Barriga de Aluguel escrita por Thatty


Capítulo 2
Capitulo 2 - Eu não posso gerar um filho de um desconhecido


Notas iniciais do capítulo

De volta com mais um capitulo...
Boa leitura



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—Nossa Jonathan estou me sentindo um copo descartável. Como você pode me mandar pra uma entrevista de emprego dessas? Aquele cara quer me engravidar!! Quer que eu gere um filho dele!! – gritei exaltada.

 Eu havia saído direto da entrevista e ido atrás de Jonathan. Eu estava muito indignada e precisava descontar isso nele.

 Ele estava escolhendo o Buffet do seu casamento. Ele e a noiva tentavam me ignorar enquanto provavam os docinhos espalhados na imensa mesa de vidro e eu surtava na frente deles.

 – Eu já disse que não sabia sobre o que era – falou com a boca cheia de chocolate – Fora que foi você que não prestou atenção, já que os detalhes da vaga estavam no e-mail em que eu te mandei. – ele me encarou sorrindo torto  – Mas enfim, vai aceitar? 

 –É lógico que não! – falei exasperada jogando minhas mãos pra cima. – Você me fez gastar o pouco de dinheiro que eu tinha pra ir a uma entrevista idiota dessas.

 –Deveria aceitar, ele é rico, tenho certeza que vai te pagar bem por isso – Amanda, sua noiva, palpitou enquanto passava os olhos pela bandeja de salgados. Eu a encarei cerrando os olhos. – E você está precisando. 

 –Eu não te perguntei nada Amanda. 

 –Na sua atual situação não esta podendo recusar conselhos – disse rindo debochada.

 – Olha aqui sua intrometida... – Eu disse já me levantando da mesa onde estava sentada e Jonathan levantou também.

 –Para vocês duas. – disse me interrompendo. – Amanda me de um minuto, eu já volto. 

 Ele saiu me empurrando pra fora do pequeno buffet sem dizer nada. Eu sabia que ele estava chateado, e entediado.

 Jona era tipo um irmão mais velho. Apesar de não nos parecemos nada já que não tínhamos laços sanguíneos. O conheci no orfanato onde vivíamos. Nós crescemos juntos, um ajudando o outro. 

 Quando cheguei no orfanato com 4 anos de idade Jonathan já estava lá, ele tinha 6. Aos 18 anos sai de lá e fomos morar juntos. Naquele ano Jonathan acabou conhecendo sua família biológica, só o seu pai na verdade, já que a mãe morreu no seu parto. O pai dele estava doente e em fase terminal, ele foi embora por alguns meses pra Holanda conhece-lo e cuidar dele. Depois disso quando voltou trouxe a mala da Amanda com ele. 

 –Uma hora vocês vão ter que aprender a conviver juntas – ele resmungou soltando meu braço quando chegamos na calçada. 

 Eu respirei fundo e cruzei os braços irritada.

 –Manda ela parar de cuidar da minha vida então.

 Amanda era uma aproveitadora, mal amada e ingrata. Ou era só o que meu ciúmes achava isso tudo dela. 

 –Ok ok – disse passando a mão nos cabelos enrolados – Eu vou fazer de tudo pra te arrumar um emprego, eu prometo.

 –Ate agora você já me mandou... - disse listando nos dedos -...Pra uma entrevista em um asilo com um monte de velho tarado, no orfanato que a gente morou e agora pra ser barriga de aluguel. Qual vai ser o próximo? Pra virar traficante?

 Ele me encarou segurando o riso e eu quis soca-lo.

 –Só relaxa Bel e confia em mim.

 –Eu vou embora enfiar minha cara num esgoto. Tchau. 

 –Se eu fosse você começava a fazer yôga, dizem que é bom pra gravidez – disse rindo.

 Eu apenas lancei um olhar raivoso pra ele e sai sem me dar o trabalho de responder. Eu amava ele mas as vezes queria mata-lo.

 [...]

 Bom, viver sozinha não era nada fácil, o apartamento em que eu morava era pequeno e simples mas o aluguel já estava atrasado a 2 meses. Eu faço faculdade a noite, consegui uma bolsa de 100% numa das melhores faculdades com a ajuda da minha professora Hellen. Esse ano ainda me formo em Jornalismo.

 Mas sem trabalho está complicado, mesmo tendo bolsa os livros são caros e eu não consigo um estágio por ter trancado por uma época. Minhas dívidas estão acumulando e não posso mais contar com Jona pra me ajudar. Ele está construindo a própria família agora.

