The Kostroma Dynasty escrita por Mialee Aurestelar


Capítulo 16
Prelúdios de Beleza e Guerra


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá! Olha quem apareceu quase um mês depois, yey! Perdão, gente, a faculdade está consumindo todo o tempo que eu tenho, 'tá bem difícil conseguir escrever alguma coisa. Enfim. Tenho recados importantes para dar, então, por favor, leiam as notas finais o/

Espero que gostem ^^



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“There’s a full moon

Hanging over us tonight

The city, now restless

Underneath disguise”

 

Masquerade — Sleeping at Last

 

Flores, tecidos, enfeites de ouro tão finos que dava até medo de que se desfizessem, se tocados. Yeva observava o salão ser preenchido por essas e mais um milhão de coisas bonitas. Também havia som de passos, som de gente conversando, som de perguntas direcionadas a ela. O burburinho constante e a decoração exuberante tomando forma eram o presságio para algo bom, belo e alegre, e Yeva sentia uma paz muito particular diante disso.

A Czarina sabia que não precisava fazer aquilo, como o grupo de organizadores parecia querer lembrar-lhe a cada segundo. Geralmente só precisariam que ela aprovasse alguma coisa aqui e ali, e podia fazê-lo entre seus deveres, sem estar no meio da bagunça que era a organização do baile, mas não era como se tivesse algo para fazer naquele momento e, mais importante, adorava participar ativamente da arrumação de tudo.

Foi com surpresa que percebeu, no início da decoração, quando as primeiras caixas repletas de toalhas de mesa chegaram, que fazia meses que não utilizavam o salão de bailes. Não costumavam fazer uma quantidade tão grande de bailes, uma vez que dificilmente gastariam dinheiro sem um bom motivo, como uma data comemorativa ou um convidado importante, mas os últimos meses tinham sido especialmente vazios de grandes festas. Com a situação no país cada dia mais tensa, era até imprudente organizar alguma comemoração. Comemorar o que, afinal? Não que agora a tensão tivesse se dissipado, mas toda a ideia da Seleção e a simples presença das selecionadas no palácio criara um frenesi forte o suficiente para espantar a modorra de desânimo e preocupação que havia se instalado entre as paredes da residência real, pelo menos o suficiente para animar a czarina para aquele baile de abertura.

Se fosse completamente sincera, queria estar envolvida na organização desse baile em especial, e o motivo, embora não fosse grandioso, lhe era muito caro. Conhecera Damian em um baile de máscaras há muitos anos, quando a família real ainda fazia festas pelo prazer de fazê-las, apenas. Tirando toda a tragédia, traição e desastre, era quase como uma história de Cinderela. De fato, a manchete de um dos jornais sobre o casamento dos dois fora algo como “A Cinderela de Aldan”, ou alguma coisa do tipo. Era agradável pensar em seu relacionamento com o Czar como um conto de fadas moderno, mesmo que fosse por um minuto. Afinal, ela não era capaz, de fato, de ignorar o sangue derramado para chegar até ao “felizes para sempre”.

Enfim. Mais do que fazê-la saudosa sobre o começo de seu relacionamento, esse baile lhe parecia perfeito. Fora ela quem dera a ideia de fazê-lo, afinal. Veja, há poder em esconder quem se é, mesmo que por meia hora. Quem não gostaria de agir impulsivamente por alguns minutos, rir de algo indecente, dizer algo guardado há tempos no fundo da garganta, e não ter que lidar com as consequências depois? Esse tipo de liberdade fora a responsável por iniciar uma conversação entre Yeva e Damian que ela duvidava que aconteceria se ela soubesse quem ele era, e vice e versa. E ela esperava que o mesmo acontecesse a Aleksei. Esperava que ele soubesse aproveitar a oportunidade de se esconder de seu nome, de suas responsabilidades e de sua personalidade construída para que pudesse descobrir algo sobre aquelas garotas por quem deveria se apaixonar e, mais importante, descobrisse alguma coisa sobre si mesmo no meio do caminho.

Claro, ela não podia se certificar de que aconteceria. Tudo o que podia fazer era organizar aquele baile com esmero e esperar que seu filho entendesse a dica que ela estava lhe dando.

— Mãe?

Yeva foi tirada de seus devaneios pela voz de Catherina, parada ao seu lado, com uma expressão meio interrogativa e meio de divertimento que denunciava que estava ali fazia um tempo.

— Perdão, querida, me distraí — disse, constatando o óbvio — O que foi?

