A garota que eu costumava ser escrita por Elise Caroline Gouveia


Capítulo 8
Vicissitude


Notas iniciais do capítulo

UFC Fanfics, rodada 8.
Tema: “Perdão”, “Amor” ou “Sarcasmo”.
Escolhido: Amor.



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Vicissitude

(O mesmo que: ‘Instabilidade’, ’mudança’, ‘eventualidade’, ‘tribulação’ .)

...

Jonathan não acreditava na sucessão de infortúnios que sua vida tinha se tornado. Como ele foi de uma alegria extasiante para uma completa desesperança do próprio futuro, era um infeliz mistério.

Quando conheceu Eliza, ele andava no que pensava ser um dos piores momentos de sua vida; e, não à toa, a vida de Jonathan era uma sucessão de desventuras em série tão grande que ele poderia ser considerado um Baudelaire. Mas revendo tudo o que tinha passado, sentiu que nada sequer chegava a se comparar ao que estava passando agora.

Quando sofria os maus tratos, as agressões psicológicas e tudo o que sua mãe lhe fez passar na vida; sentia-se enraivecido, furioso. Sempre aguentou tudo com um espírito inquebrável, porque ceder qualquer que fosse a chantagem da mãe, não era uma opção. Não daria aquela mulher o gosto de saber como seria destruí-lo. Durante todo o tempo em que foi obrigado a conviver com ela, manteve uma casca dura como fachada, sofreu em silêncio. Isso acarretou uma série de problemas em sua vida, como: medo de confiar nas pessoas, ou de ser feito de idiota. Tornou-se uma pessoa fria, de postura rude, que não tinha como hábito deixar as pessoas se aproximarem. Tornou-se, até mesmo, um pouco soberbo com a ideia de que tinha vencido na vida, porque foi capaz de construir uma carreira sólida jogando baseball e ganhar muito dinheiro com isso.

Ele podia olhar para trás agora e se reconhecer um idiota.

Ele não sabia nada sobre a vida, nem mesmo sobre si mesmo. Sua identidade, seu caráter, sua maneira de agir tinham sido tão influenciados pelo que sua mãe lhe fez passar, que, a ideia de que tinha vencido a mãe, no fim das contas, era uma grandessíssima ilusão.     

Não foi até que seu caminho cruzou o de Eliza, no meio de uma troca de olhares, que ele soube melhor. Foi a primeira vez que ele teve o impulso de perseguir algo; foi uma curiosidade natural, desprovida de quaisquer segundas intenções. Não foi atrás dela por causa de vingança, ou para provar um ponto. Nunca tinha conquistado nada que não fosse nascido do profundo desejo de se tornar aquilo que sua mãe disse que jamais seria capaz.

Ele foi até ela do único jeito que sabia: postura arrogante, olhar soberbo, emoções blindadas; e ela o colocou no seu devido lugar. Ela não agiu a altura das maneiras dele. Eliza calmamente o informou que ele era um idiota, e, desde então, ele deu seu melhor para provar o contrário.

Não sabia exatamente em que momento ele se apaixonou por ela; e, principalmente, não sabia por que ela havia se apaixonado por ele. Mas tinha consciência de que Eliza foi a primeira pessoa que o chutou para fora da caverna em que vivia. Sentiu com ela o que nunca tinha sentido: como era ser, verdadeiramente, amado por alguém. Não idolatrado, não bajulado. Amado.

E, hoje, ele podia dizer que não havia nada mais cruel que o amor.

É lindo, puro, te enche de felicidade e satisfação. Mas é, na verdade, um vício mais terrível que cocaína, porque, uma vez que você tem, jamais vai saber viver sem. E, uma vez que lhe é tirado, te destrói, te enfraquece. Quebra o seu orgulhoso espírito em um milhão de pedaços.

E pior, nada é capaz de curar uma dor de amor, a não ser o próprio amor.

O amor parecia para Jonathan como um infernal ciclo de dolorosas situações permissivas; onde a felicidade normalmente compensa a dor, mas que, eventualmente, deixa de ter proporcionalidade.  

Ao menos, era assim que se sentia após sentar-se do lado de fora do quarto de Eliza durante toda a noite, mesmo sabendo que ela não lhe conhecia mais.


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