Pequenos Contos escrita por Tah Madeira


Capítulo 28
365 Dias (Parte 5)


Notas iniciais do capítulo


Olá...

Eu sei demorei demais, confesso que passei por um bloqueio enorme, fazendo até com que eu queira desistir da história, mas cá estamos.

Vi que a maioria dos pedidos no capítulo anterior foi para um hot, e vcs sabem que sou péssima nesse tipo de descrição, então não sei como ficou, espero que gostem.

Boa leitura.



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DIA 180

O sol já estava mais fraco, tinha até uma brisa suave, uma tarde perfeita, tenho Isabel em meu colo, ela já não que mais ficar deitada, quer ficar em pé, olhando para a frente, como se entendesse onde estávamos indo, ela estava usando um vestidinho branco, e uma toquinha, mas os fios de cabelos rebeldes insistiam em aparecer, já fazias pequenos sons, típico dessa fase dos bebês,  nada que pudéssemos decifrar, Aurélio tem uma mão que se reveza, por vezes em minha cintura e costas, a outra segura a cesta e ainda tem a bolsa de Isabel no ombro.

—Acho que embaixo daquele carvalho está bom, o que acha meu amor? — ele diz apontando o dedo para a árvore enorme que estava poucos metros à frente de nós.

—Pode ser, tem uma sombra boa.— parei e me virei para ele—  Segura ela e deixa que eu arrumo as coisas.— ele deixa a cesta e a bolsa no chão e pega a filha, que sacode os braços e dá seus gritinhos ao ver a cara feliz do pai, ajeitei  a toalha sobre a grama, os alimentos que arrumei junto com Tenória, peguei o cobertor e uma almofadinha da bolsa de Isabel e quando iria chamar os dois me deparo com mais um cena de carinho entre os dois, Aurélio tem Isabel deita em seu colo, sua boca "mordendo" a barriga dela, as pequenas mão dela agarrada em seus cabelos,  ele fazia barulhos e ela sorria.— Ei vocês dois, está tudo pronto, podem vir.— ele ajeita de pé em seu colo, que tinha o rosto vermelho e os olhos brilhando.

—Vamos lá que a mamãe está chamando a gente.— ele caminha até mim, eu estiquei meu  braço para pegá-la, quando Isabel quase está em meu colo Aurélio a puxou, novamente estiquei meus braços ele faz a mesma coisa,  Isabel sorri, sei bem a brincadeira que ele faz, já o tinha visto fazer com a irmã na tarde anterior, Tenória deixou a sala emburrada, agora ela entendia o porquê.

— Aurélio!!— o chamo, porém ele permanecia a fazer e a filha a rir, ela cruza os braços.

— Acho melhor eu dar você para a sua mãe, está vendo aquela cara?— ele a deixa de pé em seu colo e apontou para mim— É  de quem não está nem um pouco contente, quem sabe eu dando você vejo um sorriso brotar naquele rosto— ele vai dizendo e se aproximando de mim, mas não só a põe de pé  em meu colo, como se põe atrás de mim e continua com o seu quase monólogo para única e atenta espectadora, que não perdia uma palavra do que ele dizia, pareciam ignorar a minha presença— Sua mãe mudou muito  desde que a conheci e mais ainda depois que você nasceu, que veio até nós, quem diria que a Rainha do Café, estaria em uma tarde aqui, sentada na grama em um piquenique— seu queixo repousa em meu ombro, sinto uma mão dele em  minha cintura, sua outra mão no rosto de Isabel— Mesmo quase seis meses após a sua chegada em nossas vidas ainda somos surpreendidos com inúmeras coisas, minha filha,sua mãe durante o dia banca a durona, porém não são raras as noites em que  eu acordo e ela não está ao meu lado, mas sim no seu quarto, ao lado do seu berço, admirando você dormir eu a espero chegar e finjo— virei meu rosto para olhar o seu, ele está sorrindo.

— Até parece que você não faz o mesmo— digo e volto a olhar Isabel no ponto em que ela boceja, a ajeitei em meu colo, a deitado— Sabe minha filha, seu pai aqui banca o bobão, o tudo bem, o mais calmo de nós dois, mas precisava ver quando ontem mesmo você rolou na cama, e por instantes não caiu, o gritou que ele dele foi o que assustou você, por isso o seu choro que foi ouvido por quase toda a fazenda, eu precisei acalmar ele para poder pegar você e só depois de um tempo o choro dos dois parou. —  falei sorrindo, passando o dedo no narizinho dela.

