SOMBRAS - A Armadilha da Rainha escrita por GabihS


Capítulo 6
Capítulo 5 - A noite




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Ser o mais novo era uma droga, pelo menos na concepção de Dylan. Ainda mais quando seus irmãos e irmãs eram mais bonitos, inteligentes, populares e menos problemáticos.

A casa estava lotada e parecia que a cada segundo, mais e mais pessoas entravam pela porta. De repente, Dylan sentiu pena de Andrew. Eram seus dezoito anos também, e, mesmo assim, nenhuma das pessoas ali eram seus amigos. Pior do que isso. As pessoas ali esperavam por Matt e uma chance para azararem suas irmãs.

A música soava baixo, para que os gêmeos não ouvissem a surpresa, e foi quando, andando pela sala, Dylan avistou Diego entre a multidão. Raiva, foi o sentimento que o preencheu por inteiro. Ele estava inconformado que aquele sujeitinho, tivesse a coragem de aparecer.

Ele já estava andando afobado até Diego, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Liam entrou na sua frente, levando-o para o outro lado da sala, com empurrões. - Você definitivamente não vai querer fazer isso. – Ele disse quando pararam.

A pior parte para Dylan, era que ele tinha razão. Poderia acabar arruinando as coisas para seus irmãos, mesmo antes de terem começa. Pelo menos, Andrew o agradeceria. Sem contar que ele era um garoto de quinze anos com apenas sessenta e quatro quilos a seu favor. Seria difícil ganhar qualquer briga.

Liam era uma das únicas pessoas com quem Dylan andava. Ele era tão não popular quando Dylan, então tinham uma amizade boa e equilibrada, já que eram ignorados em comunidade. Eram definitivamente melhores amigos. Ele tinha dezesseis anos, mas estava na mesma turma que Dylan, por ter repetido o nono ano, quando a mãe morreu em um acidente de carro, deixando apenas o pai para criá-lo.

Com oito centímetros a mais que ele, Liam também tinha um porte um pouco melhor, mas nada que antes tivesse feito alguma diferença. No entanto, naquela noite, algumas garotas lançavam olhares curiosos, e nada discretos em sua direção. Como se não frequentassem a mesma escola. Os motivos eram ainda desconhecidos. Talvez o fato de estar desenvolvendo com a idade, ter cabelos loiros, quase naturalmente platinados, e olhos verdes, ajudasse.

Repentinamente, Danielly chegou gritando para que todos ficassem quietos. Momentos depois, as meninas desceram, deslumbrantes, recebendo assovios e aplausos. Dylan revirou os olhos, afinal eram suas irmãs. No entanto, o que o surpreendeu foi o fato das duas estarem muito parecidas. Aparentemente, Isabel conseguira convencer Alex a usar suas roupas. Ela estava com uma blusa vinho de mangas longas, uma calça preta jeans justa e um coturno de borda vermelha, de couro sintético. Estava com mais maquiagem do que qualquer um estava acostumado a vê-la. O batom vermelho matte realçava os lábios, enquanto o lápis delineado preto, realçava a cor de seus olhos.

Izzie, por sua vez, vestia uma saia, um pouco acima da metade da cocha, preta também, um body vermelho, com as mangas compridas de renda, decotado em ‘V’, trançado nas costas e um salto preto de veludo. O que completava era o cabelo, todo preso para ao lado, com uma meia trança, apenas no couro cabeludo, realçando os cachos e o volume.

— Suas irmãs são gatas demais. – Liam deixou escapar, com os olhos encantados.

Dylan lhe deu um empurrão, para repreendê-lo. - Fecha a boca, que daqui a pouco você vai precisar de um balde para toda essa baba. - Por mais que ele soubesse que era verdade, não precisava da confirmação vinda de seu melhor amigo. Já bastavam os outros garotos espalhados pela sala.

