Barriga de Aluguel escrita por Thatty


Capítulo 6
Capitulo 6 - Oito dias longe de mim?


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura meus amores!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763493/chapter/6

 Eu estava em casa deitada na cama com meu notebook sobre o colo e rodeada de livros e cadernos. A semana de provas estava chegando e eu estava uma pilha de nervos com tudo isso. Estava estudando que nem uma condenada e minha cabeça já doía de tanta cobrança de mim mesma.

 Enquanto eu folheava um dos livros recebi um e-mail da minha antiga professora Hellen. Quando abri o e-mail estava escrito.

Oi Bel. Como você esta querida? Eu estou maravilhosamente bem, estou me aventurando por Veneza este mês, comprei presentes pra você e Jonathan. Tenho certeza que iram gostar. E ah, conheci um homem e tanto, quase o matei atropelado, mas ele me chamou pra jantar e irei hoje, torça por mim. Ele é um gato. Mas me conte mais sobre sua vida? Como esta a faculdade e o emprego? Estou preocupada, se cuide minha menina.”

 Com isso eu respirei fundo sem saber o que dizer. Hellen era tipo uma mãe mas não tão mãe, ela ajudou tanto a mim quanto a Jona e eu não sabia como agradecer. Ela me ajudou a entrar na melhor faculdade do país, ela me ensinou tudo que sei, a falar varias línguas. Ela me deu toda sabedoria possível e educação também, eu sempre serei grata a ela. Mas não sabia como dizer que estava sem emprego e com risco de morar na rua.

 Meus dedos ficaram passeando pelo teclado por um tempo pensando na resposta quando a campainha tocou. Eu ate ia levantar, mas fiquei com preguiça. Olhei no relógio e já sabia quem era então nem me dei o trabalho de ir abrir. Segundos depois eu ouvi a porta sendo aberta e logo em seguida uma figura encharcada surgir no meu quarto e me encarar da porta.

 Eu sorri pra ele.

—Esta parecendo um gato molhado – eu murmurei voltando a olhar para o meu livro. Ele bufou.

—Gato eu sou mesmo. – Ethan disse estressado atravessando meu quarto e se sentando na cadeira. Eu tentei não olhar demais pra transparência da sua camisa. – Tá um temporal infernal lá fora.

—Você esta molhando minha poltrona Fray.

—Por que não atendeu o telefone quando eu te liguei mais cedo? – perguntou bravo tirando os sapatos e jogando no chão.

—Por que sabia que era você – respondi tirando os olhos do livro e o fitando. Ele estava com o cabelo molhado caindo nos olhos. – Tira esse sapato molhado do meu tapete agora.

—Chata – ele resmungou.

 Levantou-se pegando os sapatos e foi tomar banho no meu banheiro.

Eu achei que fosse ser impossível mais aquele lance de amigos estava dando um pouco certo pra nos. Tudo bem que mais brigávamos do que tudo, e a maior parte do tempo ele me irritava ou queria mandar em mim.

 Já havia se passado alguns dias desde o fiasco daquela festa e eu e ele nos aproximamos no acordo de que eu o ajudaria a ter um filho sem que eu mesma tivesse que dar um filho a ele. Entenderam? Enfim, fui com ele a lares de adoção, mas ele não gostou. Fomos à outra clinica de barriga de aluguel, mas ele não curtiu também, eu já estava desistindo dele, Ethan era muito seletivo. E todo esse processo fez com que passássemos mais tempo juntos o que eu não esperava de verdade.

 Ele saiu do banheiro minutos depois, vestindo só uma calça de moletom que deve ter esquecido aqui, quando dormiu aqui em casa pela ultima vez. Ele deitou do meu lado e o cheiro do meu shampoo de lavanda invadiu meu nariz. Ele se inclinou sobre mim curioso.

—O que ta fazendo?

—Estudando, respondendo uns e-mails, nada demais...

—Quem é Hellen Hill? – perguntou com o olho focado no meu e-mail.

—Uma ex professora minha...

—Vocês são muito intimas pelo visto. – ele comentou jogando a cabeça pra trás no travesseiro.

Eu fechei o notebook com força e quando o olhei ele estava olhando pra mim, com os braços cruzados atrás da cabeça, aquele cheiro de sabonete forte e ele estava sem camisa muito perto de mim...

Essa era a pior parte tentarmos ser amigos. Respirei fundo. Era difícil esquecer que já tínhamos transado.

—Hellen é uma parte importante da minha vida. Ela fez parte da minha criação, de quem eu sou hoje, de tudo que eu conquistei, e ela se preocupa muito comigo, nos falamos frequentemente. É só isso.

—Entendi – ele disse com a voz baixa – Ela foi como uma mãe pra você?

—Mais ou menos – dei de ombros – Ela é mais pra uma tia louca e neurótica.  – ele riu.

 Mas ela era mesmo, ela desistiu de ser professora, pois dizia que sua função de ensinar e educar foi cumprida quando conheceu eu e Jonathan. Quando eu fui detida pela policia ela estava lá. Quando eu quebrei meu braço numa briga ela quase quebrou o outro de tanta raiva e preocupação. Quando puis meu primeiro piercing ela me levou. Ela conhecia cada parte de mim e de Jonathan, nossas manias, nossas irritações, nossos medos, nossos sonhos, tudo. Agora ela esta curtindo a vida, viajando pelo mundo e conhecendo novos lugares, sendo louca em outros países.

