Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 17
Capítulo 17 - Is that jealousy?




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Capítulo 17 - Is that jealousy?

 

DRACO MALFOY



Retornou ao Salão Comunal da Sonserina com a cabeça a mil, tinha cometido um erro grave dessa vez. Tinha passado todos esses anos tentando ignorar a presença de Camilla em Hogwarts e justamente esse ano tinha falhado, claro, não podia evitar o fato de a garota sempre cruzar com o seu caminho. Sentia que do mesmo jeito que ele escondia a verdade dela, Camilla sabia de alguma coisa, provavelmente suas memórias estavam voltando. Quer dizer, uma hora ou outra iriam voltar, já que ela estava em constante contato com Malfoy. Tinha sido estupidez de Lucius achar que o obliviate iria remediar as coisas, claro que os Malfoy jamais admitiriam isso.

Desta vez Draco estava sozinho, tinha perdido Crabbe e Goyle de vista, Hogwarts estava uma bagunça e tudo o que ele queria naquele momento era um pouco de descanso.

Maldita mestiça de sangue-ruim, pensou enquanto entrava em seu dormitório. Toda vez que estava demasiado perto de Camilla algo errado acontecia, sempre deixava algo escapar ou se perdia olhando para a menina. Aquilo era estúpido, Camilla nada mais era do que uma antiga amizade de infância, sentia-se estranho por olhar para a menina com outros olhos.

Camilla claramente não era a menina mais bonita de Hogwarts, sua beleza era comum. Sua pele escura era bem marcada pelo bronzeado, os olhos escuros sempre perdidos no horizonte, cabelos médios ondulados que lhe iam até o busto. Mesmo assim, ela lhe chamava a atenção, o que era irônico. Draco poderia ficar com diversas garotas em Hogwarts, e justamente aquela que ele não podia encostar era aquela que ele via com outros olhos.

— Estou ficando louco. — murmurou afrouxando a gravata enquanto sentava-se em sua cama. Pela primeira agradeceu mentalmente a existência da Granger, se não fosse a garota ele não sabia como aquilo poderia ter acabado. Provavelmente teria beijado a garota.

Seu rosto ficou vermelho, e logo ele retirou a gravata sentindo subitamente uma enorme onda de calor. Lembrava-se claramente de ouvir seu pai zombando de Camilla, alegando que parte de seu sangue era podre, porque descendia de trouxas.

Sangue-ruim.

Mestiça.

Nojenta.

Tentou usar todas as palavras em seu vocabulário para tentar não se sentir atraído aqueles pequenos lábios rosados, todavia seu corpo não parecia responder a sua mente.

Respirou fundo, sentindo falta da garotinha que ele costumava conhecer. Camilla era incrivelmente teimosa, sempre teimando que estava certa sobre alguma coisa, ela também gostava de compartilhar com ele qualquer coisinha que aprendesse enquanto lia, mesmo que ele já soubesse o que era. Antes, Malfoy achava aquilo extremamente irritante, contudo, agora ele sorria ao pensar em uma versão miúda da garota falando sobre qualquer coisa que ela tinha acabado de aprender.

Também costumava achar irritante a forma em que ela respondia suas farpas, nunca aceitando que ele a chamasse de mestiça ou imunda. Hoje em dia ele admirava aquilo, Camilla nunca tinha baixado a cabeça para ele. Claro, ele não iria admitir aquilo.

Ela tinha crescido tanto, e quanto mais ela crescia, mais distantes eles ficavam e aquilo era desapontador, chegava a pensar se suas melhores memórias não eram apenas sonhos esquecidos.

— Draco? — ouviu a voz de Blasio por trás da porta.

— Entra. — o loiro resmungou e o amigo o fez, o olhando curioso.

— Eu vi você com aquela garota agora pouco. — disse sorrindo enquanto se sentava na cama do amigo — Depois dessa tenho certeza de que há muito mais do que amizade aí.

— Oh claro, — Draco ironizou — há o ódio também, ela me menospreza.

— Menospreza?

