Prodígio de Titânio - Livro 2 escrita por Jojs


Capítulo 13
Lar Trincado




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Era tudo um breu para a jovem Stark, não havia sonho, apenas um limbo, Lila temeu até mesmo ter acontecido com ela o mesmo de meses atrás quando ficou uma quantidade interminável de dias presa naquela cama, dessa vez ela não escutava nada, nenhuma voz, nenhum vento frio que fosse no rosto, seu temor se tornou maior ainda, poderia ter parado em - literalmente - qualquer lugar do cosmos, longe dos que amava e sem chance de retorno. Nesse momento a única coisa que ela sentia eram às lágrimas quentes no rosto, mesmo que ao tocar não sentisse nada, novamente estava na sua pior prisão, a mente.

Os sentidos retornaram aos poucos, o vento vinha tocando-lhe o rosto de forma delicada, a voz ao fundo, a figura turva de Connor surge a frente dos olhos de Lila, ele pega o corpo da jovem no colo, levando para dentro em vez de deixar sob às pedrinhas do terraço onde ela tinha parado. Uma vez sob o sofá ele abanava seu rosto enquanto chamava o nome de Lizandra várias vezes, ela ainda estava inerte mas era como se seu cérebro tremesse dentro da cabeça, doía e era estranho.

— Connor, por deus, cala a boca um pouco. — Ela ainda estava tonta. — Eu só preciso recuperar a consciência direito, não sei quanto tempo eu fiquei apagada, como você me achou aqui?

— Não achei Liz. — Ele explicou sentando sob a mesa ao lado dela. — Eu estava aqui esperando o helicóptero do meu pai, quando ele chegasse eu subiria para o último andar e o encontraria fora da cidade pra voar pra Washington, está rolando tremores na cidade toda. Eu estava aguardando quando surgiu um clarão e você estava caída lá.

— C … Você não me achou. — Ela sorriu de canto. — Eu te achei. Eu queria estar com alguém que me sentisse bem e segura.

— É bom saber que eu faço você se sentir assim. 

Lila e Connor se conheciam desde que ela tinha ido morar com Tony, o Stark e o pai do rapaz eram conhecidos e ela frequentava a casa dele muito antes de serem de fato amigos e logo passaram a ir a mesma escola. Connor percebeu que era apaixonado por ela aos onze anos, quando ela recebeu uma cartinha de um admirador secreto e ele ficou furioso, até “acidentalmente” molhou a carta que se desfez em pedaços. Ela tinha várias pessoas ao redor por seu pai ser quem é, era o tipo de pessoa que era naturalmente popular pelo sobrenome que carregava, ele não podia dizer que sabia que ela odiava, Lila como Tony amava o estrelato, mas no fim das contas, ele sabia que amigo mesmo era só ele. Não, eles eram melhores amigos.

Já Lila nunca soube dizer o que ou se sentia algo além da forte amizade por Connor, por muito tempo ele foi o irmão que ela nunca teve e sabia que nunca teria, mas desde aquele encontro no apartamento de Sam e o quase beijo deles, ela vinha pensando no amigo de uma outra maneira, considerando possibilidades, num futuro em que todos os homens do fossem idiotas demais para ela, Lila ainda teria Connor, alguém que a conhecia, entendia e estava do lado dela, para ele ser seu amigo valia muito mais do que qualquer outra coisa, era o tipo de lealdade que ela apreciava e queria ao seu lado, não teria alguém melhor que ele. Às mãos da garota o puxaram para perto, de tantos quases que eles tiveram na vida, aquele não seria mais um deles, seria um beijo finalmente.

Connor não podia imaginar quantas vezes imaginou aquele cenário, um em que Lizandra Stark correspondesse o que ele sentia e ela sabia, mesmo antes de ler mentes, Lila já lia nos olhos do amigo o sentimento, coube a ele esperar e finalmente havia sido correspondido. Em meio a uma Nova York caótica os dois não viam os segundos correndo enquanto se beijavam, não era bem o lugar ou situação mais romântica do mundo, mas na vida de bilionários juvenis, nada era muito convencional, ainda mais aqueles bilionários.

— Senhorita Stark? — A voz robótica de JARVIS chamou a atenção da dupla. — Me desculpe interromper, mas tem invasores na torre.

— Desculpa. — Lila sorriu olhando para Connor, outro que compartilhava um enorme sorriso.  — De quem se trata?