Logo depois delas descerem, Matthew veio. Sem mais delongas, todos gritaram surpresa, aplaudindo e assoviando. Para a maioria das garotas para quem Dylan olhava, estavam com os olhos encantados e só faltavam babar, igualzinho a Liam há poucos segundos antes.

Matt vestia um blazer preto, com uma camiseta cinza por baixo e uma calça jeans azul marinho. O cabelo estava de lado, graças ao gel.

Durante toda aquela cena, Dylan só conseguia pensar que sua posição como caçula piorava conforme crescia. Enquanto seu melhor amigo se encantava por suas irmãs, as garotas de quem ele queria atenção, focavam apenas em seu irmão.

Entretanto, de onde estava, pôde ver Andrew recostado na parede da escada, um pouco atrás de Matthew. Ele apenas observava, com os olhos focados na multidão e braços cruzados. Não estava vestido de forma especial, muito mesmo diferente. Apenas a velha jaqueta preta de sempre, jeans rasgados e seu tênis.

Dylan bufou para si mesmo.

— Não aja assim, Dy, ou as pessoas acharão que está com inveja. – Lucas disse, surgindo da multidão. Ele era o melhor amigo de Andrew, ou o único amigo. Soava maldoso, mas era a verdade. Ele era quase do seu tamanho, pouca coisa mais alto. Tinha cabelo loiro, mais escuro que o de Liam. E com mais porte que ambos. Namorava, e de acordo com o que ouvia Andrew falar, ela era irritante e dramática. Nunca a tinha visto até aquele momento. – Dylan, essa é Elena. – Ele beijou a bochecha da garota, que sorriu disfarçadamente.

Ela tinha cabelo loiro, mais escuro, quase um castanho e era do mesmo tamanho que ele, com um salto não muito alto, e pele clara. Não parecia irritante, parecia muito bonita e simpática, mas quem pode dizer realmente.

— Parece que nosso amigo Andrew, ali, não está se divertindo muito. – Elena comentou, voltando sua atenção para os irmãos na escada.

— Nem um pouco. – Ele respondeu sarcástico.

— Talvez devêssemos ajudá-lo? – Ela perguntou.

— Acho que não será necessário. – Lucas apontou para o topo da escada, onde Andrew estava até um segundo atrás.

— Droga. A cozinha. – Dylan praguejou consigo mesmo. Correndo o mais rápido que conseguia com todas aquelas pessoas reunidas. Se Andrew saísse, a culpa seria das meninas e dele.

Ele empurrava a maior parte das pessoas. Recebendo xingos e empurrões de volta, que em certo ponto o desaceleraram. Quando finalmente chegou a cozinha, estava vazia, com exceção de Andrew que tentava sair de fininho pela porta dos fundos, indo para o jardim.

— Você não vai a lugar nenhum. – Dylan disse, interrompendo a fuga no momento exato. Ele jogou seu corpo contra a porta, passando por debaixo do braço do seu irmão.

— Só quero tomar um ar. – Ele retrucou.

— Qual é Andrew? Ele não é tão estúpido. – Lucas falou, adentrando a cozinha.

Na realidade ele realmente era o estúpido que no ano anterior deixara Andrew sair, achando que ele voltaria. Aquilo não poderia se repetir ou seria pior do que da última vez. E era a última coisa que Dylan precisava.

— Lucas. – Andrew sorriu ao cumprimentar seu amigo, mas como em um passe de mágica o sorriso sumiu, quando Elena apareceu, carregando dois copos nas mãos. – Elena. – A surpresa e alegria que surgiu quando ele disse o nome de seu amigo, foi convertida em simples indiferença e até um pouco de desgosto.

Lucas o repreendeu com o olhar. – Seja bonzinho.

— Podemos, por favor, simplesmente entrar e ficar em um canto qualquer? – Dylan sugeriu da forma mais sutil possível. Com um sorriso fraco nos lábios

Antes que ele precisasse de qualquer assunto, as luzes na sala apagaram, e uma música eletrônica altíssima começou a tocar, enchendo o ambiente.

