Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 18
Capítulo 18 - Dobby knows who you are




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Capítulo 18 - Dobby knows who you are

 

CAMILLA SCHMIDT




A cozinha de Hogwarts era um lugar extremamente curioso, Harry tinha feito cócegas na pintura de uma pera, e uma maçaneta verde tinha aparecido nos levando para a cozinha. Eu podia até ser uma aluna desatenta em História da Magia, mas tinha que admitir que os fundadores de Hogwarts eram bem criativos.

— Certo, vai dar um pouco de trabalho encontrar Dobby no meio de vários elfos. — Harry comentou, enquanto tentávamos passar pelos pequenos sem atrapalhar o trabalho deles.

— Uau, acho que agora eu entendo o que a Hermione queria dizer. — murmurei — Nós temos alguns elfos em casa,  em particular o Quinn, mas ele está bem confortável lá...Ao menos é o que eu acho…

Continuamos andando adentrando na cozinha, até encontrarmos um elfo vestindo várias tocas ao mesmo tempo, era até cômico ver o elfo daquela maneira.

— Harry Potter! — ele anunciou com o tom de voz feliz.

— Oi Dobby, eu queria te mostrar uma amiga, ela queria te conhecer.

Me agachei ficando quase na mesma altura que Dobby.

— Oi, meu nome é Camilla. — estendi a minha mão para ele, contudo o elfo me surpreendeu me olhando estupefato, depois de bons momentos com seu olhar assustado, ele apertou a minha mão receoso.

— Eu sei quem a senhorita é. — disse assombrado. — Camilla Schmidt.

— Oh, sério? — perguntei curiosa.

— A senhorita tratava Dobby bem. — o pequeno elfo falou desviando o seu olhar para Harry.

Fiquei alguns minutos parada, me sentindo confusa.

— Nós já nos conhecemos Dobby? Porque eu não me recordo de…

Ele arregalou seus olhinhos, alternando seu olhar entre eu e Harry.

— O quê foi Dobby? — ele perguntou se agachando também, parecia interessado na conversa.

— A senhorita visitava a mansão Malfoy quando pequena — Dobby disse com receio —, era uma das poucas pessoas gentis lá. O filho dos Malfoy gostava muito de você, alguns elfos diziam que ele melhorava o comportamento quando você estava por perto.

Mordi os meus lábios ansiosa, trocando um olhar incrédulo com Harry. Draco Malfoy gostava de mim? Nem em um universo paralelo!

— Eu nunca fui a mansão Malfoy, — sussurrei — e Draco me odeia, não vejo como isso pode fazer sentido.

— Mas seu pai e o Malfoy não eram amigos? Faria sentido que você fosse a mansão, já que os dois são comensais, devem ter reatado o contato. — Harry disse em voz baixa, mas parecia tão confuso quanto eu.

— Então por quê eu não me lembro de nada? — questionei. — Hm, Dobby, o que mais você sabe sobre eu e a minha família?

— Seu pai e o Sr. Malfoy eram bastante íntimos, se eu não me engano, eles se aproximaram alguns anos antes do filho deles completar onze anos. Assim que eles se reaproximaram, o filho deles conheceu você.

— Não faz sentido, — tornei a sussurrar — deve ter sido outra pessoa.

— Não senhorita, era você. A garotinha vivia segurando esse mesmo medalhão que está no seu pescoço. — o elfo apontou.

— O medalhão da família Schmidt. — assenti, ainda confusa. — Harry, isso não faz sentido. Eu saberia se fosse próxima de Draco Malfoy…

— Podem ter apagado a sua memória. — Harry chutou, porém eu continuava descrente.

— Por qual motivo? Eu era apenas uma criança, não poderia fazer nada de mau.

Respirei fundo, sentindo que aquilo era muita informação para eu dar conta. Aquela conversa não fazia o mínimo sentido, como eu teria ido para a mansão Malfoy? Como eu teria conversado com Draco por mais de dois minutos sem querer socar o rostinho dele?

Me parecia mais com uma realidade alternativa.

— Obrigada pela sua ajuda Dobby. — sorri triste para o elfo.

— Hm...a senhorita não se lembra de nada? — Dobby perguntou com seus enormes olhos brilhando — Não se lembra de mim?

