(Re)Lembrar escrita por Dani


Capítulo 10
Coisas demais


Notas iniciais do capítulo

Gente quero pedir desculpas pela demora, embora eu ame muito essa história, é um pouco difícil escrever ela, pois além de trabalho, faculdade e outras histórias em andamento, tento sempre manter o equilíbrio do universo e inocência do desenho, com a imagem mais amadurecida e profunda que quero passar e acabo me demorando, eu espero que esse capítulo esteja bom, e que lhes agrade muito e agradeço a todos que ainda me acompanham ♥



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Um silêncio excruciante havia se instaurado na pequena loja de pets mágicos. Andy e os outros meninos haviam decidido ir embora a pouco tempo atrás, claramente confusos com a situação, mas também notando que o momento era particular.

Os especialistas estavam sentados amontados em um canto, opostos a um grupo de fadas aflitas, Nabu estava sentado no meio, quase que conectando as duas fileiras enquanto Aisha segurava firmemente sua mão, como se com medo de que ele se esvaísse ao menor afrouxar de seu aperto.

Olhares que quando antes se cruzavam, mostravam paixão e devoção, agora só demonstravam medo, confusão e um certo desconforto. Palavras não ousavam ser ditas pelo grupo de fadas, que para falara a verdade não sabiam nem o que dizer.

Flora e Musa tinham expressões de dor e agonia estampadas, cobrindo uma vez ou outra com as mãos os lábios comprimidos enquanto tentavam descobrir ao certo o que sentiam, Bloom olhava fixamente, com uma expressão incompreensível em seu rosto, elas pareciam ter mil perguntas, mas não tinha coragem de fazê-las. Stella era a que todos esperavam que tivesse uma reação mais abrupta, mas foi a que mais rapidamente havia se controlado, talvez pelo choque, ou por entender que se desesperar naquele momento não era a melhor respeita.

E Tecna, havia calculado todas as possíveis e impossíveis variáveis do quão permanente aquilo podia ser e não chegou a lugar nenhum. O que fez com que a fada da tecnologia, lógica e razão expressasse algo incomum... Medo do desconhecido.

Brandon pigarreou, quebrando o silêncio.

— Então, deixa eu ver se entendi... Enquanto falava, uma cicatriz embaixo de seu queixo, o curativo em sua bochecha e os cortes em seu lábio vermelho e ressecado, dançavam sobre sua pele agora pálida Nós...Nós erámos seus namorados?

As Winx assentiram juntas, enquanto Nabu e Aisha observavam a interação dos amigos.

Brandon arregalou os olhos, sorrindo entusiasmado.

— Quer dizer que eu era namorado de uma princesa? — Falou sem conter a empolgação, o que fez Stella sorrir.

— Na verdade — A princesa de Solaria começou — Éramos noivos.

Brandon ficou boquiaberto, chacoalhando um Sky e Riven impaciente ao seu lado. O loiro pigarreou, fazendo Brandon voltar a sua postura, mas ainda demonstrando uma leve empolgação.

Stella não conseguia parar de sorrir.

— Bem, então — Sky tomou a palavra, deixando sua postura rígida de príncipe transparecer — Não me entendam mal meninas, mas acho que falo por todos quando digo que não temos nenhuma lembrança de vocês, ou dessa viagem que dizem que fizemos para trazer o Nabu, na verdade... — Ele coçou a nuca, e fraquejou em sua confiança, mostrando novamente um olhar vazio e confuso, olhando para o mago — Entre a sua morte e você estar aqui de novo, é tudo um borrão.

Nabu sorriu em solidariedade, sentindo novamente o aperto de Aisha em sua mão, enquanto ela se deitava agarrando-se possessivamente ao seu braço.

— Na verdade — O moreno começou — É confuso pra mim também, estou ouvindo sobre a viagem, a flor e a magia que me trouxe de volta, só agora, e sei, pelo menos um pouco do que estão sentindo — Olhou para a namorada — Mas confiem nelas, sei que não lembram, mas essas fadas são realmente pessoas muito importante para vocês.

Os especialistas se olharam novamente. Os garotos pareciam conversar através do silêncio de seus olhares. Murmúrios inaudíveis ecoavam pelo pequeno círculo que haviam feito. Vez ou outra algum deles olhava para as fadas aflitas sentadas do outro lado da sala.

E então se afastaram, e Timmy suspirou para começar a falar.

