A garota que eu costumava ser escrita por Elise Caroline Gouveia


Capítulo 6
Estarrecido


Notas iniciais do capítulo

UFC Fanfics, rodada 6.
Tema: Música “Don’t be happy” do grupo de K-pop, Mamamoo.

Versos usados:
“Só pense nos tempos
Que somente você e eu sabemos
Como você pôde jogar fora
Por favor, não me deixe”



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Estarrecido

(O mesmo que: ‘apavorado’, ‘aterrorizado’, ‘assombrado’, ‘atônito’.)

...

Houve um segundo de silêncio quando os olhos deles se encontram; para John foi como se o mundo inteiro estivesse suspenso. Sua respiração ficou presa no peito, suas mãos enrolaram em punhos para impedir o impulso de chegar até ela. Esperou.

O peso de três dias sem dormir ameaçava fazer suas pernas colapsarem; o medo de nada nunca mais ser o mesmo continuava atiçando o frio que sentia na boca do estomago. O desespero de não poder ir até ela era absolutamente insuportável. Mas nada sequer chegou perto de ser tão agonizante quanto a segunda vez que os olhos de Eliza encontraram os dele sem nenhum reconhecimento.

Doeu de forma tão profunda que ele ficou paralisado. Seus membros sentiam-se pesados. Ouviu, atônito, o quebrado choro inconsolável de Eliza.  

Era como se sua mente e seu corpo não pertencessem um ao outro.

Queria gritar, implorar a ela que se lembrasse dele, de tudo que haviam passado juntos. Queria dizer a ela o quanto ele precisava dela, o quanto a amava.

Eliza era sua única família. Era a razão pela qual ele era uma pessoa melhor a cada dia; a âncora que o mantia fora do buraco negro assustador onde ela o tinha encontrado.

Não queria acreditar que tudo que passaram, tudo o que tiveram que enfrentar e combater para estarem juntos — os pais dela, sua própria reputação, o passado, os olhares julgadores —, tivesse sido em vão.

Lembrou-se da primeira vez que a viu. Como a pouco segundo atrás, os olhos dela haviam encontrado os dele; mas, ao invés da terrível desesperança que sentia agora, uma faísca tinha explodido por todo seu corpo.

Como ela foi capaz de esquecer aquela sensação?

O fogo que ferveu o sangue em suas veias apenas com um olhar; o arrepio que levantou todos os pelinhos do seu braço; a ânsia que teve de se aproximar, de tocar. A curiosidade de saber quem era o estranho do outro lado do longo olhar que seguravam. Sabia que ela sentiu o mesmo puxão para ele, haviam conversado sobre aquele momento muitas vezes; sobre como pré-sentiram que tudo estava prestes a mudar.

Como ela poderia não se lembrar do dia em que prometeram pertencer um ao outro para sempre?

De como ela sorriu e ele chorou quando, cercados por pessoas que sempre desacreditaram que eles dariam certo, juraram sempre lutar as batalhas um do outro; amar, mesmo quando discordassem; e serem felizes, apesar do que as pessoas falassem.  

Queria cair de joelhos e implorar para ela não deixa-lo sozinho para carregar o peso das lembranças do que eles poderiam ter sido. Precisava que ela o segurasse, garantisse que nada ia mudar; que ela sorrisse para ele e o provocasse, como sempre fez.

Desejava que tudo isso fosse apenas um sonho ruim, e que acordaria com ela do seu lado na manhã seguinte. Mas a dor no seu peito, o ritmo descontrolado do seu coração e cada tremor que passaram pelo corpo de Eliza enquanto ela chorava, eram reais.

Não havia nada que ele pudesse fazer.

A realização de todas essas coisas o fez desabar e, quando seus joelhos bateram no chão, não era para implorar por alguma esperança, mas porque ele havia perdido toda ela.

Havia perdido Eliza.


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