Ironias do Amor escrita por Lyse Darcy


Capítulo 10
CAP 10 – Um Mundo Ironicamente Pequeno




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Ao cerrar a porta atrás de si, o chão sob seus pés desmoronou. Sentia um aperto em seu peito que a sufocava. A dor imensa que a embargava. E uma lágrima gorda teimou rolar, por sua bochecha quente. Queria controlar, mas era inevitável sentir aquele pesar. Ela se sentia traída por si mesma por não ter ouvido seus instintos. Um soluço acompanhou sua lástima. O estômago lhe embrulhava e tudo à sua volta rodava.

As coisas pareciam estar em suspenso e passando em câmera lenta. Caminhava até a sua mesa em passos incertos. Todos a sua volta incidia olhares curiosos, para garota de olhos marejados, que acabara de sair de uma sala que se ouvia brados e, logo depois de sua saída estrondos.

O advogado havia ferido a alma da garota mortalmente, e ela nada pode fazer para se defender. Apenas, sofrer a terrível confirmação de que o homem a quem estava começando a sentir algo puro e sincero, não passava de um monstro frio e cruel.

Um olhar em meio a todo aquele escritório a avistava com pura preocupação e consternação ao ver Rey se desfazendo em mil pedaços na sua frente. Finn se levantou e foi na direção dela e pousou sua mão direita sob o ombro esquerdo da menina e falou.

— O que aconteceu lá dentro? Você não está nada bem!

Ao ouvir aquelas palavras, não se conteve mais e desabou em prantos pousando sua cabeça no ombro do moreno que a abraçou, numa tentativa de a consolar, mas sabia que isso era impossível naquele momento. Queria lhe falar algo que a fizesse sentir melhor, porém escolheu o silêncio, a final ela precisava desse alívio. Nesse interim, ele afagou os cabelos castanhos e macios da garota.

Ela se desvincula do abraço e sorriu fracamente e foi ganhando distância do rapaz e, se sentou em sua mesa. Com o rosto inchado de tanto chorar fitou o moreno a sua frente e quebrou o silêncio.

— Não consigo .... Aliás, não posso ficar aqui nem mais um minuto. – Falava com uma convicção o moço que a observava pouco ou nada podia fazer para impedir a garota de fazer qualquer coisa que já tivesse decidido, mas ainda sim se pronunciou.

— Rey, não se precipite! Reflita nas consequências e tudo que está envolvido. Aqui não é o melhor lugar do mundo, mas pelo menos pagamos nossas contas. Fique e pense um pouco.

Nesse momento surge um homem emproado e ladra na direção da dupla que conversava.

 – O que está acontecendo aqui? – Olhava os dois estagiários e fixou o olhar na menina de olhos inchados e vermelhos e despeja.

— Aqui não é sala de conferências ou um living. Aqui TODOS têm que desempenhar suas atividades sem qualquer exceção, ou privilégios voltem ao trabalho! – Falava arrastando as palavras num tom acusativo. Então Rey congelou por dentro e pensou consigo. Não aguentaria mais um segundo naquele lugar precisa sair para pensar com calma e respirar. Então encarou o ruivo e redarguiu.

— Não estou me sentindo bem, me sinto um pouco indisposta. – O olhava com determinação e suas palavras não eram de todo uma mentira, ela se sentia nauseada com todas aquelas descobertas e, voltou a falar. – Realmente eu preciso ir!

Hux a olhou com desprezo, como que estivesse vendo uma pedinte ou coisa parecida, então franziu o cenho numa carranca e rosnou.

— Pegue suas coisas e vá e, quando voltar não esqueça de trazer o atestado médico. – Deu as costas e saiu todo altivo. Quando uma voz masculina o alcançou o que o fez tornar o tronco em direção do som.

— Eu irei com ela, não está em condições de sair sozinha. – Falava sustentando o olhar em seu superior.

— Assim seja! – Falou entredentes e, acrescentou. – Mas quanto a você volte assim que a deixar na emergência. – E tornou a caminhar sem dizer mais nada.

(...)