— Não — respondi com sinceridade, e ele apenas abaixou a cabeça triste.

— Você foi uma criança maravilhosa, Camilla Schmidt. — disse dando um sorriso torto que partiu meu coração, ele realmente falava como se me conhecesse, podia sentir a sinceridade em sua fala.

Mas todo o meu corpo se recusava a acreditar que algum dia eu estive na mansão Malfoy, confraternizando com o inimigo. Não fazia sentido.

Saí da cozinha sentindo um enorme peso em minhas costas, eu queria muito pensar direito naquilo que o elfo tinha falado, só que tudo parecia tão confuso. Sabia que tinha apenas uma única pessoa que iria me responder com sinceridade, minha mãe, contudo ela devia estar ocupada demais no momento para se importar com uma carta sobre a minha infância.

O que importava era o presente, certo?

— Por quê você veio falar com Dobby? — Harry perguntou enquanto caminhávamos, deixando sua curiosidade transparecer.

—  Malfoy tem sido ambíguo comigo, tentei a todo custo extrair algumas informações dele. Da última vez que conversamos, ele me disse para parar de procurar respostas, que era perigoso. — revirei os olhos — Doido de pedra, não?

Para a minha surpresa Harry pareceu ponderar por um momento.

— Acho que ele está certo, — disse com dificuldade — o pai dele é um Comensal da Morte, não consigo esperar coisas boas da família dele. A sua família já está bem perigosa no momento…

Parei de caminhar, digerindo aquelas palavras em silêncio. Harry notou, e logo parou me olhando.

— Você tem razão, e mesmo que o que Dobby falou tenha acontecido, é passado. Não é como se fosse mudar o presente, certo?







(...)





As palavras de Dobby não saiam da minha cabeça, eu tentava ao máximo interligar os pontos que faltavam mas nada parecia fazer muito sentido para mim. Parte de mim sabia que ele tinha falado com sinceridade, contudo, eu não queria acreditar, preferia achar que era um engano, uma mentira. Estava completamente cética.

Aquilo era uma piada de mau gosto.

Do pior tipo possível.

Afundei minha cabeça no travesseiro fechando os olhos com força, a maioria das meninas já tinham levantado e estavam se arrumando para ir para o Salão Principal. Enquanto isso eu ficava na minha cama, ouvindo apenas o barulho da chuva bater contra a janela do quarto.

Demorei quase que um século para levantar da cama e ir tomar banho, vesti um moletom rosa claro e uma calça jeans, novamente eu precisava estudar. Os exames estavam mais do que próximos.

Fui em passos lentos para o Salão Principal, dessa vez com um livro de Astronomia, uma matéria que eu gostava bastante para falar a verdade, só que tinha certa dificuldade em compreender. Dei um pequeno sorriso para Luna, que conversava com algumas quartanistas em um canto da mesa da Corvinal, e me sentei sozinha, abrindo o enorme livro.

Fiquei imersa naquelas páginas por muito tempo, e só parei de ler quando Ernie e Sabrina entraram no Salão e se sentaram à minha frente. Era a primeira vez que estava diante dos dois como um casal, e não podia deixar de pensar em como aquilo era estranho. Eu tinha beijado Ernie ano passado, me lembrava claramente de como era a sensação de ter os lábios dele contra os meus. Ou de como os cabelos dele eram macios...

Corei, afastando os pensamentos.

— Bom dia. — acenei com a cabeça cordialmente para eles.

Felizmente, os dois estavam distraídos demais para notar o meu desconforto.

— Essa semana vai acontecer a orientação vocacional. — Sabrina comentou animada enquanto apoiava sua cabeça no ombro de Ernie —  Já tem uma ideia do que vai fazer Cam?

Ergui os olhos do livro de Astronomia para a minha amiga, na verdade, eu tinha estudado tanto só com o objetivo de tirar nota que acabei esquecendo que eu deveria escolher uma carreira, afinal era para isso que eu estava estudando.

— Sinceramente, não faço a mínima ideia. — suspirei tomando um gole de chocolate quente. — A única profissão que tenho certeza que não vou seguir é…

— Historiadora. — Ernie disse dando um meio sorriso, e eu acenei com a cabeça sorrindo sem graça.

