Kaiko escrita por Lily Starks


Capítulo 3
II


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Tem um capítulo um pouco menos pequeno que os anteriores.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763718/chapter/3

Quando abri os meus olhos na manhã seguinte que se encontrava solarenga e quente pelo vidro da janela, olhei o relógio do meu celular e vi que eram sete horas da manhã. Comprimi os lábios num gemido e lamentei a minha capacidade de acordar cedo sem despertador.

Deu-me uma vontade imensa de amaldiçoar até ao Tártaro esse hábito criado desde criança para ver as minhas séries prediletas sem que os meus pais me chateassem de que estava a ver TV a mais. Era muito simples e qualquer criança, numa determinada altura, acaba por fazê-lo: quando me levantava, eles ainda dormiam, via as minhas series de quadrinhos e comia; pronto. Há que se ter os seus truques para não perder os meus maravilhosos episódios de Star Wars Rebels e Batman.

Agora, passado uns anos e acumulando o cansaço dos mesmos, perguntava-me mentalmente: Porque é que treinei essa capacidade se podia dormir até à uma hora da tarde, estando de férias? Certamente era o que Sarah vai fazer hoje.

Enquanto me tentava ver livre da terrível dor de cabeça que me ameaçava os miolos, lembrei-me de algo que me podia fazer passar a manhã rapidamente e de forma produtiva. Os meus avós possuíam uma piscina com um tamanho considerável, de água fria e com umas espreguiçadeiras ao lado. Era uma excelente ideia! Nadar um pouco, relaxar e ainda apanhar uns banhos de sol de borla! Precisava de me bronzear sem ficar parecendo uma lagosta em tempo de acasalação!

Levantei-me num salto, mais animada e despertando do sono lentamente. Suspirei enquanto revirava o meu armário à procura de um biquini para usar. Era assim tão estranho eu querer passar as vinte e quatro horas do meu dia dentro de água?

Por fim, encontrei um biquini que me agradasse e agradasse também o meu humor matinal. Era um tomara que cai branquinho com listras pretas e uma cueca preta igualmente. Vesti-o e peguei um toalha, descendo as escadas numa velocidade impressionante, entrando na cozinha e encontrando o meu avô, o meu pai e Beverly com uma bandeja de comida nas mãos.

—Menina Roberts, eu sabia que a menina ia acordar cedo! Já lhe preparei a comida.

—Beverly, já lhe pedi que me chames apenas de Keahi. Nada de formalidades, pode ser?

—Claro, Menina Rober…Desculpe. Menina Keahi.- Ri com a confusão que ela apresentava.

—Bom dia Pai. Bom dia Avô. – cumprimentei igualmente.

—Bom dia, minha baixinha.- disse meu avô quando lhe beijei a bochecha fofinha dele. Só para provocar disse:

—Avôzinho, já disse que engordou um pouquinho? Tenho de o levar para mais uns treinos afim de perder esses quilitos a mais, hum?

—Ora, a menina está atrevida. Já não lhe disse para ter respeito pelos mais velhos? Além disso, estou mais magro do que alguma vez já estive, não é Beverly? A tua avó cisma com a dieta maldita proposta pelo medico da cardiologia e já não como uma boa sanduíche ou um hamburguer faz meses! É realmente injusto.

Todos nós rimos, enquanto ele fechava a cara. Joey olhou para a porta da cozinha no exato momento em que a minha avó entrava, com uma imponência invejável.

—Querida, ajuda-me aqui! Estão todos a dizer que engordei em vez de emagrecer!

—É a mais pura verdade. E não discutas Joseph Roberts. Ou achas que eu não sei o que aconteceu com os chocolates que estavam na despensa na semana passada? Existem câmaras de segurança, meu querido. Mas mesmo que quebres algumas regras e que me chateies ao ponto de querer bater-te, continuas um lindão para mim.

A minha avó disse aquilo com tanta calma que tive de sorrir. E tive de sorrir de admiração pelo o amor que os dois transportavam mesmo após tantos anos de casados. O meu pai levantou-se, logo após beber o café destinado a ele, passou por mim e abraçou-me. Ah! Como me sentia protegida nos braços dele, nos braços daquele homem tão diferente de mim fisicamente. Ele era o meu pai. Uma pessoa que se importava comigo e que me amava, mesmo com todos os meus defeitos e erros. Ele aceitava-me como eu era e como eu vou ser.

