Prodígio de Titânio - Livro 2 escrita por Jojs


Capítulo 2
Pepper, nossa garotinha voltou




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A cabeça doía tanto que ela não podia contar, era como se tivesse batido sua testa repetidas vezes na parede, não tinha como explicar a dor que era forte, mas ainda assim suportável. Nick e Natasha não estavam mais juntos no quarto, o diretor tinha ido embora e a agente fazia algumas anotações em uma pasta como se tomasse nota de última hora ocupando a poltrona de cor vermelha, porém opaca, a frente da cama, poltrona essa que tantas vezes Lila sabia que seu pai havia se sentado.

A figura paterna transpôs a porta ainda um pouco afoito, seu semblante de preocupação se tornou um sorriso enquanto ele colocava a mão no rosto, suas orbes negras não acreditavam na visão que via, Tony Stark esfregou os olhos mais de uma vez provocando a risada da mais jovem sobre a cama, o homem estava estático ao vê-la ali parecendo tão bem. Lila afastou as cobertas de suas pernas e tentou sair da cama para abraçá-lo, mas caíra no chão, logo amparada pelos braços do pai.

— Minhas pernas! — Os olhos dela se enchiam de lágrimas. — O que houve com as minhas pernas?

— Acalme-se, Lila. — Tony pediu pegando a filha do colo e devolvendo para a cama. — Você está a muito tempo sem mover seu corpo, pode ser que sinta dores ainda, eu conversei com seus médicos durante toda sua estadia, isso é normal.

— Eu nunca mais vou andar? — O queixo dela tremia como o de uma criança de cinco anos a chorar.

— Ei, ei! Você vai andar sim, é temporário. — Tony envolveu a filha em um abraço e beijou o topo da cabeça de Lila. — Você não sabe quanto eu senti sua falta, filha.

— Eu também, pai. — Ela respondeu baixo e chorando.

A cena deixou Natasha Romanoff olhando pai e filha por um tempo, Tony uma vez olhou pra ruiva encarndo os dois e ela logo desviou o olhar. A agente tomava nota de tudo para o seu relatório, desde que Lila apresentou poderes especiais a mulher estava ali anotando tudo, Tony sabia que ela era da SHIELD pois Coulson disse uma vez e também falou com Tony como Romanoff era de segurança, ela também era como uma espécie de guarda-costas contra qualquer coisa que pudesse entrar ali e atrapalhar o descanso de Lila.

As sessões de fisioterapia começaram naquela tarde mesmo, Tony queria Lila de volta o mais rápido possível, mas só de ver Lila de volta era algo muito bom para ele. Tony, no entanto, não pode ficar para as primeiras sessões, queria cancelar todos os compromissos, mas não poderia, mesmo que ele quisesse instalar câmeras no quarto para vigiá-la o tempo inteiro, Phil também não pode ir, então Natasha teve que permanecer, no tempo em que ela esteve ali teve duas pessoas além de Tony que ela sabia que Lila amaria ver e bastou uma ligação para que uma delas aceitasse fazer as sessões de fisioterapia de Lila bem melhores.

— Eu queria que meu pai estivesse aqui. — Lila reclamava pela quinta vez enquanto a fisioterapeuta fazia os exercícios em uma de suas pernas. — Vai demorar muito para que eu possa voltar a andar? É porque meu aniversário é em quatro semanas e eu quero estar bem.

— Isso pode levar mais de um mês. — A mulher falou e Lila revirou os olhos. — Digo, sobre andar bem, sem dores, no seu prontuário mostra que você fazia exercícios quase todos os dias da semana durante o coma, isso foi muito importante para que você continuasse a andar.

— Mas? — O olhar de Lila foi na mulher e depois em Romanoff que as observava.

— Mas, você ainda vai sentir dores e ter dificuldades de andar, suas pernas não estavam recebendo o peso do seu corpo a mais de um ano. — A fisioterapeuta olhou para Lila e depois para a agente na poltrona.

— Está me chamando de gorda? — A voz estridente de Lila poderia ser ouvida no corredor.

— Se eu tinha dúvida que você tinha acordado, não tenho mais. — O homem na porta trazia um presente em mãos. — Te ouço lá da rua.

— Também senti sua falta, Steve. — Lila sorriu esticando os braços para que ele se aproximasse.

