Memento Mori escrita por Nightshade


Capítulo 16
Ilusões Destruídas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo gente! Desta vez não demorei muito! kkkk



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"Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas."

— Friedrich Nietzsche

 

A Morte sentou-se, silenciosamente, na cadeira de madeira ao lado da pequena cama. Ali, uma jovem mulher, recém saída da adolescência, repousava em um sono agitado por conta de sua febre. Sua mão havia se retirado do quarto alguns instantes antes, com lágrimas nos olhos, e a Morte sentiu seu pesar. O coração de uma mãe não se enganava, e aquela sentia que sua filha não teria muito mais tempo de vida.

Aquela jovem era Wilhelmina Aarle, holandesa de dezenove anos, trouxa, embora sua tia-avó houvesse sido uma bruxa. Ela gostava de dias ensolarados e de chá. Gostava de sorrir mesmo que uma guerra estivesse assolando a Europa. Encontrava alegria nas coisas mais simples da vida. Tinha cabelos loiros claros e uma pele pálida que agora se encontrava corada. Tremia e suava, murmurando palavras incoerentes.

Ela não passaria desta noite. A Morte sentiu pena da agonia de Wilhelmina e quis leva-la para poupa-la do sofrimento, mas não poderia deixar que ela partisse sozinha. Se levantou, puxando o capuz negro de sua capa e se retirou do quarto. Na pequena cozinha, o pai e a mãe choravam juntos, desconsolados. A Morte sabia que não podia ser vista, mas ainda poderia fazer com que eles a sentissem. Tocou o ombro da mulher com uma mão, e com a outra o do homem. Apertou - as simultaneamente para que sentissem certo consolo. Ainda tinha em sua memória, a dor de perder alguém.

— Fiquem com sua filha. - sussurrou, com sua voz suave - Fiquem perto dela, até que ela parta.

Esse fora apenas um favor que fizera, pelos pais e pela jovem. O luto e o pesar de não terem estado com a filha os consumiriam. O homem começaria a beber, desejando esquecer a dor que sentia por pensar que era sua culpa não poder ter uma condição melhor para a filha. E a mulher, bem... ao ver sua vida desmoronar - morte da filha querida, o crescente alcoolismo do marido - entraria em um grave estado de depressão. Se jogaria do telhado da casa, suicidando-se e partindo antes do tempo. A Morte não desejava destruir uma família que ainda teria a capacidade de ter mais um filho. A Morte não destruiria a capacidade que aquela família teria de superar o luto. A Morte era piedosa, embora muitos gostassem de se esquecer disto.

Ela levou nos braços a alma da jovem Aarle, deixando apenas que ela abrisse os olhos quando sua passagem fosse completa. Não queria que visse o choro de seus pais. Sua estadia no mundo dos vivos já havia ficado para trás.

Ela não pertencia mais àquele lugar.

***

Setembro passou com uma velocidade absurda e uma grande quantidade de deveres - para o resto dos alunos - e planos - para Tom Riddle. A maioria deles envolvia formas não muito bonitas de arrancar a força os segredos de Aura Mors. Lestrange havia se provado um grandíssimo incompetente - o que não era uma novidade - e isso o enfurecera tanto que torturara o garoto com toda ira que tinha. Três dias na Ala Hospitalar o fariam bem, sem dúvida. Também andava muito distraído, cada vez mais louco pela garota Mors. Patético.

O Herdeiro de Slytherin não aceitava que o mistério e a aparente falta de medo que Aura Mors - seria mesmo esse seu nome? - o assustava. Não, ele se recusava a acreditar nisso, pelo menos até a noite anterior.

Ele não costumava sonhar, ou se sonhava, não se lembrava na manhã seguinte. Mas naquela noite ele sonhou. Sonhou em como havia chegado a mansão de seu pai— um trouxa imundo e desprezível que havia abandonado sua mãe fraca - e matado, primeiro seus avós, somente para que Tom Riddle Sr. soubesse o que o aguardava. E então, ele pronunciou a Maldição da Morte e viu a luz nos olhos de seu pai se apagar. Porém, ao contrario do que acontecera na realidade, ele não virara as costas e fora embora; no sonho, seus pés estavam colados no chão e ele não podia se mover.

Sombras escureceram a grande sala de estar em que se encontrava, sombras tão espessas que poderiam ser palpáveis. Uma brisa fria pareceu soprar de todos os lados, diminuindo a temperatura do ambiente.

Você tira vidas inocentes, Thomas Riddle.— uma voz melodiosa sussurrou da escuridão - Vidas que não deveriam ser ceifadas...

Quem está aí? , ele queria gritar, mas não podia se mexer nem ao menos seus lábios.

Em sua terrível arrogância, acredita que pode enganar a Morte.— a voz continuou - Ninguém pode desafia-la, Thomas.

Thomas. O jeito que ela disse seu nome... ele reconhecia...

Uma figura alta, com uma grande capa negra, saiu das sombras. Um longo capuz era puxado em sua cabeça de forma que escondesse seu rosto. A temperatura caía cada vez mais, ele sentia sua respiração acelerada se transformar em vapor visível a sua frente. Não ouvia os passos, apenas via a criatura encapuzada caminhar até ele.

Era a Morte.

E então ela parou, bem em sua frente, e mesmo sem ver sua face, sabia que ela o encarava nos olhos. Ergueu as mãos - surpreendentemente, não eram esqueléticas, e sim mãos bonitas, pálidas e de aparência tão suave quanto sua voz - e abaixou o capuz, permitindo que ele visse seu belo e altivo rosto pálido.

Ele se sentiu prestes a desmaiar.

Por que você teme tanto a Morte, Thomas?— ela perguntou, com um sorriso que poderia significar qualquer coisa. O sorriso que tanto o irritava.

Ele não pode responder.

A Morte era Aura Mors.

E então, ele havia acordado, suando e ofegando. Uma vergonha. Por sorte, seus companheiros de dormitório ainda estavam dormindo profundamente, impedindo que fosse visto em um momento de fraqueza.

Tom Riddle não acreditava em sonhos proféticos, mas com certeza acreditava que Aura Mors tinha algo a esconder... Algo muito importante a esconder. E também sabia demais.

E ele iria descobrir o quê por sua mente, ou por tortura. Não importavam as consequências.

Ele sempre conseguia o que queria.


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Notas finais do capítulo

# E então? Mereço comentários, recomendações?

# Vale lembrar que: Tommy sonhou aquilo, queridos, então não pensem que foi spoiler... ou talvez tenha sido! kkkkkkk

Comentem e façam uma autora feliz!!!!



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