—  Mas foi um momento grave, eu sempre deixei a pilha de travesseiros e no dia em que eu não fiz, sua filha resolveu fazer exercícios na cama.—  ele comentou pegando a mamadeira e me alcançando— Acho que alguém está com sono— Aurélio se põe atrás de mim novamente.— dou a mamadeira, mas pouco ela bebe, o sono parece ser maior, me afastei um pouco dele para ajeitar ela sobre a almofada.

—  Quer comer algo?—  perguntei, ele apenas sinaliza que não, voltei para a minha posição anterior, apoiei minhas costas no peito dele, sua duas mão abraçam meu corpo, logo meus dedos entrelaçam com os deles, ficamos olhando a pequena dormir em nossa frente, quase seis meses e eu ainda me perdia olhando-a.

—  No que pensa—  ouço sua voz perto do meu ouvido, seu queixo voltou a ficar apoiado em meu ombro.

—  Em como ela não só mudou a nossa relação, mas a  mim mesma.

—  Isso é bom?—  sua pergunta vem junto com o seu toque em nossa aliança em meu dedo.

—  Muito bom—  falei sem hesitar—  E você no que pensa?

—  Em que não houve decisão melhor na minha do que resolvermos aceitar ela em nossas vidas, que nunca lembro que ela não nasceu de você.—  virei para ele, olhei aquele azul que tanto amava, voltei um pouco meu olhar para o bebê dormindo serenamente, quantas vezes eu mesma esqueci esse detalhe tão pequeno, eu  a cada dia a amava mais e mais, a ponto de apenas a olhar assim meu coração acelerava, da mesma forma quando eu olhava para Camilo, para Aurélio.

—  Sim, não nasceu de mim, mas para mim, para nós.—  meu olhar voltou para o dele, tinha os olhos marejados —  Eu a amo tanto Aurélio— cheguei meus lábios mais perto dos dele— Amo tanto você.—  enfim o beijo.

DIA 195

O barulho da água ecoava pelo quarto, me aproximei do banheiro, e lá estava Julieta ajoelhada, Isabel dentro da banheira sentada, a água mal chegava a cobrir suas pernas, mas a danadinha conseguiu espalhar a água, eram pés e mãos batendo, e sorria.

— Achei que você iria dar um banho nela, mas parece que ela quem deu banho em você—  não podia deixar de sorrir ao falar, vendo a esposa praticamente toda molhada.

—  Sua filha é tão bagunceira quanto você—  ela fala enquanto sentei na borda, o que penso ser o pior, ao me ver  Isabel bate mais os pés e as mãos, espalhando mais água.— Veja só.

—  Eu falei que eu dava banho nela.

—  Claro, daí eu teria que tirar os dois do banho, e além do mais estava toda suja do jantar dela.

—  Sim to vendo—  levo os dedos até o cabelo dela e tirou um pouco do feijão amassado que pousou depois do prato ir ao chão e espalhar a comida, uma tentativa da filha pra pegar o pratinho—  Acho que você precisa mesmo de um banho— mostrei para ela a comida.— Deixa que eu a visto e a coloco para dormir, tome seu banho sossegada meu amor.— beijo sua cabeça e peguei um Isabel sorridente e limpa—  Vamos lá minha filha, você já aprontou demais com a sua mãe.— digo saindo dela, antes que ela protestasse, nos últimos dias Julieta vinha agindo estranho, Olegário estava em viajando, resolvendo alguns dos negócios dela, desde a vez que Isabel não se acostumou a ficar só com um de nós, ela não viajou mais. Então nesses dias Julieta estava diferente, queria Isabel com ela o tempo todo, por duas noites a criança dormiu com eles, em outras noites ela dormiu no quarto da filha, não tinham brigado, nem mesmo algo do tipo, mas sentia algo no ar, vou pensando nisso enquanto visto a menina, agora ela se mexia mais, queria ficar rolando, querendo pegar as coisas, então era uma tarefa que demandava mais tempo.

—  O que será que sua mãe tem?—  perguntei e ela parou de se mexer e ficou me olhando—  Você também percebeu o quanto ela está diferente?— conversa mais consigo, mas Isabel solta  mais um dos seus sons — Ela não falou nada para você, sim porque vocês andam muito juntas.


 

— Acho que essa água já deve estar fria?— estava parado na porta do banheiro, Julieta ainda estava na banheira, olhos fechados, mas assim que ouviu minha voz, olhou para mim e sorriu, dei uns passos ficando ajoelhado em sua frente, sua mão molhada tocou meu rosto.