— Vocês têm alguma prova? — O ruivo falou, olhando para Tecna, por algum motivo que nem mesmo ele entendia.

Sem demora, a fada da tecnologia pulou da cadeira se dirigindo ao computador ainda ligado a poucos metros delas, ela apertou algumas teclas, virou a tela para que todos pudessem ver e apertou enter.

Na tela, imagens dos especialistas passavam em seus diários de bordos, mostravam parte da nave, e histórias eram contadas. Os meninos se levantaram um por um, aproximando-se devagar das suas imagens, a surpresa era visível em seus rostos, eles estavam se vendo em um lugar que não lhes era familiar, estavam contando histórias que não lembravam de ter vivido, descobriram o motivo de seus machucados e ossos quebrados. E ouviram de si mesmos, ou pelo menos uma versão de si mesmos, o amor e a saudade que sentiam daquelas fadas que não lembravam ter visto antes.

O braço de Timmy latejou no momento que viu seu corpo machucado e desacordado nas gravações que assistia, fazendo com que ele segurasse o membro engessado. Tecna o olhou preocupada, mas se segurou para não ir até ele.

— Isso... — O garoto de um passo para trás — Isso, não faz sentido.

Nabu saiu de perto de Aisha, que se forçou a soltar o garoto. O mago se aproximou de Timmy ainda de pé, e o segurou pelos ombros.

— Para mim também não fez muito sentido Timmy, mas aparentemente... — Engoliu em seco enquanto corria seus olhos entre as fadas e as imagens pausadas no computador — Vocês conseguiram me trazer de volta, vocês me salvaram.

— Mas por que não lembramos de nada — Hélia se pronunciou pela primeira vez, chamando a atenção da fada das flores — Não nos lembramos dela.

— Eu não sei ao certo, mas no vídeo — Nabu apontou para o computador — Em alguns deles, vocês falam que esse seria o preço a pagar.

— Nossas memórias? Mas isso não faz sentido, se nós as conhecemos antes de conhecer você, por que lembramos de vocês e não delas ou da viagem? — Hélia questionava, fazendo o gigante curativo que cobria sua bochecha, se mexer.

— Vocês disseram que o preço a pagar... — Flora começou perdendo as palavras quando os olhos de seu amado viraram contra si, ela sentiu seu corpo tremer levemente e recomeçou — Vocês disseram, que o preço a pagar seria o que mais amam.

Hélia encarava a fada, soltando um “oh” após sua explicação, ele parecia perdido no olhar da garota, mas não sabia o porquê.

Novamente um silêncio desagradável reinou no lugar, mas desta vez não se demorou a ser quebrado. Brandon suspirou alto, assoviando.

— Bastante coisa para assimilar eu diria.

— Para todos nós, eu diria — Stella tentou interagir, recebendo um sorriso do garoto, que a desconcertou.

— Como assim, vocês não sabiam? — Riven perguntou, sem hostilidade na voz.

— Não, acabamos de ver suas gravações, vocês decidiram que sair sem nos contar seria melhor — Musa respondeu, segurando o melhor que podia sua emoção, mas deixando um pouco de mágoa ressoar em sua voz.

Riven surpreendentemente não parecia irritado com a represália que havia acabado de receber, na verdade ele parecia triste e ainda mais cabisbaixo, o que quebrou o coração da fada, essa não era sua intenção.

— Eu acho que por hora o melhor seria voltarmos para o apartamento — Sky voltou a falar, chamando a atenção de Bloom, a quem ele olhava nos olhos — É como disseram, é coisa demais para assimilar — Ele assentiu para a garota ruiva — Para todos nós, não queremos magoá-las, mas acho que precisamos de um tempo para digerir tudo o que ouvimos e... — Ele engoliu em seco — Vimos, e acho que vocês precisam assimilar tudo que o que aconteceu também.

Bloom abriu a boca para falar algo, mas Timmy foi mais rápido.

— Eu concordo com você Sky, acho que depois de um boa noite de sono, talvez as coisas fiquem mais claras e... — Ele olhou Tecna, e sentiu seu coração acelerar e seu braço quebrado doer — Mais fáceis de ser debatidas.

