Brothers – Chapter Eight – Luffy

Condado de Nevada, Califórnia. O sol já os aquecia com seus primeiros raios, era cedo, mas eles gostavam de ver o nascer do sol juntos de sua pequena casa. Luffy e seu avô, Garp. A relação dos dois sempre foi arisca, pois, o mais velho exigia muito de seu único neto. Luffy fora abandonado pelo pai quando ainda era mais novo. Deixado aos cuidados do avô, ele era uma criança muito saudável e sorridente, sempre vendo o lado positivo das coisas. Isso era o mais admirável nele.
— Ei moleque, você está pronto? – Garp falou, em tom de desafio.
— Claro que sim vovô. – A risada infantil ecoou nos ouvidos do mais velho.
Ao ouvir a afirmação do mais novo, o mais velho começou a ensinar alguns golpes de luta. Era um velho veterano da marinha americana que agora vivia aposentado cuidando de seu neto, e a única forma que ele via de cuidar dele quando não estivesse mais perto era ensinando o que sabia a Luffy. Eles treinavam todo o dia, apenas com a pausa do almoço, depois, ficavam até anoitecer. Essa era uma das coisas que fazia Luffy feliz. Apesar de seu avô ser exigente com ele, gostava de ter aqueles momentos com o velho, que era a única família que tinha.
A noite caia, as estrelas iluminavam o céu do condado, tudo estava tranquilo e calmo.
— Luffy... – Garp começou, atraindo a atenção do mais novo - Eu vou deixar você com a Makino por um tempo, não esqueça de treinar todos os dias. – Encerrou, recebendo um aceno afirmativo do neto. Makino era uma velha conhecida, gerente de um bar muito conhecido do condado, todo tipo de gente andava lá. Até um certo ruivo.
— Vou poder ver o Shanks de novo! – Luffy já dizia animado. Gostava muito do amigo, era para si como um mentor, uma aspiração, era quem Luffy mais admirava. Shanks era um homem gentil, brincalhão, mas, que também era muito sério quando a situação exigia que ele fosse, defendia sempre os seus companheiros. Mais do que isso, Shanks era como uma figura paterna, um pai que Luffy nunca teve.
— Já disse que não gosto de você andando com aquele ruivo! – Gritou Garp.
— Shanks é uma pessoa legal vovô! – Defendeu o amigo.
— O ruivo é um marginal Luffy! Não tenha ele como um exemplo! – Bateu o punho cerrado na mesa, fazendo um grande estrondo. Não gostava da ideia de seu neto interagindo com esse tipo de gente, mas o que poderia fazer? Makino era a única pessoa em quem confiava para cuidar de Luffy, que desde pequeno sempre gostou muito dela. Sabia que Makino mantinha algum tipo de relação com aquele ruivo, não entendia como uma moça tão correta e gentil teria se envolvido com aquele marginal.
— Já chega, eu vou para a cama. – Luffy levantou da mesa, deixando o prato vazio e os talheres ao lado, batendo forte a porta do próprio quarto. Estava irritado. Como seu avô achava que tinha o direito de falar aquelas coisas horríveis de Shanks? Adormeceu sem ao menos perceber quando havia acontecido, viajando para a terra dos sonhos onde Shanks o levava para conhecer todos os melhores lugares do estado da Califórnia, pois sabia que o homem viajava bastante e nunca se estabelecia em algum lugar. No meio de seus sonhos, a voz de seu avô se fez presente.
— Luffy! Acorda! – Um susto fez com que ele caísse da cama, se embolando no lençol de estampa infantil. – Hoje eu vou deixar a Makino cuidando de você, tenho alguns problemas para resolver. – Dito isso, o mais velho saiu do quarto. O sorriso do mais novo se alargou no rosto. Estava feliz. Iria ver Makino e, provavelmente, veria Shanks de novo.