— E Isabel?— seus dedos traçam linhas em minhas face, beijo a sua palma antes de falar.

— Dormiu antes de eu terminar de vestir ela, acho que a folia do banho a cansou.

— Ou vocês dois aprontaram demais juntos— seus dedos desceram para meu pescoço, beijei seu braço, sabia bem onde aquelas carícias iriam levar— Você me alcança a toalha?— ela diz e logo se põe de pé e respiro com uma certa dificuldade ao vê-la nua, não era a primeira, e certamente não seria a última vez que a veria desse modo, mas ainda assim perco a respiração e os meus olhos vagam pelo corpo dela.—Aurélio, você me ouviu?— engulo em seco, e a olho e vejo um  olhar divertido diante da minha reação.

— Sim— falei ao me afastar e pegar a toalha, mas não alcanço, abro o tecido em minha frente, ela apoiou um braço sobre o meu e sai da banheira, se põe de costas para mim, ficou colado ao corpo dela então envolvo o corpo dela com o tecido felpudo, prendendo a toalha sobre os seus  seios, ela virou para mim, seus olhos com uma cor diferente do habitual, talvez assim como os meus, era um olhar de desejo, um rosto perto do outro apenas centímetros, sua boca se abre, seus olhos se fecham, minha mão já está em sua cintura, minha ereção dando sinais, sem ao menos termos trocados um beijo, era simplesmente o efeito dela sobre mim, beijei seu pescoço, um pouco do seu colo, subi para seu queixo, quando eu iria tomar sua boca um choro chega até nós, deixo minha testa na dela.

— Deixa que eu vou— ela diz desfazendo o nosso contato, quando mais uma vez nossa filha chorou— Você não está em condições— sorri para mim ao olhar para baixo, a vejo se afastar, soltar a toalha, olhar para trás me provocando sorrindo, por fim colocou seu roupão e saiu.Para mim não restava mais nada do que tomar um banho e me livrar daquela situação.

 

—Você acredita que a danadinha só voltou a dormir após eu contar uma história, sem falar na mamadeira que dei também.— diz assim que abre a porta, deixo o livro que lia de lado, Julieta caminha até a cama, ainda vestindo o roupão, senta ao meu lado soltou os  cabelos que não tinha lavado, passa a mão pela nuca, como quem quer se livrar da tensão.

— Cansada? — ajoelhei atrás dela e passo minhas mão por seus ombros, massageando de leve.

— Um pouquinho — sua cabeça reclina para trás, encostando em meu peito, aproveito e beijo sua testa, vejo em seu olhar o mesmo que tenho visto nos últimos dias, um a preocupação.

— O que você tem meu amor?— acabo perguntando, não me controlando, mas não tenho resposta, apenas se levantou,  eu volto a sentar na cama.
 

Julieta  caminha como quem vai até o banheiro, mas volta, eu apenas espero, então ela sobe na cama e senta em meu colo, pondo uma perna de cada lado, sua mão segurou meu rosto e me beija, com urgência, meus braços abraçam seu corpo, em segundos o clima de momentos atrás do banheiro voltou, ela desce seu beijo para meu pescoço, sugando com força  perto da minha nuca, eu seguro em seus cabelos a puxando delicadamente para mim, tomo sua boca, a invadido com minha língua, seus dedos já trabalham nos botões da camisa do meu pijama, sem muita paciência, alguns botões simplesmente são arrancados pelo puxão que ela dá, logo se desfaz do tecido liberando meus braços, arranhando de leve minha pele por onde suas mãos passam descendo por minha barriga, parando na cós da minha calça, sua mão entra por dentro da peça, enquanto as minhas desfaz o laço do roupão, deixando seu corpo nu a mostra, minhas  descem o tecido por seus delicados braços, mas parei o meu movimento ao sentir seus dedos apertam meu membro, o roupão fica preso em seus cotovelos, minha cabeça vai para trás, meus olhos fecham e aprecio os seus movimentos, um suave vai e vem, sua boca repousa na curva do meu pescoço, quando os movimentos ficam mais rápidos, minha cabeça tomba para frente, ficando escorada em seu ombro.

