Ironias do Amor escrita por Lyse Darcy


Capítulo 9
CAP 09 – Um homem Ironicamente Fragmentado




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Semanas haviam se passado, e na mesa do trabalho, uma garota de sardas estava distraída, pensava em todos os momentos terno e cheio de paixão que passara com Ben Solo. E suspirava, a cada lembrança revivida. Olhava em direção ao monitor, porém não mirava absolutamente nada.

A garota se remexeu em sua cadeira, impaciente não conseguia fixar sua atenção nas atividades do escritório, meneia a cabeça, a fim de voltar as suas atividades, mas as coisas estavam difíceis, as imagens brotavam em sua mente, o que dificultava o seu esforço em ser racional. Ela fechou os olhos, e sentia todo o amor, carinho vindo do homem era real, vivo e intenso. E a fez soltar um sorriso.

A medida que o tempo passava, ela sentia um peso imenso do cotidiano do escritório, e as regras ali a deixava muito tensa não gostava dos casos que o escritório defendia eram tendenciosos e não muito ortodoxos e, nesse momento, um rapaz moreno a sua frente faz um aceno como se tivesse pedindo ajuda para ser resgatado. Como que saindo do encanto, a garota de olhar perdido, volta sua cabeça em direção da voz.

— Chamando Rey para terra! – Ainda com um sorriso no rosto o rapaz diz. – Cara, você está assim com um olhar perdido há alguns minutos. Algum enguiço com essa audiência de instrução? Se quiser posso ajudar. – Falou descontraído olhando para a tela do computador da moça.

— Ah... Oi? Não precisa, está tudo sob controle. – Falou dando um sorriso fraco para o rapaz. E em seguida ele torna a conversa.

— Hum! Que bom! Então, eu é que preciso de uma mãozinha aqui, meu computador travou. – Rey nas poucas semanas que estava no escritório angariou a fama de “conserta tudo”, pois ela era muito habilidosa em ajeitar as máquinas a sua volta. Portanto, não demorou muito e todos ali sempre pediam a sua ajudinha para reparar alguma coisa. Assim, a garota de olhos esverdeados se levanta e vai em direção da mesa de Finn, para ver o que travava aquela máquina.

— Ai, ai! Você sempre trava os aparelhos que manuseia! –Falava com um balançar de cabeça em negação, numa risada divertida. Nesse interim um homem de olhar colérico, via a uma certa distância tudo aquilo, e ameaçava em se aproximar da mesa da dupla de estagiários sorridentes. Quando ouviu uma voz irritante atrás de si. Fechou os olhos, numa tentativa frustrada de se controlar.

— Solo! Doutor Snoke solicita a sua presença em sua sala, agora! – O ruivo falava com uma autoridade incerta. Então o homem de punhos cerrados se virou na direção do homem com gel no cabelo, e falou entre dentes.

— Obrigado. Já estou a caminho. – Disse secamente.

(...)

Na sala do Doutor Johannes Snoke, um alemão alto de olhos gélidos e azuis. Esguio na casa dos 70 anos, uma cobra velha cheia de artimanhas e astúcias. A sua sala era muito ampla com móveis requintados e muito antigos, uma estante cheia de livros, tudo isso dava um tom sombrio e austero ao local, sua mesa era de mogno, com uma luminária clareando os objetos ali, e sua mão com seus dedos longos e enrugados tamborilavam na madeira com um anel que tinha uma pedra negra, simbolizava sua formação e o grupo a que pertencia. Tal Organização sombria tinha muitos membros incluindo.  Passou a falar num tom autoritário.

— Solo, o caso da empreiteira I.C.A. para desapropriar a comunidade próxima ao bosque para iniciar a exploração da região e seu entorno. Como anda o litígio? – Falava com um sorriso perverso ao homem à sua frente que o olhava impassível. E sua voz saiu firme.

— Os prazos estão todos sendo cumpridos. Estou pessoalmente me certificando para que não existam mais falhas nesse processo. – Mantinha uma postura firme e fria diante do velho.

