Yes, Sir escrita por Asynjurr


Capítulo 3
Second


Notas iniciais do capítulo

BOA LEITURA!



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S E C O N D

Yes, Sir


Cambridge, Cambridgeshire
23 de março de 2016;

 

I.

21h:56min PM;

As noites na cidade universitária, Cambridge aportuguesado paraCantabrígia, estão cada vez mais geladas. Um barba-azul em Holmes Chapel, um parvo aqui, onde me contento em passar as noites sozinho.

Estudei todo o colegial no King's College, mas me formei em Administração há apenas quatro anos, na Universidade de Cambridge e desde então assumi os negócios da família, logo depois da morte do papai. Confesso que no início a ideia era, em demasiado, agradável, entretanto, trabalhar como um condenado não estava nos meus planos. Viver trancado nesse escritório ou naquela empresa não é minha ideia de diversão, ainda que não alivie meus clamores íntimos, me faz esquecer os problemas, bem, a maioria deles.

Maldito Mercado Comum Europeu.

Lembro-me com exatidão acerca da noite em que Ninna tentou fugir da fazenda em Holmes Chapel. A levei ao extremo de tentar contra a própria integridade física e isso vem me atormentando dia a dia. Ela estava tão pálida e tão gelada, mais um pouco e teria chegado a óbito, e isso seria imperdoável. Posso estar agindo como um monstro, mas eu não sou um como todos pintam, porém, as atitudes de cada um remete, aos olhos de muitos, nossa alma e isso é tão injusto.

Fito a caneta dourada passear entre os dedos da mão direita com tédio, ressentido por me sentir tão solitário nessa casa, nessa cidade infernal e desnecessariamente barulhenta, talvez me mudar para Cambridge não tenha sido uma boa ideia como Robbie tanto me aconselhou no mês passado, ao menos em Holmes Chapel tinha os cavalos e toda a tranquilidade daquele povoado cômodo.

Sigo até a mesa de bebidas e derramo um pouco de whisky e alguns cubos de gelo, olhando para fora do escritório por um momento e inspiro a poluição do pequeno centro capitalista, desejando não estar aqui. Retorno para minha cadeira reclinável e encaro os papéis com frustração, apoiando os cotovelos sobre os mesmos, por hoje já deu. Bebo o pouco que resta da bebida e me preparo para abandonar o cômodo, todavia, antes que eu possa fazê-lo, para minha surpresa, alguém bate na porta e convivendo com a dona dessa voz há três meses não me deixa duvidar que Ninna está aqui.

— Desculpe-me incomodá-lo, sr. Herondale, posso entrar? — ela pede permissão, abrindo a porta sorrateiramente, sem larga-la em momento algum, pressionado os dedos da mão direita contra a maçaneta.

— Sim, você sabe que pode tudo, minha querida. — murmuro em resposta, me erguendo da cadeira de forma desajeitada, por incrível que possa parecer, estou nervoso e surpreso por tê-la aqui, justamente no único lugar que não a quero e isso me irrita. Com a cabeça sinalizo para que ela se sente na cadeira em frente à mesa e por alguma razão que desconheço estou sorrindo para ela quando deveria mandá-la embora daqui como das outras vezes. — Sabe que não gosto que venha aqui, no entanto, sua companhia nesse restante de dia insuportável me deixa feliz, Ninna — me divirto ao ver seu semblante interrogativo para mim e vou em busca de mais bebida.

— Já que estou... Digamos, reclusa nessa mansão, gostaria de ter permissão para ir à Universidade, preciso concluir meu curso de Direito e minha transferência para Cambridge foi aceita.

O quê? Me sinto desacatado!

Minha garganta está queimando e não é por causa da dose exagerada de álcool. Ela parece querer me tirar do eixo novamente e a ideia de vulnerabilidade à ela me faz querer afastá-la de mim imediatamente. Parece que Ninna precisa entender de uma vez por todas que eu dito as regras nessa casa e se for esperta não vai opor as minhas vontades.

