Os lábios de Reyna eram quentes e macios, parecia que não havia mais nada a minha volta, não existiam deuses, nem mulheres-cobras e nem shows cancelados.

Estava curtindo o momento até que uma voz masculina nos interrompe:

—Hããã... Reyna? – era Jason. Reyna quando o viu levantou-se imediatamente. – Desculpe atrapalhar, mas Quíron gostaria de falar com você, já que parece ter mais informações e... Intimidade com Duncan. – Após uma pausa continuou – Bem, eu já vou.

—Não! – gritou Reyna.

Se numa competição para ver quem estava mais vermelho, entre um tomate e Reyna, ela venceria facilmente.

— Quer dizer... – continuou ela – Jason, poderia mostrar o resto do Acampamento para ele? – Jason afirmou – Ótimo. Encontro vocês no refeitório.

Após um olhar envergonhado para mim, ela saiu.

Jason olhou pra mim com uma cara esquisita e sorriu.

—Woow! O que aconteceu aqui?

—Eeer... Eu meio que tropecei – fico mais vermelho ainda, se é que é possível.

—Sei... – ele semicerrou os olhos – Só falta te mostrar a Nova Roma certo?

—Certo.

—Siga-me – Jason virou-se e começou a andar, fui atrás dele.

Estava com medo de perguntar, mas estava com essa dúvida na cabeça desde que ele interrompeu Reyna e eu. Ele tinha olhado pra gente com uma cara estranha e os olhares que eles trocam, será que... Resolvi perguntar logo antes que a curiosidade me mate:

— Você e Reyna, têm alguma coisa? Tipo, vocês são namorados?

Assim que perguntei, Jason parou de andar, pegou no meu ombro e sorriu.

— Não cara, não se preocupe. Eu não tenho absolutamente nada com ela. Somos apenas velhos amigos. Se não fosse alguém no Acampamento Meio-Sangue, provavelmente eu teria algo com Reyna. Sabe, como pretores passamos muito tempo juntos.

— Nunca pensei num romance entre um romano e uma grega.

— Esse lance de gregos e romanos se odiarem já passou faz algum tempo e além do mais, você é grego, Reyna é romana... – Após um olhar malicioso continuou – Sabe, eu acho que se der certo algo entre vocês, você vai fazer muito bem para ela. Reyna passou por momentos difíceis... Vamos?

Assenti com a cabeça e continuamos a andar. Minha cabeça estava a milhão. Foi um dos melhores beijos da minha vida, não que eu já tenha beijado muitas meninas... Reyna era muito bonita e tinha o fato de que eu tinha acabado de conhece-la... Fora todos os pedidos malucos de casamento que eu recebia diariamente de fãs em redes sociais, era divertido porém ainda estranho.

Seguimos em silêncio até chegar ao pé de uma estátua de mármore branca sem os braços.

—Olá Término! – cumprimentou Jason.

—Jason, é você! Já conversei com você sobre esse cabelo. Existe uma coisa chamada pente sabia? E ajeite essa toga exatamente três centímetros para a esquerda...

Vou poupar vocês das implicâncias de Término, vou pular para parte que ele finalmente percebeu minha presença:

—Você é aquele menino, filho de Poseidon. É Percy Jackson certo?

—Na verdade não sou Percy. Meu nome é Duncan, é uma longa história.

—Longa história! Adoro histórias, principal... – Jason o cortou

—Não temos muito tempo Término, só vou mostrar Nova Roma para ele, outro dia quem sabe podemos contar muitas histórias para você.

— Está bem! Mas vou fazer questão de cobrar. – ele nos olhou de cima a baixo e continuou – Sem armas... Ótimo. Mas preciso dizer... Duncan certo? Precisa de roupas mais modernosas e você chama isso de cabelo? Precisa... – Jason o cortou de novo.

—Término, você já viu, estamos desarmados, vamos entrar.

—Tudo bem, mas tentem, por favor, não destruir a minha cidade! E não se esqueçam de voltar para contar a história.

— Claro – disse Jason revirando os olhos.

E com essa estranha conversa entramos em Nova Roma. É um lugar muito bonito. Jason me mostrou o Senado, o Fórum e o Coliseu. Ele me explicou sobre alguns semideuses que moravam lá.

— Logo após os Acampamentos se entenderem, alguns gregos vieram morar aqui. Quem sabe algum dia, você possa ficar aqui também. – disse Jason sorrindo.

Eu tinha pensado que ele se referia a eu morar aqui para ficar perto de Reyna, mas logo compreendi que ele me queria por perto. Fiquei feliz, sinto que Jason e eu poderíamos ser grandes amigos.

[...]

Nos encontramos com Reyna no caminho para o refeitório.

—Ótimo, já iria sair atrás de vocês. Estão atrasados. O que aconteceu?

—Término – respondemos juntos.

Aquela estátua psicótica fez eu e Jason prometermos que iríamos voltar e contar a história para ele. E implicou com meu cabelo de novo. Cara, na boa, não tem NADA de errado com meu cabelo, tirando o fato de que eu nunca penteio ele... Ah! Quase me esqueci, ele implicou também com meus alargadores, piercings e TODAS as minhas tatuagens... É cada estátua psicótica que me aparece...

— Já imaginava – Reyna deu uma risadinha – vamos logo, todos estão esperando para sua apresentação.

—Apresentação? Tipo na frente de todo mundo? – Gelei. Nunca gostei de falar pra muitas pessoas.

Aí você pensa, mas sua carreira de cantor mundialmente famoso? Milhões de pessoas não vão aos seus shows? Sim, mas é diferente, estou mostrando todo meu sentimento em músicas, música é minha vida, é o que eu amo! Já falar em público...