— É Blásio, menosprezo — rebateu irritado — Caso não tenha recebido um estudo bom o suficiente eu posso lhe dar alguns sinônimos, ela me odeia, me enoja, se julga superior, satisfeito?

O sonserino não pareceu se abalar com a fala do amigo, apenas sorriu, constatando o que vinha duvidando. Draco realmente se importava com aquela garota.

— Eu não acho que a atitude dela seja menosprezo. — cantarolou. — Muito menos de indiferença.

Malfoy revirou os olhos.

— Blasio, se veio aqui me infernizar, faça o favor de ir se fo-

— Tem certeza de que ela não se lembra de você? — Zabini o interrompeu — Já peguei ela te observando há alguns tempos, tudo bem, talvez seja porque você é realmente irritante e acaba chamando atenção por infernizar os amigos dela...Mas ela definitivamente te olha diferente de outros garotos…

— Ela está saindo com um lufano, lufano. — Draco repetiu dando ênfase na palavra, como se tudo que viesse da Lufa-Lufa fosse desprezível para ele. — Aquela garota é uma piada, precisa seriamente rever o que ela chama de-

— Isso tudo é ciúmes? — Zabini não conseguia disfarçar o quão engraçado era ver o amigo, que naturalmente era sempre prepotente e imbatível, naquela situação. — Se você está falando do Ernesto Macmillan, pode ficar tranquilo, a melhor amiga dela foi com ele para Hogsmeade no dia dos namorados, de acordo com as minhas fontes.

— Que fontes? — Draco se sentou apressado na cama e logo tentou disfarçar — Quero dizer, quem se importa. Certeza que agora ela deve estar dividindo o namorado com a amiga.

Blasio revirou os olhos.

— Que eu saiba Camilla passou o dia dos namorados sozinha, eu ouvi uma conversa da amiga dela com o tal Ernesto, disse que ela iria passar a tarde revisando matéria. — o garoto disse sorrindo com a reação do amigo.

— É, eu vi ela no dia dos namorados. — Malfoy fez uma careta ao se lembrar que a garota tinha o mandado ir se foder, bem adorável, ela.

— E pelo que aparece o encontro de vocês não acabou muito bem. — Zabini concluiu, contudo Draco apenas cruzou os braços irritado.

Encontro? — exclamou com a voz ficando fina — Um ultraje, isso sim, eu não me encontro com mestiças desprezíveis que nem ela…

— Para uma mestiça desprezível ela está te afetando bastante ein. — o amigo debochou — Vou te deixar a sós com os seus pensamentos, quando resolver pensar logicamente conversamos. Aliás, se quiser uma ajuda com ela, estou a seu dispor.

E então Blasio o deixou sozinho no quarto.







CAMILLA SCHMIDT





Pensei que no dia seguinte as coisas estariam melhores entre eu e Sabrina, e bem, nunca estive tão errada. Ela estava me evitando a todo custo, o que estava me fazendo se sentir culpada. Não tinha culpa se ela quis conversar sobre o meu pai, aquele era um assunto sensível que eu sinceramente não gostava de abordar. As vezes me sentia melhor fingindo que Robert não existia, então porque trazer ele a tona?

Também estava enlouquecendo com o que Draco Malfoy tinha me falado, como assim ele tinha me aconselhado a parar de procurar respostas? Aquilo não tinha saído da minha cabeça, admito que fui dormir encucada com aquelas palavras. Sobre o que ele estava falando afinal das contas?

Queria encontrar Malfoy e extrair respostas dele a todo custo, não era justo que ele atiçasse a minha curiosidade e logo em seguida sumisse. Aquilo era tão a cara dele.

Provavelmente era apenas mais uma de suas várias pegadinhas, mas a forma como ele tinha falado, a sinceridade em sua fala, me fazia querer acreditar nele. Tudo bem, ele era um Malfoy e indigno da minha confiança, mas mesmo assim...Mesmo assim algo me dizia que ele estava falando sério, mesmo que eu não fosse seguir o conselho dele.

Me sentei a mesa da Corvinal com a companhia de um livro de História da Magia, contudo, estava tão distraída que não consegui absorver nadinha do que tinha lido.

