Poder e Controle II escrita por Anne


Capítulo 4
''Ride''




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763380/chapter/4


I am alone in midnight
(Eu estou sozinha à meia-noite)
Been trying hard not to get in trouble, but I
(Tenho tentado muito não entrar em problemas, mas eu)
I've got a war in my mind
(Eu tenho uma guerra em minha mente)
I just ride
(Então, eu apenas sigo em frente)

Krystal não parava de sorrir.
Estavam paradas na plataforma 9 3/4, a fumaça da locomotiva de Hogwarts se espalhando por entre os alunos e familiares que aguardavam a saída do trem. Annelise já usava o uniforme completo da Sonserina, metade do cabelo solto e a parte de cima presa num coque despojado. Krystal, por sua vez, usava as mesmas vestes pretas dos alunos primeiranistas e os cabelos muito cacheados soltos, emoldurando seu rosto delicado.
— Será que vão te selecionar junto com o primeiro ano? — Annelise apoiou o corpo no puxador do malão, o rosto bonito se franzindo com a dúvida. Seu gato, que ela resolvera chamar de Salém, miou em protesto dentro da gaiola que estava encaixada em cima do malão.
— Por mim tudo bem. — Ela deu de ombros. — Ah, olha ali seu invocadinho.
Annelise segurou um sorriso enquanto revirava os olhos e se virava para ver Draco entrar na plataforma acompanhado de Narcisa. Ele beijou o rosto da mãe e caminhou até elas, puxando seu malão com certa impaciência.
— Oi.
— Oi, Draco.
— E aí. — Krystal sorriu, enrolando uma mecha do cabelo no dedo indicador distraidamente. Um apito soou de dentro do trem e alguns alunos começaram a entrar. — Ah, vamos nessa!
Ela liderou os dois, ainda que não conhecesse nada. Entrou com seu malão no trem e passou entre os alunos que abarrotavam o corredor, mas parou e voltou-se para a amiga.
— Que foi? — Annelise sorriu. — Entra nessa cabine, está vazia.
Os três entraram e guardaram seus malões, fechando a porta em seguida. A coruja de Krystal, Wade, ficou preso dentro da gaiola no chão, enquanto Annelise decidiu deixar Salém esticar as pernas na cabine, mas o gato preferiu deitar-se no colo dela e dormir. Draco se sentou na frente das duas, sozinho.
— Espero que seja selecionada para a Sonserina, Krystal, ou vamos te atirar no Lago Negro para as sereias comerem. — Brincou, mas manteve o rosto sério.
— Sereias? — Ela arregalou os olhos.
— Sereianos. Sereias. Que seja. — Draco deu de ombros, ao mesmo tempo que Blásio abria a porta e entrava na cabine com Pansy, Crabbe e Goyle atrás. Os meninos se apertaram no banco com Draco enquanto Pansy se sentava ao lado das duas.
— E quem é essa? — Perguntou, olhando Krystal com curiosidade.
— Krystal Villewick. — Ela se apresentou, com os olhos desconfiados. Sabia tudo sobre Pansy pelo que Annelise contara.
— Prazer.
Estavam há quase trinta minutos correndo pelos trilhos quando Hermione Granger e Rony Weasley apareceram para monitrar a cabine, mas não se demoraram. Draco ficava calado, observando a conversa paralela e, de vez em quando, sorria levemente para Annelise. Ela, por sua vez, retribuía, mas estava mais prestando atenção no quanto Blásio e Krystal pareciam se conhecer há anos.
— Draco, não vai para as tarefas de monitor? — Perguntou Pansy, mexendo na ponta dos cabelos negros curtíssimos.
— Não poderia ligar menos.
Ela riu, mas era diferente de como se comportava ano passado. Não parecia estar tentando impressioná-lo.
— Com licença. — A porta da cabine abriu-se e uma terceiranista da Lufa-Lufa entrou, com as bochechas absolutamente coradas. — Tenho bilhetes para Annelise Morgerstern e Blásio Zabini. — Ela estendeu a mão com dois pergaminhos enrolados e cada um pegou o seu, sob os olhos atentos dos amigos. A menina se virou e fechou a porta ao sair.


Prezada Annelise Morgerstern,
Seria um prazer se você me fizesse companhia no almoço no compartimento C.
Sinceramente, professor H.E.F Slughorn.