— Ótimo! E ... Solo certifique-se que sua mãe não se atravesse em nosso caminho. Cuide para que haja outro juiz para o nosso caso. – Ao falar estas palavras era visível seu desprezo pela Juíza Organa. Ben conhecia a fundo a animosidade que o homem nutria pela juíza, e sabia muito bem o que deveria fazer. E então, disse ao germânico.

— Esse aspecto do processo está sendo minunciosamente supervisionado por mim. –Nesse instante, o velho lobo tornou a examinar o rosto do rapaz a sua frente, numa tentativa de avaliar se havia alguma hesitação da sua parte, e disse tacitamente.

— Lembre-se. Nesse processo, não pode haver qualquer sentimentalismo familiar. –Cruzava os seus dedos magros que apoiavam seu queixo e, concluiu. – São milhões de dólares envolvidos, além disso, teremos o controle e influência no mercado nacional e internacional, portanto, não existe espaço para falhas. O advogado mais jovem, mantém o olhar firme e remenda.

— Não haverá qualquer lapso ou atraso. Esse caso já está ganho. Eu pessoalmente vou garantir isso. – O mais velho sorriu malignamente e disse.

— Nunca duvidei que você seria o meu mais proeminente advogado. – E o fitou com os olhos frios e conclui. – Por hora é só Doutor Solo e, me mantenha informado de todo o processo. – Fazendo um aceno com a mão em sinal de dispensa abaixa o olhar, e nisso o homem à sua frente se retirou. 

(...)

Rey estava em choque ao destravar o computador de Finn e, se deparar com algo tão duro e desumano. Uma ação que o escritório estava movendo contra uma comunidade inteira para ser demovida do local, de modo escuso em favor de uma Mega Corporação denominada, I.C.A. (International Co-operative Alliance) para explorar o minério naquela região, os moradores daquela região seriam privados de seus lares e sua segurança, apenas para satisfazer o ego de um grupo de homens, por dinheiro e poder. Isso fez o estômago da garota revirar.

Os métodos dessa ação eram muito duvidosos e questionáveis, e as cláusulas eram abusivas, para os habitantes do local, e suas indenizações eram ínfimos. E tinha um item naquele contrato que saltou aos olhos da leitora, poderia ser usado maquinários e retroescavadeiras, contra os moradores, caso a população colocasse objeção e sem prévio aviso. Ela olhava para a tela do computador atônita, ainda mais ao ler o nome do advogado responsável por aquele litígio; Benjamin Organa Solo, a cor do seu rosto havia lhe escapado de vez. Nesse interim, Finn num tom preocupado a chama.

—Rey? Sua pressão caiu? Você está pálida? – A garota meneia a cabeça levemente em consternação torna a olhar o rapaz preocupado a sua frente, e inquiri o moreno. – Esse processo que você está protocolando, faz tempo que você está encarregado? – A pergunta da jovem foi como um soco no estômago do homem, que engole em seco e tenta se defender.

— Não muito Rey, apenas algumas semanas, quando um outro estagiário perdeu um prazo dessa ação, e nosso chefinho teve um ataque de pelancas. E o despediu, então eu fiquei com esse pepino. – Mantinha o seu olhar no chão, não conseguia encarar a moça, e emendou.

— Lembra, que precisamos pagar contas e nos manter, além do mais, eu não me orgulho disso, sinto um imenso aperto ao saber disso. – O moreno olhou na face da garota consternada e murmurou.

— Queria poder sair daqui. E, aceitar a proposta de Poe e ir para o escritório dos Organa. – Estava de cabeça baixa ao terminar a frase com o semblante abatido. Assim a garota olha-o nos olhos de modo duro e disse.

— O que está esperando? Saia logo daqui! – E continua sua pronunciação com raiva nos olhos. E sua voz saia ríspida. – E se tiver um lugar para mim por lá eu também irei! – Nesse momento o rapaz a olhava com espanto e a responde.