— Camilla, você está bem? — pela voz melodiosa, pude perceber que era Luna Lovegood.

— Ah, oi Luna. Hm, acho que, mais ou menos. — disse tropeçando nas palavras, não estava muito acostumada a desabafar. Tinha passado a vida inteira guardando meus sentimentos para mim, apenas respondendo que estava tudo bem por educação.

— Eu posso te ajudar, se você quiser é claro.

Olhei para Luna por alguns instantes, ponderando se deveria aceitar ou não sua ajuda.

— Sabrina está furiosa comigo, ela diz que eu não me abro sobre nada. — falei sincera e Luna parou alguns momentos pensativa.

— Sabrina Harris é um garota bem impulsiva, logo ela vai pedir desculpa e respeitar o seu espaço. Pode ter certeza disso. Mas eu acho que não é exatamente isso que está te atormentando, ou é? — ela questionou.

Pelas barbas de Merlin, o que acontecia com Luna, será que ela podia ler mentes ou algo do gênero? Isso tinha a ver com as aulas de Adivinhação? Ou era eu que era muito óbvia?

— Eu sinto que Draco Malfoy sabe de alguma coisa muito importante que me envolve, só que eu não consigo arrancar essa informação dele. — exclamei, surpresa que eu tivesse falado aquilo para alguém.

Luna sorriu.

— Já vi vocês discutirem uma vez no corujal, — assim que ela comentou senti meu rosto ficar vermelho como um pimentão nunca tinha se passado na minha mente que alguém veria nos dois , infelizmente Luna tinha nos visto — vocês formam um casal bonito.

Pisquei diversas vezes, incrédula demais para acreditar que ela tinha falado aquilo.

— Oh bem, não sei se vai ser de grande ajuda, mas Harry conhece um ex-elfo da família Malfoy, o Dobby, talvez ele possa te dar alguma informação. — ela disse e então virou-se para a mesa cheia de comida. — Uau, não sabia que iam servir pudim hoje.

— Obrigada Luna! Mesmo, de verdade. — falei apressadamente, e assim que peguei meu livro fui em passos rápidos até a mesa da Grifinória. — Harry!

Me sentei no meio dos grifinórios que já estavam acostumados com a minha presença naquela mesa.

— Bom dia, Cam. — Harry disse confuso.

— Ah, bom dia para vocês. — acenei para o restante do pessoal sentado a mesa. — Harry, eu preciso da sua ajuda.

— Oh, tudo bem então. O quê você quer? — ele perguntou.

Senti o meu rosto corar, pensando em como eu colocaria aquilo em palavras.

— Luna me disse que você conhece um elfo chamado Dobby, ahm, você poderia me apresentá-lo? — fui direta, sem mencionar que Draco Malfoy estava envolvido, não achava que aquilo fosse necessário.

— Dobby é o ex-elfo da família Malfoy. — Hermione analisou me olhando como se tentasse entender o que estava nas entrelinhas.

— O quê você quer com Dobby?

— Nada demais, — disse rapidamente para Harry — sério. Só queria encontrá-lo, sabe onde eu posso conseguir…

— Ele trabalha na cozinha de Hogwarts. — Rony disse com a boca cheia, nem preciso falar que Hermione o fuzilou com o olhar. — Harry o libertou no segundo ano, desde então ele é fiél ao Harry e a Hogwarts. Mas é estranho que você queria falar com ele tão de repente…

Desviei o meu olhar, pegando um pedaço de bacon escondido do ruivo.

— Ei! — ele exclamou enquanto eu sorria.

— Desculpa, estou com fome. — pisquei.

— Eu te levo ao Dobby a tarde, tudo bem? — Harry disse e eu apenas acenei positivamente com a cabeça me levantando da mesa dos grifinórios. Agora tudo o que me restava era assistir as aulas e por fim tentar conversar com Sabrina.