— Identifiquei o Dr. Erik Selvik e um desconhecido. — A voz robótica respondeu. — Seu pai está a caminho da torre

— Merda! É o Loki. — Lizandra se erguia do sofá, mas Connor a agarrou pelo braço. — C. eu preciso ir.

— Vem comigo, a gente vai até o avião do meu pai e fica em segurança. — Os olhos marejados imploravam a ela. — Por favor.

— Você sabe que eu não posso, que eu não iria bem sabendo que meu pai está em perigo.

— Tudo bem. — Ele soltou o braço dela, já deveria saber a resposta, se tinha algo que ele sabia sobre Lila era que não podia contê-la. — Só me responde uma coisa, aceita namorar comigo?

— Wow! — Pela primeira vez em muito tempo ela estava sem palavras e ele com um sorriso, Connor não imaginava que fosse tão fácil calar Lizandra Stark assim.

— Eu não quero morrer sem nunca ter dito isso.

— Você não vai morrer, Connor. — A destra dela tocava o rosto dele.

— E aí?

— Aceito. — Eles acabaram por sorrir juntos novamente. — Claro que aceito.

Os dois ficaram se olhando por alguns momentos, antes de selarem seus lábios, sendo interrompidos apenas por uma sirene emitida por Jarvis, os dois olharam com meio sorriso para a sirene perto do elevador, a luz vermelha brilhava como um aviso do sistema de que Lila estava atrasada. Os dois se separaram, Lila ficou vendo Connor partir pelo elevador enquanto ela estava sozinha no andar, o prédio tremia e pela grande janela podia-se ver uma Nova York em pleno caos.

— Jarvis, qual é a situação da Torre Stark? — Lizandra se aproximou de uma das bancadas, todos os andares possuíam um sistema de câmeras. — Acesse as imagens da cobertura e do heliporto.

— A Torre está congestionada pelas entradas, Connor conseguiu acesso ao estacionamento subterrâneo, travei às entradas laterais de lá para que ninguém o atrapalhe, ele está seguro. — A tela acendeu dando a visão das câmeras pedidas anteriormente. — Uma das câmeras do heliporto foi comprometida, Senhorita Stark.

— Tudo bem, mostre o que tem. — Lila encarava a tela das cenas a sua frente, Selvik estava só ao lado de uma máquina, já na cobertura a figura de Tony pousava já encontrando Loki. — Jarvis, meu pai sabe onde eu estou?

— A última informação que passei ao Senhor Stark é de que você estava com Connor nesse andar. 

— Ele sabe que o Connor foi embora?

— Ainda não. — O silêncio pairou por alguns segundos. — Aviso a ele?

— Suspenda às câmeras do estacionamento para ele e avise que saí com Connor. — Lila puxava às gavetas próximas a bancada a procura de uma coisa e parou observando a glock assim que a viu. — Vou subir para dar cobertura a ele, mas se ele souber vai tentar fazer alguma loucura. Destrave a arma, Jarvis.

— Sua voz não tem autorização para tal, desculpe. — O chiado dos sensores veio em seguida e incomodou a garota. 

— Merda, pai! — A arma voltou para a gaveta e Lila suspirou fundo. — Acione o elevador pessoal, vou subir a cobertura.

O elevador pessoal abria de forma silenciosa atrás de um dos biombos da cobertura, assim que saiu Lila se escondeu atrás do mesmo vendo a figura de Loki e seu pai conversando, ela não sabia muito bem como agir naquele momento, visto que Loki era traiçoeiro e ainda sim ele possuía o cetro que havia roubado da SHIELD, ela ficou apenas escondida os vendo, não conseguia traçar um plano que não colocasse seu pai em perigo e também ela, isso lhe causava irritação, normalmente ela tinha pensamento rápido.

Os olhos de Lizandra se arregalaram ao ver o pai ser agarrado e jogado da torre, seu corpo se ergueu nesse mesmo momento, fazendo com que ela fosse alvo dos olhos do asgardiano, seu esconderijo tinha sido desfeito, Loki por outro lado sorriu de canto, olhando pela janela a jovem Stark via a figura de Tony voando para longe da torre, ele estava bem, mas porque não tinha voltado?

— Sigrid, aí está você. — Loki se aproximava e Lizandra só conseguia pairar os olhos sobre ele. — Você não deveria bisbilhotar.

— Eu já te disse, eu não sou essa tal de Sigrid, se afaste ou machucarei você. — Ela ergueu a destra, não sabia se seus poderes iam mesmo ajudar, eles eram voláteis. — Estou te dando a chance de recuar e parar com isso.