— Tem uma infinidade de outras profissões… — Sabrina desatou a falar animada sobre quais profissões ela tinha em mente, contudo a minha mente se dispersou como de costume.

Robert trabalhava no Ministério da Magia e minha mãe era uma jornalista no Profeta Diário, eram duas profissões que eu não sentia muita vontade em seguir. Principalmente quando lembrava do rosto de Rita Skeeter e suas reportagens mentirosas. Muito menos quando me lembrava me Cornélio Fudge.

É, decididamente não.

Sabia que meu irmão mais velho ansiava por um cargo de alto patente no Ministério da Magia, já Charles parecia gostar mais de animais, me lembrava vagamente de ele comentar que queria ser magizoologista. Acho que foi a primeira vez que vi Robert ficar furioso com ele.

Claro, tinha uma leque enorme de outras profissões, mas eu não conseguia pensar em nenhuma no momento. Na verdade, tinha uma profissão…

— Ei, Camilla, — Padma Patil, a monitora da Corvinal se aproximou da mesa — agora é a sua orientação com o Professor Flitwick.

— Oh, obrigada por avisar. — falei me levantando da mesa apressada, me despedindo do casal, e quase jurei ver um pequeno sorriso no rosto de Padma.

Já era mais do que costumeiro eu estar correndo pelos corredores de Hogwarts, e era exatamente isso que eu estava fazendo naquele momento, até topar com Pirraça. Estreitei meus olhos e passei a diminuir o passo.

— Longbottom — Pirraça cantarolou chamando a atenção de alguns alunos que passavam distraídos pelo corredor, dei um visível suspiro de alívio quando vi ele indo azucrinar o grifinório, me dando tempo para poder disparar para a sala do Professor Flitwick.

— Perdoe o meu atraso professor. — falei assim que entrei em sua sala, Flitwick me deu um pequeno sorriso.

— Não há problema Srta. Schmidt. — disse, e quando eu sentei a sua frente pude ver Umbridge no fundo da sala. Tive de me controlar para não revirar os meus olhos com sua presença. — Aceita um cupcake?

Sorri concordando, me lembrando de como aqueles bolinhos eram deliciosos.

— Hum hum. — a voz irritante de Umbridge soou, mas o professor pareceu decidido a ignorá-la com a maior plenitude do mundo.

— Bem Srta. Schmidt, creio que a senhorita já tenha conhecimento da influência desse encontro na sua carreira bruxa. — ele disse olhando uma papelada e eu apenas concordei com um aceno de cabeça, mais nervosa do que nunca. — Há alguma carreira que a senhorita tenha em mente?

Fez-se um terrível silêncio.

— Oh bem, e-eu… — gaguejei balançando minhas pernas debaixo da mesa.

O olhar triunfante de Umbridge recaiu sobre mim, como se ela estivesse se divertindo ao ver o meu nervosismo.

— Eu pensei, apenas pensei em ser uma medibruxa… — falei em voz baixa — Fiquei bem encantada com o trabalho dos curandeiros quando visitei o Hospital St Mungus pela primeira vez…

Pude ver um sorriso de contentamento no rostinho do professor de feitiços.

— Acredito no seu potencial, Srta. Schmidt. Para ser um medibruxo é necessário tirar Ótimo ou Excede Expectativas em Poções, Transfiguração, Herbologia e Defesa Contra as Artes das Trevas. — disse desviando o olhar de mim para a papelada em sua mesa.

Estremeci, eram notas bem altas para falar a verdade. Estava ansiosa ao cogitar a possibilidade, e ao menos, não requeria uma nota alta em História da Magia.

— Gostaria de fazer uma breve interrupção, — Umbridge sorriu maldosamente para mim — que eu só aceito alunos que tiram Excede Expectativas em Defesa Contra as Artes das Trevas nos NOMs.

Engoli em seco, tentando não balançar minhas pernas.

— Creio que não será um problema para a Srta. Schmidt, digo com confiança que ela é uma aluna aplicada. —  quando Flitwick falou eu quase o abracei, jamais imaginaria que ele iria me defender daquela mulher. — Schmidt tem tido notas aceitáveis todos os anos em Defesa Contra as Artes das Trevas.

— Infelizmente esse ano não. — ela deu uma risadinha que o professor resolveu ignorar.