Era um acalento para os olhos de Steve vê-la assim, sorrindo e bem, não lembrava de quantas vezes ele viu a mesma cena se repetir com coisas flutuando e os monitores malucos, das poucas vezes que a face dela mudara do neutro para algo que parecia dor, se aquilo pelo menos fosse acordá-la seria bom, mas Steve sabia que não iria e sofria com ela. Todas as coisas que passaram durante semanas eram nada agora, pois ela estava ali de novo.

— O que veio fazer aqui? — Ela o encarava com a caixa em mãos. — E o que é isso?

— Não é óbvio que eu vim ver uma amiga? — Ele riu se aproximando mais. — São chocolates, Tony disse que você gosta e eu fui buscar no Brooklyn assim que a Srta. Romanoff ligou, demorei até um pouco demais.

— Nostálgico? — Ela o questionou pegando os bombons em mãos e abrindo a caixa que tinha um desenho especial de lua. — Nunca tinha comido desses, minha nossa, são lindos.

— Confesso que fiquei observando alguns lugares. — Steve sorriu sem jeito coçando a cabeça. — Quis trazer de um lugar conhecido, essa loja abriu a muito tempo, minha mãe gostava dos chocolates de lá e as vezes ela dizia que o que precisamos para curar a mente é um pouco do passado.

— Talvez seja. — Lila comentou mordendo um dos chocolates. — Creamcheese!

— Sim, aliás são meus favoritos. — Steve já roubava um da caixa de Lila.

— Vou deixa-los a sós, a sessão dela já terminou? — A ruiva questionou a fisioterapeuta que babava pelo loiro ao lado de Lila, quando a mulher balançou a cabeça de forma positiva ela se levantou. — Então vamos deixar a Srta. Stark e o Capitão Rogers colocarem o papo em dia.

Eles ficaram por ali um bom tempo conversando, era bom pois Lila se divertia e assim o tempo passava mais rápido, ter Steve por perto era garantia de sorrisos a maior parte do tempo. Romanoff até voltou um tempo depois, mas foi apenas para pegar as coisas e se despedir de Lila junto ao Capitão Rogers, quando os dois saíram Lila encarou a realidade de estar enfim sozinha naquele quarto, mesmo que a noite já caísse quando isso aconteceu.

Os dias passaram e Lila estava na maior parte das vezes cercada de pessoas, mas até mesmo isso a deixava cansada e entediada, ela queria voltar logo a sua rotina, ter coisas para fazer. Naquela manhã no fim de outubro, quase novembro, Lila esperava por Tony, o quarto estava cheio de flores, balões e ela brincava que era como se tivesse ganhado um bebê, era engraçado.

— Você está bem? Certeza? — Tony perguntou mais uma vez e Lila sorriu. — Não quero se se esforce, fique na cama e ...

— Pai, eu estou bem. — Ela riu, estava em pé a frente de Tony, já andava apesar de algumas dores. — Estou louca é para vestir minhas roupas e tirar essas horríveis de hospital.

— Só mais uma semana, eu prometo. — Ele beijou a testa dela com um sorriso. — Eles estão chegando em breve, vem o Steve, Connor, a Angelica, o Happy e a Pepper.

— Nossa é muita gente. — Lila listava os nomes e logo o sorriso saiu de seu rosto. — Mas o tio Phil? Ele não vem?

— O Phil tinha outros compromissos, mas ele, o Nick e a Srta. Romanoff mandaram abraços. — Tony sorriu na tentativa de fazê-la sorrir. — Não fique assim, todos querem ouvir sobre esses últimos meses, você disse que tinha algo a dizer.

— E que queria todos aqui. — Ela estreitou os olhos. — Tudo bem, depois eu falo com o tio Phil.

Lila voltou a ocupar um lugar sobre a cama enquanto aguardava que os outros chegassem, quando ela disse a Tony alguns dias antes que tinha coisas para contar do tempo que passou adormecida ele ficou curioso, se fosse apenas por ele ela já tinha dito tudo, mas Lila queria contar com todos ali, seus amigos, sua família, era torturante manter tudo na sua cabeça apenas, achava que se falasse talvez melhorasse. Enquanto pensava naquilo as vozes no corredor pareciam muito mais altas e fortes, mas ela sabia que não eram apenas vozes, eram pensamentos, ao olhar para Tony ela pode ouvir até mesmo ele pensando nos últimos preparativos para quando ela chegasse em casa, naquele momento ela sorriu mesmo que a sua cabeça doesse.