— Eu não acredito que você se inscreveu para a seleção sem a minha permissão, Ninna, está tentando me deixar bravo com você? — rosno para ela sem omitir minha instabilidade emocional, indo ao seu encontro a passos curtos, lhe encurralar me parece uma ótima ideia, afinal, acho que mereço alguma diversão nesse dia enfadonho. Vamos começar a jogar, querida. — Acha mesmo que pode tomar decisões, srta. Griezmann?

— Não seja tão intransigente comigo, sr. Herondale, só quero permissão para ir à Universidade, não estou pedindo para voltar para Cannes. — sua voz é suave, calma, entretanto, arqueia uma sobrancelha de forma delicada, me desafiando e não suporto a ideia de ser novamente desafiado por ela, então me aproximo e toco em seus ombros com as pontas dos dedos, pressionando-os contra sua pele macia. Ela se contorce em minhas mãos. — Prometo que ninguém saberá sobre nós e por que estou aqui. — é um ótimo argumento, preciso admitir, certamente será uma ótima advogada, o pensamento de vê-la advogando me agrada.

— Está aqui porque sua adorável mãe permitiu e você é muito boa menina para desacatar as ordens de Madame Lars. — replico automaticamente, sentindo meu equilíbrio retornando, aos poucos tudo voltará para seu devido lugar. Achá-la atraente não lhe dar o direito de me desafiar dessa maneira estúpida. Num movimento estratégico, me agacho atrás dela e sussurro em seus olhos: — Minha resposta é não, srta. Griezmann. — minha intransigência é uniforme, ela já deveria ter conhecimento.

— Odeio você e não imagina o quanto gostaria que morresse ou que desaparecesse da minha vida. — Ninna berra às pressas, me afrontando novamente, avaliando minha reação ao girar seu corpo para trás e minha irritação com essa mulher se multiplica. Ela sabe que eu estou puto e está me provocando desse jeito por saber que isso me enlouquece. A mais sábia e perigosa de todas. Sua ira comigo é onipresente, talvez seja sempre assim e eu não me importo. — Você é um...

Ok, já deu.

— Muito cuidado com as palavras, não é por que te escolhi para ser minha mulher que vou tolerar esse comportamento deprimente. — lhe dou meu sorriso mais irônico edou meu sorriso mais irônico e sádico, voltando a me sentar, tomando o cuidado de mantê-la distante, para o bem de ambos.

— Meu comportamento é deprimente? — seu protesto me faz rir novamente, a sensação de estar lhe irritando me alegra. Erguendo a vista, vejo a mulher me fuzilar com os olhos e devolvo a censura na mesma medida. — Olha só pra você, um homem milionário, um dos mais ricos do país e se contenta com tão pouco, você me dá pena. — lá está Ninna me afrontando mais uma vez, entretanto, nesse instante estou alheio a qualquer tipo de provocação e estou dando meu melhor para não expulsá-la daqui aos gritos.

Se ela soubesse toda a verdade sobre tudo não estaríamos tendo essa conversa, mas ainda não é o momento dessa verdade vir à tona, ate lá as coisas ficarão como estão para seu próprio bem. Tentando controlar meu ânimo duvidoso, volto a analisar alguns papéis, afinal, mulheres como Ninna não suportam a ideia de serem ignoradas, alternando as folhas do contrato com a SC, nossa principal sócia, lembrando-me vagamente de Erin Steele e toda sua loucura, feliz por ter me livrado dela, mas a muito custo, Erin não é do tipo de mulher que recebe não de braços cruzados, nesse aspecto somos exatamente iguais, talvez por isso nosso relacionamento não tenha durado.

Erin Steele era como um Rock pesado, daqueles que você balança a cabeça para cima, baixo, lado e outro, tendo a sensação ridícula de ter uma guitarra apoiada bem ali, na sua perna enquanto suas mãos tentam acertar alguns acordes, isso mesmo, minha ex era alucinante, uma pena que algum idiota bem filho da puta tenha decidido encher a cara e dirigir logo depois, tirando a vida da mãe da garota, desde então nada foi igual e ela se tornou um estorvo.

