Yes, Sir escrita por Asynjurr


Capítulo 2
First


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Ótima leitura!



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O N E

Yes, Sir


Londres,
23 de Fevereiro de 2016;

 

II.

Segundo o verbo To Be, "ser" e "estar" significam a mesma coisa, mas eu discordo totalmente, exemplificando: Você pode "ser" um monstro ou pode apenas "estar" agindo como um, ou seja, "ser" e "estar" são coisas totalmente distintas, conseguiram acompanhar meu raciocínio?

Há exatamente dois anos eu estava com uns amigos no centro de Paris, viagem de férias. Corremos, ríamos sem motivos. Um bando de idiotas vulneráveis a qualquer mulher bonita que estivesse afim de uma noite animada, não vou ser grosseiro com as palavras, mas você deve ter entendido o que significa "noite animada" na linguagem masculina. Na verdade, eles eram vulneráveis, eu, não, sempre fui bem mais esperto que Dereck e Grant. Sabia o que fazer sempre, sempre conquistando tudo em volta.

A vida me fora generosa; meus pais morreram há três anos e fiquei afortunado, como diz minha tia Phoebe Herondale, mas... E se isso não fosse o suficiente? Não sou do tipo que se contenta com o necessário, eu posso tudo, sou Harry Jones Herondale e o peso do meu sobrenome cairá sobre qualquer um que se opuser às minhas vontades, pareço muito escroto, arrogante, prepotente, ou até mesmo, egocêntrico pra você?

Permitam-me que eu explique um pouco sobre meu caráter dúbio, leiam com atenção, ou tentem, ao menos. Acredito que tudo seja questão de ponto de vista.

Uma vez, mais precisamente no meu décimo terceiro aniversário, o papai me levou a uma 'casa de bonecas', ele disse, corrigindo-me, ele ordenou: escolha uma e perca sua virgindade de uma vez, garoto estúpido. Ainda assustado, apontei para a primeira que surgiu em minha frente e subimos a um dos quartos.

Porra, papai, você queria que perdesse minha virgindade daquele jeito mesmo? Com uma prostituta que eu nunca tinha visto na vida?

Mas não, não foi ali que seu queridinho virou homem, queria tanto dizer a ele que naquele dia aquela mulher e eu jogamos pôquer enquanto ela me contava sobre sua vida miserável, rimos entre os goles da bebida sem álcool.

Depois disso, ele me levou pra ver um jogo idiota de beisebol, embora soubesse que odeio o esporte, onde cochilei até o final do jogo e o ouvi praguejar até em casa pelo time que torcia ter perdido de forma vergonhosa para o visitante, entretanto, não foi só isso, teve um pequeno e indecoroso interrogatório sobre minha suposta primeira vez:

— Você fodeu a vadia?! — ele me indagou com tanta expectativa destacada entre as poucas palavras sujas, enquanto parava o carro na garagem subterrânea. Eu mal conseguia controlar a respiração, estava assustado e você também estaria se tivesse um pai igual ao meu.

— Bem... — fui obrigado a pigarrear, olhando fixamente em uma direção qualquer, ele me espancaria se soubesse o que Maia e eu fizemos naquele quarto. Não podia e não queria decepcioná-lo. — Acho que sim... papai. — sempre fui péssimo pra mentiras, por sorte, ele havia bebido muito vinho antes de voltarmos pra casa.

— Bom garoto, então gostou do seu presente de aniversário?

"Não", lembro-me de responder mentalmente, sentindo minha garganta queimar, amargando minha má sorte corriqueira. Minha pulsação, numa fração pequena de segundos começou a se alcamar gradativamente. Contrariado, continuei caminhando ao seu lado para dentro da casa pintada de amarelo... um amarelo horroroso.

— Acho que todo garoto de 13 anos deveria ganhar um presente assim. — havia ironia naquela resposta, mas ele estava absorto demais para entender o duplo sentido daquela frase, talvez o velho Herondale não fosse tão esperto quão pensávamos. — Diria que foi inesquecível, agradável também.

— Vai querer voltar lá amanhã? — mais perguntas ao longo do caminho curto, perguntas que não mereciam respostas. Cada vez me sentia pior por estar mentindo com tanto descaramento, no entanto, estava salvando a mim e a Maia, não iria titubear.

— Acho que eu gostaria de escolher minhas mulheres sozinho, papai. — tomei coragem para palpitar sobre minha vida estúpida, rezando mentalmente para sair vivo daquela conversa desagradável.

— Ótimo, Jace e lembre-se: mulheres só servem pra figuração, são ótimas para levarmos a um jantar, apresentar aos amigos, contudo, desnecessárias nos negócios; use-as, ame-as, mas esteja sempre no controle da relação ou vai acabar como seu tio Claus, falido e em uma clínica psiquiátrica.