—Eu vim aqui hoje pra te convidar a ir comigo visitar um novo lar de adoção. Eu encontrei um no centro e não queria ir sozinho, já que eu viajo em três dias – Ethan disse.

—Vai viajar? – eu perguntei o encarando. – Pra onde?

—Canada. Oito dias.                                                 

—Vai viajar por oito dias e não me disse nada? – me peguei brava com esse fato e ele sorriu abertamente.

—Qual o problema? Vai sentir minha falta? – ele perguntou cheio de gracinha e eu virei à cara com uma criancinha fazendo birra. – Faz parte do meu trabalho Bel, essas viagens acontecem de repente.

Mas oito dias fora? Era sacanagem. Pera ai, o que eu estava pensando? Se controla Izobel, desde quando o Fray se tornou essencial no seu dia a dia?

—De qualquer forma Ethan, eu estou atolada de coisas pra estudar, dessa vez não vai dar.

—Bel, você já esta trancada nesse quarto estudando há semanas. Você vai se sair bem, para de ser neurótica.

—Não quero apenas me sair bem, quero ser a melhor! – disse pegando o notebook de volta.

Ele olhou pra mim e de um sorriso leve. Ele estava visivelmente casando. Suas pálpebras estavam pesando quando ele piscava e sua respiração estava ficando calma demais, dava pra notar pelo peito.

—Era isso que eu queria – ele sussurrou de repente – Um filho esforçado que nem você.

—Se ele se parecer com você, pode ter certeza que você vai ter um – eu disse.

—Mas eu queria que ele se parecesse com você – ele resmungou.

 Eu ate ia responder, mas percebi que ele estava começando a dormir. Esse assunto era uma coisa não cessava, sempre que ele podia ele tocava no assunto deu dar filhos a ele e isso iniciava nossa briga. Ele ainda não tinha desistido de me engravidar e eu não gostava de tocar no assunto.

 Ouvi o apitar do meu e-mail e abri o notebook de novo. Tinha um novo e-mail na minha caixa de entrada.

Olá Izobel, lembra-se de mim? Eu queria ter mantido contato antes, mas não pude, me mantive muito atarefado esses dias. Vi aqui que suas férias estão chegando e continuamos em busca de estagiários com o seu nível de dedicação. A oferta ainda esta de pé. Quando quiser pousar na Austrália é só me ligar que a vaga é sua.

Atenciosamente, Francis Leone.”

Eu suspirei. Meu deus ir pra Austrália era algo muito grande pra mim que não tinha alcançado muitas coisas na vida. Eu queria tanto, mas parecia que tinha uma ancora me prendendo aqui.

Olhei para o lado e Ethan estava desmaiado num sono profundo. Um braço dele estava sobre a testa e os cabelos meios molhados totalmente bagunçados. Sua boca meio aberta com a respiração profunda. Eu fiquei o olhando por um tempo. Focalizando cada detalhe daquele homem perfeito. As veias saltadas do seu braço, o traço do seu nariz, seus cílios grandes fazendo sombra na bochecha pela luz do abajur, sua boca rosada entre aberta. Não era possível que uma mulher não ia querer ter algo com ele? Qual o problema dele em ter relacionamentos? Será que ele era gay?

Não poderia, bom, não do jeito que a gente transou aquela noite.

Eu balancei a cabeça e fechei o notebook quando vi que minha mente estava novamente voltando para aquela maldita noite. Eu sofria todos os dias pra esquecer o pouco que o álcool me deixava lembrar.

 Guardei o notebook e os livros e deitei ao lado do Ethan nos cobrindo. Ele se remexeu com o peso da coberta e me abraçou involuntariamente. Eu senti o peso do seu braço na minha cintura e seu queixo pousar na minha cabeça. Estava virando rotina ele dormir aqui, às vezes ele dormia na sala quando a gente brigava, às vezes ele dormia num colchão no chão. Mas desde a primeira vez que eu permiti ele dormir na minha cama eu não consigo mais dormir sozinha.

 Nossa amizade estava se tornando uma coisa estranha demais, e eu não estava tendo controle sobre isso e nos dois evitávamos falar sobre. Quer dizer, que tipo de amigos, dormem juntos, tem a chave da casa um do outro e já transaram uma vez? Pois então, a gente evita entrar nesse assunto.

 Eu só me deixei ser embalada por seu corpo e dormir junto com ele naquela noite chuvosa. E fiquei pensando até pegar no sono como eu ia fazer pra dormir agora, já que ele ia ficar oito dias longe de mim?

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tudo bom gente? Espero que sim pq eu estou ótima.

Hoje estou postado com pressa então vou ser breve, se vcs gostaram do capitulo comentem aqui pra mim a opinião de vcs, favoritem e recomendem pra fortalecer e incentivar a autora que vos falam. Amo vcs.

Boa semana e bjs da Thatty!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Barriga de Aluguel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.