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— Não crie confusão Luffy. Eu volto daqui há alguns meses, obedeça a Makino. – Avisou o mais velho, recebendo a afirmativa animada de Luffy. – Não quero saber de você andando com aquele ruivo. – Finalizou e se virou, sendo seguido por um pequeno com uma carranca.
Se despediu dele, deixando-o aos cuidados da mulher gentil e de cabelos esverdeados, filha de um velho amigo seu e partiu.
— Você está com fome Luffy? – Perguntou sorridente. O garoto balançou a cabeça fervorosamente. Claro que ele estava! Ele sempre estava com fome. Makino o levou pela mão até a cozinha, onde preparou o prato favorito dele, carne.
— Quando o Shanks volta Makino? – Perguntou de boca cheia.
— Ele volta amanhã. Você está ansioso para vê-lo? – Perguntou, já sabendo a resposta. Sorriu ao receber a afirmativa empolgada do garoto, se lembrando imediatamente do amado, divertido, mas também sério quando se precisava.

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— E então BUM! Eu consegui acertá-lo com um soco! – Certo garoto contava empolgado ao amigo – Mas isso não machucou o vovô. – Falou baixinho, para que ninguém escutasse.
— E você acha que com isso pode vir comigo nas viagens Luffy? – Shanks gargalhou, sendo seguido por seus amigos. O bar estava muito movimentado e alegre aquela manhã, eles haviam chegado! A música tocava alto e todos comiam e bebiam, depois de uma longa viagem.
— Eu não sou mais criança Shanks! – Exclamou irritado. Odiava que o tratassem como um bebê.
— Claro que não. – Bagunçou os cabelos do menor, bebendo sua cerveja.
De repente um barulho estrondoso afetou os ouvidos de todos, eram eles, os bandidos mais infames da cidade. O líder deles se aproximou do balcão.
— Eu quero toda a bebida que vocês tiverem – Disse num tom rude.
— Desculpe, mas nós não temos mais bebida alguma. – Makino se prontificou a avisar. O homem a olhou irritado, mas logo sua atenção foi desviada para o ruivo, que disse.
— Nós temos essa garrafa de whisky. – Estendeu-a em direção ao homem.
— VOCÊ ACHA QUE ESSA PORCARIA VAI ADIANTAR? – Gritou, atirando a garrafa no chão, que se desfez em pedaços, espalhando todo o líquido.
— Me desculpa Makino, mas pode me arrumar um pano? – Se ajoelhou, catando os cacos de vidro espalhados.
— Oh, deixe que eu cuido disso. – A mulher se apressou em correr para os fundos do bar, voltando com um esfregão.
— Lixos... – O homem resmungou com escárnio na voz.
— Ei seu lixo! Não fala com o Shanks desse jeito! – A voz infantil de Luffy ressoou aos ouvidos do ruivo, e quando deu conta da realidade, o homem já o estava segurando pela blusa, com a mão aberta na direção do garoto, pronto para lhe desferir um golpe.
Foi então que Shanks tomou a dianteira, e num movimento rápido socou a cara do homem, que soltou Luffy imediatamente, fazendo-o cair num baque surdo no chão.
— Você vai me pagar por isso... – Sussurrou, deixando o local com seus capangas.
— Você está bem Luffy? – Perguntou preocupado.
— Se você não tivesse interrompido, eu teria quebrado a cara dele! – Gritou furioso.
— Você seu moleque? HAHAHAHAHA – Começou a rir, sendo ovacionado por seus amigos.
— Você não devia deixar as pessoas te tratarem desse jeito Shanks! – Cruzou os braços, tomando o restante de seu suco.
— Sabe Luffy, as vezes existem coisas mais importantes do que o nosso orgulho, ou o nosso ego, você vai entender isso no futuro. – Deu um mínimo sorriso, terminando a bebida em seu copo.
— Você é estranho. – Resmungou pensativo.
Naquele momento as palavras de Shanks não faziam sentido nenhum para si, mas ele iria descobrir, mais tarde, que haviam coisas mais importantes do que o orgulho ferido, ou estar por cima de tudo. E que eram essas coisas que ele levaria para sempre.