—Vou sair para trabalhar e para uma reunião. À noite teremos um jantar com um colega meu de trabalho, ok? A tua mãe está a dormir ainda, tal como o Kanoa e a Sarah. Diverte-te, sim?

Ele beijou a minha testa e saiu.

—Avó, vou nadar um pouco na piscina, tudo bem? Para me distrair e tudo mais. Berverly, importas-te de me deixar a comida perto da piscina?- ela assentiu- obrigada.

Fui para fora de casa e logo que lá cheguei, mergulhei na piscina. A água fria enviou-me arrepios por todo o corpo de uma forma agradável. Perdi a noção de quanto tempo nadei ou fiquei apenas boiando e olhando o céu.

~

Avisei a Bonnie de que não ia almoçar em casa. Decidi dar uma volta para esfriar a cabeça depois de tudo o que aconteceu umas horas atrás.

Estava deitada na espreguiçadeira a descansar, porém sentia-me observada. O que era isto? Abri os olhos de rompante e levantei o pescoço. Tive um vislumbre que um garoto moreno que se encontrava no terreno da casa ao lado da minha. Ele estava me vigiando?

Porque é me sentia tão incomodada por estar a ser observada? Afinal não o conhecia de lado nenhum e ele, pelo breve vislumbre, não parecia nenhum psicopata e muito menos um stalker. Provavelmente era só curiosidade. Sim, vou pensar que foi isso.

Atravessei a estrada que separava as casas da praia. E Jesus! Que areia tão macia! O mar refletia a luz solar com um azul celestial, quase não se via o horizonte entre o ceú e a água.

Andei mais, até que senti os meus pés serem molhados pela água morna do Golfo do México. Que sensação mais incrível! Fechei os olhos e aproveitei somente aquele momento.

Bom, aproveitei aquele momento… até sentir um protótipo de um objeto não identificado chocar contra mim e derrubar-me na areia.

—Jeremy!- ouvi uma voz feminina gritar.

Abri a minha visão e deparei-me com um garotinho pequenino que sorria para mim divertido. Ele tinha olhos extremamente azuis, da cor do mar de Miami, e cabelos loiros raspados à cabeça. Ele era bastante novo e tinha um certo ar doente, como se fosse a aura de um anjo.

—Desculpe senhorita!

Uma menina mais velha aproximou-se correndo. Ela tinha longos cabelos loiros com cachos largos e olhos escuros, pretos. Era alta e delgada, magra e pelo amor de Deus… Ela era linda.

—Jeremy! Eu disse-te para correres mais devagar! Desculpe menina, não era intenção dele!- ela parecia quase em pânico enquanto se desculpava repetidamente e levantava o menino da areia. Logo de seguida, ela estendeu a mão para me levantar também, contudo o menino foi mais rápido. Ele pegou a minha mão e, com delicadeza, puxou-me para cima. Eu fiz um sinal de que estava tudo bem para a garota e ela suspirou de alívio. Estranho.

—O teu nome é Jeremy? Sabes, é um dos meus nomes preferidos! Eu sou a Keahi.- ele olhou maravilhado para mim.

—Gosto muito do seu nome, menina. Parece quase uma deusa. – ele disse aquilo com um sorriso lindo a brilhar na sua face pálida.

—É? Bem, obrigada, pequeno.- virei-me para a menina- Qual é o seu nome?

Ela pareceu bastante surpresa. Ah! Qual é? Estou tentando fazer amigos…

—Ah bem…- ela disse encabulada, com bastante vergonha.

—O nome da minha maninha é Liv. Ela não tem muitos amigos e por isso é muito tímida. – explica Jeremy com um ar de sábio. Sou obrigada a rir.

—Ora, eu também não tenho muitos amigos. Aliás, não tenho amigos aqui em Miami. Sou novata por aqui.

—Sério? Então Podemos ser todos amigos?- ele disse aquilo com tanta fofura que eu sorri novamente.

—Jeremy, não sejas incoveniente!- Liv ralhou com ele, mesmo que contivesse um sorriso divertido.

