Brothers – Chapter Two – One more morning

Os primeiros raios do sol começavam a atingir a pequena fenda na janela da cabana de madeira onde os três irmãos dormiam. Aquilo não podia ser chamado de lar, longe disso. Não havia encanação, nem água, apenas uma velha lamparina que pouco iluminava quando se precisava dela, mas, mesmo assim era o canto perfeito para aqueles três. Um esconderijo natural, feito pelas mãos deles, onde as motos repousavam no fundo e seus corpos podiam descansar tranquilos sabendo que nenhum mal os atingiria.

— Ace, Luffy levantem. – Ainda sonolento, o loiro se aproximou do irmão e o balançou, Ace resmungou algo e Luffy apenas virou para o outro lado na pequena cama de solteiro, deixando Sabo extremamente irritado. Revirou os olhos, toda manhã era a mesma coisa! Respirou fundo para não perder a pouca paciência que tinha, se preparou para o golpe final. Posicionou suas mãos na frente do corpo, com as palmas inclinadas de lado, o golpe foi rápido e certeiro na testa dos dois irmãos.

— Isso é jeito de acordar alguém Sabo? – Ace reclamava, massageando a testa dolorida.

— Preciso de água, vocês vão pegá-la no rio ou não? – Comentou já tirando uma pequena leiteira de uma prateleira improvisada, ligando o pequeno fogaréu.

— Okay, vamos Luffy. – Chamou, puxando o mais novo pelo pulso, que ainda dormia em pé.

Não viviam na melhor das condições, mas também não era na total miséria, eles decidiram assim. Viver uma vida simples ao extremo, por si só, com o pouco que ganhavam e isso bastava para eles. Eram garotos com bons corações, que ajudavam a quem precisava, sempre que podiam, mas tinham uma péssima mania de arrumar confusões desnecessárias.

Logo os outros dois voltaram com alguns baldes de água, Sabo terminou de preparar o café. Depois deles tomarem um breve banho, pegaram as motos e dirigiram em direção a cidade. Para o trabalho ‘pesado’, ganha-pão deles.

Chegaram ao centro comercial de Hollister, pouco movimentado como sempre, entraram naquele conhecido restaurante da região, o Baratie. Era lá onde gastavam suas manhãs trabalhando, ganhavam o suficiente para suprir as necessidades básicas.

— Bom dia velho Zeff! – Ace cumprimentou.

— Bom dia chef Zeff. – Sabo falou mais calmo.

— Velhote! – Luffy com sua animação típica de sempre o cumprimentou. Se não fossem seus ótimos reflexos, teria levado um chute bem no meio da barriga.

— Vão trabalhar, logo isso aqui vai estar lotado. – Disse simplesmente, depois voltou tranquilamente a leitura do jornal que segurava em mãos, sempre atento à movimentação.

Sabo e Ace colocaram os aventais, junto com as toucas e começaram a preparar o almoço especial que serviriam aquele dia. Eram cozinheiros muito bons, com exceção de Luffy, que estava ali apenas para servir os clientes. Era um emprego tranquilo, sem nenhuma confusão anormal, calmo e constante como sempre. Logo algumas pessoas chegavam, o mais novo deixou a cozinha e fora atender a clientela, voltando com alguns pedidos, pratos rápidos que poderiam ser preparados para um desjejum, afinal ainda eram oito da manhã.

— O Sanji não vem? – Sabo perguntou ao irmão mais novo.

— O velho disse que ele tinha alguns deveres a cumprir em San Diego. – Comentou, entregando mais uma nota, dessa vez nas mãos de Ace. Que se espantou de início, mas logo abriu um largo sorriso.

— Se me derem licença rapazes. – Tirou o avental e a touca, passou a mão nos cabelos negros e foi em direção ao salão do local onde ficavam dispostas as mesas.

Os outros dois foram observar ao longe o irmão mais velho, que se direcionou a mesa de uma bela moça, que eles reconheceram como a garçonete da noite passada. Eles conversavam animadamente sobre alguma coisa, Ace acenava com a cabeça repetidas vezes, com um sorriso radiante, depois abraçou forte a moça que ficou corada instantaneamente, mas deu um sorriso tímido em resposta, se despedindo logo depois.

— E então? – Sabo começou.

— Deu certo? – Luffy perguntou esperançoso.

— Sim! Eu irei falar com o encarregado agora, preciso que você aguente as pontas por mim Sabo. – Falou se aprontando, tirando o avental e a touca, se olhando no pequeno espelho na parede da cozinha.

— Eu consigo dar conta de tudo agora, mas por favor, volte antes do horário do almoço, você sabe como isso lota. – O loiro alertou.

— Certo. Me desejem sorte. – Ajeitou o casaco nas costas.

— Boa sorte. – Sabo e Luffy falaram em uníssono, vendo Ace falar com o velho Zeff e depois sair com a garota.

— Se isso der certo nós vamos poder finalmente levantar mais fundos para nossa viagem Luffy! Isso não é demais? – O loiro sorria, animado.

— Sim, isso é demais! – O mais novo respondeu, na mesma empolgação. – Já vou! – Gritou para alguém e saiu do campo de visão do irmão. Já haviam anos que sonhavam com aquilo, uma viagem com suas motocicletas rumo as suas cidades natais. Sacramento, lugar de origem de Ace. San Francisco, lugar de origem de Sabo e por fim, condado de Nevada, onde Luffy havia nascido e passado a maior parte de sua infância.

Pouco sabiam sobre a vida uns dos outros antes de se encontrarem em Hollister naquele festival de motos, alguns anos atrás, mas dali surgiu um forte laço de irmandade, mais forte até do que a morte. Juraram a si mesmos estarem sempre um com o outro, não importa o quê, nem quando. Dividiram copos de bebida para selar aquela aliança, sobre a careta de Luffy devido ao gosto do líquido e uma gargalhada enorme dos dois mais velhos. Aquilo nunca seria esquecido.

— Sabo? – Ao ouvir a voz do irmão a lhe chamar, voltou de seus devaneios.

— Sim? – Respondeu ainda meio aéreo.

— Aqui está um pedido. – Estendeu o pedido ao mais velho, este pegou o papel um pouco desconfiado, voltando para o salão.

Não era comum pedirem suco de blueberry com laranja, na verdade, desde que começara a trabalhar ali nunca havia recebido um pedido tão específico assim. Dois ovos mexidos na manteiga, com bacon em cubos e suco de blueberry com laranja. Essa mistura o lembrava uma lembrança outrora esquecida de sua infância em San Francisco, das tardes com uma velha amiga.

Mas não poderia ser ela, poderia? Pensou Sabo assustado. Correu para a porta, dando uma olhada geral no salão e a viu, sua aparência ainda era a mesma de quando a havia visto pela última vez, antes de deixar San Francisco. Ela o implorou que não a abandonasse, que não a deixasse só, mas ele não poderia ter levado a jovem garota com ele. Quando a garota fez menção de olhar para o lado, Sabo voltou a cozinha para preparar o prato, considerando se deveria ou não falar com a garota. Koala não teria vindo até aqui só por ele, isso era improvável, não era?