— Julieta— consigo sussurrar— Eu não vou...— mas não consigo terminar a frase, sua mão se soltou de mim, ajeitou sua postura, ficando ereta, termina de tirar o roupão, suas mãos se fixam em meus ombros, olhando em meus olhos senta melhor sobre mim, nossas intimidades tão próximas, mas sem encaixarem, ela sobe e desce, sua pélvis roçando em minha barriga, uma mão em seu seio direito, minha boca encontra o esquerdo, e quando ela sente o contato, ela para, levanto o meu olhar sem tirar minha boca de onde está, e vejo ela jogar a cabeça para trás, seus olhos fecharem e morder o lábio inferior, a minha mão livre desceu por seu corpo encontrando onde mais desejava tocar, passo um dedo e sinto o quão molhada está, não a penetro, apenas deixo ele ali, e ela quem se movimenta, mas retiro a mão repousando ela em sua nádega, minha boca troca de seio, seus movimentos estão me enlouquecendo, precisava estar dentro dela.— Julieta.— seu olhar encontra o meu, e novamente vejo em sua íris o desejo, sua pele estava quente, seus lábios murmuram algo, sua boca se aproxima do meu ouvido e ouço "agora", deixo as minhas duas mão em sua cintura, sua mão encosta em meu membro, direcionando em sua entrada, e entro nela, suas pernas enfraquecem e seu corpo tombou, sua unha encrava mais forte em meu ombro,  certamente terei muitas marcas, eu fico parado, por fim ela começa a se mexer comandando, um ritmo lento, subindo me fazendo sair quase por completo dela e descendo com tudo, fazendo eu ir fundo, uma mão sai de meu ombro para poder ganhar impulso na cabeceira da cama, fazendo que seus seios toquem em minha face, os beijo sugo, mordo levemente um e outro, o barulho aumenta, assim como os gemidos, sinto o suor escorrer de suas costas, da minha testa, sinto exatamente quando o clímax se aproxima para ela, sua respiração se acelera assim como os movimentos mais rápido, mais selvagem, meu membro cada vez pulsando mais enquanto é apertado por ela, deito um pouco mais meu corpo, conseguindo assim estocar na mesma velocidade que ela, é era o que ela precisava, uma, duas, na terceira sua mão espalmada em meu peito, agarrando uns poucos pêlos, enquanto a sinto vibrar e gemer um pouco mais alto, gozei junto com ela, apertando suas costas a mantendo bem próxima de mim, continuei com as estocadas, fundas e lentas, Julieta desaba sobre mim, deitando seu corpo por completo, mole, relaxado, não desfaço do nosso contato, ficando dentro dela, apenas a respiração querendo se normalizar é ouvida, aliso suas costas, os dedos dela passam por um dos meus braços— Acho que vamos precisar de outro banho— digo quando consigo recuperar a voz.

— Eu não consigo nem me mexer— ela sussurrou tão baixo— O que fez comigo Aurélio?— ouço uma risada fraca, segurei em sua cabeça a fazendo olhar para mim, ainda tinha suor em sua testa, o rosto avermelhado, não mais que a boca e pescoço, onde minha barba passou castigando sua pele, em seu olhar aquele brilho de satisfação, de prazer.

— O que a senhora fez comigo melhor dizer.— ela voltou a  se ajeitar melhor e desfaz o nosso contato, ao sair de dentro dela causou um gemido rouco, que a faz encostar  a testa sobre meu queixo— Tudo bem? — ela apenas faz que sim e volta a deitar a cabeça sobre meu peito, eu a abraço e com um jeito consigo pôr um lençol sobre nós.
 

DIA 196

A encontrei  no jardim, Isabel em uma colcha sobre a grama com vários brinquedos, estava de bruços, batia os bracinhos e pernas.

— Vem com a mamãe —Julieta chamava ajoelhada na frente da pequena. Eu ria da tentativa falhada de fazer a filha engatinhar.

—Do que está rindo Aurélio. —fala sem olhar para mim.

—Como sabe que eu estava aqui?

—Sua risada denunciou, e ela  fica assim desse jeitinho quando você está por perto.

—Desculpa de ela não resiste ao meu charme —digo sentada ao lado dela, passando meu braço por sua cintura —Sabe que está cedo para isso?

—É bom estimular —sua cabeça repousa em meu ombro.

—Aí —encolhi involuntariamente meu ombro.

—O que foi? —perguntou olhando para mim

—Nada só um pouco dolorido de ontem. —falei sorrindo, ela abre a boca e a fecha.

—Desculpas.

—Não tem porque se desculpar, meu amor — falei  passando meu braço por seu ombro. —Veja —apontei e Isabel tinha puxado a colcha com a mão e alcançado a boneca, depois virou  seu corpo e brincava com o objeto. Ficamos uns minutos observando.