— Tudo bem Rey. Eu posso falar com Poe, mas não posso garantir muita coisa. Porque não sei como estão as coisas por lá, então fique calma e não vá se adiantar e colocar os pés pelas mãos, e ficar sem esse estágio. Afinal, precisamos de pagar nossas custas. – Nesse momento, o moreno a olhava de modo terno, como a uma irmã. E com um pouco mais de convicção, coloca as mãos no ombro direito de Rey e, ambos sorriram um para o outro.

A garota, agora mais recomposta do choque, ao se deparar com o que tinha acabado de ler. Foi em direção da sua mesa de cabeça baixa, sem olhar a sua volta. Estava decepcionada, mas precisava manter o equilíbrio, a fim de agir de modo calmo e racional, não poderia ser precipitada. Teria que criar uma estratégia para sair dali o mais rápido possível.

Seus pensamentos davam voltas como um looping, e sempre voltavam ao mesmo ponto. Mas, agora com um agravante, ela tinha as evidências de que aquele homem dúbio, não tinha apenas uma aparência de um devorador de almas, ela viu naquelas páginas do processo, que de fato, ele era uma máquina sem coração. O que a fez sentir um nó na garganta. E lutar para não deixar cair as lágrimas.

Lembrou-se dos momentos que teve com Ben, das conversas despretensiosas, dos beijos que trocara com um homem apaixonado e atencioso. E novamente não conseguia absorver aquela dualidade. “Como pude ser tão ingênua e me entregar aquele homem. ” Fechou os olhos e massageava as têmporas, para aliviar a dor, quando ouviu uma voz grave a chamar e, lhe tirar de seus pensamentos.

— Senhorita Jakkes, algum problema?

 O homem à sua frente estava em visível preocupação. A estagiária levantou sua cabeça e seu olhar expressava repulsa, como se estivesse diante de um monstro que precisava ser contido, e respondeu secamente.

— Estou bem, não precisa se incomodar. – A resposta fria da garota, o incomodou de diversas formas. E o pegou de surpresa, não esperava tamanha hostilidade por parte da jovem pálida a sua frente.

Notando os olhares dos presentes naquele recinto caírem sobre eles e, aquele pequeno teatro, mordeu suas bochechas internas, um costume seu, com o intuito de amenizar a irritação e torna a falar num tom autoritário.

— Ótimo. Preciso que você vá a minha sala, tenho um trabalho específico, que não pode ser adiado. – Ao terminar a sentença deu as costas para a mesa e tornou a falar. – Imediatamente senhorita Jakkes. – Caminhou de modo rápido rumo a sua sala.

(...)

No recinto do advogado que intimou sua presença. Rey, estava rígida e impassível. O homem a estudava e se inquiria internamente “o que será que teria acontecido, para ela mudar tão repentinamente”. Tal comportamento distante e ríspido por parte da garota, destoava do que estava acontecendo entre eles há algumas semanas, uma jovem que estava em seus braços tão linda e entregue, não fazia sentido. Quando a voz feminina, o interrompeu de seus pensamentos.

— As atividades que o senhor vai me delegar tem prazo definido? Alguma recomendação especial? – O olhava de modo frio e distante, segurando um bloco de notas e uma caneta. Ben estava confuso não sabia o que falar ou fazer, a fim de, minimizar aquela distância que se abriu entre eles, como que um abismo que surge com um forte abalo sísmico, a reserva da parte da garota o desconsertava, e assim ele dá um passo à frente e fala de modo calmo.

— Rey! Você está tão distante? O que aconteceu? – A garota deu um passo atrás, com o objetivo de continuar o afastamento. Olhava para a sala do homem que tinha uma organização impecável, com uma mesa de madeira escura, um notebook sobre o móvel, uma estante com livros em vários idiomas, a maioria de direito, mas alguns mais raros e peculiares. Em outro momento gostaria de vasculhar aquele tesouro, todavia aquele definitivamente não era o momento e respondeu sem nenhuma convicção.