Assino na última folha e guardo contrato em minha maleta. Ninna está me olhando fixamente, inquieta e mais vulnerável do que normalmente, pode até não ter noção, mas está atiçando meu instinto de sobrevivência mental, suspiro sem ao menos me dar conta e isso faz transparecer o quão nervoso estou e homens como eu nunca demonstram nervosismo. Que porra essa mulher está fazendo comigo? Odeio me sentir assim e não posso me sentir assim. Maquiando minha devoção, aperto o lábio inferior entre os dentes, sorrio de lado, apoiando meus cotovelos na mesa e entrelaço os dedos das mãos, apoiando meu queixo sobre elas. Inalo com força, soltando o ar lentamente. Ah, merda, eu estou muito nervoso.

Je te Déteste: Eu odeio você. — não presto atenção em suas palavras, apenas no sotaque francês que tanto estimo e sorrio.

— Não me contento com tão pouco, quão pensas, apenas te quis no primeiro momento em que a vi e eu consigo tudo que eu quero. — afirmo com certa arrogância e relaxo a postura na cadeira, deixando seu olhar perplexo tocar minha alma e por um pequeno instante sinto algo estranho me percorrer, algo que precisa ser sufocado imediatamente. Ignorando sua censura minimalista, volto a encher meu copo, pensando que me anestesiar é a melhor forma de acabar a noite bem. — Precisa parar de fugir de mim, Ninna, faça isso e terá tudo o que quiser. — ipsis litteris; literalmente. Admito que internamente a proposta me parecia irrecusável, mas seu olhar tenaz me faz querer não ter pronunciado uma única palavra sequer.

— Só quero ir à Universidade e concluir meu curso e sobre ser sua proposta, isso nunca, só estou aqui por motivos que apenas você e a mamãe sabem. — ricocheteia avidamente contra mim e que infernos! Preciso pará-la. — Eu não sinto nada por você, sr. Herondale.

Como ela ousa!

Acredite, meu bem, tentar ferir meu ego é a pior estratégia que você poderia tomar.

Apenas inalo calmamente, fingindo não me importar com sua afirmação fora de hora. Vamos levar essa conversa para um novo nível e testar seu autocontrole emocional, nada mais justo depois dessa ofensa. Tiro opaletó e o coloco atrás da cadeira e acaricio o anel do anelar direito, mantendo os lábios firmes e a postura eminente. Ninna se remexe na cadeira e parece que parou de respirar.

Arqueio minha sobrancelha esquerda, mas mantenho minha expressão impassível. Algo me faz acreditar que ela está mentindo para mim e isso faz meu corpo estremecer por completo e, então me pego sorrindo novamente para ela e seu despeito. Agora ela parece contrita, talvez esteja arrependida por me desferir esse golpe certeiro, em seu lugar também estaria, querida.

— Senhor, eu...

Que infernos!

— Pode parar com essa porra de "senhor", isso só serve para meus subalternos, Ninna. — ordeno num pequeno sobressalto e me inclino para a frente, projetando meu corpo para cima dela e da sua boca tentadora. Seu rubor me permite saber que estou lhe intimidando e isso é gratificante para mim.

— Me sinto como uma serva nesta casa e enquanto me sentir assim, vou continuar a te chamar de sr. Herondale, a menos que me obrigue ao contrário. — sua voz é dura e cheia de tensão enquanto ela desvia sua atenção para longe de mim, agora Ninna me ignora e isso me enlouquece. Me manter impassível diante dessa mulher é quase aimpossível. — Vai me obrigar a parar de chamá-lo de, "senhor", sr. Herondale?

No momento, não, depois verei isso, srta. Griezmann.

Sorrio para ela e me divirto com sua carranca espontânea e a devolvo com uma piscadela a mais. Ainda indeciso, bastante indeciso, pra ser sincero, saio da minha pequena e instável zona de conforto, ultrapassando o muro imaginário que nos afasta e volto a me aproximar dela, ficando a ponto de tocá-la, no entanto, me contento em quase fazê-lo. Parece que manter essa proximidade é essencial para meu bem-estar emocional. Gostaria que fosse diferente, mas não há formas para que nossa situação mude, por enquanto, ao menos.

