Telma na Luta escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 9
Olho do furacão




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— Oi Telma, está de volta ao bafão? HAHA

Telma sorriu meio sem jeito. Não lhe agradava em nada estar ali naquele ambiente que lhe trazia tão más recordações. Mas recordou-se de um dito que havia escutado em algum lugar: enquanto você estiver bem no olho do furacão, não corre perigo, pois ali não há tempestade. E além disso Rico era o único que lhe inspirava alguma confiança.

— Só para saber de umas coisas. É serviço lá do meu estágio.

— Quem nem a Renata sua colega, né? HAHA Vai querer do branco ou do preto?

— Nem um nem outro! Só queria conversar.

— Êh Êh mulher vê lá o que quer saber!

— Pode deixar, não é nada para te comprometer. Escuta, você conhece o Zé Mauro?

— Aquele com cabelo moicano ao contrário? Conheço sim, cara muito escroto! É da facção! Se mete com ele não!

— E o Carlinhos VIP?

— Iche! Pior ainda! Saiu da prisão mês passado!

— Escuta, você viu uma menina novinha, meio magrinha, com o cabelo descolorido, chamada Carol, andando com algum desses dois?

— Olha, o Zé Mauro anda com tanta novinha que eu nem sei dizer! O Carlinhos também é putanheiro, mas agora ele está com uma gata que é ciumenta e das quebradas. Mas novinha é o que mais tem por aqui, elas tão atrás de brilho e pica doce HAHA

— Tá. Era só o que eu queria saber.

— Aproveita que é de graça, mas é só hoje HAHA

— Mas se você souber de alguma coisa, eu te pago uma grana.

— HAHA Negócio é negócio. Só não posso é falar de coisas do chefe.

— Tudo bem, só queria saber dessa menina chamada Carol.

— Se eu souber eu digo. Olha, diz para a Renata que já chegou mais do que ela gosta, e esse é do bom. Paraguaio!

Telma retirou-se, satisfeita por estar se afastando dali. Não lhe agradava saber que a colega Renata fazia negócios com aquele pessoal, mas não era a única.

Mais tarde, na festa do pessoal da faculdade, Telma procurava relaxar, mas não estava gostando do ambiente. Música alta, muita bebida e outras coisas também. Tinha a impressão de que as colegas a achavam metida, e a verdade era que não simpatizava com muitas delas. Mas tinha que fazer uma social para não ficar isolada. Ficou circulando de grupinho em grupinho, até que viu Renata acenando para ela. Estava debaixo de uma árvore com um pessoal que ela não conhecia bem, dando longas tragadas em um cigarro de maconha.

— Oi Telma, quer puxar uminha? Ah, a Telma é careta...

Telma ficou observando as risadas daquele pessoal, e acabou rindo também. Achava que a maconha deixava as pessoas meio retardadas, e desconfiava que o uso prolongado da erva corroía mesmo a inteligência.

— Eu sou a favor da descriminalização das drogas! - Disse um rapaz do grupo, com ares de intelectual - Para acabar com o crime, os traficantes não vão ter o que vender! Bom, pelo menos a maconha eu acho que deve ser descriminalizada.

— Maconha é remédio! - Comentou outro rapaz com cara de bobo.

— Mas é porta de entrada para outras drogas! - Respondeu Telma.

A conversa prosseguiu entre a fumaça, alternando tolices e coisas sérias. Depois de algum tempo o pessoal foi ficando com cara de sono, e os diálogos ficaram mais espaçados. Telma queria que Ronaldo aparecesse logo para busca-la, conforme havia prometido. De repente sentiu Renata puxando-a pelo braço.

— Toma cuidado com a Soninha. Ela está dando em cima do seu namorado!

Telma já estava desconfiada daquilo, mas não queria dar o braço a torcer. Não gostava de ficar discutindo com Ronaldo, mas sentia que havia coisas presas na garganta. Lá pelas tantas Ronaldo chegou, e Telma fez força para disfarçar o mau humor.

— Amor, estou cansada, vamos ficar só mais um pouco, tá?

Telma sabia que Ronaldo não curtia aquele pessoal, nem aquele ambiente. Mas para seu desconcerto, Ronaldo estava bem disposto e até deu papo para os grupinhos de canto em canto. Quando ele a levou em casa, Telma só queria tomar um banho, cair na cama e deixar tudo para o dia seguinte.


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