Yes, Sir escrita por Asynjurr


Capítulo 6
Fifth


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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F I F T H

Yes, Sir


Cambridge, Cambridgeshire
24 de março de 2016;

II.

11h:56min AM;

— O cappuccino daqui é excelente. — comenta alegremente, bebericando seu café e me observa pelo canto do olhos, me incentivando a beber o meu com um gesto com os olhos.

Me movimento na cadeira uma... três vezes seguidas, estou desconfortável aqui e me sinto observada, uma sensação estranha. Tentando me concentrar na minha bebida quente, seguro a xícara entre as mãos e ao primeiro gole minha garganta arde, deveria ter calculado melhor o tempo de resfriamento e o queimor é quase insuportável, a muito custo não saio correndo em busca de água.

Minha carranca não passa despercebida por Noah sei que está dando seu melhor para não rir de mim. Uma nova tentativa para apreciar minha bebida e dessa vez o morno do café acende meu apetite, ele tem toda a razão, o café daqui é sensacional. Faço um joinha para ele que curva a cabeça num gesto divertido, com a borda da xícara branca e lírios desenhados nas lateriais entre os lábios. Continuo minha apreciação, lembrando-me sobre nosso passeio pelas instalações da Universidade, meu lugar favorito, por enquanto é o auditório do terceiro andar, aquele lugar é incrível.

— Hey, NN, quem é sua nova amiguinha? — uma ruiva pálida e sorridente, muito bonita, pergunta a ele, puxando uma cadeira para sentar-se ao meu lado.

— Ninna Griezmann e essa é a...

E então a loira se adinta:

Dellane Reedel a seu dispor. — erguendo a mão esquerda para mim, ela se apresenta e alterna a atenção Noah e eu. — Bela chemisier, bem estilo patricinha de Connecticut, é americana?

Quem? Eu? Nunca, querida!

— Sou francesa e não sou patricinha, srta. Reedel. — corrijo secamente. Há uma dose exagerada de satisfação em cada palavra destacada pelo meu tão evidenciado sarcasmo e pela expressão incrédula, sinto que por essa ela não esperava, sem falar que ser confundida com uma americana me irrita.

— Me deixem sozinha com essa daí, Grant e você sai também, Dellane. — ouço alguém berrar atrás de mim de modo arrogante e se não estou enganda, a ex de Harry Herondale veio me dar as boas-vindas. Ou não. Girando meu pescoço para trás, confirmo que Erin está aqui e com cara de poucos amigos.

— Não! — Dellane e Noah disparam em uníssono e aproximam suas cadeiras de mim, como se estivessem me defendendo de um ataque iminente. Eu rio. É incontrolável.

— Que seja, queridos. — seu tom está moderado. — Então quer dizer que você é a mulherzinha conseguiu fisgar meu querido ex-namorado?

— É o que parece, querida e meu nome é Ninna. — ela fica perplexa, há um pequeno V se formando entre suas sobrancelhas quando ela se senta entre Dellane e eu e para seu azar está se inclinando para cima de mim, sou obrigada a afastá-la com a mão livre, já que, a outra não consegue largar esse cappuccino por nada.

— Deixe-me advinhar, você está dando o golpe da barriga ou será que você fez chantagem emocional? — Ah, sério isso? Suas insinuações são tão descabidas, imagine se ela soubesse a verdade, certamente ficaria sem dormir por várias noites.

— Você realmente não me conhece e não é minha culpa se não foi mulher suficiente para lhe manter ao seu lado. — ataco e pelo O que se formou em sua boca, sei que estou indo bem nesse confronto desnecessário.

— Segura essa, cretina! — Dellane resmunga e me dá um tapinha nas costas, como se estivesse me parabenizando por um grande feito.

Não consigo me deter e sorrio. Dellane parece completamente louca, talvez bipolar, porém tenho quase certeza que a mulher prefere se privar da própria alegria apenas para ver os outros felizes... Parece alguém legal para se fazer amizade, afinal.

— Como ousa! — Erin rosna para mim, bate com força na mesa e sou obrigada a rir do seu descontrole emocional e olha que eu só estou me aquecendo, querida.

— Você está sendo estúpida, Erin, tenha dignidade e saia daqui como chegou. — Noah tenta alertá-la e por alguma razão, acredito que ele ainda gosta dela, seu jeito de olhar para ela o entrega. Agora cabisbaixo, o moreno passou a encarar o chão. — Saia. — a forma autoritária como ele fala me lembra Harry Herondale e... Por que será que tudo que eu penso me leva pra ele?

— Isso não fica assim, Lena. — olha só a vadia está me ameaçando e eu quero rir, mas sou obrigada a me conter para parecer indiferente.

— É Ninna, querida e não se preocupe, mandarei o convite do meu casamento com Harry Herondale para sua casa, em breve. — dou um xeque-mate na questão e ela tenta avançar contra mim, entretanto, é impedida por Noah que consegue lhe conter, mas a muito custo, a mulher está uma fera. Sempre fui ótima com provocações mas dessa vez estou me saindo extremamente bem.

