhecer.

— Sabe, olhando você com outros olhos, eu não acho que todos os sonserinos sejam ruins. — disse com um pequeno sorriso, encostando a minha cabeça no tronco de uma árvore — Vocês são legais quando querem.

 As mãos de Draco foram de encontro às minhas, entrelaçando-as. 

— Me desculpe. — ele murmurou.

— Se desculpar pelo o que? — perguntei me aninhando ao corpo dele — Por me fazer rir?

 O loiro sorriu, por um momento me pareceu ser um sorriso triste. Ele passou seus braços ao redor do meu corpo, fazendo com que ficássemos abraçados.

— Sabe, tem uma coisa que eu me arrependo bastante, — ele começou a falar lentamente — fico indignado com o fato de você ter dançado com aquele lufano idiota no baile de inverno…

 Sorri.

— Você está me convidando para dançar? — arqueei a sobrancelha e ele fingiu uma expressão de surpresa.

— Ora, se você está propondo, por que não? — ele se levantou estendendo a mão para mim.

 Ergui meu rosto para poder olhá-lo.

— Sem música? — questionei, mas ele ignorou minha pergunta, tirando-me do chão.

 Draco segurou minha mão, enquanto a outra estava apoiada em seu ombro. Senti meu estômago revirar quando ele colocou sua mão sob a minha cintura e começou a me conduzir em uma dança.

 De forma desajeitada eu comecei a seguir os passos dele, e percebi surpresa que ele cantava a música.

Hold me close and hold me fast… — um sorriso brincava nos lábios dele ao ver minha expressão de surpresa. — This magic spell you cast, I see la vie en rose.

 Deixei ele me guiar em uma dança lenta, o loiro cantava baixinho o suficiente para que somente eu conseguisse ouvir sua voz rouca soprando em meus ouvidos, estava em um momento de torpor. Tudo nele era atrativo e fascinante, desde seu sorriso zombeteiro o brilho nos olhos cinza dele ao olhar para mim. E eu não conseguia lidar com aquele sentimento, com aquela sensação de que eu poderia explodir em milhares de pedacinhos de felicidade.

 Pela primeira vez em tempos eu estava feliz, estava nos braços de um cara que eu jamais imaginaria que poderia me fazer se sentir dessa forma. 

And when you speak angels sing from above, everyday words seems to turn into love songs. — Draco cantava, sussurrando contra a minha bochecha, fazendo com que milhares arrepios percorressem pelo meu corpo.

Give your heart and soul to me, and life will always be la vie en rose. — sussurrei o final da música de olhos fechados, cantando junto dele, sem conseguir conter os batimentos acelerados do meu coração.

 Não soube dizer quanto tempo nós dois ficamos ali, parados naquela mesma posição, mas pareceu uma eternidade.

— Eu não sabia que você ouvia música trouxa. — falei em tom baixo abrindo meus olhos vagarosamente para olhar para o rosto dele.

 Malfoy deu um pequeno sorriso, orgulhoso de si.

— Eu faço esforços quando vale a pena.

 Dei uma risada fraca, apertando meu corpo contra o dele. Novamente meu coração acelerava e eu sentia que poderia me dissolver ali e agora.

 Draco me passava uma sensação de paz que eu não sentia a muito tempo, e tudo o que eu queria fazer era me afogar naquele sentimento, louca e perdidamente.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obliviate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.