— Quem é Slughorn? — Perguntou Pansy, que havia se aproximado para ler.
— Deve ser o novo professor de Defesa Contra As Artes das Trevas. — Annelise enrolou o pergaminho outra vez. — Mas não imagino o motivo de ter me chamado.
— Você foi aprovada nessa matéria nos N.O.Ms?
— Sim, tirei nota máxima.
— Mas não pode ser isso. — Blásio franziu o cenho. — Enquanto Annelise obteve um ''ótimo'' eu tirei ''aceitável''.
— Então vamos lá descobrir. — Ela se levantou depois de colocar Salém no espaço vazio do banco e enfiou o pergaminho no bolso interno da capa junto com sua varinha.
Os dois saíram pelo corredor e não demoraram à chegar ao compartimento, onde o professor aguardava com alguns alunos que Annelise reconhecia vagamente. Uma garota ruiva, que ela sabia ser Gina Weasley, estava encolhida num canto perto da janela. McLaggen, um rapaz alto e forte também estava lá dentro.
— Ah, vocês devem ser Annelise e Blásio, estou certo? — O professor sorriu largamente.
— Sim, senhor. — Ela confirmou, sentando-se ao lado do amigo.
— É um prazer conhecê-los. — O professor voltou-se para a porta que se abria e seu rosto se iluminou com a chegada de Harry Potter. Logo atrás dele vinha Neville Longbottom, que parecia não saber muito bem o que estava fazendo ali. — Harry! Que bom revê-lo, meu rapaz! E você deve ser o senhor Longbottom!
O professor começou longas apresentações sobre os alunos que estavam ali, mas ninguém realmente parecia prestar atenção. Depois, começou a interrogar aluno por aluno, e a medida que a conversa fluía, Annelise percebeu que todos eles tinham parentesco com alguém famoso, com exceção de Gina Weasley.
— Senhor Zabini! Tive a alegria de conhecer sua mãe! Uma bruxa belíssima, estonteante! Sete casamentos que acabaram tragicamente, mas ao menos ela herdou montanhas de ouro, eh? — Ele riu. Blásio não moveu sequer um músculo. — Bem, bem... — Desconcertado, o professor virou-se para ela. — E Annelise! Sua mãe, Madeleine Rosier, me escapou quando seus pais a permitiram ir estudar em Ilvermorny, mas felizmente ensinei todo o resto da família. Bruxos talentosíssimos. O irmão dela, Evan Rosier, era um rapaz muito talentoso. Uma pena que...— A voz do professor morreu aos poucos e ele tomou um gole de sua taça de ouro. — E Joseph Morgerstern foi meu na Sonserina. O vi fazer coisas com sua varinha que o faziam ser destaque em sua classe! Como eles estão?
— Mortos. — Annelise respondeu, sem cerimônias, enquanto todos pareciam arregalar os olhos para ela. Blásio, é claro, soltou uma risadinha baixa com a falta de tato da amiga.
— Mortos? Eu não soube de nada, por Merlim! O que houve? — Perguntou o Prof. Slughorn, depois de se recuperar de uma engasgada.
Annelise inclinou a cabeça, sentindo fios do cabelo caírem em seu rosto.
— Comensais da Morte.
Os olhos do professor escureceram levemente.
— Eu sinto muito, senhorita. — Disse, com honestidade. — Uma perda terrível, claro.... Eu ouvi boatos uma vez de que os Morgerstern tinham se misturado com veelas?
— Ah, sim. Mas foi anos atrás. Minha tataravó era uma veela e meu próprio tataravô a matou. Ficou com os filhos e disse que ela nunca o contou sobre ser veela. Eu acho que era mentira. — Annelise deu de ombros.
— Ah, entendo, entendo... Bem... — Os olhos do professor circularam na cabine. — Harry Potter! Por onde começar? Sinto que mal cheguei a conhecê-lo no nosso rápido encontro no verão! O Eleito, é como estão o chamando agora! — Todos os olhos pararam em Potter, mas ele não disse nada. — Naturalmente correm boatos há muitos anos... lembro-me quando, bem, depois daquela noite terrível... Lílian, James... mas você sobreviveu e diziam que devia ter poderes extraordinários.
Blásio deu uma leve tossidinha, num gesto quase debochado.
— É, Zabini, porque você tem tanto talento... — Gina Weasley interveio com uma voz zangada.