Sempre foi assim, cobranças e mais cobranças, Deus, se é que ele existe mesmo, não pode estar bravo por eu não lamentar a morte do papai, entretanto, da mamãe sinto falta e me sinto sozinho, às vezes, mas lembro-me de quem sou e onde estou e toda a saudade passa. Todo meu amoralismo deve-se a ele. Diante de tantos exemplos ruins, tornei-me adepto do epicurismo, corrente filosófica fundamentada numa visão rigorosa e materialista do universo, onde o verdadeiro prazer repousa sobre a eliminação de qualquer fator gerador de dor e sofrimento. Sua moral é a busca exclusiva do prazer. Meu resquício de benevolência deve-se a adorável Anne Herondale.

III.

— Senhor, a srta. Griezmann... — Louis LightWood, o imprestável, entra no meu escritório às pressas, sem bater, afobado, mais uma vez, parece até que vai ter um ataque cardíaco a qualquer momento e pela expressão facial, sinto que trouxe problemas. — Ela conseguiu fugir.

O quê? Como? Vai se foder, Louis!

— Porra, só mandei ficar de olho nela por uma hora e você a deixou escapar, seu idiota! — rosno para ele que se encolhe e vira o rosto na direção contrária quando seguro na gola da camisa entre os dedos curvados para baixo. — Mandei ficar de olho na Ninna, seu retardado, era muito simples, LightWood.

— Me desculpe, senhor, ela disse que...

— Reza pra ela aparecer, porque se a srta. conseguir escapar, não gostaria de estar no seu lugar. — sem usar das meias palavras, o empurro contra a mesa em minha frente e pesco o celular do paletó, discando o número do chefe dos meus seguranças pessoais, mantendo Louis em meu campo de visão, me esforçando muito para não avançar contra ele que parece ter perdido toda a cor do rosto. — Simon, o perímetro da fazenda está vigiado como lhe ordenei? — pergunto aos berros, caminhando de um lado para o outro, ouvindo um sonoro e mecânico "sim, senhor" contido do outro lado da linha. — Ótimo, faça seu trabalho direito e quero a garota de volta a qualquer custo, está me entendendo? — gostaria de ter soado mais rude, no entanto, confio em Simon Diggory e sua equipe, afinal, são o melhor que o dinheiro pode comprar em termos de segurança.

— Mais uma vez, eu queria lhe pedir desculpas, senhor, juro que não esperei que ela fosse pular da janela do primeiro andar. — ouço as explicações fajutas de Louis, impaciente, me esforçando muito para não desferir um soco no rosto do nanico incompetente. Ele parece estar com medo de mim, isso é ótimo. — Eu sinto muito, senhor.

— Não mais do que eu, posso lhe garantir. — resmungo entre os dentes semicerrados, tentando não perder as rédeas da situação... novamente. — Sele o meu cavalo e um pra você, iremos procurá-la e se hoje for seu dia de sorte, a encontraremos logo e tudo ficará bem, caso contrário, sabe o que acontecerá, Louis e eu não gostaria de estar no seu lugar.

Sim, senhor. — o tolo murmura, pausadamente, alternando a atenção entre mim e a porta entreaberta, saindo, somente, após lhe dar meu olhar mais congelante. Às vezes me indago sobre ainda não ter demitido esse inútil de uma vez por todas.

IV.

Olhar nos olhos, tentar enxergar a alma alheia como se fosse algo palpável, você já tentou? Conseguiu? Como se sentiu ao tentar?

Roupas bonitas, sapatos caros, joias de valores absurdos e sorrisos alinhados e mais brancos do que em qualquer comercial de creme dental, oh, meus queridos, não se enganem e tomem muito cuidado ao desejarem qualquer pequena coisa que seja, o universo te ouve, eu te ouço, me atrevo a dizer que posso sentir o que ela sente ao me ver e não é apenas medo... Muito maior do que o sentimento torpe mencionado mais cedo.

"Sim, senhor", as palavras saíam entre seus lábios, inundadas de lágrimas, perdidas em meio ao seu medo... Sua devoção.

A palavra "senhor" pode significar um título nobiliárquico, um homem distinto, entretanto, também pode me designar; apenas um homem que pode ter tudo o que quer. Para algumas: Um Deus, para outras: Um demônio, depende de quem você é e do que eu quero de você.

A bela, Ninna Griezmann teve o azar, ou, quem sabe, a sorte de cruzar o meu caminho, numa Maison, no centro de Cannes. A filha da dona do estabelecimento 'alegre', a intocada e mais desejada de todas as meninas, minha escolhida, embora seja arredia como um cavalo indomável e bonita como um raio de sol em um dia nublado.

Acredito que tudo é questão de quem somos e por quais razões somos, não vai demorar muito e, logo a francesa aprenderá a me respeitar devidamente, afinal, sou o seu senhor, o destinado à ela, mesmo que demore um bom tempo para que, Ninna entenda como as coisas funcionam aqui.

Mais que infernos! Para onde ela foi?

Estamos procurando por Ninna há horas e nenhum sinal de vida. A garota não pode simplesmente ter desaparecido; essa fazenda é a propriedade mais segura de todo o povoado, no entanto, parece que isso não é o suficiente para deter...

— Ninna... — seu nome ecoa subitamente em minha garganta. Ela está caída no chão, logo em frente, entre alguns arbustos e merda, parece muito machucada. Não posso perdê-la, não vou perdê-la.

— Harry Herondale


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Notas finais do capítulo

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