A aula de História da Magia foi bem sonolenta, felizmente eu estava sentada ao lado de Ernie e nós ficamos conversando por bilhetinhos como nos velhos tempos. Descobri que ele e Sabrina estavam juntos, e não pude deixar de ficar feliz. Só esperava que não fosse excluída do grupo de amizade, já que os dois agora eram um casal. Ernie parecia gostar bastante dela, e bem...Sabrina também parecia gostar dele, pelo menos foi o que eu ouvi na última vez que ela falou sobre garotos comigo. Talvez eu realmente devesse prestar mais atenção no que ela falava comigo.

Logo após tive aula de Herbologia, e acabei saindo da aula ansiando por um tempo para conseguir estudar, contudo me controlei e resolvi ir atrás de Sabrina. Se ela não tinha vindo falar comigo até agora, então ela estava realmente chateada.

Aproveitei o tempo livre para procurar ela por todos os cantos possíveis da escola, e quando quase estava desistindo, a encontrei sentada debaixo de uma árvore perto do lago com um livro em mãos.

— Oi. — disse timidamente me sentando ao lado dela, temendo que minha amiga me deixasse ali falando sozinha.

Sabrina ergueu seus grandes olhos azuis do livro e me analisou por alguns momentos antes de dar um enorme suspiro.

— O quê você quer Camilla?

Ouch.

— Eu queria me desculpar. — disse direta, não fazia a mínima ideia de como recuperar a nossa amizade, já que eu tinha experiência zero nesse quesito. — Me pergunte qualquer coisa, eu vou responder.

— Camilla, amizades não funcionam assim. — ela ergueu uma sobrancelha enquanto falava, parecia incrédula.

Apesar disso eu insisti, segurando meu medalhão - por impulso - como se ele fosse me ajudar naquele momento.

Por favor, me deixe falar. É que...eu realmente não sei lidar com amizades, — admiti com uma expressão infeliz no rosto — sabe, não fui uma criança cercada de pessoas então…

— Oh — ela murmurou fechando o livro e o colocado ao seu lado, parecia prestes a pedir desculpas.

— Olha, minha mãe é mestiça, ela é filha de um trouxa com uma bruxa sangue-puro, seu nome é Elisabeth. Mamãe trabalha no Profeta Diário desde que eu me conheço por gente. Já meu pai se chama Robert, ele veio de uma linhagem de sangue-puros que sempre pertenceram a Sonserina, ele trabalha no Ministério da Magia. — disse apressadamente — Por outro lado tem meus dois irmãos, Richard, o mais velho. Ele é um saco, o filho favorito. Richard se formou ano passado, até então ele era monitor-chefe da Sonserina, tudo o que meu pai falar, ele vai fazer. E Charles, meu irmão do meio é o mais inteligente, vive trancado em seu quarto estudando, ele me ajuda raramente quando eu tenho alguma dificuldade na escola. Acho que um dia ele vai acabar trabalhando no Ministério da Magia…

Sabrina me olhava surpresa enquanto eu desatava a falar, jogando as palavras em cima dela.

— Meu pai detesta a parte trouxa da família da minha mãe, apesar de ela descender de uma família de bruxos que são famosos por viajar o mundo ( os Davies), enfim, talvez seja por isso nós raramente mantemos o contato. Se eu não me engano meus tios trouxas moram aqui perto na Inglaterra, quer dizer, da última vez que eu os visitei - o que já faz muito tempo - eles viviam por aqui. Hm..O que mais eu posso falar? — pensei e novamente disparei a falar, sem dar tempo para ela sequer abrir a boca — Minha cor favorita é azul! Ahm...Minha comida favorita é torta de abóbora!

Parei de falar tentando lembrar de qualquer coisa, mas acabou não me vindo nada a mente.

Sabrina me olhou e acabou dando risada.

— Por Merlin, você falou tudo tão rápido. — disse secando as lágrimas nos cantos dos olhos.

— Ah, eu posso repetir se você quiser. — falei sem graça, mas ela acenou com a mão.

— Camillla, pode ficar tranquila, eu estava errada em ficar exigindo as coisas de você, é a sua privacidade. Mas obrigada por ter aberto um pouco da sua vida comigo. — disse dando um sorriso brilhante.

— Então você não está mais brava comigo? — arregalei os olhos e ela acenou positivamente com a cabeça enquanto ria. Acabei sorrindo por fim, aliviada.


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