—Ontem era aniversário de Susana —ouço Julieta falar e então entendia o porque das últimas atitudes dela.—Por isso eu andava estranha. —percebo em sua voz tons de medo, receio.

—Você sabe que ela é nossa, que ninguém pode tirar ela de nós. — sua cabeça apenas confirma. Meus dedos entrelaçam os delas e ficamos vendo Isabel brincar.

DIA 215
 

O choro nem era forte, nem alto, era um leve resmungar, porém mesmo assim despertei, abri os meus olhos com uma sensação de aflição, Aurélio dormia ao meu lado, parei um minuto achando ter certeza que ouviu certo, e novamente aquele chorinho baixinho demais, coisa que só para quem estivesse atento poderia ouvir, ou como dizem coração de mãe, levantei, colocando o robe por cima e deixei o quarto apressada, dando alguns poucos passos até o quarto de Isabel, e vi acordada, choramingando.

—O que você tem minha pequena?— ao ouvir a minha voz seu choro parou e ao me ver debruçada sobre o berço, estica seus bracinhos, a deixei de pé em meu colo, verifiquei sua roupa, ainda seca, os resmungos de choro dela começou de novo, desci e peguei a mamadeira que sempre ficava pronta, enquanto aquecia o leite o choro dela aumentou um pouco mais.— Calma meu amor, já fica pronto a sua mamadeira— comecei a embalar ela, mas não tive o efeito desejado, o choro permanecia, a mamadeira ficou pronta, mas não era fome que ela tinha, a embalava em meus braços e nada de ela se acalmar— O que foi minha filha?— converso com ela, como se ela fosse me falar o que estava acontecendo, pousei meu lábios sobre a testa dela e vi que ela estava mais quente que o normal, tinha febre, subi e dei o remédio que Rômulo indicou para esses momentos, pensando que se a febre não cedesse teria que chamar o médico, deu as gotas indicadas, acalentou ela mais um pouco em seu colo, sentando na poltrona, embalando uma pequena tão inquieta como jamais viu, então timidamente começa a entoar a primeira canção que vem em sua cabeça,

"...Oh, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto..."


Os versos vem baixos, suaves, e tem o efeito desejado, Isabel parece mais calma, seus olhos a olham intensamente, vou passando o dedo por seu rosto e volto a cantar o único  verso que me vem da canção.

"...Oh, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto..."

 

— A  mamãe não lembra do resto da música. — fico em silêncio observando aqueles olhinhos  que olham para mim, esperando o fim da canção, então uma voz grave soou pelo quarto.

"...Ai, vem matar essa paixão que anda comigo
Oh, por quem és desce do céu, oh lua branca
Essa amargura do meu peito, oh, vem, arranca.."


Aurélio caminha até nós, rosto amassado, cabelos bagunçados, sorriso no rosto, se ajoelha em nossa frente, passa dos dedos pela face da filha que já tem o ar de sono de volta no rosto, boceja.

— Lua Branca de Chiquinha Gonzaga.— ele diz, apenas fiz que sim— Não é bem uma música infantil.

— Eu sei, mas é única que me veio na cabeça.— falei embalando um pouco mais ela. a deixando de pé em meu colo, toco em sua testa e já não está mais quentinha, deixo a cabeça dela  apoiada em meu ombro, agora eu apenas cantarolava mais baixo a música, apenas a melodia da canção

— O que houve? — Aurélio perguntou, ainda ajoelhado.

— Ela teve um pouco de febre, mas já passou.

— Ela dormiu.— diz assim que ficou de pé, após beijar a filha.

— Vou levar ela conosco.— afirmo assim que fico de pé.

— Sei que sim, eu mesmo iria sugerir isso.—deixamos o quarto dela indo para o nosso. 

Eu a ajeitei na cama seu corpinho colado ao meu, seu dedo logo agarram alguns fios soltos do meu cabelo, passo os dedos por seu rosto, penso em como ela dorme do mesmo jeitinho de Camilo, quanto tinha a oportunidade de dormir junto dele, sempre agarrado em mim, era em momentos assim assim que eu tinha mais certeza da frase, não nasceu de mim, mas para mim.
 

Aurélio se junta a nós deita do outro lado, deixando Isabel no meio de nós, beija meu rosto e a cabeça da pequena, sua mão repousa sobre a minha que está apoiada nas costas de nossa filha.


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Notas finais do capítulo

Digam aí o que acham.... Não sabem como isso ajuda.



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