Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 4
A Flauta E O Piano


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Quando as aulas acabaram, todos estavam de volta à sala, arrumando seus pertences para irem embora.

—Tem compromisso mais tarde? - Lucas perguntou para Sam, colocando sua mochila nas costas.

—Depende de quão tarde estamos falando. - o colega respondeu.

—Estava pensando se poderíamos ensaiar flauta na sua casa.

—Eu não gosto de ensaiar com você.

Lucas riu:

—É porque você sabe que eu sou melhor do que você.

Sam encarou o colega por uns instantes, Lucas apenas sorria:

—Vamos logo ensaiar. Quanto antes começarmos, melhor.

Os dois caminharam pelo corredor lado a lado e, ao deixarem o colégio, foram até o carro onde o motorista de Sam já os esperava.

—Senhor. - o chofer de Sam abriu a porta do carro, para que os dois jovens pudessem entrar.

—Obrigado, Alfred. - Lucas agradeceu.

O caminho até a mansão da família de Sam era longo.

Lucas olhava pela janela do carro, em silêncio, observando a paisagem que mudava conforme se distanciavam do colégio.

Sam, sentado com a postura reta, limpou suas mãos com álcool novamente.

—Você não trouxe sua flauta? - Sam perguntou, notando que o colega não trazia o instrumento consigo.

—Não. Vou pegar a sua emprestada.

—A minha?

—É. Algum problema?

Sam queria ser prestativo, Lucas estava na melhor orquestra do país e teria um recital em breve. Mas era difícil ser prestativo, se sua flauta estava em jogo.

—Não. Nenhum problema. - ele respondeu.

Após cerca de meia hora, eles chegaram à mansão, que mais se parecia com um enorme castelo.

—Eu visito sua casa desde que éramos pequenos, e até hoje eu não faço idéia de quantos quartos esse castelo possuí. - Lucas disse, descendo do carro.

—E desde sempre eu te digo: não é um castelo. - Sam disse, seguindo o caminho até a porta de sua casa, com Lucas logo atrás.

—Senhor. - uma das criadas fez uma reverência ao abrir a porta da entrada. - Deseja tomar seu chá agora?

—Tomarei chá na sala de música. - Sam disse, tirando a jaqueta de seu uniforme e entregando para sua criada.

E como de costume, Lucas seguiu Sam até a sala de música.

O lugar era enorme. As janelas estavam todas com suas cortinas abertas, e a vista dava para o jardim.

Haviam vários instrumentos prontos para serem tocados, um piano ao centro, livros de música em estantes e algumas poltronas.

A flauta de Sam estava dentro de uma caixa de vidro, junto de algumas partituras sob uma mesa.

Lucas foi até essa mesa e abriu a caixa de vidro.

—Espere! - Sam pediu. - Você limpou as mãos?

Lucas olhou para suas mãos e respondeu:

—Estão limpas. Eu acho.

—Você escovou os dentes?

—Sam, você me fez escovar os dentes três vezes depois do almoço.

—A culpa não é minha se você estava com um alface enorme preso nos dentes.

—Vamos ensaiar, ou não?

—Vamos, mas...

—Mas?

Sam respirou fundo e limpou suas mãos com álcool.

—Tome cuidado, ok?

Lucas sorriu e pegou a flauta, a tirando de sua caixa de vidro. Foi até um pequeno palco que havia na sala e se preparou para começar a tocar.

Sam seguiu até o piano e pousou suavemente seus dedos nas teclas.

A luz do entardecer que entrava pelas janelas faziam os instrumentos brilharem. Era como se eles estivessem dentro de um enorme porta jóias.

A respiração dos dois estava em harmonia, mesmo que não tivessem percebido isso.

Lucas terminou de se posicionar no pequeno palco e começou a tocar, uma melodia suave e gentil.

Sam conhecia a música, e acompanhou o amigo tocando o piano.

O som ecoou pela mansão, e os empregados chegaram a parar seus afazeres, dando silêncio total aos rapazes.

A música continuou. Sam observava Lucas com o canto dos olhos.

Sua postura era perfeita e ele tocava o instrumento com tanta ternura que era difícil desviar o olhar.

Sam começou a cantar baixinho, de um jeito que só ele pudesse escutar:

A Tua glória faz. Com que eu voe mais. Me leva bem junto a Ti. Me faz flutuar. Ao som da Tua voz. Pulsa meu coração.

Lucas olhou para Sam e seus olhares se encontraram por um breve segundo, o que foi suficiente para fazer o jovem pianista errar uma nota.

Ele parou de tocar, e fitou suas mãos.

—Está tudo bem? - Lucas perguntou.

Hm? Está... Eu só me confundi.

Você?! Se confundiu? - Lucas riu.

Sam encarou o amigo, e Lucas pôde ver suas bochechas começarem a ficar vermelhas.

—Que tal uma pausa para o chá? - Lucas perguntou. - Mas ao invés de chá com biscoitos, será que pode ser pizza e refri?

Sam riu:

—Não vou deixar você tocar minha flauta com os dedos gordurosos e gás querendo sair pela sua boca. Então a resposta é: não.


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Notas finais do capítulo

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