—Vamos lá cara, você consegue! – me incentivou Jason – Vão gostar de você, principalmente as meninas, você até que é bonito!

Reyna começou a ganhar um tom roxo, do que me parecia ser de raiva?

—Me desculpe Reyna, me esqueci que vo... – desculpou-se Jason

—Espera um pouco, você disse até que eu sou bonito, — cortei-o ofendido – mas na verdade deveria dizer que sou extremamente lindo.

—Bem, vejo que o Senhor Sou Extremamente Lindo, já está confiante o suficiente para ser apresentado. Vamos lá. – Disse Jason e saiu em direção ao refeitório, deixando eu e Reyna sozinhos.

—Eu não vou ter que falar nada, certo? – perguntei nervoso.

—Não, a menos que queira. – Ela pegou em minha mão – Não há com o que se preocupar, se eu gostei de você é um bom sinal, digamos que eu não tenho uma relação muito boa com todos, principalmente novatos... Eles vão gostar de você.

—Então quer dizer que você gosta de mim? – Apertei a mão de Reyna e lhe mandei um sorriso malandro.

—Convencido igual ao Percy. – revirou os olhos – Vamos Sr. Convencido.

Andamos de mãos dadas até o refeitório. Todos voltaram à atenção na nossa direção. Reyna soltou minha mão e anunciou:

—Senhoras e senhores, este é Duncan Harrison, grego. Ele chegou hoje enquanto estava sendo atacado por dracaenaes. E antes que questionem, não, ele não é o Percy. Falei com Quíron há pouco tempo e ele confirmou que Percy Jackson está no Acampamento Meio-Sangue. Daqui a três dias iremos até lá para resolvermos essa pequena confusão. Nesses três dias espero que o tratem muito bem. É isso.

Ouvi muitas pessoas sussurrando “Não é aquele cantor extremamente gato?” e “É ele sim”. Em seguida ouvi gritos histéricos de principalmente garotas que estavam vindo correndo em minha direção.

— Para trás! – gritou Reyna – Vocês podem assediar ele depois! – obrigado querida Reyna - Nunca tomam jeito essas filhas de Vênus – murmurou ela.

A multidão se aquietou e todos começaram a sentar e comer. Jason me puxou para uma mesa. Na mesa estava sentado um cara loiro, magrelo, com uma toga igual a de Jason e Reyna, só que era branca.

—Senta aí – convidou Jason – Este é Octavian, nosso áugure.

Reyna se sentou ao meu lado e eu pergunto:

—Olá! Você é o cara dos bichinhos fofos que Reyna me disse?

Por algum motivo Reyna me deu um tapa na coxa. Octavian olhou Reyna com certa frieza e me respondeu:

—Sim, eu sou o cara dos... bichinhos fofos. É um prazer conhecê-lo Duncan. – Ele estendeu sua mão e eu a apertei.

Jason se segurava para não dar risada. Observei a mesa e vi que não havia comida.

—Hã... Como exatamente vamos comer? – perguntei

—Simples – Jason respondeu – basta pensar no que quer comer e um espírito do vento, as aurae, irá trazer pra você. Pode ser qualquer coisa.

Resolvi pedir biscoitos pretos. Pretos? Eu sei. Preto é minha cor preferida e virou meio que uma tradição lá em casa desde que mamãe queimou os biscoitos e eu queria comer só porque estavam pretos.

 Reyna comeu rapidamente e disse pra encontrá-la nas termas daqui a meia-hora. Terminei de comer e levantei, perguntei aos loiros onde ficavam as termas e eles me indicaram. Dei meia-volta e fui em direção às termas. No meio do caminho, um grupo de meninas me parou, até que eram bonitas.

— Oi Duncan! – disse uma delas timidamente – Somos muito suas fãs, adoramos suas músicas e amamos muito você!

— Nossa... Muito obrigado meninas! – respondi – É muito gratificante ser reconhecido, como se chamam?

— Eu sou Katie, e essas são Janet e Taylor – apresentou a garota do meio – Somos filhas de Vênus. – Tá explicado a beleza delas. – Qualquer dia a gente podia sair por Nova Roma, o que acha?

Vi Reyna nas termas nos observando de longe.

—Quem sabe algum dia. Tenho que ir agora, foi um prazer! – Dei um beijo na bochecha de cada uma o que provocou suspiros e pernas bambas das mesmas.

Cheguei o mais rápido que pude em Reyna.

—O que elas queriam? – perguntou levantando uma sobrancelha.

—Ciúmes querida? – provoquei.

—Não – disse corada – É que elas não são uma boa influência.

—Ceeerto... E pode me dizer exatamente por que estou aqui?

—Você foi atacado, ficou o dia todo vendo o Acampamento e aprendendo sobre os deuses e tudo mais. Precisa relaxar um pouco, afinal não pegarei leve com você nos treinamentos.

Olhei para trás e vi várias meninas assobiando para mim.

—Não se preocupe, não vão vir aqui se gostam de viver.

—E você? Vai ficar me olhando relaxar de cueca? – lancei um olhar malicioso para ela. Ela me deu um tapa no ombro e disse:

—Não, vou relaxar também. Há um bom tempo não venho aqui. – e com essa última fala ela tirou a roupa, ficando somente de biquíni e entrando na banheira. Não pude deixar de babar. – Levante o queixo, limpe a baba e venha.

—Sim senhora – bati continência e ela revirou os olhos.

Tirei a camisa e a bermuda, sorte que estava com uma cueca preta. Flagrei Reyna olhando para meu corpo.

—Está escorrendo baba de sua boca Reyna – revidei e entrei na banheira.