— Minha nossa! — Exclamou Slughorn, rindo. — É melhor ter cuidado, Blásio! Vi essa mocinha executar uma maravilhosa azaração para rebater bicho-papão quando estava passando pelo compartimento dela! Eu não a irritaria.
— Pois é melhor que ela tenha cuidado. — Annelise ergueu o queixo, fitando Gina com intensidade. Os olhos de todos iam de uma para outra. Ela não se importava mais com as boas aparências, afinal, já havia lhe acontecido o pior. Falhara em sua missão e não precisava mais ser amiga de Potter ou dos amigos dele.
— Isso é uma ameaça? — Gina arqueou uma sobrancelha, levemente se inclinando para a frente.
— Só se você quiser que seja, Weasley. — Annelise cruzou as pernas e recostou-se confortavelmente no banco outra vez.
— Está bem, está bem! Acalmem-se!
As horas passaram tediosamente enquanto o professor praticamente discursava um monólogo, até que pelo fim da tarde os dispensaram. Annelise e Blásio entrelaçaram os braços e caminharam de volta para o compartimento deles, zombando baixinho de McLaggen e Slughorn. Annelise passou pela porta e se sentou, reparando com um incômodo que Krystal e Pansy haviam saído. Draco pulou para o banco ao lado dela e deitou-se com a cabeça em seu colo, fazendo-a sorrir.
— Que merda! — Blásio socava a porta, que parecia se recusar a fechar. Com um solavanco, ele caiu no colo de Goyle, que fechou a cara.
— Tá de brincadeira, Zabini?
Crabbe socou a porta com força e ela se fechou. Blásio sentou-se, olhando com raiva para Goyle que devolvia na mesma intensidade.
— E aí, o que Slughorn queria? — Perguntou Draco. Annelise mexia nos cabelos dele, sentindo Salém se esfregar em suas pernas.
— Puxar o saco de gente bem relacionada. — Respondeu Blásio, ainda encarando Goyle. — Não que tenha encontrado muita gente. Annelise o chocou todas às vezes que abriu a boca.
— Quem mais ele convidou?
— McLaggen, da Grifinória.
— Ah, sei, ele tem um tio importante no Ministério. — Disse Draco, fitando o bagageiro no teto.
— Um cara chamado Belby, da Corvinal, Longbottom, Potter e a garota Weasley. — Concluiu Blásio.
— Ele convidou o Longbottom? — Draco sentou-se rapidamente, parecendo chocado.
— Ele estava lá. — Blásio deu de ombros, indiferente.
— Que é que Longbottom tem que poderia interessar Slughorn?
— Perguntou bastante sobre os pais dele. Parece que eram bruxos talentosos. — Annelise olhou para o bagageiro, pensando ter visto algo lá em cima.
— E Potter, obviamente ele queria dar uma olhada no Eleito. — Draco riu com desdém. — E a garota Weasley?
Ele se deitou outra vez, procurando cegamente a mão de Annelise no banco e quando a achou guiou-a até seus cabelos outra vez.
— Parece que a viu fazer algum feitiço que lhe agradou.
— Bem, lamento o mau gosto de Slughorn. Deve estar ficando caduco. Meu pai era uma espécie de favorito dele... provavelmente Slughorn não sabia que eu estava no trem.
— Eu não esperaria um convite. — Blásio esticou-se no banco. — Me perguntou sobre o pai de Theodore quando estava embarcando, pelo visto eram bons amigos. Mas quando soube que o velho Nott foi apanhado pelo Ministério não ficou nada feliz, e não convidou Theodore. Vai ver Slughorn não está interessado em Comensais da Morte.
Draco olhou para Annelise por alguns segundos e se virou para Zabini.
— Bem, quem se importa? Quem é ele na ordem das coisas? Apenas um professor idiota. Quer dizer, talvez eu nem esteja em Hogwarts ano que vem, que diferença faz se um velho decadente gosta ou não de mim?
— Como assim não vai estar em Hogwarts ano que vem? — Blásio perguntou, as sobrancelhas franzidas.
— Ora, nunca se sabe. — Ele riu. — Talvez eu venha a me dedicar à coisas maiores e melhores.
— Você está se referindo a ele? — Perguntou Crabbe, com os olhos arregalados.
— Mamãe quer que eu complete minha educação, mas acho que isso não é importante. Quando o Lorde das Trevas tomar o poder, será que vai se importar com as notas que a pessoa obteve? Claro que não.