—Ah, Liv, ele não está a ser incoveniente. Adoraria ser tua amiga pequeno Jeremy. E tua também, Liv.

Uma das coisas que poderia conseguir com aquela amizade era o facto de já não ser a mais pequena da família. Agora o Jeremy ocupava esse cargo. Mas, em nome de Merlin, por quanto tempo?

~

Naquela noite, tivemos um jantar com um sócio do papai. E adivinhem quem acompanhou o Senhor Sanchez? A Amber.

Lembram-se dela? A Barbie defeituosa que a minha avó odiava, o meu avô não suportava, a minha mãe tentava manter-se indiferente? Exato.

Parece que ela conseguiu enganar mais um riquinho.

O jantar foi o inferno. Eu, a Sarah e o Kanoa estávamos totalmente entediados; a minha mãe apertava o garfo com uma força impressionante sempre que Amber se insinuava para o pai (acreditem que é bem difícil fazê-la sentir raiva; mamãe é a pessoa mais calma e pacífica que conheço); o Senhor Sanchez também era detestável, tipo totalmente (ele e a Barbie estragada servem perfeitamente um para o outro).

Os avós só faziam comentários desnecessários. Por mais que parecessem aqueles velhinhos fofinhos e inocentes (nem um pouco), sabiam ser maldosos quando queriam. E no meio daquele caos civilizado, o meu pai esfregava a cabeça com impaciência.

Fiquei tão feliz quando a Zoe me mandou uma mensagem com este texto: Preciso de ajuda urgentemente. Situação de vida ou morte.

Saí da mesa e fui até ao meu quarto, ligando o portátil. A imagem de Zoe com uma carinha birrenta e triste apareceu na imagem do Skype.

—Só te tenho a agradecer, maluca! A sério! Acabaste de me livrar de um jantar desconfortável e disparatado.

Ela fungou. Qual era a situação de vida ou morte mesmo?

—Tenho um enorme problema, Kea. É horrível. Mesmo muito horrível.

—Desembucha. Agora eu fiquei curiosa.

Ela fechou os olhos, insegura. Logo de seguida, soltou a bomba.

—Eu gosto do Tommy. Mais do que amigo. Desculpa… Desculpa, deves estar a considerar-me uma terrível amiga e…

Interrompeu-se quando me ouviu rir. O seu olhar confuso só deixou tudo melhor.

—Porque é que te estás a desculpar, retardada? Isso é ótimo! O Kelly também te adora! Vai, atira-te a ele!

—Quê?!!! Ele gosta de mim? E tu, não estás chateada comigo? Ele é o teu ex-namorado!

Tive de rir com todo o seu drama.

—Querida, nós nunca nos demos bem como namorados. Um dos motivos para terminarmos foi que resultávamos melhor como amigos do que como casal. O outro foste tu.

Ela encarou-me pasma.

—Eu sabia que ele gostava de ti. Conversámos, ele admitiu e terminámos. Ponto final da história. Agora que eu sei que tu também gostas dele, só te dou um conselho: atira-te a ele!

Pela primeira vez, ela riu. Totalmente. De alívio.

—Pensei que ias chatear-te comigo!— ela respondeu.

—Nunca. Somos besties ou o quê? Agora vai falar com ele, se fazes favor, porque eu vou desligar. Já estou farta de ouvir a tua voz.

—Também te amo demais!

~

Havia se passado quase duas semanas. Estava a chegar o momento que eu mais temia. A escola. O fim do verão.

 Depois de a Liv passar o seu momento de timidez internacional, pude conhecê-la muito bem. Passávamos as tardes e as manhãs na praia a brincar na praia com o Jer; passeávamos e conversávamos muito. Parecia que nos conhecíamos há anos e não apenas há algumas semanas fugitivas.

Ela adorava ver-me surfar. Uma das vezes, eu propus-me a ensiná-la e ela negou. Disse que preferia dançar. E a verdade é que tive a oportunidade de vê-la dançar e Liv dançava muito bem. Entregava-se de completo na música com passos suaves e delicados. Porém, sempre passos tímidos. Descobri que iria para a mesma escola que ela. Pelo menos, teria alguém conhecido lá dentro.

Olivia Martins era uma garota muito dotada. Inteligente, astuta, tímida daquele jeito fofo, doce e generosa. Muito corajosa.