O ruivo adentra na sala desviando dos objetos jogados, quebrados ao chão numa imensa bagunça, e encontra um homem no chão derrotado, um sorriso maligno surgiu no canto de boca ao assistir tal cena. O local estava todo destruído, parecia uma zona de guerra. Escondeu o riso, ao perceber que o homem cabisbaixo levanta a cabeça e o encara.

— O que aconteceu aqui?

— Nada que seja da sua conta!

Falava levantando o corpo do chão com muita agilidade e olhou de modo duro para o homem curioso a sua frente, o desviou caminhando em direção a sua mesa que não sobrara nada em cima e de costas para Hux tornou a falar.

— Chame o estagiário responsável pelos protocolos da ação do caso I.C.A.. Imediatamente! – Falava com um tom enérgico em sua voz. O seu interlocutor engole em seco e responde.

— Ele saiu agora a pouco, para levar uma outra estagiária a um hospital ou coisa parecida. – O homem furioso vira seu tronco e fixa o olhar no ruivo e cospe a pergunta. – Qual estagiária?

— A garota que senta na mesa ao lado da dele. – Olhando Solo, a fim de desestabiliza-lo continuou. – A que saiu daqui agora pouco. – O homem senta a sua mesa e tenta fazer um tom neutro ao se pronunciar e encarando o sujeito de ar cínico inquiriu.

— Qual emergência ela e o OUTRO foram? – Falou trincando os dentes ao pronunciar a última parte daquela sentença.

— Não saberia dizer, afinal de contas não sou babá de ninguém. – Falava de modo afetado e sarcástico como que adivinhando ter atingido o “calcanhar de Aquiles” do homem. Ben cerrou sua mão em punho na tentativa de controlar sua ira se levantou da cadeira, passou empurrando o ombro do outro e abriu a porta, num convite explícito para fazê-lo se retirar daquela sala. O ruivo o olhou com ironia e saiu.

(...)

Na sala de emergência, Rey sentada esperando ser atendida, enquanto preenchia alguns detalhes do plano de saúde, estava impaciente e achando tudo aquilo muito exagerado, pois não estava tão mal assim, apenas queria sair do escritório, não suportaria ficar no mesmo ambiente do homem frio com quem brigou agora a pouco. Mas, pensando bem até que isso serviria, para ter tempo de pensar e formular um plano de sair e se desligar daquele lugar. Pensar numa forma viável de sair sem muitos problemas.

Olhava a sua volta e o ambiente salubre com cadeiras azuis enfileiradas, a frente havia uma bancada de mármore em tons pastéis onde estava uma recepcionista para atender e direcionar os pacientes aos respectivos médicos. As paredes eram brancas e na parede lateral ficava um painel onde ficavam muitos panfletos informativos, ela tentava procurar Finn que saiu e ainda não havia voltado, pensou que o moreno deveria voltar ao trabalho para não ser prejudicado por causa dela, nisso ela o avistou e deu um aceno para indicar o local onde estava, riu de si mesma ao perceber que a sala estava completamente vazia, então ele se aproximou da garota com sardas e perguntou.

— E aí já foi atendida. – Falava enquanto sentava e achou muito estranho ela ainda não ter sido chamada, de modo que, estendeu um copo para viagem com café em direção de Rey. Ela tomou o copo em suas mãos e bebericou o líquido quente que a fez sentir um relaxamento ao ingerir a bebida tépida. Olhou para o rapaz e disse.

— Você deveria voltar ao escritório. Não se preocupe comigo, estou bem. Sério! Você não pode se prejudicar por minha causa. – Falava ainda com o copo no ar indo em direção de seus lábios novamente, o rapaz a olhava com um ar curioso, mas não queria ultrapassar os limites da garota a degustar o café. Ela o olhou de soslaio e antecipando a pergunta o indagou.

— O que você quer me perguntar? – O olhava com um semblante mais tranquilo, ainda abatida, contudo era possível contemplar um rosto mais iluminado. Finn abaixa a cabeça e mira os seus pés. Então, a garota torna a falar.

— Vamos lá, me diz o que quer saber! – Olhava-a tentando avaliar como ela encararia tal questionamento. Quando estava totalmente confiante em lhe perguntar. Uma voz vinda da recepção a chamou.

— Senhorita Rey Jakkes.

A garota olhou em direção da voz e fez um aceno para a recepcionista evidenciando que iria ao seu encontro, se levantou e caminhou até a mulher que estava no balcão.

