Deduções e células cinzentas escrita por Vanessa Sakata
A noite londrina estava especialmente agitada. Numa noite em que caía uma chuva bem fina sobre a capital britânica, ocorria uma grande festa em um dos hotéis mais luxuosos da cidade. Era um evento bastante concorrido e noticiado pela mídia.
Era uma festa cheia de glamour para comemorar o aniversário do nome do momento: Lola Mason. A jovem morena de pele bronzeada, cabelos castanhos ondulados, olhos verdes, lábios carnudos e curvas bem distribuídas em um metro e setenta de altura faziam com que todas as atenções se voltassem à sua presença.
Lola era uma atriz de vinte e oito anos de idade e desfrutava de um sucesso estrondoso após migrar de um reality show para a televisão, onde se destacou como uma das protagonistas de uma série muito premiada. Era badaladíssima e tudo que envolvesse seu nome era notícia em jornais, tabloides, revistas e sites da web.
Com um belo vestido longo de tafetá vermelho-escarlate, cujo decote tomara-que-caia realçava suas curvas e seu busto, aproximava-se do bolo para o costumeiro canto de parabéns e o assoprar das velinhas.
Apesar de todo o glamour daquela festa, sentia-se meio deslocada. Preferia mil vezes estar comemorando seu aniversário em uma boate, mas seu empresário bateu o pé e insistiu que desta vez seu aniversário fosse comemorado desta forma, com um baile beneficente. Um baile beneficente, onde todos estavam em black-tie. Muitos convidados compareciam, numa forma de melhorar sua imagem perante a elite londrina.
Só faltava terem convidado a família real britânica... Porque reconhecia políticos, músicos, atletas e, claro, os colegas da série. Interagiu com o máximo de pessoas que conseguiu. Dentre elas, seu amigo jornalista, Spencer Duncan, que estava acompanhado por mais dois homens, que vieram a seu convite.
Um deles lhe chamara a atenção por sua aparência bastante peculiar. Um metro e sessenta de altura, vestido com um smoking que seria facilmente mais impecável do que qualquer galã do cinema com a mesma indumentária. Era calvo e sua cabeça parecia ter o formato de um ovo. Seus olhos eram perspicazes e seu bigode parecia ser cultivado de forma esmerada. Além disso, ao conversar, possuía sotaque e era extremamente cortês.
Sim, aquele homem era bem peculiar. Lola queria satisfazer ainda mais sua curiosidade, pois Spencer lhe dissera suas credenciais, confirmando o que ouvira falar por alto a respeito dele. Entretanto, era a hora de dançar; por isso, desculpou-se e encontrou seu par, Casey Griffiths, que era seu colega de elenco e seu par romântico na série.
Ao fim da festa, Lola subiu para o seu quarto. Estava exausta. Para tirar o cansaço, tomou um rápido banho e, antes de se deitar, abriu o frigobar e despejou água da jarra no copo, para em seguida bebê-la. Sonolenta, a jovem atriz se deitou e adormeceu.
*
Manhã seguinte.
O dia amanheceu chuvoso e cinzento como o dia anterior. Spencer percebeu um movimento bastante atípico na entrada do hotel para aquele horário. Planejava visitar Lola e estranhou a presença dos policiais da Scotland Yard no saguão.
Seu instinto de jornalista o impeliu a abordar um dos policiais:
― Bom dia! Meu nome é Spencer Duncan, jornalista do site “CelebrityWeb”. Gostaria de saber o que aconteceu aqui no hotel.
― Bom dia, Senhor Duncan. A Scotland Yard foi acionada para atender um chamado de um dos funcionários, que encontrou uma hóspede morta em seu quarto.
― Já se sabe o nome da hóspede?
― Sim. É aquela atriz, a Lola Mason.
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