— Não há nada senhor Solo. – Olhava para os lados, para não encarar o patrão, que teimava em diminuir a distância entre eles.

O homem deu passos em direção da moça de olhar triste. E com os nós de seus dedos levanta o rosto dela de modo gentil, segurando o seu queixo, se deparou com um rosto rosado e uma gota gorda que teimou em rolar pelas bochechas quentes da garota, cuja presença mexia com seus sentimentos. Enxugou as lágrimas dela e sussurrou.

— E o que houve, por que você não me chama pelo meu nome? – Estava se inclinando para selar um beijo naqueles lábios macios e, de repente a moça desvia sua face, a fim de evitar dos lábios se colidirem, dá um passo atrás ganhando espaço entre eles e fala num murmúrio.

— Ben! Não faça isso! – Ela falava em meio a lágrimas. – Não vá por esse caminho! – O homem confuso com as palavras da garota que chorava copiosamente a sua frente e, perguntou de modo ingênuo.

— Não fazer o quê Rey? Me diz? – Estava cada vez mais intrigado com o rumo daquela conversa. A olhava de modo confuso tentando decifrar o real significado daquele pedido. Queria poder interpretar aquela garota que se mostrava cada vez mais indecifrável, parecia uma esfinge, esperando ser decodificada. Nesse momento, a garota num tom de desabafo despeja.

— Eu vi no computador de Finn, um processo no qual há uma ação de despejo de pessoas de suas casas, de sua proteção. De suas vidas! Em troca de que? Poder? Dinheiro?  – Falava de modo horrorizado e alterado. – Isso tudo é muito cruel!

O homem fechou os olhos numa tentativa de se controlar. Cerrou suas mãos em punho e agora o quebra-cabeça se encaixava, entendia o motivo das atitudes indiferentes da garota chorosa a sua sala. Ela não tinha o direito de ler algo tão confidencial como aquela ação, e o estagiário que deixou isso vazar. “Traidor! ” Ele precisa receber uma punição por tal descuido imperdoável. Eram muitas coisas para assimilar. Deu as costas para Rey e, se afastou tomando uma certa distância, engole em seco, e torna a olhar para sua oponente. Com uma expressão dura de pura raiva, e vomita.

— Quem lhe dá o direito de questionar os meus métodos. Ou desse escritório. Dizer o que é lícito ou não? Você não sabe o que está falando, não compreende nada! É apenas uma estagiária e, portanto, suas opiniões e seus conceitos são irrelevantes. – A garota de lágrimas nos olhos ficou perplexa ao ouvir aquelas palavras tão duras da parte de Ben. E então empina seu nariz e vocifera num tom raivoso.

— Você é um monstro! Eu não lhe conheço! E nem sei se conheci algum dia. – O homem a olha de modo duro e num tom de aceite as acusações da garota, responde secamente.

— Sim eu sou!

A garota suspira pesadamente, enxugou uma lágrima gorda que caia e acenou com a cabeça em lamento e virou as costas para o homem que tinha fúria nos olhos e esmagava a sua própria mão em forma de soco. E saiu da sala cerrando a porta atrás de si, sem mais nada a dizer.

Ben esmurrou sua mesa com toda sua força que estrondou no móvel os nós de seus dedos ficaram vermelhos e, espalmou suas mãos na mesa, com um só golpe jogou tudo no chão. Num estalo alto os objetos fizeram ao se chocarem com o chão, nada ficou imune dentro daquela sala, para receber golpes, para aplacar a fúria de um homem fragmentado. Quando sua ira se amainou. Prostrou-se ao chão e chorou amargamente ao perceber que o que ele mais temia aconteceu, Rey conheceu o lado que ele tentou esconder, mas falhou tacitamente. E agora como remediar. Fazer a garota entender aquela situação, e ficar a seu lado. Mas tudo que sentia era um vazio imenso, e um sentimento de rejeição que o corroía por dentro. Então. Enxugou suas lágrimas e pensou consigo. “Ela voltará para mim! ”     


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