— Então ... Enquanto os outros não chegam, a gente pode ir conversando. — Tony se sentou na cama perto dela. — Você pode começar a fazer planos, não é?

— Eu tinha pensado na faculdade, mas não sei. — Ela alisou a própria testa, aqueles poderes estavam no meio de toda a sua preocupação. — Talvez não seja mais prudente.

— Não diga isso. — Tony segurou as mãos dela. — Você é jovem demais, pode tentar daqui uns anos quando tiver um controle maior.

— Você tem razão, mas antes eu preciso ver até onde eu consigo chegar com isso. — Ela tocou a própria testa. — Não sei, eu leio coisas, escuto conversas na TV e parece que tudo é absorvido de uma forma diferente, acho que poderei te ajudar mais ainda com a sua armadura.

— Eu tenho certeza que sim. — Ele sorriu olhando nos olhos dela, mas ouvindo a maçaneta se abrir e as vozes de Pepper e Happy em seguida. — Vamos lá!

Estavam todos ali, menos Phil, Lila sabia que poderia repetir para seu padrinho em outro momentos, todos os presentes se espalharam pelo quarto e Tony se manteve em pé ao lado dela, segurando sua mão como se incentivasse que ela fizesse aquilo, tudo que fosse pelo bem de Lila seria feito por Tony, ele jurou enquanto ela dormia que se ela acordasse não pouparia esforços para ajuda-la, se aquela era uma forma, então que Lila considerasse feito.

— Primeiro de tudo obrigado por terem vindo. — Ela sorriu olhando nos olhos de cada um. — Eu sei, saibam que sei mesmo, o quanto vocês cuidaram de mim nesse tempo, de diferentes formas e eu sou imensamente grata por isso.

— Você faria o mesmo por cada um de nós. — Connor se pronunciou com meio sorriso e chamou a atenção dos olhares dos outros. — Você não deixou de procurar Tony quando ele sumiu e não descansaria até que qualquer um de nós acordasse se estivéssemos em coma, você merece cada esforço que tivemos por você, Lila.

— Ele tem razão. — Happy apontou a cabeça para o garoto. — Você é nosso sol, Liz.

— Não dê motivos para um Stark se achar mais. — Angelica ergueu e abraçou os ombros. — Então querida, por qual motivo nos chamou aqui?

— Oh! Isso. — Lila apertou a mão de Tony um pouco mais forte. — Eu preciso compartilhar isso pois é um peso aqui dentro e não tem ninguém melhor que vocês, que me conhecem e me entendem, para estarem aqui e me ajudarem a estar com um alívio desse finalmente.

— Nós sempre estaremos aqui. — O sorriso de Pepper ao dizer aquilo era como um calor no coração de Lila.

— Pois bem. Quando eu toquei o cubo foi como se eu tivesse sido puxada para dentro de uma dimensão estranha, meu corpo ficou aqui, mas minha mente estava em outro lugar, o tempo passava e eu percebia que estava presa nessa dimensão azulada, como se ... — Lila procurava a palavra.

— Se estivesse presa dentro do cubo. — Steve completou e todos o olharam. — Tive essa sensação quando o toquei uma vez, foi rápido, você deve ter tocado por mais tempo, por isso foi sugada.

— Talvez seja. — Ela suspirou. — Dia após dia eu ouvia suas vozes, lá eu não sentia fome, sede ou cansaço físico, mas meu cansaço moral e mental era gigantesco e se eu desistisse por um segundo tudo estaria perdido. Eu ouvi as conversas, as brigas e os pedidos para que eu acordasse, foi difícil romper as paredes da prisão em que eu estava, mas foram vocês, todos vocês, que me mantiveram de pé, muito obrigado.

Os olhos dela estavam avermelhados, lacrimejavam só de pensar nas paredes azuladas que pareciam dar choque quando ela tocava, nas milhares de vezes em que ela tentou bastante sair que não conseguia, como sentia-se sem ar, presa, enjaulada, nas crises de pânico que teve e em como aquele medo de voltar lá era real, mas Lila também se lembrava de como e porque saiu de lá, foi por cada um deles, seus amigos e família, que ela estava ali de volta agora.


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