— Estarei na primeira fileira da igreja com um rifle apontado para sua cabeça, Lena e você é um inútil, Noah deveria me apoiar ao invés de defender essa daí. — Erin rosna para o ex com uma expressão teimosa e os braços cruzados em sua frente.

— Me dê motivos para te defender e te defenderei, srta. Steele. — diz com ironia entranhada em cada palavra, seu olhar é desafiador. Caramba! Noah North dessa vez você me surpreendeu.

— Fodam-se os dois, ou melhor, os três. — balbucia e sai pisando forte para longe, olhando para trás umas três vezes antes de sair do restaurante da Universidade. Está tão furiosa quanto a água de uma cachoeira em queda livre.

— Não te conheço, Ninna, mas já sou sua fã, ninguém tem coragem de falar com essa mulher assim e você a nocauteou pelo simples fato de ter o homem que ela quer — a ruiva está tão entusiasmada que mal consegue respirar direito e não aprovo seu braço em volta de mim. — Harry Herondale é um gostoso, com todo respeito do mundo. — comenta com um olhar sonhador e eu quero rir, se ela o conhecesse como eu não diria isso. Me divirto com a forma horrorizada como Grant olha para ela. — Não me olha assim, NN, se fosse mulher também iria querer dar pra ele. — O quê? NN? Hum!

— Não é pra tanto, ele é só um rostinho bonito com uma conta bancária cheia de zeros à direita. — tento fazê-la cair na real, mas seu olhar censurador me faz acreditar que ela não acredita em mim.

— Ela é louca? — questiono aos dois simultaneamente, acabando minha bebida dos deuses. Preciso de mais um desses, então aceno para a Lila, a garçonete.

— Fique longe dela ou terá problemas, Ninna. — Noah me alerta, como se eu precisasse e parece pensativo, pensativo demais.

— Será ela a ter problemas se continuar com esses comentários sobre mim. — essa é a minha resposta antes de voltar para degustação, ignorando tudo em volta. Já me livrei de situações bem piores e não será essa mal-amada que me deixará amedrontada.

— NINNA GRIEZMANN

III.

17h:56min PM;

— Srta. Harris, ligou para o meu sparring, marcando meu treino para essa tarde? — me certifico enquanto me concentro em algumas anotações e paro para um momento para observá-la. Julia parece querer me perguntar algo, entretanto, limita-se a responder minha pergunta.

— Sim, senhor e também pedi que entregassem as flores em sua casa. — sempre eficiente e objetiva, ela se aproxima de mim e murmura com uma entonação diferente na voz: — Preciso dos contratos assinados para enviar para a Steele Company ainda essa tarde, senhor. — solicita e como já tenho os papéis assinados, os entrego e volto a me concentrar nas minhas anotações, mas para minha surpresa a mulher não se move do lugar. Aconteceu alguma coisa, ela está estranha.

— Já pode ir, srta. Harris. — digo educadamente, com a cabeça inclinada em direção a porta entreaberta da sala e parece que a tirei de uma transe, seu sobressalto me faz rir.

— Já ia esquecendo, aqui estão os convites que o renomado Globe Theatre enviou para o senhor, — ela estende a mão com dois envelopes vermelhos e me observa com expectativa, acrescentando em seguida: — será uma apresentação especial para convidados, posso confirmar sua presença?

— Sim e ligue para o sr. Standall, peça para que entre em contato comigo o quanto antes e faça um relatório dos lucros das sucursais de Londres pra usarmos na reunião de amanhã. — ordeno e minha atenção volta para agenda rabiscada, quando me dou conta já estou sozinho na sala, o que me alegra, posso voltar a pensar no primeiro beijo com Ninna e mesmo que negue insistentemente, sei que ela gostou de ser beijada por mim.

Abrindo um dos envelopes meu ânimo se renova, afinal, A casa de Bonecas do norueguês Henrik Ibsen de 1879 é um marco no teatro mundial. A obra que começou a ser escrita em 1878 e foi concluída em 1879, sendo representada pela primeira vez no “Det Kongelige Teater”, em Copenhage é fascinante, dos diálogos inteligentes à pretensão de elevar a mulher em termos sociais a um novo patamar. Penso em levá-la comigo até Londres, mas não lhe obrigarei a ir, se não for de sua vontade. Ninna e eu já discutimos demais nesse último mês e não era essa a intenção, gostaria de poder lhe fazer feliz, amá-la intensamente, contudo, até agora só consegui seu desprezo. Talvez eu me canse de insitir nela, ou quem sabe, conquiste-a como tanto desejo.

Ah, essa mulher fode com o meu psicológico!

Procuro fugir desses devaneios inoportunos e me preparo para sair dessa sala entediante e todas esses papéis. Guardo alguns objetos pessoais em minha maleta e outros na gaveta do móvel em frente à mesa.

Por hoje já deu.

IV.

19h:21min PM;

Ah, o boxe.

O boxe me acalma, é uma forma de aliviar minhas tensões, entretanto, treinar com Will Decker é devastador. Estou tão suado que vou ficar uma hora na banheira, no mínimo, ouvindo Panic! At The Disco. Coloco a alça da mochila no ombro e me despeço de Will com um aceno, antes de sair da academia.