— Draco. — Annelise mordeu os lábios. — Para com isso.
— E você acha que será realmente capaz de fazer algo por ele? — Zabini disse com sarcasmo. — Com dezesseis anos e a escola incompleta?
— Foi o que acabei de dizer, né? Vai ver ele não se importa se eu tenha qualificações. Talvez eu não precise disso para o trabalho que ele quer que eu faça. — Draco continuou, a voz baixa parecendo se concentrar nos dedos de Annelise.
— Já estou vendo Hogwarts. — Ela o empurrou de seu colo, recebendo um olhar feio em resposta. — É melhor vocês se trocarem. — Annelise abriu a porta da cabine e saiu, decidida à ir encontrar Krystal. Ela, no entanto, vinha pelo corredor com Pansy e um garoto da Corvinal.
— Ei, Anne. Como foi com o professor? — Perguntou, com um sorriso largo.
— Entediante. — Annelise olhou desconfiada para Pansy, que parecia não perceber enquanto praticamente ronronava para o garoto. — Onde você foi?
— Fui dar uma volta com Pansy! Conheci algumas pessoas, todos aqui são tão simpáticos!
Elas sentiram o trem reduzir a velocidade e finalmente parar.
— Krystal, me espera lá na frente, tá?
A amiga concordou sem questionar e acompanhou Pansy e seu namorado para fora do trem, na direção dos inúmeros alunos que seguiam para o mesmo lado. Annelise viu Crabbe, Goyle e Zabini saírem da cabine e entrou no mesmo instante.
— Malfoy, você é idiota por acaso? — Ralhou, fechando a porta atrás de si. Ele havia se trocado e terminava de abotoar a capa ao redor dos ombros.
— Podemos falar disso depois? — Pediu, com a voz serena. — Quero ficar sozinho por um minuto antes de descer. — Ele se aproximou e beijou seus lábios com calma, fechando os olhos. Annelise, no entanto, permaneceu de braços cruzados e olhos abertos, estreitos para ele.
— Anda logo. — Disparou, pegando Salém pela barriga e o colocando na gaiola - com miados de protesto -, puxou seu malão do bagageiro e saiu fechando a porta da cabine.

Annelise segurou a carruagem sob gritos de protestos dos amigos, aguardando Draco. Ele não demorou para vir, uma expressão risonha presa nos lábios. Entrou na carruagem, sendo seguido por Annelise. Eles se acomodaram no banco e ela observou o Testrálio levá-los até o castelo com um arrepio na nuca. No ano passado podia vê-los, mas agora parecia dez vezes mais real. Cada vez que olhava o dorso do bicho lembrava-se da expressão de Amélia Bones, a vida deixando seus olhos...
— Que lindo! — Exclamou Krystal em voz alta ao seu lado, atraindo sua atenção. Hogwarts brilhava com suas luzes um pouco à frente e Annelise olhou para a amiga, que tinha o rosto colado na janela, sorrindo emocionada.
— É mesmo. — Ela concordou, observando o castelo também.
As carruagens logo pararam e os alunos desembarcaram, espalhando-se pelo hall de entrada em vozes e gritinhos altos. Annelise apontava tudo e todos em seu alcance e exibia para Krystal, que não parava de lhe fazer perguntas.
— Senhorita Villewick. — A voz rígida da professora McGonagall chamou a atenção do grupo, fazendo todos a olharem. Ela desceu os olhos para as vestes pretas de Krystal. — Sou a professora McGonagall. Pode me acompanhar, por favor?
— Por que? — Questionou Annelise, segurando o pulso da amiga. A professora a olhou sem entender.
— Para selecioná-la, é claro.
— Não posso ir? — Pediu, fazendo sua melhor expressão de cachorrinho que caiu da mudança.
— Infelizmente não, senhorita Morgerstern. Preciso retornar para selecionar os alunos primeiranistas. Com licença. — Com um aceno de cabeça, indicou Krystal para segui-la, que se virou para dar uma acenada triste para a amiga.
A expressão de Annelise se fechou, sentindo um mau humor imediato.
— Ah, ela já volta. — Draco a consolou, beijando sua testa em seguida. Alguns olhares e murmúrios os cercavam e ela não sabia dizer se era por Lúcio Malfoy ainda estar preso ou pela demonstração pública de afeto.
