Borbulhante! Isso! Borbulhante é a palavra ideal para a nossa amizade. Ela é borbulhante porque é felicidade. É borbulhante porque lembra a água quando ferve e em seu ápice borbulha. É borbulhante porque a gente gosta de uma boa e barata cachaça. 

Mal havíamos nos despedido no elevador e já estávamos conversando pelo WhatsApp. Nossa mente sempre estava ocupada com inúmeros pensamentos e eles sempre deveriam ser compartilhados com o outro, afinal, somos uma coisa só. Algumas pessoas insistiam naquela ideia de sermos namorados ou apaixonados, só que é mais complexo, nos amamos, mas é amor fraternal. Nada além disso. 

Para ter ideia, tentamos nos beijar uma vez, nosso primeiro beijo, estávamos curiosos quanto a isso. Porém o resultado foi desastroso, eu vomitei e ela falou que se tivesse almoçado teria vomitado também. Parecia um pecado beijar a Samanta, por isso, nunca mais tocamos no assunto. 

         Nossa conversa da noite era sobre a nossa HQ, depositamos todas as esperanças nesse projeto e tínhamos medo que não desse certo. Mas como sempre, Samanta irradiava aquela luz otimista e me mantinha forte. Disse que a desgraça a gente já tinha, agora era correr atrás da melhoria. Sim, ela muda os ditados populares a seu bel prazer. 

Samanta: Wes, nossa história tá muito top, mas precisamos de um artista cara, se não ninguém vai comprar essa ideia. 

Wesley: Tem seu irmão. Ele desenha muito. Só parar de implicar com ele. Mas acho que devemos primeiro escrever toda a história e depois ver se vai dar certo.

Samanta: CALA TUA BOCA QUE VAI DAR CERTO SIM!!! A GENTE VAI SER RICO, ESTILO STAN LEE.

Samanta: Mas blz, depois a gente vê isso. Você vai comigo amanhã na entrevista?

Wesley: Eu não vou. :X

*

— Você é o melhor amigo do mundo. – Ela me dizia e eu a fuzilava com meu olhar. Queria ser o Super-Homem e ter raio laser nos olhos... essa peste.

— Eu nem sei porque estou aqui. Vou fazer de tudo para não passar nessa entrevista. Não quero trabalhar no telefone tomando esporro dos outros não. Se me xingar eu vou xingar, Samanta.

— Operador de telemarketing ativo.

— O que sua peste?

— O nome da nossa futura profissão de universitários fodidos é: Operador de telemarketing ativo.

— Fanfic deveria dar dinheiro. Igual 50 tons e a Barraca do beijo.

— Calma a gente chega lá. Enquanto isso passe na entrevista.

— Sinto muito Samanta, mas não conte com isso.

*

— Porque deveríamos te contratar?

— Vocês não deveriam.

— Veio na entrevista porquê?

— Porque a Samanta me obrigou.

— Você tem algum emprego?

— Não, mas não quero esse.

— Está contratado.

— Moça, você deve estar enganada, eu disse que não quero. Contrata a Samanta!

— Vou contratá-la como supervisora. Você será promissor. Será o melhor vendedor.

*

— Wes. – Disse alongando meu apelido num fino grito que tilintava nos meus ouvidos. – Você não vai acreditar! Eu vou ser supervisora. Eu estou tão feliz! Você é como um amuleto da sorte para mim! – Disse me abraçando freneticamente. Como não amar essa garota borbulhante?