 Assim que cheguei em frente ao meu prédio vi um carro enorme e todo preto parado na portaria. Estranhei já que não circulavam carros caros no meu bairro. Caminhei pra dentro do prédio e assim que entrei levei um susto. 

 A mulher que fizera a seleção da entrevista de hoje cedo, estava la conversando com meu porteiro. Assim que ela me viu entrar abriu um sorriso enorme e veio até mim. 

 –O que você está fazendo aqui? – perguntei. 

 –O senhor Fray me mandou até aqui pra conversar com a senhorita. Ele quer que eu explique a situação. Você pareceu assustada e saiu correndo, ele ficou preocupado.

 –Eu não quero saber de nada. Vai embora.

 –Senhorita por favor me escute. - ela insistiu.

 –Não, eu não fui avisada que a entrevista se tratava daquilo. 

 –Eu só te peço 5 minutos e nada mais do seu tempo, ou eu falo aqui na frente de todos – eu bufei sentindo o olhar curioso do porteiro e da vizinha que estava enrolando na portaria com seu cachorro nos braços - Eu não posso voltar lá sem ao menos dizer que te expliquei as coisas, me escute por 5 minutos apenas. Por favor!

 Eu apertei os olhos com os dedos pensando no assunto. A senhora  parecia decidida e impaciente batendo o salto no piso frio. Caraca aquele homem deve ser um chefe horrível pra ter feito ela vir aqui e não deixa ir embora sem falar comigo.

 –5 minutos – sussurrei baixo e segui para o elevador e ela foi atras de mim. Quando chegamos no meu apartamento eu mal fechei a porta e já a encarei jogando minha bolsa no sofá -Fala!

 –Não vai me oferecer um café? 

 –Não. Fala logo que eu tenho pressa. 

 Ela respirou fundo e sentou na poltrona a minha frente sem ser convidada.

 –Bom o Sr. Fray acha que você teve uma má impressão dele hoje.

 –Ah ele acha, é? – disse soltando um riso irônica.

 – Ele não esperava que você não soubesse do que se tratava, ele não esperava por sua reação.

 –E eu não esperava que ele fosse me pedir pra gerar um filho! 

 –Querida, entenda, o Ethan é um homem de 29 anos que é sozinho – ela disse com um certo carinho na voz. – Ele tem bons amigos e família. Uma única irmã pra ser mais exata. Eles não se dão muito bem. A Rachel é meia irmã dele e não tem direito da fortuna e nem da empresa, isso a torna uma pessoa... Não muito boa pra se conviver. Os pais do Ethan morreram cedo e ele já se sente velho...

 –Velho com 29 anos? 

 –Ethan é preocupado demais com a empresa. A família e a vida dele é aquela empresa, é tudo o que ele é, é tudo o que os pais dele foram. Ele não quer deixar pra qualquer um, e ele não quer que Rachel a tome caso algo aconteça com ele. Pra isso ele precisa de herdeiros.

 –Mas porque uma barriga de aluguel? Porque não arranjar uma esposa e formar uma família?- Perguntei indignada.

 –Motivos pessoais dele, do qual eu desconheço. – ela disse apertando os dedos incomodada com a pergunta. Tinha algo errado ali. – Ele só quer uma chance de conversar com você de novo. Ele quer sair com você na verdade.

 – Não.

 Respondi sem ao menos considerar a pergunta.

 –Senhorita Prattes não julgue antes de conhecê-lo, por favor, você é minha última esperança.

 Ela falava com um certo afeto na voz. Duvidava muito que ela fosse apenas uma secretaria dele. Ela falava como se ele fosse de porcelana.

 – Você percebe o que está me pedindo? Eu não posso simplesmente gerar um filho pra um desconhecido e depois sumir no mundo como se nada tivesse acontecido. Eu não posso fazer isso. Eu tenho 21 anos e não sinto a menor vontade de ser mãe, muito menos, de entregar meu próprio filho pra alguém e sumir... porque foi exatamente o que fizeram comigo. Então desculpe, mas eu não posso ajudar. Procure outra das candidatas. 

 Ela soltou um suspiro entristecido e se levantou ajeitando a bolsa no ombro. Tirou do bolso do casaco um papel e pós em cima da mesinha do telefone.

 – Ele mandou te entregar. – ela caminhou até a porta e deu um sorriso murcho antes de se despedir - Ate breve Izobel Prattes.

 

 


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Notas finais do capítulo

Feliz com os comentários do Prologo e passando pra pedir pros fantasminhas se manifestarem. Façam uma escritora feliz, eu juro que não mordo ;)

Espero que tenham gostado desse capitulo. Comentem, favoritem e recomendem. Toda opinião pra mim é valida.

Bjs da Thatty.



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