A garota que eu costumava ser escrita por Elise Caroline Gouveia


Capítulo 4
Indulgência


Notas iniciais do capítulo

UFC Fanfics, rodada 4.
Tema: “Personagens históricos (Martinho Lutero, Luís XIV ou Alexandre, O Grande)”.



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Indulgência

(O mesmo que: ‘Complacência’, ‘clemência’, ‘absolvição’, ‘Condescendência’.)

...

Phillip esteve na vida de Eliza desde sempre, literalmente. Seus pais eram amigos e vizinhos. Eliza soube desde pequena que teria Phillip para sempre. Eram inseparáveis, planejavam tudo juntos, de forma que evoluir o relacionamento deles de melhores amigos para namorados pareceu uma progressão natural.

Phillip entendia a confusão no olhar de Eliza quando Izabel entrou. Houve uma época em que ele teria a mesma reação se alguém ao menos cogitasse a possibilidade de Eliza e ele terminarem.

Não parando para descobrir como ela tinha passado sem que alguém lhe alertasse para a condição de Eliza, tirou Izabel do quarto o mais rápido possível e explicou a ela o que estava acontecendo. Agora, o mais difícil: teria que explicar a Eliza também.

Parou do lado de fora da porta do quarto em que Eliza estava hospitalizada e colocou as mãos na cabeça, tentando pensar em uma forma de começar a iminente conversa. Não conseguia precisar quanto tempo ficou lá antes que John aparecesse em seu habitual jeito sombrio, fazendo Phillip se lembrar da primeira vez que o conheceu. Nunca imaginou que Eliza fosse acabar amando alguém como o cara parado a sua frente, mas não podia, nem se quisesse, negar que o que os dois tinham era especial.  

— Você precisa explicar para ela — John afirmou, sabendo o que aconteceu.

— Eu não sei como fazer isso — Phillip respondeu com toda sinceridade. Foi complicado terminar com Eliza da primeira vez, mas era ainda pior agora, sabendo que eles nem mesmo estavam juntos.

Jonathan olhou-o tristemente, antes de oferecer a ele uma barra de Twix. Era o chocolate preferido de Eliza e sempre serviu como uma bandeira de paz com ela.

— Você e eu sabemos que ela não pode lidar com a falta de respostas, cara. Diga a ela o que está acontecendo, antes que ela enlouqueça — John pediu, fazendo Phillip se sentir impotente.

— Mas o médico...

— Diga a ela — John repetiu veementemente antes que ele pudesse terminar. — Não suporto vê-la dessa forma, Phillip, mas eu não posso fazer nada. Ela não me conhece agora, não tem porque confiar em mim em qualquer coisa. Mas ela conhece você, confia em você. É pedir muito, eu sei, mas você precisa fazer isso.

Phillip pegou o chocolate da mão dele relutantemente, suspirou e entrou no quarto.

Eliza olhou para ele e estreitou os olhos.

— Se você não veio para me dizer o que diabos está acontecendo, volte pelo mesmo caminho, Phillip.

Phillip sorriu petulantemente. — Mas eu trouxe chocolate...

Eliza revirou os olhos.

— Você não pode comprar perdão com indulgências, Phillip. Lutero e eu concordamos nesse ponto — disse secamente.

Phillip riu. Essa era uma resposta tão típica de Eliza que ele quase se esqueceu do que precisava fazer.

— Lutero não conhecia Twix — contrapôs categoricamente.

As bochechas de Eliza tremeram quando ela tentou, em vão, prender o riso antes de pegar o chocolate da mão dele. Phillip esperou ela abrir e comer um pedaço.

— Eu vou te contar o que quiser saber, Elle. Eu só... não sei por onde começar.

Eliza suspirou.

— Nós terminamos — ela disse, mas não era uma pergunta. Phillip confirmou, de qualquer forma. — Como foi?

— Não foi porque brigamos nem nada assim, só foi realmente embaraçoso. Não namoramos muito tempo antes de percebermos que deveríamos ser apenas amigos. Estragamos tudo confundindo nossa amizade com paixão. Não tínhamos isso. E, por um tempo, não soubemos como agir depois de terminar. Então, um dia, depois de termos passado algumas semanas estranhas, você apenas sugeriu que a gente fingisse que nunca tinha acontecido. Funcionou.

— Soa como algo que faríamos — Eliza considerou. — Então, aquela era sua noiva? Ela parece legal.

— Ela é incrível! — Phillip respondeu.

Eliza sorriu. — Você é meio tendencioso para me dizer isso...

— Provavelmente — concordou.

Então ela ficou quieta por um tempo, pensando.

— O homem com o olhar quebrado...  quem é ele?

Phillip suspirou, seria uma longa história.


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