A garota que eu costumava ser escrita por Elise Caroline Gouveia


Capítulo 9
Quimera


Notas iniciais do capítulo

UFC Fanfics, rodada 9.
Tema: Músicas francesas: “La Vie En Rose”, “Ne Me Quitte Pas” ou “Elle Me Dit”.

Escolhida: “La vie em rose” versão de Louis Armstrong.

Tradução:
Segure-me perto e me segure rápido
O feitiço mágico que você conjura
Isso é “a vida em rosa”
Quando você me beija o céu suspira
E embora eu feche meus olhos
Eu vejo a vida como se fosse rosa
Quando você me pressiona ao seu coração
Eu estou em um mundo distante
Um mundo onde as rosas florescem
E quando você fala ... anjos cantam de cima
Palavras cotidianas parecem ... transformar-se em canções de amor
Dê seu coração e alma para mim
E a vida sempre será
“A vida em rosa”.



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Quimera

(O mesmo que: ‘utopia’, ’ilusão’, ‘fantasia’, ‘ficção’ .)

...

Era a terceira noite de Eliza no hospital. Deitou-se para dormir com o mesmo peso no coração que a torturou nos últimos dias. Tinha medo do que seria da sua vida nos próximos dias, meses, anos. Tinha medo de que, apesar de todos os seus esforços, jamais conseguisse lembrar do seu marido. Parecia tão estranho ouvir as pessoas se referindo a Jonathan dessa forma. Eliza não conseguia se imaginar uma esposa. Claro, havia sonhado em como seria, mas era em um tom de ‘eventualmente’ não de ‘já sou’.

Sua mãe tentou contar para ela o quão bonito era o relacionamento deles. Ela parecia um pouco culpada quando lhe contou as histórias, e quando Eliza questionou, ela explicou que Jonathan não foi exatamente popular na família quando eles começaram a namorar. Sua mãe também disse que o que fez todo mundo mudar de ideia sobre ele, foi a forma como ele tratava Eliza.

John podia ser casca dura e peitar todo mundo que fosse de encontro a ele, mas Eliza era seu ponto fraco, a pessoa para quem ele baixava a guarda e era suave.

A cabeça de Eliza estava um turbilhão tão grande que não dormiu nas ultimas noites. Hoje, sentia uma exaustão gigantesca consumindo não só seu corpo, mas seus pensamentos. Deitada na cama, ela girava o seu anel de casamento entre os dedos. Tinha feito o mesma desde que sua mãe devolveu para ela. Não era um clássico anel de casamento, muito menos clichê. Era feito de ouro, o topo tinha a forma de lágrima, cercada com uma carreira de pequenos diamantes que envolviam uma bonita pedra azul. Um topázio, sua mãe esclareceu.

Era tão bonito e tão a cara dela, que quis chorar. Não se lembrava de Jonathan, mas cada pequena atitude dele demonstrava o quanto ele a conhecia e amava. Isso, a forma que ele a olhava nas fotos, o fato de ter contrariado sua reputação quando se apaixonou por ela; a coragem de ter enfrentado a opinião de todos para estar com ela; ter ficado sentado do lado de fora do seu quarto de hospital todo o tempo em que ela estava lá, mesmo quebrado, sabendo que ela não conseguia se lembrar.

Partia o coração de Eliza em um milhão de pedaços pequenos, pois sentia que não merecia todo esse amor, se iria se esquecer dele com tanta facilidade. Isso lhe doía de forma inexplicável.

Todos os pequenos detalhes do que ia descobrindo dele ficavam rodando na mente de Eliza quando ela estava sozinha a noite. Desejava que fossem lembranças, e não histórias que alguém tinha lhe contado.

Quando finalmente cedeu a exaustão e dormiu, sonhou com o conto de fadas que tanto haviam contado a ela. Sonhou com os braços que lhe seguravam tão firmemente nas fotos; com os olhos que lhe olhavam ternamente, e somente a ela; com dois corações que batiam acelerados, no mesmo ritmo um do outro. Sonhou o os suspiros e sussurros compartilhados entre os beijos de um casal apaixonado; em por do sol e flores; jantares a luz de velas; músicas românticas e um mundo de felicidade plena, embalado ao som de La vie em rose. E quando acordou, ainda no meio da noite, sentiu-se doente. Suava por cada poro, sua respiração era acelerada e o estomago revolvia-se, pois não sabia dizer se tudo aquilo era verdade, ou fruto do mais profundo desejo de se lembrar dele, dos momentos que passaram juntos.

Eliza queria, mais que tudo, o mundo cor de rosa que todos diziam que lhe pertencia. Queria Jonathan. Mas, desde que abriu os olhos depois do acidente, tudo que ela tinha passado era perda e sofrimento. O que só fazia, para ela, cada fragmento da bonita história mais doloroso de ouvir.


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