A garota que eu costumava ser escrita por Elise Caroline Gouveia


Capítulo 10
Reminiscência


Notas iniciais do capítulo

UFC Fanfics, rodada 10.
Tema: “Pingu”.

Dentre os três episódios disponíveis, encolhi: “Pingu at the fairground”.

Deixarei o link no fim do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763519/chapter/10

 

Reminiscência

(O mesmo que: ‘relembrança’, ’recordação’, ‘lembrança’.)

...

Durante o tempo que Eliza esteve no hospital, sofreu, diferentes formas de aflições. Não somente as dores causadas pelo acidente, mas a tortura psicológica que foi ter amnésia; assistir o homem que, supostamente amava, ser torturado por um destino de incerteza; e ainda suportar ouvir relatos do que tinha perdido.

No ultimo dia naquele quarto estéril e impessoal, Eliza já se sentia anestesiada de toda a dor. Não um bom tipo de anestésico, mas aquele que vem da completa falta de esperança, que te deixa letárgico, sem saber como agir. Seus pais lhe lançavam olhares preocupados, tentavam obter uma reação dela, lhe faziam perguntas. Mas Eliza se sentou quieta, nem sequer tentando fingir que estava bem.

Não se lembrava de nada da sua atual vida, nem coisas pequenas, como o que fazia ou onde morava; nem das extremamente importantes, como quem amava. Não tinha perdido cinco dias num hospital, tinha perdido cinco anos da sua vida.

Enquanto esperava pela alta, sentou de braços cruzados na cama e não fez um movimento, até que seu irmãozinho se arrastou para ela com um tablet na mão. Ajudou-o a se sentar no seu colo e ficar confortável para assistir seus desenhos.

Observou quietamente Dylan escolher. Quando ele finalmente fez, era uma animação que ela não conhecia. O pequeno pinguim na tela não falava uma palavra coerente, mas Dylan ria tanto que seu pequeno corpo tremia. Eliza, inconscientemente, começou a prestar atenção.

Não sabia ao certo quantos episódios do desenho infantil tinha visto, quando as cenas começaram a fazer mais sentido do que o normal. Dois pinguins maiores estavam levando dois pinguins menores no parque de diversões. Eles comeram algodão-doce e brincaram no carrossel. Eliza fechou os olhos. Viu flashes de luzes coloridas. Ouviu as risadinhas de Dylan, mas eram distantes, como ecos, não as reais.

Tentou focar nas imagens que vinham para ela, no que representavam.

Ouviu Lily, sua irmãzinha, gritar; o barulho se juntando as risadinhas de Dylan. Havia uma multidão ao redor deles naquele dia, podia ver pessoas borradas no seu fragmento de memória. Lembrou do pânico que sentiu quando as crianças, de repente, sumiram das vistas dela. Alguém a abraçou por trás, colocando os braços em volta da cintura dela. O pânico se foi. A voz da pessoa atrás dela disse num tom calmante: — Está tudo bem, eles estão bem ali, anjo.    

Eliza abriu os olhos de repente, voltando a realidade de onde estava. Sua respiração acelerou. Levantou da cama rapidamente, deixando Dylan para trás.

O destino era um bastardo irônico.

Depois de todos o relatos, um desenho bobo foi que trouxe os flashes.

Lembrou-se daquela voz. Das palavras. Da memória. Eram reais, sabia que sim.

— Anjo — a voz dele dizia em looping na cabeça dela, em diferentes formas. Em um sussurro, no meio de uma risada, com raiva, com desespero, em exasperação, com dor... forçando Eliza a lembrar cada uma das vezes em que ele tinha lhe chamado assim.

Antes de perceber o que fazia, Eliza abriu a porta. Lágrimas desciam pelo seu rosto, incontroláveis e espontâneas. Ouviu seus pais chamarem seu nome, mas o barulho era distante.

Respirava descompassadamente. Olhou para a direita no corredor do lado de fora do quarto, na mesma direção em que tinha encontrado ele da primeira vez.

Mas Jonathan não estava lá.

Sentiu o pânico. Ele tinha lhe deixado? Tinha desistido dela?

Eliza deu um passo pra frente, sem rumo, querendo procurar ele, mas sem saber para onde ir. Fechou os olhos, apertou os punhos. Sua respiração se descontrolou um pouco mais.

Até que, como em sua lembrança, a voz dele soou atrás dela.

— Anjo

E, num piscar de olhos, Eliza se virou.

Houve um momento de suspensão entre eles, o tempo parou.

Seus olhares se prenderam um ao outro, como da primeira vez.

Então ela correu pros braços dele: sua casa.





Tema.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como essa foi a ultima rodada da primeira fase do UFC Fanfics, esse é o ultimo capítulo dessa história. Ao menos, por agora. Planejo postar capítulos bônus logo mais...
Obrigada a todos que leram até aqui ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A garota que eu costumava ser" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.