Os outros especialistas assentiram, inclusive Nabu. As Winx os olhavam da mesma forma de antes, era realmente coisa demais acontecendo em um período relativamente curto de tempo, os garotos que haviam saído não pareciam ser os mesmos que haviam voltado, não pareciam ser os mesmos dos vídeos e isso as incomodava. Fisicamente todos pareciam mais magros, pálidos e cansados, além é claro dos novos machucados que exibiam em seus corpos. Suas feições e olharem pareciam vazios, sua personalidade menos confiante e ligeiramente amedrontados após verem a última gravação enviada.

Eles pareciam... Vulneráveis.

Nabu se juntou a eles, após uma despedida longa da namorada.

— Eu vou acompanhar vocês.

Aquilo fez um certo peso no coração das fadas ser aliviados, é claro que se eles sabiam que tinham um apartamento em Gardênia é por que muito provavelmente sabiam o caminho para ele, mas não queriam arriscar, então ter a presença de Nabu que parecia bem e são, as acalmava.

Os garotos sorriram gratos para o mago, se despediram com rápidos acenos e saíram da loja. Do lado de fora, eles olhavam para a cidade como se não a conhecessem, ou pelo menos não conhecessem aquela parte da cidade, o mais velho os guiava pelas ruas até sumirem de vista dos olhares atento e preocupados das suas namoradas (?). Que após não os verem mais, desabaram.

Não, elas não choravam, seus olhos se enchiam de lágrimas, mas poucas eram as que escapavam. Elas olhavam para o nada pensativas, angustiadas e incomodadas. As garotas sabiam que eles estavam bem e vivos e isso era o suficiente, mas a falta de suas memórias, e principalmente de suas memórias sobre elas, partiam seus corações. Aisha olhava as amigas, se reconhecendo em seus olhares e expressões, ela sabia que não era a mesma situação, mas que ainda assim doía, não conseguia pensar em palavras que poderiam trazer algum conforto naquele momento, então apenas se sentou ao lado das amigas até que elas se sentissem abertas para falar.

Stella foi a primeira.

— Eles estão vivos... — A princesa murmurou.

— E se esqueceram completamente de nós — Musa falou em seguida, com uma voz baixa e carregada de dor.

— Mas pelo estão vivos — Bloom soltou, se levantando — Amigas, eles estão vivos, fizeram um sacrifício e cumpriram sua promessa.

Aisha desviou o olhar das amigas, com um leve sentimento de culpa pesando em seu peito. Tecna apertou o ombro da morena, chamando sua atenção.

— Eles estão vivos, eles estão aqui, todos eles.

Aisha entendeu, as outras a olharam com a mesma ternura que Tecna a encarava.

— Eles precisam de nós, agora mais do que nunca — Flora falou sorrindo, enquanto enxugava os olhos embargados.

Elas assentiram. Uma energia mais alegre e esperançosa começava a tomar conta da loja de pets mágicos. As Winx sabiam que a situação não era das melhores, não era a ideal. Seus namorados estavam machucados, fracos e com uma tristeza no olhar que lembram de jamais ter visto nas faces confiantes e orgulhosas dos especialistas. Sim, elas estavam tristes e recuperando-se de um choque, mas eles estavam vivendo com esse choque, e mesmo que não soubessem disso, precisavam delas.

E elas iriam ajuda-los da mesma forma que eles sempre fizeram.

[...]

Distante, em um lugar escuro e que emanava uma energia negativa e pesada, uma garota de longas unhas azuis gélidas, arranhava uma bola de cristal que apresentava as imagens de 6 garotas chorosas e com pequenos sorrisos reunidas em um abraço em grupo.

— Eles voltaram — A voz grossa de Ogron surgiu logo atrás da bruxa, surgindo por seu pescoço, enquanto ele a segurava pela cintura.

Icy sorriu, se virando para ficar a centímetros do sorriso psicótico do feiticeiro ruivo. Ela alisou as bochechas pálida do homem.

— Sim, iremos começar a agir, espero que já tenha se recuperado completamente — Ela sussurrou ao fim — Meu querido feiticeiro.

Ogron sorriu, estendeu o braço para a parada e com uma rajada de energia roxa, uma cratera se formou na pedra sólida. Icy não conseguiu evitar gargalhar perante a demonstração de força, se virando para olhar novamente para o orbe de vidro, que agora mudava a imagem mostrada.

— Quando colocarmos o meu plano em ação, elas nem saberão o que as atingiu — Icy se gabou.

E arranhou novamente o globo de vidro, que agora mostrava os especialistas inquietos e indefesos.


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