Senti inveja de como o Professor Flitwick conseguiu ficar pleno diante daquela mulher arrogante.

— Há alguma pergunta que você gostaria de fazer, Srta. Schmidt?

— Creio que não professor. — sorri minimamente.

— Então a senhorita está dispensada. — ele sorriu meigo para mim.

Saí da sala de aula com as palmas das minhas mãos suando, agora que tinha comentado com o Professor Flitwick sobre qual carreira eu queria seguir, não pude deixar de me interessar por medibruxaria. Dei um pequeno sorriso, acho que nem tudo estava tão perdido assim.

Como de costume, fui para a biblioteca para poder estudar e acabei encontrando Luna.

— Oi Luna, tudo bem? — perguntei me sentando ao lado dela.

— Oh, Camilla, estou bem sim, apenas estudando poções… — disse olhando distraída para o livro em cima da mesa.

— Eu queria te agradecer, pelo conselho que você me deu antes, foi de grande ajuda. — falei sorrindo e ela ergueu o olhar para mim.

— Então você e o Malfoy se acertaram?

Senti minhas bochechas corarem.

— Ahm, não. — disse embaraçada — Mas de alguma forma me auxiliou a descobrir algumas coisinhas.

— Você não parece muito confiante do que descobriu, — novamente a sinceridade da menina me surpreendeu — se permite dizer você costuma ser bem cética…

Fiquei estática, pensando em como responder a garota quando fomos interrompidas por alguns gritos e barulhos estranhos. Madame Pince saiu correndo da biblioteca, e logo todos os alunos ali presentes - incluindo eu e Luna - saímos de lá para ver o que estava acontecendo.

Os gêmeos Weasley pareciam dar um show no Saguão Principal, para a minha surpresa Umbridge assistia a cena incrédula tendo Filch ao seu lado.

— Infernize ela por nós Pirraça. — Fred disse feliz.

Fiquei observando a cena boquiaberta, era verdade que os gêmeos estavam sempre se metendo em confusão e fazendo outros alunos rir, mas eu não imaginava que eles chegariam a esse ponto. Sorri, sem conseguir acreditar no que eu estava vendo, tendo que ficar na ponta dos pés para poder ver em meio a multidão Fred e George desaparecem de Hogwarts com suas vassouras.

Com os exames próximos, tudo o que eu fazia era estudar compulsivamente e vez ou outra, me juntava ao grupo de estudos que os alunos da Corvinal organizavam na biblioteca as tardes. Cheguei até a revisar com Hermione, tendo que ouvir Rony e Harry reclamarem da quantidade de conteúdo atrasado para estudar.

Felizmente, Madame Pomfrey conseguiu curar o antigo artilheiro da Corvinal a tempo, então eu pude suspirar aliviada. Só seria uma titular no ano seguinte, estava mais do que ótimo. Acabei vendo o jogo sentada ao lado de Sabrina e Ernie, era muito estranho ver os dois juntos do meu lado, então eu dei uma desculpa esfarrapada e me afastei do campo de quadribol.

Estava sendo egoísta, eu sabia disso. Mas mesmo assim, era estranho ver o meu melhor amigo com a minha melhor amiga, me sentia deixada de lado, e não havia nada que eu poderia fazer a respeito. Eles estavam namorando, e eu queria que eles fossem felizes juntos.

Me sentei debaixo de uma árvore, aproveitando os raios de sol que batiam no meu rosto. Fiquei brincando com a minha varinha para me distrair enquanto ouvia os gritos vindos do campo de quadribol, os sonserinos continuavam cantando Weasley é o nosso rei. Revirei os olhos, sabendo justamente quem tinha criado aquela música idiota.

Suspirei, abraçando minhas pernas, como se aquele ato fosse me proteger de tudo o que estava acontecendo, e logo segurei meu medalhão. Amanhã era o meu aniversário, me perguntava se meu pai me mandaria alguma coisa, nem que fosse um berrador. Queria que ele ao menos lembrasse da minha existência, que me tratasse devidamente como a filha dele.

Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto, mas eu fiz questão de as secar com as costas da mão, sabia que se começasse a chorar não iria conseguir parar, e tudo o que eu menos queria era que alguém me visse nessa situação.


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