Histórias Cruzadas escrita por Milena Corrêa, Ayhenyc


Capítulo 14
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Harry havia aberto o alçapão, agora ambos olhavam com o auxílio da lanterna o local abaixo. Não tinha escada, assim a única forma para descer era pulando, não era alto parecia ter cerca de um metro de altura. Harry foi à frente, não precisou de muito esforço para descer. O espaço era apertado, só cabia um de cada vez e ainda por cima tinham que andar curvados.

Charlotte que havia colocado a mochila de Harry em frente ao peito pulou e seguiu o rapaz. Em certa altura do túnel tiveram que engatinhar, Harry precisou até segurar a lanterna com a boca, andaram um bom trecho desta forma. O local era cercado por terra, mas havia algumas madeiras que serviam como escora.

— Isso parece uma mina abandonada. – analisou a garota. – Ou algo que foi feito as pressas.

O rapaz permaneceu em silêncio, já que permanecia levando a lanterna na boca. Em certa altura do túnel viram algumas madeiras caídas e um pouco de terra, provavelmente as escoras haviam cedido por algum motivo, isso dificultou a passagem, pois tornou-a ainda mais estreita. Continuaram pelo caminho, mas, já estavam ficando cansados e chegavam a sentir dificuldades para respirar.

O túnel era desnivelado, em alguns pontos quase impossível de passar, ao chegar a certo ponto puderam sentir cerca de um palmo de água, esta que foi aumentando à medida que iam engatinhando. Não demorou muito para conseguirem escutar o barulho de água correndo, o que os trouxe um pouco de alívio, pois provavelmente estavam próximos de um riacho.

Em certa altura Harry parou, havia a frente dois caminhos um deles era visível que dava direto na água, pois podiam ver que o fluxo de água vinha daquela direção, por fim escolheram a direção oposta à água, mas não foram muito longe, pois se deparam com uma rocha. Tiveram que voltar e seguir o único caminho que restou.

Enquanto atravessavam, para tentar distrair-se dos acontecimentos Charlotte deixou os pensamentos vagarem tentando imaginar o motivo da existência do túnel, e embora tenha tido diferentes ideias decidiu por crer que o túnel provavelmente foi criado, há muitos anos, para servir como alguma espécie de rota de fuga aos moradores da casa, principalmente ao levar em conta as guerras tão frequentes na antiguidade

A água já tinha alcançado parte da mochila, Charlotte não dava muita importância a isto, mas Harry estava preocupado. No entanto conseguiu enxergar um foco de luz a poucos metros, assim que chegou mais perto pode ver que tinham alguns pedregulhos que tampavam a saída. Tentou empurrá-los de uma vez só, mas não conseguiu, então empurrou uma de cada vez, todas com certa dificuldade, até abrir uma brecha com tamanho suficiente para que conseguissem passar.

Saíram dentro de um riacho em meio a uma espécie de floresta, tinha mato para todos os lados, árvores grandes, só podiam escutar o cantar dos pássaros e o barulho da água correndo entre as pedras.

A claridade quase os cegou devido ao tempo que passaram no escuro, boa parte de suas roupas estavam molhados bem como os tênis que estavam encharcados. Saíram do riacho e sentaram-se em uma pedra grande que havia na margem.

— Onde estamos? – perguntou Charlotte, a garota estava curiosa e ao mesmo tempo receosa. – Isso é uma floresta? – olhava a sua volta. – Mas ainda existem florestas por aqui?

Harry ficou pensativo com tudo o que a garota lhe disse, até que por fim opinar:

— Olha não sei te dizer onde estamos. – disse o mais calmo possível. – Mas isso aqui parece ser uma espécie de reserva florestal.

Tirou o casaco colocando-o em cima da pedra ao seu lado.

— Coisa boa respirar ar puro. – comentou Charlotte.

— Verdade, estava me sentido sufocado lá dentro. – franziu o cenho um pouco enquanto olhava para o céu. – Já deve ser perto do meio-dia.

— É...– sentiu a barriga roncar pela sétima vez. – Acho que deve ser por isso que estou com fome.

— Acho que tem meio pacote de biscoito recheado na mochila.

— Nossa! Tem de tudo na sua mochila.

— De tudo não. – sorriu. – Mas algumas coisas necessárias.

— Você sempre foi assim? – questionou enquanto pegava os biscoitos no primeiro bolso da mochila. – Um garoto prevenido.

— Não, passei a ser assim, depois que comecei a participar do clube dos escoteiros no verão.

— Hum... – comia os biscoitos com vontade. – Quer? – ofereceu-lhe.

