Memento Mori escrita por Nightshade


Capítulo 17
Felicidade


Notas iniciais do capítulo

Mais um, gente!



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"Felicidade em pessoas inteligentes é a coisa mais rara que conheço."

— Ernest Hemingway

 

Outubro chegou com chuvas insistentes, marcando o ápice do outono. Já era possível ver a grande expectativa dos primeiranistas de passar o primeiro Dia das Bruxas em uma escola de magia; eram todos sorrisos e admiração. Aura Mors não pode evitar sorrir ao olhar as crianças na ponta da mesa. Do outro lado do Grande Salão, Tom Riddle a encarava da mesma forma intensa de sempre. Ela não se importou, não havia nada que ele pudesse fazer contra ela, e sua intenção era justamente traze-lo para mais perto de si. Ele estava tentando ler sua mente, usava legilimência; Aura apoiou o queixo na mão e devolveu seu olhar com um sorriso tranquilo, enquanto observava com satisfação uma ruga indignada surgir entre as sobrancelhas dele. Essa seria a primeira lição que daria em Riddle: aprender a diminuir seu ego. Somente assim ele entraria no caminho para se tornar uma pessoa melhor.

— Você está o encarando outra vez. - Claire murmurou, sentada ao seu lado - Pare com isso.

— Mas foi ele que me encarou primeiro. - Mors retrucou, divertida.

Claire ergueu os olhos azulados do livro que estava lendo e a observou, atentamente.

— Você está estranhamente bem humorada hoje, Aura Mors. - falou - Algum motivo?

— Não particularmente. - Aura sorriu suavemente - Só havia me esquecido o quanto gostava desse período chuvoso do ano.

— Há também o Dia das Bruxas no fim do mês. - a loira comentou - Aposto que você tem várias versões históricas desta data para contar.

— Tenho mesmo. - concordou - Mas deixarei para conta-las durante os dias 31, 1 e 2...

— Mors, eu preciso falar com você. - a voz de Riddle cortou sua fala - Agora, se possível. E em particular. - acrescentou ao notar o olhar de Claire.

— Acho que você pode falar com Aura aqui mesmo se quiser, Riddle. - o tom de Claire Wood saiu ríspido e ela não desviou o olhar quando ele a encarou.

— Está tudo bem, Claire. - Aura se levantou, calmamente - Volto logo. Nos encontramos no Salão Comunal.

Aura não se incomodou de seguir calmamente Tom Riddle pelos corredores vazios até uma sala de aula vazia e escura. Por sua vez, o garoto parecia estar tendo muita dificuldade em manter a expressão inalterada enquanto andava rapidamente. Ela disfarçou um sorriso quando entraram na sala e esperou que Riddle a encarasse.

Assim ele o fez.

— Eu quero que me diga quem você é de verdade, Aura Mors. - sua voz saiu controlada - Considerando o que você sabe, seria inteligente de sua parte não mentir para mim. Você sabe do que eu sou capaz.

— Eu nunca menti, Thomas. - Aura respondeu - Eu sou o que sou. Sou o que você está vendo.

— Não, não é. - ele insistiu, parecendo perder a paciência - Eu sei que você é mais do que aparenta. Você sabe das Horcruxes. Sabe sobre minha mãe... - ele se interrompeu - Me dê um motivo para não te torturar para que diga a verdade.

— Porque você não conseguiria. - inclinou a cabeça para frente - Você poderia sacar a varinha, que agora guarda em seu bolso direito, e lançar contra mim qualquer maldição que queira; mas não iria adiantar.

— Você se acha superior, não é mesmo, Mors? - ele cuspiu o sobrenome.

— Na verdade, não. - ela respondeu - Nunca julguei superioridade algo possível de ser definido. Você é feliz, Tom?

Ele visivelmente pareceu atordoado e confuso pela mudança de assunto.

— O que isso importa? - rosnou - Não mude de assunto, Aura Mors, ou eu vou...

— Você não irá fazer nada, Thomas Marvolo Riddle. - ela se tornou ríspida - A verdade é que você não é melhor do que ninguém. Eis o que você é: o filho de uma bruxa de linhagem pura e de um trouxa por quem ela se apaixonou. É um garoto talentoso e brilhante, destinado a grandeza, mas joga essa grandeza inteira de lado com suas ações funestas. Teria a alma mais brilhante de todas... - voltou a se acalmar - Mas se tornou um assassino. Me desculpe, - pediu, ao notar o olhar do garoto - eu assusto mesmo você, não é mesmo?

Aura Mors amaldiçoou a si mesma. Por que Thomas tinha que se parecer tanto com ele? Por que os olhos azuis lembravam os olhos azuis dele?

— Aura... - ele murmurou - Você...

— Tom eu não quero prejudicar você em nenhuma forma. - disse, da forma mais gentil que conseguiu - Pelo contrário, quero ajuda-lo.

— Me ajudar...? - ele arregalou os olhos de uma forma quase cômica e em seguida deu uma risada alta e fria - Como você pode me ajudar?

— Você precisa confiar em mim. - Mors respondeu e saiu da sala. O assunto se encerrara.

***

— Onde está Aura? - Jessica perguntou, assim que Claire sentou no sofá azul escuro ao seu lado.

— Precisou resolver algumas coisas, mas não irá demorar. - ela achou melhor deixar de fora que Aura estava com Tom Riddle por aí - Por que?

— Queria saber se ela poderia me contar mais sobre as bruxas da Idade Média. - Jess respondeu - Aura conhece várias, conversei bastante com ela semana passada.

— É. - Claire sorriu - Parece que a presença dela sempre fez parte de nossa vida, mesmo fazendo apenas um mês que a conhecemos.

— Mas você precisa concordar que ela é melhor companhia do que a Isabelle.

— Isso é verdade.

Passaram alguns momentos sem dizer nada, apenas observando alguns alunos mais novos montarem um quebra cabeça no chão à frente. Uma mistura do trouxa e do mágico, uma lembrança de que ambos não eram tão diferentes assim.

— Faz tempo que não monto quebra-cabeças. - Jessica murmurou - Acho que desde os dez anos.

— Algumas vezes é bom voltar a ser criança. - Claire continuou - Nos deixa mais feliz.

— Algumas vezes, nem sempre. - a voz de Jess baixou - Algumas vezes, é melhor deixar a infância para trás. Para algumas pessoas, ela pode ser sinônimo de sofrimento.


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Notas finais do capítulo

Ainda mereço comentários? Ou o capítulo saiu ruim?



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