— Façam o que quiserem, só não deixem com que ele saia por qualquer uma das portas. – O mais novo disse a Lucas. – Isso inclui deixa-lo sozinho em qualquer cômodo da casa. – Gritou para completar, fazendo com que Andrew também escutasse. – Isso também inclui lugares com janelas. Vigiem-no até no banheiro.

Voltando para a sala, Dylan tentava encontrar Liam no meio de toda aquela multidão. De repente, alguém o puxou. – Diga-me que você não o perdeu. – Alex falou, prensando- o contra a parede.

— Quem?

— Albert Einstein. – Alex respondeu sarcástica. – Andrew, seu idiota. Quem mais?

— Está na cozinha, com Lucas e Elena. – Respondeu, tentando se safar do aperto.

A expressão da sua irmã se suavizou. A noite dela também não estava saindo como o planejado. Enquanto isso, no centro da sala, Izzie dançava com alguns garotos. De onde estava, Alex identificou o cara de quem sua irmã tinha se gabado na semana anterior, com a tatuagem de dragão e rosas. Ele parecia suspeito a seu ver.

Contra sua vontade, Izzie puxou sua irmã pela mão, dançando em frente a ela, até que a mesma se deixasse envolver pela música. Dylan se divertia com a dureza de Alex, até que algo o intrigou.

No fundo da sala, algo se esgueirava para cima da escada, indo até o andar de cima. Curioso, ele atravessou a sala, seguindo a sombra do que ele deduziu ser um adolescente enxerido. No entanto, não encontrou nada, mesmo depois de revistar todos os quartos. Checou os banheiros e até o sótão. Mas não havia nem sombra de que um outro ser humano havia passado por ali recentemente.

Descendo de volta para a festa, notou que suas irmãs já não estavam mais no centro das atenções, deixando alguns garotos desanimados. ‘Babacas’ era a palavra que circulava a mente de Dylan.

Ele seguiu para a cozinha, para se certificar de que Andrew não tinha conseguido enrolar Lucas e escapar. Não poderia ter perdido o irmão um segundo ano. Quando chegou lá, sentiu o coração saltar o peito. Não havia ninguém. Pânico preencheu sua mente, não sabia o que iria fazer, mas antes que saísse procurando por toda a casa, ele avistou, pelo vidro da porta da cozinha, seu irmão, junto a Lucas, sentado na grama do quintal. Tudo que conseguiu fazer foi se apoiar na mesa da cozinha e suspirar. Uma coisa a menos para se preocupar.

Decidido a tentar aproveitar pelo menos um pouco daquela tão planejada festa, começou a procurar por Liam, novamente, como inicialmente planejara. Andou um pouco entre as pessoas, fingindo interesse em dançar, mexendo-se de forma desajeitada e pouco ritmada. Nunca fora a atração das garotas e não começaria naquele momento. Matthew por outro lado era o que podia se classificar como o rei da festa.

Finalmente ele avistou Liam, e não conseguiu esconder seu espanto. Seu queixo caiu e havia horror em seus olhos. Liam dançava, a alguns metros de onde Dylan estava. Mas o que o espantou fora o fato de que seu amigo não estava dançando sozinho. Haviam duas meninas junto a ele. Por um momento jurou estar sonhando, até arriscando se beliscar, mas não funcionou. Era a mais pura e improvável realidade, diante de seus olhos. Como se não bastasse para surpreendê-lo, logo atrás, ainda dentro do seu campo de visão, Dylan avistou a mesma sombra de minutos antes.

De onde estava não parecia mais um humano, perambulando pela festa. Seus olhos eram a única coisa que se distinguia da escuridão. Eram brancos como pedras de safira. Medo se abateu sobre ele, mas algo mais forte do que isso também surgiu. Curiosidade, insaciável. Ele não tinha controle sobre suas pernas, mesmo com todas as fibras de seu corpo dizendo para não se aproximar daquilo. Era quase como se a sombra o estivesse hipnotizando, atraindo-o em sua direção, como a um imã.

