POV. Loki (Laufeyson) Odinson. 

Finalmente eu estava sozinho com meus pensamentos, depois de meses naquela nave que era pequena demais para que eu fugisse de companhia indesejada, eu finalmente me encontrava em um aposento que seria apenas e exclusivamente "meu". Eu tinha sobrevivido a tentação de matar todo mundo ou acertar minha cabeça na parede repetidas vezes e era isso que importava, ou pelo menos era disso que eu me convencia enquanto tirava minhas roupas e me dirigia ao banheiro luxuoso que se encontrava no quarto que havia sido destinado a mim. O local de banho era na verdade uma pequena piscina natural de água quente de onde se via o vapor subindo, o tipo de luxo que eu ansiava depois de tantas limitações na nave, porém considerava o mínimo para um Deus como eu. 

Mesmo querendo me demorar no banho, finalizei sem muitas delongas e vesti as vestes em tom de preto que algum servo do castelo trouxe. Eu precisava me juntar a Thor e a dupla de dois, que eram Hulk e Valquíria, no salão de refeições para almoçar com o rei e a princesa desse mundo onde decidimos procurar abrigo. 

Pailteas era um mundo esquecido no universo, pensei enquanto me dirigia ao salão, era uma terra distante e afastada onde a passagem do tempo era contada pelo ciclo da lua, porém a lua levava trinta dias para completar o ciclo. Por sorte, chegamos no início da primavera, Thor e eu escolhemos o planeta pois Freya, nossa tia, era a rainha do lugar, mas agora ela tinha morrido e isso colocava o povo de Asgard na dependência da bondade do Rei Freir. E isso significava que eu teria, nas palavras de Thor, me comportar. 

Chegando em frente das portas do salão a pouca movimentação me indicou que eu estava adiantado e ninguém tinha chegado ainda, ou era o que eu achava até que entreabri a porta e escutei vozes que me fizeram para o movimento. 

— Não se trata apenas do Deus do trovão, se seu pai aceitar o pedido deles, é povo e aquele arrogante do príncipe Loki- falava uma voz masculina. - Você viu a cara de superior que ele fez quando mostraram o quarto dele? 

— O Príncipe- agora uma voz feminina falou dando ênfase no príncipe. - Também é um Deus, e não seria de bom tom você criar intriga com um Deus, Klaus. 

Gostei dessa garota, pensei com um sorriso de lado aparecendo no rosto. 

— O Deus da mentira e da trapaça, e exatamente por isso eu acho que um tipo desses não deveria ser aceito no nosso planeta. - A voz masculina continha desdenho ao se referir a mim. 

Eu tenho que me comportar, fiquei repetindo mentalmente minha paciência já desgastadas depois de todo o tempo na nave com a massa de músculos verdes sem cérebro, um verme ousava falar naquele tom sobre mim. 

— Se eu fosse Freir não aceitaria aquele- o verme em forma de homem pareceu pensar antes de continuar. - Não aceitaria essa laia andando entre o povo, não precisamos dos problemas dos quais eles parecem estar fugindo. 

Nesse momento meus olhos se fecharam em fendas e quando vi já estava abrindo as portas com estardalhaço, no fim, bom comportamento é superestimado. 

— Mas você não é o rei, não é mesmo? - Dois rostos surpresos se viraram na minha direção, feito crianças pegas aprontando e quase que um sorriso de satisfação aparece em mim.- Um ser ignóbil como você nem deveria ter permissão para abrir a boca. 

A irritação transbordando das minhas palavras, enquanto meus olhos percorriam de cima a baixo o verme loiro a minha frente, quando o significado da minha fala fez sentido ele imediatamente deu um passo a frente com a óbvia intenção de me atacar no olhar. Não me dignei nem a piscar, meus lábios retorcidos em desdenho. 

— Klaus se controle e Príncipe Loki, não vamos descer o nível da conversa por favor- A figura feminina de incisivos olhos verdes falou olhando para mim, porém uma das mãos no ombro do guarda, na tentativa de conter o mesmo.