Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 5
No Jardim


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Era quase quatro horas da manhã quando Lua recebeu uma ligação em seu celular.

—Alô? - ela atendeu e bocejou, ainda sonolenta.

—Lua, não consigo dormir. O quê você tá fazendo?

Heim? Quem é?

—É a Carla. Não consigo dormir por causa da prova de amanhã.

—Quer que eu vá ai?

—Na minha casa?

—É. Pra te dar um soco e te fazer dormir.

Lua desligou o telefone e deitou novamente.

Demorou para ela conseguir voltar a dormir. Pegou no sono quando já estava amanhecendo.

E foi mais difícil ainda para ela sair da cama, a vontade de ficar embaixo das cobertas era enorme.

Lua se levantou quando ouviu batidas em sua porta.

—Bom dia, senhorita. O café da manhã está pronto. - era Alice, uma das moças que cuidava do dormitório feminino.

—Já vou descer. - Lua se espreguiçou.

O dormitório ficava próximo à escola. Era um casarão antigo, que serviu de moradia a nobreza no passado.

Os móveis, pinturas e artefatos que se encontravam no local eram relíquias.

Poucas alunas se hospedavam lá, por isso o dormitório ficava vazio a maior parte do ano letivo.

Lua passava os dias da semana no dormitório, e voltava para a casa nos finais de semana.

Vestida com seu uniforme do colégio, ela se sentou sozinha à mesa, que era comprida e dava para umas vinte pessoas sentarem. Haviam mais cinco mesas idênticas próximas, porém vazias, sem nada em cima.

O salão onde as meninas comiam era enorme e antigamente era usado para bailes glamourosos.

Lua estava se servindo quando escutou a porta se abrir. Ela se virou para ver quem adentrava o aposento e deixou o pão cair de sua mão quando viu quem era.

—Bom dia. - Miya sorriu para Lua, surpresa ao ver a colega.

—Bom... dia. - Lua se arrumou em sua cadeira, desconfortável com a presença da aluna nova.

—O lugar é tão grande e silencioso, que eu pensei que era a única aqui.

—Também pensei que eu era a única aqui. Pena que o que é bom dura pouco.

—Gostaria de me desculpar por ontem. Sinto mui...

—Gostava do silêncio desse lugar. - Lua a interrompeu.

—Sinto muito. - Miya suspirou e se sentou na outra extremidade da mesa.

Lua olhou para a colega, que enchia sua caneca com café.

As duas se entre olharam uma última vez e permaneceram em silêncio pelo resto da refeição.

 

• • •

 

 

—É sério! - Lua falava irritada para Carla, que ria descontroladamente. - Estou te falando!

As duas estavam no jardim do colégio, os alunos que terminaram as provas tinham o resto da tarde de folga.

—Impossível a aluna nova ser uma espiã coreana, Lua! - Carla continuava a rir. - Ela não está aqui para roubar dados dos pais dos alunos desse colégio.

—E por que ela está me seguindo? Por que ela está se hospedando no dormitório? Eu estou te falando, minha mãe trabalha para o governo, e a Miya, se esse for seu nome verdadeiro, quer vazar informações para a Coréia do Norte. - Lua cochichou.

—Lua, eu sou acostumada com as suas paranóias. Mas você está se superando.

A gargalhada de Carla pôde ser ouvida por Sam, que estava sentado sob uma toalha branca à sombra de uma árvore.

—E eu achando que teria paz para compor aqui no jardim. - Sam revirou os olhos, e passou protetor solar no rosto.

Lucas se aproximou.

—Você já conheceu a aluna nova? - ele perguntou.

—Não. E a existência dela não muda em nada a minha vida, então não faço questão de conhece-la. - Sam abriu um caderno pautado sob o colo e segurou seu lápis com gentileza.

Lucas riu, e após uma pausa perguntou, se sentando ao lado do colega:

—Você já visitou o Japão?

—Já. - Sam respondeu. - Por favor tire os sapatos ao subir na minha toalha.

—Opa, desculpa. - Lucas disse, ficando de meias. - O que achou?

—De suas meias do homem aranha? Ridículas.

Lucas riu novamente:

—Do Japão, Sam.

—Fui para lá para conhecer a nova filial da indústria do meu pai. Não fui para turismo.

—Ah, sim... A filial que você terá posse quando se formar. - Lucas se deitou na toalha, e fechou os olhos.

Sam ficou em silêncio, observando Lucas ao seu lado, respirando devagar, deixando a brisa balançar uma mecha rebelde de seu cabelo.

—Vou sentir sua falta quando você for para o Japão. - Lucas falou, ainda de olhos fechados.

Sam quebrou a ponta do seu lápis ao ouvir essas palavras. Ele respirou fundo e falou:

—Não sabia que você tinha sentimentos.

—É claro que eu tenho! - Lucas falou, se levantando e encarando o amigo, confuso.

—Se tivesse saberia quanto me dói te ver... ahm... - Sam parou, engolindo as palavras.

—Me ver?

—Te ver com essas meias horríveis. - Sam virou o rosto. - Coloque seus sapatos e vá me buscar água. Estou com sede.

Lucas levantou, rindo.

—Você é muito exagerado. E eu tenho sentimentos sim. Posso sentir o quanto essas meias te incomodam e é por isso que eu as uso.

Sam limpou as mãos com álcool, apontou seu lápis, observou o risco que havia feito sem querer em seu caderno e começou a compor.

Era como se as notas surgissem por conta própria. Uma após a outra. E em poucos minutos a canção estava pronta.

Sam cantarolou sua criação baixinho e fechou seu caderno, no exato momento em que Lucas apareceu ofegante.

—O que aconteceu? - Sam perguntou, assustado.

—A aluna nova! - Lucas falou, recuperando o fôlego. - Ela está em apuros! Os valentões do Falcon!

Sam olhou em volta, e correu até Lua. Lucas o acompanhava.

—O que foi, Sam? Alguém morreu? - Lua perguntou.

—Os valentões do colégio vizinho estão aqui de novo!

Carla gritou que ia chamar um dos professores e correu para dentro do colégio.

Lucas levou Sam e Lua até uma das poucas máquinas de sucos que haviam nas redondezas do jardim.

—Eu estava vindo comprar sua água, Sam. Na máquina de sucos perto da fonte.- ele falou, enquanto corria. - E então vi os garotos do Falcon cercando a menina nova.

Lua pareceu ficar em dúvida por uma fração de segundos, mas a vontade de ajudar a novata foi maior, e ela apertou o passo.

—Você ia me comprar água engarrafada? - Sam perguntou, franzindo a testa.

—Foco, Sam! - Lua disse, com firmeza. - Você sabe do que aqueles garotos são capazes.


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Notas finais do capítulo

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