Não se importou com o perigo do desconhecido e apenas a seguiu até o jardim. Para sua surpresa, encontrou seus irmãos lá, também. Cada um com uma sombra, a sua frente. Todos com os olhares vibrados e curiosos. Aquilo lhe pareceu estranho por um momento. Piscando algumas vezes com mais força, ele tentava voltar a sua sanidade. O que ocorreu por apenas alguns segundos, e olhando para Andrew, notou que o irmão também lutava para permanecer com sua desconfiança. O que faziam ali, era a questão.

As sombras, andaram para trás. Literalmente passando pelos irmãos, parando atrás deles. Com esse movimento, formaram um círculo ao redor dos cinco, e com seus formatos humanos, selaram as mãos.

Eles estavam presos.

No chão, bem a baixo de seus pés, juntamente com a neblina que se formava, raios de luz branca foram se juntando, montando um grande desenho. Um símbolo bem talhado, mas isso era tudo que os irmãos conseguiam distinguir.

Com as sombras fora de seus alcances de visão, não havia mais hipnose. Seu senso estava de volta aos eixos. As meninas olhavam de um lado para o outro, sem entender como haviam saído de uma pista de dança para o seu quintal, cercado de criaturas misteriosas.

A fumaça branca começou a subir. Nada muito denso, em um primeiro momento, mas o suficiente para deixar a visão dos cinco embaçada. Mesmo com isso, ainda foi possível distinguir a figura de sua mãe se aproximando, passando pela porta para adentrando no quintal.

No entanto, quando ela falou, soou como uma voz bem distante. Sua expressão era de alguém gritando a plenos pulmões, mesmo que eles não conseguiam distinguir o que saia de seus lábios.

A fumaça começou a aumentar e com isso, também o medo do incerto. Dylan buscou a mãos de seus irmãos. Agarrando primeiramente, a mão de Alex e em seguida a de Matthew. Eles não protestaram. Bem pelo contrário, fizeram o mesmo, sem saber que era o que as Sombras precisavam.

Foi quando, de branco, tudo passou para um completo breu, e eles sentiram que por um momento não havia mais chão. Era como se flutuassem, até que um baque surdo veio. E não conseguiam se mexer. Ficaram ali, de volta ao chão, com dor no corpo. Imóveis por alguns segundos.

A primeira a abrir os olhos, foi Alexandra. Ela via pontos pretos em todo seu campo de visão. E quando tudo finalmente clareou, a única coisa que conseguia ver, era o dourado e branco, que compunham o grande salão em que se encontravam. Estavam sendo observados por jovens em uma arquibancada e homens e mulheres em um altar, vestidos de forma medieval e brilhante.

— Bem-vindos, crianças. – O homem no centro disse. – É aqui que a nova etapa de suas vidas tem início. – Sua voz ecoava por todo o grande salão.

E foi quando seus irmãos começaram a abrir os olhos. Nada fazia sentido, e foi assim que ela soube que estava definitivamente perdendo sua sanidade.

— Alex. – Andrew chamou, tentando ser discreto, mesmo com todos os olhares voltados para eles. – Olhe. – Disse apontando para o teto. Nele havia um grande símbolo, talhado em dourado, igual ao que se formou no chão instantes atrás. Duas hastes, formando um ângulo aproximado de noventa graus, deles, saia outro, dando a impressão de divisão, para as partes. Semelhantes a semicírculos de cada lado, mas suas pontas, opostas, eram curvadas para o centro.

Os irmãos se entre olharam e havia medo em seus olhos.

— Onde estamos? – Isabel perguntou com a voz rouca, tirando as palavras da boca de todos.


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Notas finais do capítulo

E então????? Estão curiosos? Interessados? Gostando? Tomara!



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