Digo que ela era muito corajosa porque ela contou-me algo que me deixou muito triste. O Jeremy sofria de leucemia desde dos quatro anos de idade. Desde então que ia a sessões de quimioterapia. Ele era um garotinho muito forte. Sempre alegre.

Liv trabalhava com os pais no café que os dois possuiam e trabalhava também num pequeno escritório de finanças. Os donos do escritório eram antigos amigos dos pais dela e, para ajudar a pagar pelos tratamentos de Jer, deram-lhe emprego. Quem me dera também ajudar…

Neste momento, encontrava-me no balcão do café de Liv, a comer um delicioso muffin. O café estava cheio e a senhora e o senhor Martins tinham saído para levar Jeremy a uma consulta. O que só sobrava Liv, eu, Morgan (um primo de Liv, que ajudava no café. Um tremendo gato,mas ele gostava do mesmo tipo que eu gostava uff…) e um grupo de garotos que pareciam do time de futebol.

Eu não os observava, mas de imediato soube que seriam lindos de morrer, babacas e muito nojentos. Como todos. Olha o preconceito, Keahi.

Eles riam alto de algo que eu não soube identificar. Interrompi a conversa com Liv e olhei para trás para me dar ao luxo de os observar apenas por um pouco. Havia um garoto que não participava muito da conversa que os outros tinham e pude perceber que eles comentavam sobre garotas, pelos trechos de “linda bunda da Mia”; “gostosa” e mais umas quantas frases que não vou repetir.

Esse garoto que quase não abria a boca estava concentrado em algo. Ou mais específico, alguém. Oh meu bom Varder! Ele olhava para Liv!

—Liv, estás a ver aquele lindão lá atrás? Ele está caidinho por ti! Mesmo, muito. Não pára de te olhar!- disse animada. Ela olhou para onde eu apontava discretamente.

—Não, tu estás a ver coisas! O Harry? Harry O’Connor? A olhar para mim?

—Então tu conheces!

—Claro que conheço! E fala mais baixo, por favor! Aquele grupo ali são os jogadores dos times da tua futura escola. São os populares! Nunca troquei mais do que duas palavras com o Harry. Só quando fizemos um trabalho em física no ano passado. Ele não está a olhar para mim!

—Claro que está, priminha! E devias aproveitar. Se eu não soubesse que aquele gajo ali era hétero, já teria dado em cima dele há muito tempo!- Morgan meteu-se na conversa e deu-me um high- five.

—Não, parem com isso! Os dois! Vocês estão a ficar loucos, só pode!- rimos os três.

Houve um estrondo. Parecido a um copo a partir-se. Virei a minha cabeça novamente e vi que um garoto moreno, atlético e bonito (por muito que me custe admitir, quase babei naquele momento) tinha entornado o milkshake dele para o chão e tinha um sorriso safado no rosto.

—Vem limpar, Martins! Não é a tua função? Limpar a porcaria?

A minha mais nova amiga corou e foi buscar um pano. Senti-me a aquecer em fúria imediatamente. Quem ele achava que era? Ele tinha feito aquilo de propósito! Ele que limpasse!

Quando a Liv ia a passar por mim para se dirigir à mesa deles, eu segurei o seu braço. Ela fitou-me numa mistura de incredualidade e de confusão.

Levantei-me do banco ao balcão e olhei diretamente para o menino.

—Quem tu achas que és? Vem cá tu buscar o pano, idiota! Aprende tu a limpar a sujeira que TU fizeste! Pelo menos, assim fazes algo de útil.

O sorriso safado sumiu no rosto belo daquele garoto. Houve um conjunto de vaias dos amigos dele: “Foi mal, James!” e um assobio por parte do Morgan. O sorriso foi substituído por uma careta. Ele analisou-me dos pés à cabeça e depois dirigiu-se à Liv:

—Arranjaste uma guarda-costas, Olívia? Olha que ideia mais inteligente! Principalmente quando se trata de uma garota de doze anos.- Eu? EU?! Uma garota de doze anos?! Oh, mas agora ele estava metido em sarilhos. E dos grandes!!!

Liv pediu-me para parar com o olhar. Era óbvio que tinha medo deles. Que bom, eu não tinha. Principalmente de um arrogante egoísta como ele!