— Você acha que consegue? — O riso preenchido pelo mais puro deboche ecoou enquanto ele erguia o cetro para tocar nela. — Você vai ser uma ótima adi…

Loki fora interrompido pelo tremor da torre, Lila se afastou alguns passos e logo ambos viram a figura de Thor surgir a frente de seus olhos, com seu martelo em mãos e furioso com o que o irmão estava fazendo. Tudo que o loiro menos queria era trazer os problemas de Asgard para Midgard, mas Loki fez justamente o contrário. 

— Agora somos entre eu e você, irmão. — Thor anunciou enquanto Lila se afastava ainda mais.

— Jarvis, prepare um dos carros. — Ela seguiu se afastando até o elevador e a última figura que viu foi de Thor e Loki discutindo. — Prepare um dos carros.

Era a segunda vez que Lila encontrava Loki oficialmente, mas seu coração batia tão forte que ela não sabia dizer porque ficava assim ao olhá-lo, ele emanava uma energia muito estranha, do tamanho que ela não podia conter, ela não conseguia ler de fato a mente dele, nem se tentasse, era um caos muito grande, entendia bem agora porque Thor dizia que sua mente estava além da compreensão, os outros riram do loiro, ela sabia exatamente o que ele se referia.

O corpo trêmulo da jovem foi jogado no banco do passageiro, às portas foram trancadas e os vidros subiram, o ar condicionado ligou deixando o veículo com o emblema das Indústrias Stark alguns graus mais fresco, era um carro automático, pilotado por Jarvis para onde Lizandra quisesse ir, o que ele esperava agora era o comando dela.

— Vá para onde os outros estão, por favor. — O suspiro longo dela era uma resposta vaga para todos os seus questionamentos, ela suava frio em meio aquele ambiente. — Preciso ajudar alguém.

O que ela tinha era uma, já muito comum, crise de ansiedade, que a acompanhava desde que aqueles poderes surgiram em sua vida, viver em uma intensidade maior do que o normal tinha um preço e aquele era o dela, o preço de sempre parecer estar por um fio em tudo, com a corda amarrada no pescoço e a estranha sensação de vomitar, enquanto suava e batia queixo. Ela nem mesmo viu o carro cortando os portões da garagem e virando algumas ruas, Lila estava abaixada com a cabeça entre os joelhos e pensando no próximo passo, só notou que haviam chegado quando Jarvis chamou seu nome duas vezes.

— Senhorita Stark, tem certeza que não quer ir a um centro médico? Seus batimentos não parecem normais. — O sistema a questionou como sempre fazia com Tony. — É para a sua segurança.

— Não. — Ela respondeu abrindo a porta do carro e vendo de longe a figura de Clint. — Vou ficar bem. 

Ela saiu cambaleante em direção ao grupo que ainda tinha Steve junto ao Gavião Arqueiro, ela logo se viu cercada por Chitauris, de longe o grito de Steve chamou a atenção de alguns próximos a ele, o longo não de quem se preocupava com ela, o Capitão América até correu na direção da jovem Stark, mas foi jogado para trás quando os Chitauri entraram atacar Lila e um pulso cinético os empurrou para trás, uns para mais longe que outros. 

Clint Barton que assistia tudo após flechar alguns monstros correu na direção de Steve, juntos eles cercaram Lila ao chão, ela estava pálida e suas íris tremiam em meio a confusão, Steve foi o primeiro a recolher a garota em seus braços para um forte abraço, ela estava gelada e confusa, pelo pouco que a conhecia sabia como os poderes e ela não tinham uma boa relação.

— Eu estou bem. — Ela sussurrou se afastando dos braços do Capitão América. — Vamos, nós temos que ajudar às pessoas.

— Você não pode ficar aqui, não está bem. — Steve a tocou no rosto a olhando nos olhos. — Vou te levar a um dos abrigos.

— Não. — Ela interrompeu levando a mão ao braço dele. — Se o Clint que sofreu uma lavagem cerebral pode estar aqui, eu também posso.

— Obrigada pela parte que me toca. — O Gavião riu os encarando. — Precisamos dela, Steve. 

— Está bem mesmo? — Steve quis confirmar com o olhar.

— Claro. — Ela saiu andando na frente. — Vamos.

— Essa garota é fogo. — Clint riu rindo atrás. — Coitado do Tony.


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