Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 6
Miados Roucos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Chegando perto de onde Miya estava, Lua conseguiu reconhecer o rosto dos quatro meninos que viviam arranjando encrenca com os alunos do colégio.

Ela não sabia seus nomes, mas sabia das maldades que eles eram capazes.

Poucas semanas atrás, eles haviam pendurado um dos alunos do primeiro ano em uma árvore e usaram o menino como saco de pancada.

No mês passado, eles jogaram tinta em uma aluna do segundo ano, e a pele dela continuava com manchas azuis.

—Como esses monstros ainda estão soltos por aí? - Lucas perguntou. Os três se aproximavam lentamente, tentando não chamar atenção dos valentões.

—O colégio vizinho não se importa com seus alunos, contanto que os pais continuem a pagar as mensalidades. - Lua falou, irritada.

Quando eles estavam já bem próximos, escutaram Miya implorar:

—Por favor, me entreguem o gatinho. Vocês estão machucando ele.

—E quem é você? Uma pediatra, por acaso? - o maior dos meninos falou.

Veterinária. Veterinária cuida de animais. - um outro, que usava óculos, sussurrou, corrigindo o maior.

Lua, Sam e Lucas esticaram os pescoços e viram um saco de pano na mão do garoto.

Os miados eram roucos, quase impossíveis de se escutar.

—Eu só estou pedindo para que deixem o gatinho em paz. - Miya continuava. - Ele não fez mal à vocês.

—Nossa, como sua voz é irritante. - outro menino falou, ele tinha os botões da camisa aberta, era possível ver sua barriga saliente. - Mais irritante que o miado desse bicho.

—Amarra ela dentro de um saco também e joga ela na fonte, como a gente vai fazer com o gato. - o menino de óculos riu, chacoalhando o saco com o gatinho dentro.

—NÃO! - Miya, Lua, Sam e Lucas gritaram ao mesmo tempo.

Miya se virou e viu os colegas saindo de trás da máquina de suco.

—Já chega! - Lua falou, apontando para os garotos. - Deixem essa animal em paz.  O gatinho também!

—Ora, ora. Se não é a Lua Carne Crua. - o garoto maior riu. - Lembra de quando enchemos os sapatos dela de carne moída?
Os outros valentões riram alto.

—Larguem o gatinho. - Sam falou, dando um passo a frente. - Os professores já sabem que vocês estão aqui e dessa vez, não vão se safar.

—Os professores de vocês não farão nada conosco. - o menino que estava no canto, e falava rangendo os dentes, riu. - Nossos pais são tão poderosos que podem fechar esse colégio mixuruca em um estalar de dedos.

—Nesse colégio só tem ralé. A escória da sociedade. - o garoto de barriga de fora cuspiu no chão. - Não fariam falta. Talvez um pouco para nós, que perderíamos a diversão nas tardes de tédio.

Miya ia pular no garoto de óculos, para pegar o gatinho, mas Lua segurou seu braço e a puxou para perto.

—Estão com um gatinho inofensivo dentro de um saco, querendo afogá-lo, e nós é que somos a escória da sociedade? - Lua falou, tentando manter a postura.

—E o que você vai fazer, Lua Carne Crua? - o garoto maior se aproximou.

—Eu não vou fazer nada. O Lucas vai.

Lucas segurava seu celular e apontava a câmera para os garotos.

—Digam xisss, meninos. - Lua riu. - Se vocês acham que são poderosos, é porque não conhecem o poder da internet.

Bullies do Colégio Falcon sendo expostos em 3, 2... Postado. - Lucas sorriu.

—Postar um vídeo nosso na sua rede social vai adiantar de algo, idiota? - o garoto que rangia dos dentes pareceu confuso. - Por que a gente se preocuparia com isso?

—Talvez porque ele tenha milhões de seguidores? - Lua respondeu. - E todos vão assistir. Vão compartilhar. O vídeo vai viralizar. Vai chegar ao conhecimento de seus pais. E o que vocês acham que eles vão fazer com vocês se esse vídeo alcançar um número tão grande que acabe com a reputação das suas famílias?

Os quatro valentões ficaram sem ar.

—Quantos compartilhamentos até agora, Lucas? - Lua perguntou.

—10 mil compartilhamentos e o número subindo.

—Desistam. - Sam falou, encarando os garotos que ainda estavam pasmos.

O garoto de óculos se aproximou de Miya, lhe entregou o saco de pano e saiu correndo com os outros meninos.

Os professores chegaram a tempo de pegá-los antes que passassem pelos portões.

—Obrigada. - Miya sorriu para os colegas, e abriu o saco de pano, retirando de dentro um gatinho prateado com uma manchinha dourada na boca.

Lucas tirou uma foto de Miya com o gatinho no colo, e Lua e Sam acariciando o bichinho.

—Pra quê a foto? - Sam perguntou ao ouvir o som da câmera.

—Para que todos saibam que tudo acabou bem.

 

• • •

 

Lucas foi chamado à diretoria para explicar detalhes sobre o vídeo, que acabou viralizando mais rápido do que o esperado.

Enquanto isso, Miya, Lua e Sam continuaram no jardim do colégio, alimentando o gatinho.

—Obrigada por comprar ração, Sam. - Lua falou, acariciando a cabeça do gatinho que parecia estar faminto. - Espero que não tenha sido incômodo pro Alfred.

—Ele apenas fez o trabalho dele. E... O que faremos com esse gatinho? - Sam perguntou, limpando as mãos com álcool.

—Eu não sei... - Miya ficou pensativa.

Os três ficaram em silêncio, observando o filhote.

Um vento gelado soprou e o sol se escondeu atrás de uma nuvem.

—Nossa. Será que vai chover? - Lua perguntou. - A previsão de hoje era sol.

Os três olharam para o céu, que se fechava rapidamente.

Ao voltarem seus olhos para o gatinho, ele estava de pé, limpando o rosto com as patas dianteiras.


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Notas finais do capítulo

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