— Gostei muito de Krystal. — Comentou Pansy, mexendo nas pontas do cabelo curto.
— É mesmo? — Perguntou Annelise, com um tom azedo.
Blásio riu.
— Não seja patética, Anne.
— Não seja você! — Retrucou, cruzando os braços. — Que demora! Por que demora tanto assim?
— Ela acabou de ir. — Pansy deu de ombros. — Eu já vou me acomodar no Salão. Vejo vocês lá dentro.
Eles observaram a menina dar as costas e sumir porta adentro no Salão Principal. Ficaram alguns minutos no hall, em silêncio, quando ouviram passos saltitantes virem até eles.
Krystal Villewick andava até eles com um sorriso. A gravata vermelha da Grifinória e o brasão da casa em sua capa preta ornavam bem com ela, mas aquilo não impediu que Annelise encarasse a amiga completamente horrorizada.
— Não! — Sussurou, de olhos arregalados. — Não, Krystal!
Ela gargalhou em resposta.
— Certas coisas são inevitáveis, amiga, o que eu poderia fazer?
Zabini suspirou audivelmente.
— Ela tinha que ter um defeitinho, não?
Draco riu.
— Parece que ganhamos uma inimiga.
— O quê?! — Krystal arregalou os olhos.
— Ele está brincando! — Annelise interviu, segurando os ombros da amiga. — Quem cuidará de você? — Gemeu. — Droga, Krystal! Não podia ser um pouquinho mais.... ambiciosa?
— Ou astuta... — Adicionou Blásio.
— Andem, andem! Para dentro do Salão, na mesa de suas respectivas casas, por favor! — A professora McGonagall apareceu outra vez, segurando o Chapéu Seletor na mão.
Krystal abraçou Annelise com força.
— Desculpa decepcionar.
Annelise grunhiu.
— Tá!
As duas se separaram e seguiram para dentro do Salão Principal. Annelise observou os cachos da amiga balançarem graciosos até a mesa da Grifinória até ela se sentar, cumprimentando à todos com um sorriso. Pareciam curiosos e ela logo desandou à falar. Annelise, ainda em estado de choque, foi quase arrastada para a mesa da Sonserina e se sentou entre Draco e Theodore Nott, que era bastante quieto no geral.
— Realmente ficou surpresa? — Perguntou Blásio, sentado na frente dela com Pansy ao seu lado. — Pelo que conversamos no Caldeirão Furado eu tive certeza que ela não seria Sonserina.
— E por que tinha tanta certeza assim? — Annelise perguntou com desdém, querendo enfiar o garfo no pescoço de Blásio. Ela conhecia Krystal perfeitamente bem e não precisava que Blásio, que a conhecera há poucos dias, lhe dissesse como sua melhor amiga era. Ele não respondeu, no entanto, pois as portas do Salão se abriram e os pequenos alunos primeiranistas atravessavam o local parecendo impressionados, caminhando até a ponta e parando diante do banquinho com o Chapéu Seletor. A seleção transcorreu normalmente, com os alunos selecionados para a Sonserina sendo recebidos por enxurradas de palmas e assobios animados e então, finalmente o professor Dumbledore se levantou e abriu o banquete. O estômago de Annelise deu sinal de vida e ela não demorou para pescar asas de frango e pedaços de rosbife para seu prato.
— Ah! — Murmurou Blásio com a boca cheia. — Sério, os elfos de casa não cozinham como os elfos daqui.
— O meu cozinha excepcionalmente bem. — Annelise comentou. Ela virou o pescoço, mastigando vagarosamente, e seu olhar percorreu a mesa da Grifinória até encontrar Krystal, que conversava animadamente com Gina Weasley. Uma leve preocupação passou por sua cabeça.
— Ela é uma amiga fiel. — Comentou Draco em voz baixa. — Não se preocupe.
— Sim. — Annelise concordou, olhando para ele. — Mas até onde ela vai trair sua essência boa para ficar ao meu lado?
— Você também é boa.
Ela riu ironicamente, decidindo não responder.
Logo terminaram o jantar e seguiram para a sobremesa, se empaturrando dos melhores doces possíveis e impossíveis. Não demorou muito para que terminassem e voltassem os olhar para Dumbledore, que pigarreou ao se levantar da mesa dos professores.