Avancei e na mesma altura, Kanoa entrou pela porta para me vir buscar. Lancei-lhe um olhar que claramente dizia para ele não se meter e ficar quieto. Ele fitou-me divertido e encostou-se na parede para ver o desenrole da cena.

—Qual é o teu nome? James, não é? Vou explicar-te uma coisa muito simples, James- disse o nome dele com desboche- Não te metas comigo ou com os meus amigos e fica tudo bem para o teu lado, ok? Senão, acho que poderias não querer saber.

—Ah é? Tu deves achar-te muito garota! Achas que eu tenho medo de ti? Achas mesmo? És tão pequena que um tapa teu deve ser como uma pena. Se bem que com esse corpão todo, devíamos ter umas noites bem divertidas.- o olhar dele desceu sobre todo o meu corpo e deu um meio sorriso malicioso. Houve risos à nossa volta.

Se havia uma coisa que eu mais odiava além de babacas egocêntricos, era idiotas prevertidos e nojentos. A quentura da raiva subiu mais do que nunca às minhas bochechas, que certamente ficaram da cor exotica do meu cabelo.

—Sabes uma coisa?- mandei-lhe aproximar com o indicador, dando um sorriso sem dentes- Tu até que és bonitinho, mas digo-te uma coisa: não acho que essa beleza vá durar muito.

Ele continuava com o olhar focado no meu, como se estivesse hipnotizado. Não parecia ter captado o que eu havia cabado de falar. Devagar, muito devagarinho, movi a minha mão livre até um copo de milkshake perto de mim. No segundo seguinte, todo o conteúdo dentro do copo estava despejado na sua cabeça, pingando por todos os lados.

Afastei-me satisfeita com o meu pequeno trabalhinho. Ouvi os risos e as ofegações surpresas à nossa volta. Os colegas de time dele riam até não ter ar.

—Parece que a baixinha é mais inteligente que tu, O’Brien!- esta exclamação veio de Harry, que ria como se não houvesse amanhã.

Ele levantou-se olhando-me com fúria. Com muita raiva. Talvez eu tenha exagerado um pouquinho. Mas não me arrependo. A sua sombra cobriu o meu pequeno corpo. Pode dizer-se que senti um pouco de medo naqueles segundos arrastados.

—Ah, mas agora tu vais ver! Ninguém mexe comigo, nanica! Ninguém!

Ele vinha para cima de mim. Os seus cabelos escuros eram lindos, brilhantes e pareciam macios. Os seus olhos transmitiam a sensação de me estar a afogar naquele mar de castanho e mel, naquele dourado impiedoso.

Eu nem acreditava que ele ia bater em mim! Numa mulher! Ele podia ter um pouquinho de respeito e consideração. Muito bem. Ele descia cada vez mais no meu gráfico de gajos decentes. E sim! Eu tenho um gráfico para avaliar pessoas! (tirei essa ideia depois de assistir a “How I  Met Your Mother” pela quinta vez)

O meu irmão meteu-se no meio. Os seus olhos negros faiascavam de fúria e ele parecia analisar o Senhor- Bipolar à sua frente. O meu irmãos era muito intimidante. Com aquele tamanhão todo e as tatuagens nos braços…

—Com a minha irmã não te metes, cara. Ela é mulher.- o meu irmão disse, muito calmo.

—Eu não lhe ia bater. Talvez pregar um susto. Eu não bato em mulheres.- disse o causador de toda esta confusão. Ponto para ele. Subiu ligeiramente no meu gráfico, mas continuava bem lá no fundo.

—Bom mesmo. Vamos embora, Kaiko. Depois ela te liga, Liv.

E puxou-me para fora do café antes mesmo que eu pudesse protestar, deixando James O’Brien parado no mesmo sítio onde eu o tinha deixado, com milkshake a escorrer-lhe pelos cabelos e pela camisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Do Tommy e da Zoe? Acham bem a reação da Kea ao possível namoro deles? E a Liv? E o James? Muito babaca?
Não tenham medo de comentarem e me dizeres tudo aquilo que quiserem. Eu vou adorar ouvir todas as vossas recomendações!
Beijinhos grandes e até à próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kaiko" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.