Memento Mori escrita por Nightshade


Capítulo 3
Um Espírito Elevado


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo hoje, pessoal, e quero comentários!!!



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"A maldição de um órfão arrastaria para o inferno

Um espírito elevado;

Mas oh! pior do que isso

É a maldição no olho de um morto!

Sete dias, sete noites, essa maldição eu vi.

E mesmo assim, sobrevivi."

— Samuel Taylor Coleridge

 

 

Gellert Grindelwald era um pouco menos pior do que Lorde Voldemort. Claro, ele também gostaria de evitar a morte, mas por meio das famosas e místicas "Relíquias da Morte" e não Horcruxes. Tinha uma grande diferença. Porém Grindelwald também era arrogante o suficiente para achar-se no direito de decidir quem viveria e quem morreria. Um grande erro. Ele não entendera - na verdade, muitos nunca entenderam - o que significava ser "Senhor da Morte". Não significava controlar a própria morte, nem domina-la ou bani-la para sempre, mas sim aceita-la. Aceitar que ela viria para todos, e nada poderia evitar sua chegada. Não teme-la lhe tornava Senhor da Morte.

Mas muitos a temiam, e isso não iria mudar. A prova deste temor fora a forma que "O Conto dos Três Irmãos" foi difundido. A Morte realmente encontrara com os três irmãos no rio profundo e perigoso, mas não simplesmente por desejar vítimas de afogamento; naquele rio, apenas dois deveriam morrer: o irmão mais velho - que seria teimoso e impulsivo o suficiente para saltar ao rio - e o irmão do meio - arrogante, que não aceitaria ser deixado para trás. O mais moço era o mais humilde e sábio, não iria morrer naquele dia, pois contornaria o rio, mesmo que levasse mais tempo. Então a Morte precisou ser astuta, para consertar aquele desequilíbrio. Presenteou os três irmãos, já sabendo o que cada um lhe pediria; claro, perdera um pedaço de sua capa da invisibilidade, mas ela faria o bem no futuro. Tempos depois, levou a alma dos dois irmãos, como era para ser, mas ao contrário do que dizia o conto, não ficara procurando pelo terceiro irmão. Ela foi até ele na hora certa. Sua vida foi levada de forma justa e sincera, por isso fora longa. Ele sorriu quando a viu e aceitou sua mão como a de uma amiga e partiram juntos. Isso fora a muito tempo... em 1291.

Ignotus Peverell era um dos humanos que mais teve prazer em conhecer.

Mais uma casa de trouxas fora queimada por Grindelwald, dessa vez na França. Eram trouxas que possuíam uma filha bruxa - Madeline Poulain, estudante de Beauxbatons. Todos mortos. A Morte lamentou; deveriam ter fugido na semana passada, quando os ataques a França começaram. Alcançou primeiro Madeline. Era uma menina de treze anos, tão linda, com olhos esverdeados e cabelos castanhos claros. Tocou sua mão e puxou gentilmente sua alma, a colocando de pé; ela piscou, parecendo alarmada, olhando suas mãos e constatando que definitivamente emanavam uma aura dourada. Em seguida a encarou, um pouco espantada.

— E-Eu morri? - perguntou, de forma simples.

A Morte, ainda ocultando sua face com o capuz, respondeu positivamente.

— Sim, criança. - manteve a voz gentil - Não tenha medo. Pessoas como você não tem nenhum motivo para temer a morte. - estendeu a mão - Está pronta para ir?

— E meus pais? - questionou a garota.

— Eles encontraram com você logo. - a Morte respondeu - Mas só posso atravessar um de cada vez.

— Atravessar para onde? - questionou novamente.

A Morte ergueu suas mãos - mãos pequenas, suaves e pálidas - e abaixou seu capuz negro, sorrindo de forma acolhedora, satisfeita por ver a garota se acalmar. E então respondeu:

— Para sua mais nova aventura.

***

Claire Wood prezava-se por ser a mais responsável de seu dormitório. Seus deveres sempre estavam em dia e era ela que sempre se levantava cedo e acordava suas companheiras antes que se atrasassem. Sempre fora assim, desde o início, desde o primeiro ano. Por isso, foi uma surpresa quando se sentou na cama, espreguiçando-se e deu de cara com Aura Mors já vestida em seu novo uniforme, olhando algo em sua mão.