— Uma grande noite para todos! — Começou sorridente, abrindo os braços em boas-vindas. Uma de suas mãos estava quase preta, o que chamou a atenção de todos os alunos quase que no mesmo instante. Murmúrios corriam pelas quatro longas mesas do salão. — Não há motivo para preocupação... agora, as boas vindas aos alunos novos, bom retorno aos antigos! Mais um ano de muita educação mágica aguarda a todos...
— A mão dele parece prestes a cair. — Comentou Zabini, enojado.
— Com certeza está morta. — Annelise analisou. — Está bem feio.
— ... e o senhor Filch, nosso zelador, me pediu para avisar que estão banidos todos os artigos de logros e brincadeiras comprados na loja chamada Gemialidades Weasley. Os que quiserem jogar nas equipes de quadribol das Casas devem se inscrever com os diretores respectivos, como sempre. Estamos também procurando novos locutores de quadribol, que devem fazer o mesmo.
Annelise inclinou a cabeça, tentada à fazer o teste. Gostava muito de quadribol e no ano interior decidira não fazer os testes apenas porque tinha sua missão para cumprir, mas esse ano aquela já não era uma realidade. Ainda assim, precisava ficar de olho em Draco.
— Esse ano temos o prazer de dar as boas vindas a um novo membro do corpo docente, o professor Slughorn. — O professor se levantou, acenando. — É um antigo colega que aceitou retomar o cargo de mestre das Poções.
Um novo murmúrio correu pelo salão novamente.
— Snape está bem ali! — Disse Pansy indignada, com os olhos firmes no professor.
— A não ser que... — Começou Draco, as palavras se perdendo.
— Por sua vez, o professor Snape assumirá o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas. — Dumbledore continuou, num tom de voz ligeiramente mais alto. A mesa da Sonserina imediatamente explodiu em palmas, assobios e gritos comemorativos que o professor recebeu com um ligeiro aceno de cabeça. Annelise se sentiu satisfeita, pois Snape era um bom professor. Porém, não pôde deixar de dar uma leve risadinha com a ironia dos acontecimentos.
— Finalmente. — Comentou Theodore, num tom de voz baixo.
Dumbledore pigarreou antes de prosseguir.
— Nem todos os presentes neste salão sabem que Lorde Voldemort e seus seguidores estão mais uma vez em liberdade e cada vez mais fortes. — O silêncio se expadiu e pareceu esmagador na atmosfera do Salão Principal. Annelise olhou discretamente para Draco, que praticava Wingardium Leviosa com um garfo, sem olhar para Dumbledore mas com os ouvidos muito atentos. — Não posso enfatizar suficientemente o perigo da presente situação, e o cuidado que cada um de nós, em Hogwarts, precisa tomar para garantir que continuemos seguros. As fortificações mágicas do castelo foram reforçadas durante o verão, estamos protegidos de maneiras novas e mais poderosas, mas ainda assim precisamos nos defender escrupulosamente dos descuidos de estudantes e funcionários. Peço, portanto, que respeitem as restrições de segurança...
Annelise virou levemente o corpo em direção à Draco e passou os dedos em fios de cabelo que haviam se soltado do gel.
— Era só isso que faltava, esse velho caduco enchendo o saco de todo mundo... — Falou em voz baixa, baixando a varinha e deixando o garfo cair com um estrépido, atraindo olhares. Ele se aproximou e a beijou rapidamente, voltando a encarar o diretor. Annelise fez o mesmo.
— ...descansar para as aulas de amanhã. Vamos, portanto, dizer boa noite. Pip pip!
Os bancos se arrastaram e os passos ecoavam pelo Salão Principal, todos os alunos se dirigindo para seus dormitórios. Já no hall de entrada, Annelise procurava por Krystal na multidão, mas viu a amiga subindo as escadas com uma onda de alunos da Grifinória e Corvinal. Parecendo sentir, ela se virou e sorriu para Annelise, que retribuiu e seguiu seu caminho para as Masmorras. Ainda que ela soubesse tudo o que poderia acontecer naquele ano, estranhamente ela se sentia segura e feliz por estar em Hogwarts novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi amores!! Alguma surpresa com a Krystal na Grifinória ou vocês já tinham previsto? KKKKK

Obrigada a todos os comentários e acompanhamentos novos ♥ Comentem aqui se gostaram do novo capítulo ♥

Beijooooo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poder e Controle II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.