Dia 29 de um mês e ano qualquer 

De: Rosa

Para: Você Sabe Quem

Você deve estar pensando: uou, uma carta?! Sério?! Sim, uma carta. Não sei se você vai receber isso porque não sei se o correio dessa cidade ainda funciona. (Brincadeira). Mas queria te falar algumas coisas que só ficariam boas em uma carta. Não vou falar sobre nós, ou sobre mim, vou falar sobre minha tia.

Eu estava conversando com ela esses dias e ela estava me contando sobre esse homem com quem ela estava saindo. Minha tia já foi casada a muito tempo atrás e até  teve uma filha, só que se divorciou a muito pouco tempo. Ela me disse que esse homem foi a pessoa com que ela não pode ter um relacionamento. Que depois de trinta anos sem vê-lo, ela ainda sentia algo por ele. Porquê na época em que eles se conheceram seus pais não aprovaram o seu relacionamento.

Eu parei pra pensar sobre isso por um tempo e me fiz uma pergunta que esperava nunca fazer comigo mesma: será que daqui, não sei, dez, quinze anos, eu ainda vou sentir o que eu sinto toda a vez que eu vejo ele?! Será que vai ser sempre assim? E na mesma hora eu já sabia qual seria a minha resposta. Eu posso até conseguir esconder isso por muito tempo, e eu posso mesmo encontrar um amor que me deixe feliz. Mas será que vai ser a mesma coisa?

Eu não teria coragem jamais de pedir pra que nossa história acontecesse novamente. Eu tenho motivos pra ter medo disso e creio que você também. Até porque nós dois temos valores muito diferentes, e teríamos que fazer sacrifícios enormes um pelo outro. Mas confesso que me pergunto as vezes se isso poderia valer a pena. Eu acredito na história de um amor e uma cabana. Você é o amor da minha história. Eu me pergunto se algum dia eu vou superar. Não que eu não tenha superado os sentimentos e nossas histórias, eu superei e muito, mas superar a ideia de que  você sempre vai ser o homem da minha cabana. Eu não sei quando vou te enviar isso. Não sei quando eu vou criar essa coragem. Mas acredito que vai ser no tempo certo, como tudo acontece ou aconteceu. Obrigada por ser o homem da minha cabana.