— Seu comportamento é aceitável, em partes, mas não significa que eu vá aturá-lo sempre, Ninna, deveria ponderar sobre. — sugiro enfático e ela revira os olhos, cruzando os braços em sua frente. — Por que é tão fria comigo? — pergunto num pequeno esforço de mantê-la aqui por mais tempo... perto de mim. Esse pensamento é inquietante há tempos. — Não te atraio nem um pouco?

— Você é bonito — já ouvi isso outras vezes, bonequinha. —, entretanto, suas atitudes me fazem pensar que sua alma é horrorosa e não consigo gostar de alguém que me mantém em cárcere quando sabe que daria tudo para ir embora daqui. — sua resposta objetiva me derruba. Como ela consegue fazer isso? Por que ela faz isso?

— Então você voltaria à maison e seria feliz para sempre? — não consigo deter meu senso irônico e ataco da forma mais adequada e conveniente. — Não seja tola, Madame Lars está falida e não demorará muito para que seu estabelecimento feche de vez. — balbucio com um auxílio da minha pouca tenacidade e apoio as mãos sobre o vidro gelado, ao seu redor, fitando sua boca entreaberta.

— Você é um monstro e nunca nos casaremos como tanto quer, nunca serei sua, sr. Herondale. — ela dispara duramente e se levanta de forma desajeitada e me confronta com seu olhar censurador, como se estivesse me acusando de uma crime hediondo. — Você me dá pena.

Sua última frase faz meu sangue ferver e perco o controle de vez. Posso ter mantido a pose de homem impassível até agora, entretanto, minha cota diaria de afrontas foi esgotada. A empurro contra a mesa e sem lhe dar a chance de se opor, a ergo no ar e faço se sentar na mesa da forma mais brusca que consigo, com as pernas abertas, ficando entre elas, na altura do meu quadril e seguro seu rosto com as mãos com força, obrigando a garota a olhar para mim.

 

Bruscamente invado seus lábios sem pedir licença. Lhe beijo forte. Sua língua quente enroscou-se na minha em movimentos circulares e espontâneos de ambas as partes, aparentemente. Aprofundo o beijo conforme o passar dos segundos, movimentando-me sobre ela. Pouco a pouco vou lhe deitando sobre minha mesa de trabalho, sem me importar com os objetos aqui existentes e sem interromper o beijo que está cada vez mais forte e prazeroso. Minhas mãos deslizam sobre suas pernas e dou leves apalpadas em ambas.

Minhas mãos estavam desenfreadas, passeando em seus cabelos e o ar já começava a me faltar. Fui em busca do seu pescoço, onde meus lábios deslizaram para sua nuca. Apertei firmemente meus olhos, aproveitando aquela sensação prazerosa, ainda mais. Estava avançando bem mais que havia previsto e quando minhas mãos alcançando os seus seios ela me empurrou para o lado com toda a força que conseguiu. Seus olhos nublam como se estivesse se sentindo humilhada e isso me faz voltar a mim, então me afasto, recuando até a parede lareral do escritório.

A única verdade óbvia, é que quando o assunto é Ninna, eu nunca sei como me comportar. Ficamos presos em um olhar interminável e cauteloso. Ambos apreensivos, estava me sentindo culpado e com um turbilhão de sensações que o maldito beijo havia causado em mim. Em minha garganta, um nó fazía-se presente. Mil pensamentos rondavam a minha mente, mas eu não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Um silêncio profundo instalou-se, calando um momento de tensão.

Toda a cor havia sido drenada do meu rosto, enquanto o meu sangue se transformava em lanças de gelo e o medo disparava velozmente em meu corpo. Em seus olhos repulsa e seus lábios contorciam-se. Coração acelerado, respiração pesada. Acredito que nos encontramos extamente iguais, pelo menos superficialmente.

— Desculpa, eu não... — não consigo explicar minha atitude irracional, não há explicação, apenas me aproximo instintivamente, mas ela se afasta.

— Ninna, eu juro que...

— Me deixa em paz, sr. Herondale. — ela gritou e saiu do escritório, batendo a porta com força... muita força.

Ela entendeu tudo errado?

— HARRY HERONDALE


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Notas finais do capítulo

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