— Senhorita Jakkes, pode se encaminhar ao consultório da Doutora Christie, que fica a terceira porta a esquerda indo por esse corredor, a funcionária indicou o caminho com a mão. A garota assentiu com a cabeça e caminhou rumo a direção indicada. Chegou a porta e bateu suavemente e uma voz abafada vindo de dentro da sala disse.

— Pode entrar.

Rey olhou para a médica a sua frente e ficou estarrecida ao se deparar com a cunhada de Rose, não havia associado de imediato porque a mulher não adotou o nome do marido e, portanto, não tinha como fazer aquela ligação, pois não tinha muito contato com a família da amiga. A médica levantou a vista ao terminar algumas anotações no prontuário do último paciente e sorriu ao reconhecer a garota de sardinhas.

— Ah! É você a amiguinha da irmã de Mark. – Estendendo a mão e a convidando a se sentar, Rey se dirigiu até a cadeira e se sentou à frente da doutora.

— Então o que você está sentindo? Quais são as suas queixas? – A fitava com seus grandes olhos azuis. A menina ficou tímida ao pensar o quão próxima estava de Rose, e de seu mundo, desejou no fundo de sua alma algo mais impessoal. E ela desconhecia um fato muito mais perturbador que a doutora Lisa Christie era amiga de Ben Solo desde os tempos da faculdade. E esse sim era um agravante muito maior que Rey ignorava tacitamente. Tornou a olhar a médica e falou num murmuro.

— Só um mal-estar nada sério. Já posso dizer que estou melhor. – Sorria fracamente. A profissional assentiu com a cabeça e baixou a vista e fez uma breve anotação. Tornou a olha-la e falou.

— Vá até o biombo e coloque a bata que está pendurada no suporte, e suba naquela mesa. – A olhava de modo autoritário. E a garota hesitante atendeu as ordens da mulher alta de cabelos loiros e curtos de uma beleza marcante, nariz assimétrico e os lábios pequenos, com uma firmeza nos gestos quase militares a olhou firmemente. Assim a garota foi até o local indicado e desapareceu por trás da divisória e se despiu e vestiu o avental indicado, foi em direção da cama e subiu nela. A mulher de jaleco branco caminhou até o leito e indicou a paciente para se deitar, que fez prontamente.

(...)

Ao terminar de examinar a garota, voltou para sua mesa enquanto que a outra voltou para o biombo, a fim de vestir seus trajes novamente. Assim que se recompôs, foi em direção da médica e perguntou.

— O que tenho doutora?

— Por favor me chame de Lisa, afinal você é amiga de Rose, irmã do meu marido. – A mulher sorriu de canto de boca ao se pronunciar, pois sabia que a outra estava acanhada com a situação. E continuou.

— Bem você aparentemente está anêmica e provavelmente dormindo muito pouco. Vou lhe receitar umas vitaminas e, fazer um exame de sangue para confirmar minhas suspeitas, sobre a sua falta de ferro. Quando fizer esse exame volte, para fazer um tratamento mais específico.

A garota piscava tentando absorver o diagnóstico e, tornou a falar.

— A doutora poderia me dar um atestado de comparecimento, para apresentar no meu trabalho?

— Vou fazer melhor darei um atestado de dispensa de três dias para você repousar e fazer o exame que solicitei. – Ao terminar de falar deu uma piscadela divertida e tornou a escrever o receituário e a dispensa médica. Cumprimentaram-se e se despediram.

Ao sair do consultório Finn caminha todo aflito em direção da menina com receituários na mão e pergunta.

— O que você tem?

— Aparentemente é anemia. Vou ter que fazer um exame de sangue para confirmar. – Falou de modo cansado para o amigo de olhar apreensivo e ele tornou a falar de modo a questionar o diagnóstico da médica.

— É sério isso? – O seu tom saiu de descrença avaliando que poderia ser algo mais sério que a amiga por algum motivo estava escondendo. Então Rey dá um sorriso para o rapaz e responde.

— Nada que um bom banho e descanso não resolva, ainda mais que a doutora me deu três dias de dispensa. – Sorriram um para o outro e foram para a casa da garota.


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