— Não, obrigado! – disse. – Acho melhor procurarmos algum lugar para passarmos a noite. – olhou ao redor.

— Aham. – concordou com a boca cheia. – Vou ver se consigo achar onde estamos – pegou o celular do bolso do casaco. – Não temos sinal. – largou a mochila, ficou em pé em cima da pedra, ergueu o celular a procura de sinal, enquanto isso Harry verificava os objetos de dentro da mochila, por sorte não havia molhado muito, a parte onde estavam os livros estava intacta, sentiu-se aliviado.

Charlotte tentava a todo custo conseguir sinal, por fim a única coisa que conseguiu foi se desequilibrar, caindo sentada dentro d'água, pegando Harry desprevenido, o qual não teve tempo de fazer nada a não ser rir da garota toda molhada.

Ela apenas riu de si mesma e depois deitou por completo na água, ficou boiando por alguns segundos, até Harry se manifestar:

— Bom, vou buscar alguns gravetos, para acender uma boa fogueira. – levantou.

— Não demore! – gritou.

Harry saiu em busca dos gravetos, no caminho encontrou algumas árvores frutíferas, eram silvestres, bem comuns a região. Tirou a camiseta para colocar as frutas que colhera e continuou a pegar os gravetos. O rapaz estava preocupado, pois não tinha ideia de onde estavam, sem contar que aquele lugar tinha árvores densas o que tornava bem fácil de se perder, o mesmo ia marcando as árvores com o canivete, assim, saberia o caminho de volta. Porém não podia mostrar sua preocupação, Charlotte já parecia apavorada o bastante.

Charlotte saiu da água, tirou as roupas e as torceu, depois vestiu-as novamente, pegou o casaco de Harry estendeu-o em cima de um dos galhos retorcidos de uma árvore próxima e sentou-se ao pé da mesma. Resolveu procurar o celular de Harry quem sabe o dele tinha sinal, mexeu no segundo bolso da mochila, encontrou papel higiênico, escova de dente, creme dental e um pacotinho no fundo, pensou que seria um pacote de balas, mas errou feio era um pacote de preservativos. Se deu conta somente no momento em que já tirado da mochila e estava com eles na mão. Escutou um barulho e viu um arbusto se mexendo, dali aos poucos foi surgindo Harry, sem camisa carregava os gravetos em mão e sua camisa em cima dos mesmos.

— Oh! – disse olhando-o, ele tinha um belo físico, peitoral definido, assim como os braços, a barriga não conseguiu ver, pois os gravetos estavam na frente.

Harry franziu o cenho e entortou os lábios em um meio sorriso enquanto se aproximava, seus olhos demonstravam diversão, mas nada disse. Largou os gravetos a poucos metros de onde estava a garota. Os gravetos se chocaram no chão e com o barulho Charlotte desviou o olhar de Harry e então notou que estava com o pacotinho em mãos, escondendo-o rapidamente atrás de si.

O rapaz sentou-se ao seu lado, colocou à sua frente a camiseta aberta revelando as frutas recém colhidas, a garota percebeu que este era o motivo do jovem estar com o tórax amostra.

— O que foi? – perguntou.

— Nada. – respondeu ainda com uma das mãos para trás e a mochila em seu colo

Harry comeu uma das frutas e pode notar que a mão de Charlotte se apertava cada vez mais envolta da mochila.

— Algum problema? – encarou-a.

Balançou a cabeça negativamente, mordendo o lábio inferior e disse tentando mostrar indiferença:

— Nenhum! – colocou uma mecha dos cabelos atrás da orelha, com a mão que antes apertava a mochila, visto que a outra continuava atrás de si.

— Hum... – tirou a mochila do seu colo, Charlotte apenas o encarou enquanto Harry se aproximava aos poucos, parando a poucos centímetros de si colocou a mão no seu maxilar e foi deslizando devagar até a nuca, depois passou o dedão de leve por uma das bochechas retirando um cílio que ali estava.

Charlotte se sentiu arrepiar com o toque suave do rapaz, estava tão desconcertada que nem notou que com a outra mão o mesmo em um movimento rápido pegou o que ela estava escondendo.

Só notou quando um sorriso safado pairou em seus lábios e seus olhos brilharam divertidos.

— Então, – começou. – esteve inspecionando minha mochila?

— De fato, – optou por entrar na brincadeira. – Queria ver o quão prevenido era.

— Hum... – olhou para sua boca de forma provocativa. – E, eu passei no teste?

— Uhum. – murmurou.

Harry quebrou a distância que tinha entre eles e a beijou.


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