Estou sorrindo para mim mesmo, acreditando insistentemente que tive um bom dia e desejando que a noite seja tranquila como não fora nessesúltimos dias.

Louis me aguarda no estacionamento da academia como todas as quartas e sextas. Ao me ver, ele se aproxima de mim e me ajuda com a mochila que parece pesar uma tonelada. Uma vez na SUV, ele liga para Dylan e o restante dos seguranças, informando que entraremos no tráfego em alguns minutos. Desde a tentativa de homicídio em Paris, não posso me descuidar da minha segurança pessoal em nenhum momento. Sei que ele não vai desistir tão fácil.

Com o ar condicionado no máximo, relaxo meu corpo no banco traseiro e cruzo as pernas em formato de quatro. Busco os fones de ouvido na mochila e Knocking On Heaven's Door preenche meus ouvidos. Estou me sentindo extremamente bem e cansado, olhos fechados, um sentimento estranho de paz me invade, porém, interrompendo meu momento zen, ouço a voz irritante de Louis:

— Como foi o treino, sr. Herondale? — questiona-me com o carro parado em um sinal fechado e sou obrigado a deixar os fones de lado, em muito tempo, é a primeira vez que quero conversar com alguém e Louis é um bom ouvinte. Os carros enfileirados me dá a falsa sensação de estar em uma corrida, apesar da diversidade de modelos; um Corolla modelo 2016, um carro americano velho e um maravilhoso Mercedes-Benz, além da minha SUV sport preta. Conserto minha postura, ficando ereto e pisco um par de vezes, tentando me acostumar com a claridade excessiva.

— Excelente, consegui acertar dois golpes no meu sparring e ele é o melhor no boxe. — me vanglorio, como se fosse algo incrível e suspiro, pensando acerca do tempo que vou demorar para acertar outro golpe no "gigante", como costumo chamá-lo.

Ah, foi incrível.

Olhando para o lado, encaro uma loira com um cigarro entre os lábios e com algumas camadas de um batom vermelho. Uma mecha do cabelo dourado esvoaça sobre seu pescoço, um perfil marcante e ao mesmo tempo delicado. Hum. Ao me ver, ela me dá um sorriso devasso e pisca para mim. Treparia com ela se não tivesse Ninna ocupando minha mente o tempo todo. Educadamente sorrio para ela e aceno com a minha mão direita para que ela veja a aliança. Continuo sorrindo enquanto vejo seu sorriso desaparecer. Sua frustração está ampliada em seu rosto pequeno. Sinto muito, baby, mas sou fiel aos meus sentimentos, ao menos enquanto tiver interesse.

A lua aparece alta entre os galhos mais altos de uma árvore frondosa. É uma noite bonita e o clima está ótimo. Às margens do Rio Cam deve está encantador.

— Vamos direto pra casa? — me indaga sem tirar a atenção do semáforo, mas seu olhar é desviado para o retrovisor e sua expressão preocupada me deixa sob alerta.

— Sim. — busco a garrafa de água na mochila e bebo uma boa quantidade antes de perguntar o que estou adiando desde que entrei nesse carro: — Tudo tranquilo em relação à Ninna?

Espero que sim ou meu dia tranquilo terminará mal.

— Sim, senhor. — diz arrancando para a Rua Sidney que nos levará ao condomínio em que vivo no momento e nesse instante destesto sua objetividade.

— É... — pirragueio e tento me manter impassível. — Ninna já fez amizades? — questiono em voz baixa, visivelmente ansioso por respostas.

— Quando atravessou o portão principal se despediu de uma jovem chamada Dellane Reedel e do sobrinho do chanceler, Noah North. — me informa naturalmente e acrescenta: — Já puxei a ficha da srta. Reedel no banco de dados de pessoas físicas e está limpa. — caralho, a eficácia de Louis me surpreendeu de uma forma absurda, só detestei saber que ela está próxima ao Noah, não confio nele e tenho meus motivos para isso. — Ela parecia animada, pelo que percebi. — diz e noto que ele está desviando do rota e estamos acima da velocidade permitida nesse trecho. O que está acontecendo? Louis busca o rádio comunicador e informa a Dylan que estamos sendo seguidos.

Porra, novamente isso?

— Estão nos seguindo? — indago às pressas, tentando não parecer assustado e tiro o cinto de segurança, pulando para o banco da frente.

— Acredito que sim, senhor. — me informa com cautela e volta a falar com Dylan: — Esse Corolla cinza está no nosso rastro desde que saímos da academia, não pode ser coincidência, — LightWood está alterado e olhando no espelho retrovisor esquerdo, noto que ele tem razão. — Verifique a placa YSB-2312 para mim, passaremos na praça em frente ao condomínio do sr. Herondale, na rua Rose Cresce em 5min no máximo, você sabe o que fazer e comunique ao Balvin. — lhe dar as instruções do protocolo de comportamento em casos assim e admito que ele é tão bom quanto eu para dar ordens. — Não preocupe-se, senhor, prometo que farei o possível para sairmos ilesos dessa situação e eu sempre cumpro minhas promessas.

— HARRY HERONDALE


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Notas finais do capítulo

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