A garota que eu costumava ser escrita por Elise Caroline Gouveia


Capítulo 5
Desencanto


Notas iniciais do capítulo

UFC Fanfics, rodada 5.
Tema: “Decepção”.



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Desencanto

(O mesmo que: ‘decepção’, ‘desapontamento’, ‘ilusão’.)

...

Eliza ouviu as palavras de Phillip como se estivesse ouvindo alguma espécie de conto de fadas. Cada parte da grande e dramática história de amor lhe deixou mais confusa. Sentia-se estranha, muitas das ações que lhe foram descritas não pareciam coisas que teria feito em um dia normal. Amor fazia mesmo as pessoas agirem de forma louca, ela pensou.

Phillip disse que não sabia ao certo como ela havia conhecido o homem estranho do lado de fora da porta, porque, mesmo que eles ainda fossem melhores amigos, essa era uma história que ela, aparentemente, não compartilhava com ninguém. Ele também disse que era inegável o quanto ela estava apaixonada pelo cara, como foi complicado o relacionamento deles e que, apesar de tudo, ela tinha se casado com ele.

CA-SA-DO.

Essa foi a parte onde Eliza começou a surtar.

Levou vários minutos para que Phillip a acalmasse. Quando Eliza se sentia um pouco menos atordoada pela loucura que havia se tornado sua vida, fez mais algumas perguntas. Phillip respondeu a todas com uma calma anestesiada. Se alguém tivesse dito a ele, uma semana atrás, que precisaria contar a sua melhor amiga que ela tinha se casado com um homem que ela não reconhecia, ele teria, no mínimo, achado que era muita loucura.

Eliza andou inquieta pelo quarto, tentado reconhecer as emoções que se agitavam dentro dela.

Queria se lembrar dele.

Gostaria de saber como se conheceram, o que colocou nele aquele olhar perdido e quebrado. Queria ser capaz de processar o que ele significava para ela, mas se ela fechasse os olhos, mal podia detalhar as nuances do rosto dele.

Se lembrava do sentimento de pesar nele, da energia que ele lançava ao redor do quarto nos poucos segundos em que ele esteve lá com ela. Recordava-se da sensação da mão dele em sua pele no instante em que abriu os olhos.

Phillip lhe mostrou fotos e ele tinha razão, ela parecia apaixonada. Mas não era somente isso. Ela parecia feliz, completa. O homem segurava Eliza como se fosse a coisa mais importante em seu mundo. O coração dela bateu mais forte apenas ao contemplar a forma como ele olhava para ela nas fotos.

Eliza se apaixonou um pouco pela ideia de tudo isso.

O que tornou ainda mais difícil tentar separar o que ela estava realmente sentindo do que ela deveria sentir. Entendeu o ponto do médico quando sugeriu que ninguém lhe contasse nada.  

Como ela poderia amar alguém que não conhecia? Como era possível que sentisse saudade de coisas que não se lembrava?

Tinha tantas dúvidas e tantas perguntas, apesar de Phillip ter lhe dito tudo que sabia. Havia uma pessoa, no entanto, que poderia lhe esclarecer tudo. Eliza pensou que falar com ele fosse a melhor das ideias; que, como tiveram um amor tão bonito e verdadeiro, somente estar com ele poderia ser o suficiente para trazer de volta as lembranças perdidas.

Abriu a porta do quarto com um misto de ansiedade, esperança, medo e expectativa que a deixou levemente tremula.

Ele estava escorado na parede em frente ao quarto e levantou a cabeça quando ela saiu.

Eliza olhou para ele, sua respiração falhando. Os olhos dele encontraram os dela, seguindo o script. Ele fechou os punhos, como se estivesse se controlando para não alcança-la. O coração de Eliza batia forte e descompassado. Sustentaram o olhar um do outro pelo que pareceu uma eternidade, e...

Nada.

Nenhuma única lembrança voltou para ela.

A falta de reconhecimento quebrou cada ilusão que ela inconscientemente tinha criado.

Eliza fechou os olhos, seus ombros caíram. Lágrimas correram pelo rosto dela enquanto tentou pensar no que tinha dado errado.   

Essa tinha que ser a primeira decepção amorosa causada por um amor que deu certo...  


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