— Bom, não tenho absolutamente nada para fazer, e decidi vir te ajudar — Yeva lhe lançou um olhar inquisitivo. Catherina dificilmente ficava sem nada para fazer — Ok, talvez eu devesse estar supervisionando o treino dos novatos, mas já é o quinto dia seguido disso e eu acho que estou começando a me irritar demais com a falta de habilidade deles. Grigoriy está cuidando deles, de qualquer maneira. Posso ajudar ou não?

Yeva se permitiu rir um pouco da cara da filha. Catherina podia ser a melhor caçadora de sua geração, mas não era exatamente a melhor professora. Lidava bem com lutadores de alto nível, sabendo que eles aguentariam a pressão, mas os iniciantes... Bom, era possível chamar de progresso a decisão da czarevna de se retirar do treinamento antes de estourar com algum dos novatos. Sua noção de seus próprios limites estava melhorando.

— Claro que pode — respondeu finalmente, indo se sentar com a filha em uma mesa ao canto do salão — Preciso organizar a configuração dos convidados nas mesas e adoraria alguns palpites.

— Oh — murmurou ela, claramente descontente com a tarefa. A expressão de desanimo mudou rapidamente para surpresa quando bateu os olhos sobre um par de nomes rabiscados no papel — Quem colocou os Anrep e os Galkin na mesma mesa?

— Eu. O que há de errado? Que eu saiba a única relação entre as duas famílias é um acordo comercial estável.

Catherina abriu um sorriso de lado, quase malicioso.

— O acordo comercial pode até estar estável, mas a relação entre os herdeiros, nem tanto. Parece que andaram fazendo apostas tolas sobre qual dos dois seria capaz de seduzir a filha mais velha dos Sibbell, e brigaram por meses por conta disso.

Yeva revirou os olhos. Os anos se passavam e os jovens nobres continuavam com suas tolices sexistas para passar seu tempo enorme de ócio.

— A história tem um final feliz, na verdade — continuou Catherina, como se soubesse o que a mãe estava pensando — Enquanto os dois se degladiavam, Alina Sibbell arrumou uma namorada. Elas estão noivas agora, e devem se casar no fim de agosto. Nossos caros cavalheiros estão ambos ranzinzas e com o orgulho ferido, mas vão passar bem se mantidos longe um do outro e de Alina.

— Muito bem, senhorita — disse Yeva, rindo e empurrando os papéis com o mapa das mesas para Catherina — Não imaginei que eu estivesse tão por fora da vida da corte, nem que você soubesse tanto, mas está ótimo. Me ajude a manter esse baile com o mínimo de intrigas o possível.

— Você ficaria surpresa com quantas histórias eu ouço nos bares de caçadores, mãe — respondeu ela, dando de ombros, mas bem mais inclinada à tarefa que lhe era apresentada — Bom saber que tanta fofoca vai servir para alguma coisa.

Passaram uma boa hora no jogo complicado que era organizar os nobres e suas picuinhas, mas foi uma hora muito bem gasta. Riram e trocaram histórias, em um tipo de conversa que fez Yeva se sentir quase adolescente de novo, o que foi divertido naquele momento. Catherina tinha essa capacidade de fazê-la se desligar um pouco do mundo e se divertir com coisas pequenas. Poucas pessoas apontariam a czarevna como descontraída, e Yeva sabia que a filha era uma das pessoas mais responsáveis e sérias naquele palácio, mas a relação das duas funcionava de maneiras ligeiramente diferentes, e ambas valorizavam isso, cientes de suas personalidades bem dicotômicas, mas que funcionavam bem juntas. E estava perfeito assim.

(***)

O lugar era enorme e, ainda assim, parecia haver gente demais por metro quadrado ali dentro. O barulho de conversas e discussões era ensurdecedor, e só um milagre — ou feitiços de abafamento de som muito bem aplicados — impediam aquela massa de ruído indistinta de se propagar para fora do recinto, para os ouvidos de quem não deveria escutar o que diziam.

— Silêncio — pronunciada por um ancião no centro do auditório, a palavra não tinha realmente tom de ordem, mas tivera o efeito de uma. Em poucos segundos o salão caiu em uma quietude expectante  — É da ciência de todos que a Seleção está em curso há uma semana, e temos assuntos a discutir sobre essa questão. Alguma informação das escolhidas?

— Não há muito o que dizer, Gerard — começou Roman Dashkov, se prontificando a responder — Mesmo minhas garotas não são capazes de tirar segredos de meia palavra trocada em um café da manhã e outra ao jantar. Deveríamos esperar o baile para ter qualquer informação útil.

Houve um murmúrio de concordância, mas, por mais que o dominador de fogo estivesse certo, ainda havia o que debater.