Claire ainda não sabia o que pensar da aluna nova. Claro, a guerra com certeza havia feito a garota decidir vir para Hogwarts, já que a Inglaterra raramente era atacada por Grindelwald e seus seguidores, isso ela podia deduzir. Mas ainda assim, Aura Mors tinha algo que a deixava um tanto incerta, e isso a fazia se envergonhar, já que a garota não havia sido nada além de educada e gentil desde que chegara. Não falara da família nem de onde era - seu inglês era perfeito, mas uma leve sombra de sotaque se tornava proeminente quando falava. Era como se inglês fosse sua segunda língua e não a materna.

Sem contar que Mors era inegavelmente linda. Não havia outra palavra que pudesse defini-la; Claire era forçada a admitir, tê-la próxima a fazia se sentir completamente ressentida com sua aparência. Em seu rosto pálido, não havia nenhuma marca, nenhuma imperfeição, e nem ao menos maquiagem Aura Mors usava! Os cabelos eram puramente negros, sem nenhum resquício de castanho, e caíam com uma elegância que ninguém jamais poderia sonhar em ter. Os olhos eram cinzentos - não, não podiam ser simplesmente serem tidos como cinzentos; tempestuosos seriam o adjetivo correto, já que pareciam com um céu em dia de chuva. Tempestuosos apenas pela cor, que isso seja destacado, já que em tudo, eram calmos e constantes. O que era estranho. Que tipo de adolescente tem olhos calmos e constantes?

E no jantar, Claire viu como Aura Mors cruzara olhares com Tom Riddle, monitor da Sonserina. Tom Riddle. 95% das pessoas em Hogwarts gostavam dele; o achavam um garoto tão bonito e educado, tão inteligente quanto um corvinal. Claire fazia parte dos 5% que o achavam estranho. Claro, não negava que ele era realmente bonito e sagaz, mas não confiava em alguém que aparentasse ser tão perfeito. Mors aparentava ser perfeita, mas... seus olhos eram sinceros demais para que fosse má. Se olhasse em seus olhos, confiaria nela a primeira vista.

— O que é isso? - murmurou baixo, apontando para a mão de Aura, enquanto se levantava.

— Apenas algo que ganhei a muito tempo atrás. - Mors respondeu, suspirando, e erguendo algo que parecia ser uma moeda ou um galeão de prata. Tinha entalhado no metal um crânio, uma vela e uma ampulheta e palavras que não compreendeu - Memento Mori, significa "Lembra-te de que és mortal". Gosto de carregar comigo. Eleva meu espírito.

— Um pouco sinistro. - Claire estremeceu. Sabia que todos eram mortais, mas não gostava de ser lembrada disso - Parece que está chamando a morte.

Aura Mors direcionou seus olhos cinzentos para ela, de forma gentil, como se ela fosse uma criança que ainda teria muito a aprender.

— A Morte não vem quando é chamada, Claire. A Morte vem na hora certa, no momento certo. Ela sabe quando deve vir, não importa se a chamemos ou não. É a única certeza que temos.

Claire pensou nas palavras de Mors, apesar de achar a garota estranha mais uma vez. Que espécie de adolescente filosofa sobre a morte? Teria se enganado com ela? Seria Aura Mors tão estranha quanto Tom Riddle? No fundo sabia que não. Os olhos são a janela da alma, sua mãe costumava dizer. A de Aura eram constantes e puras, via isso claramente. Parecia não haver... mentira nela.

Mesmo assim, parou um momento para pensar. Aura e Riddle tinham uma coisa em comum. Aura era tão estonteante em sua feminilidade quanto Riddle em sua masculinidade. Ambos tinham essa forte presença e altivez, embora a de Aura parecesse ser mais delicada. Mesmo assim, mesmo com essa semelhança, pareciam quase... adversários quando se encararam.

Um sentimento estranho a assolou, fazendo suas mãos gelarem.

Encarou o espelho e balançou a cabeça. Estava pensando muito, e era apenas o primeiro dia de aula. Teria muito tempo para tentar entender o que estava acontecendo.


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Notas finais do capítulo

# Tom aparecerá de volta no próximo capítulo, queridas, não se preocupem!!! kkk

# Mereço comentários???



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