— O czareviche? — questionou o velho chamado Gerard, encarregado, ao que parecia, de liderar a reunião.

— Tão inalcançável quanto imaginávamos — respondeu Anya Orlova, claramente descontente — Talvez até um pouco pior.

— Me foi relatado que sua magia é singular  — acrescentou Anna, sem se incomodar em levantar da cadeira para falar como todos estavam fazendo — Minha escolhida disse que lhe causa uma sensação que nunca experimentou antes, e ela parecia um tanto aterrorizada com isso.

Nestor Kasantesev riu, na mesma postura de desaprovação que mantinha desde o primeiro rumor sobre a Seleção bruxa.

— Aterrorizada? O czareviche não tem treinamento e sua magia deve ter sido tão retida que está atrofiada a essa altura.

— Se não tem interesse no herdeiro, Nestor, fique à vontade para retirar sua escolhida e seu coven da competição por seus poderes. Ninguém lhe obrigou a nada — apontou Gerard, com uma calma venenosa que fez o outro bruxo calar-se de uma vez.

Ah, sim, a competição. Por enquanto, estavam todos unidos pela causa de ter bruxas infiltradas no palácio, mas a união não demoraria a ruir. Quando a oportunidade de ter o poder mágico de Aleksei Kostroma estivesse a um pedido de casamento de distância, era provável que houvesse guerra. Mas fingiam que não pensavam nisso, por enquanto.

— Sinceramente, a única coisa que anda me preocupando agora é Aberash Tigist — disse Vladimir Ganghik, trocando um rápido olhar com Gerard, que lhe deu permissão para que continuasse — Não sabemos onde sua lealdade está. Tantos anos vivendo naquele palácio não podem ter passado sem efeito algum nela.

O burburinho de concordância denunciava a insegurança que todos estavam sentindo. Gerard fez com que se calassem.

— Aberash abriu uma porta que nunca imaginamos que sequer existiria para nós, o que diz muita coisa. — correu os olhos pelas fileiras repletas de bruxos, como que se esperando que o desafiassem. Continuou — Contudo, as escolhidas estão sobre ordem expressa de relatarem o que puderem descobrir sobre ela.

— Isso é ridículo — rebateu Jung-in, com sua atitude combativa de sempre — Essa garota não é filiada a coven algum, não sabemos que elemento domina ou qual sua história. Lealdade é o menor de nossos problemas aqui.

— Poderíamos ter resolvido esse problema semanas atrás quando ela esteve aqui, mas vocês são sensíveis demais — disse Leona, mais por despeito do que para ajudar de fato.

— Claro, porque torturá-la iria ajudar em manter nossas garotas à salvo naquele palácio, não é? — vociferou Lucius — Açougueira de merda.

As discussões explodiam em cada canto do auditório, dando vazão para uma ansiedade geral acumulada.

— Calem-se — berrou Gerard, tão violento que o silêncio foi imediato — Deuses, só posso esperar que suas discípulas tenham mais auto controle que vocês, do contrário podemos esperar um banho de sangue e guerra civil para a próxima semana.

O ancião respirou fundo, recobrando a compostura. Os outros o observavam, quase sem respirar. Era raro que ele perdesse a paciência e, quando acontecia, sempre era um tanto chocante.

— Reunião encerrada. Quero todos aqui de novo depois do baile real, e providenciarei uma maneira de pressionar Aberash para que ela seja clara quanto aos seus objetivos. Estão dispensados.

O silêncio durou só até Gerard sair do auditório, quando conversas e brigas recomeçaram. Não era raro que as reuniões acabassem dessa maneira, e era por isso mesmo que aquele salão era à prova de feitiços e incêndios. Os bruxos, infelizmente, ainda eram tão irritáveis e bélicos quanto qualquer ser humano comum, afinal.

 

 


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Notas finais do capítulo

Bueno, vamos lá:

1) Eu tinha planejado dar uma semana a mais de prazo, já que estava sem atrasos e tudo o mais. Atrasei quase um mês, mas vou manter o que tinha pensado. Vou dar uma última semana de prazo (a data de entrega fica para 28/05). Quem já tiver mandado o desafio e quiser mudar alguma coisa até o novo prazo, fique à vontade.

2) Estou no fim do semestre da faculdade, e tem mais coisa para fazer do que eu acho que sou humanamente capaz de fazer. Por isso, pode ser que eu continue atrasando com os capítulos, mas pretendo postá-los com o máximo de frequência o possível. Nas férias eu hei de compensar essa lerdeza toda. E eu vou responder os comentários em algum momento, juro.

É isso" Até o/



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