Memento Mori escrita por Nightshade


Capítulo 10
Habitam Nosso Espírito


Notas iniciais do capítulo

Queridos, quero agradecer a todos que comentam e a todos que me motivam com suas palavras doces! Obrigada mesmo, e adianto que amanhã postarei dois capítulos!



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"A tolice, o pecado, o logro, a mesquinhez

Habitam nosso espírito e o corpo viciam,

E adoráveis remorsos sempre nos saciam,

Como o mendigo exibe a sua sordidez."

— Charles Baudelaire

 

Jessica Dawson fez questão de ajudar Aura Mors a se arrumar para a pequena reunião de Slughorn. Não que fosse necessário, já que seria algo pequeno, apenas se reuniriam para tomar chá. Iria de uniforme, mas isso não impediu que Jessica insistisse em ajeitar seu cabelo da maneira que achava melhor: em uma longa trança negra elaborada. Aura não se incomodou em ficar sentada enquanto alguém penteava seus cabelos; ressuscitou memórias distantes, que fizeram com que ela se sentisse aquecida por dentro.

Às oito e quinze da noite, estava quase chegando nas masmorras. Estava se atrasando de propósito, queria que a atenção se voltasse para ela, e ultimamente isso vinha ocorrendo. Com certeza, Horace Slughorn já estava sabendo sobre como ela derrotara o grande Tom Riddle na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Se a escola toda já sabia, ele com certeza saberia.

Bateu a porta e entrou, sem exatamente esperar uma resposta.

— Com licença, professor. Geralmente não costumo me atrasar. - sorriu.

Notou que ali estavam Altair Lestrange, Abraxas Malfoy, Amos Avery e Tom Riddle. Professor Slughorn, é claro, estava relaxadamente sentado em sua poltrona com os pés apoiados em um pequeno pufe enquanto se deliciava com abacaxis cristalizados, com certeza dados por Riddle. Pode ver o rosto de Lestrange se iluminar quando seus olhares se encontraram, e quase riu.  professor Slughorn sorriu.

— Oho, minha querida Aura! - ele exclamou, feliz - Não há problema! Venha e sente-se! Sente-se!

Ela se aproximou da mesa, e Lestrange em um segundo estava em pé puxando a cadeira ao seu lado para que se sentasse. Sorriu e se permitiu sentar ao lado dele. Não faria mal, e ali ficaria exatamente de frente para Riddle. Poderia encara-lo diretamente, embora os outros não ousassem fazê-lo.

— Estava comentando com Tom aqui, sobre como a senhorita parece se mostrar a altura dele! - Slughorn deu algumas batidinhas no ombro de Riddle, que pareceu desconfortável - Mas eu já sabia que a senhorita tinha talento assim que a vi pela primeira vez!

Aura Mors se permitiu sorrir com vontade.

— O senhor me superestima, professor. - falou - Eu apenas faço o que é necessário. - lançou um olhar para Riddle.

E quando viu que ele também a olhava, percebeu, satisfeita, que ele entendera o que quis dizer.

***

A Morte caminhou em silêncio pela Floresta. Era uma floresta escura, de folhagens densas e árvores altas e antigas; as árvores pareciam conversar entre si, com seus murmúrios sendo levados pelo vento. Era um lugar antigo, cheio de lembranças... e raiva. Muitas mortes haviam visto, assim como muitas danças alegres e fogueiras acesas em suas clareiras nas noites de Beltane.

Ela caminhou naquela noite, e não sentiu medo, pois sabia que era mais perigosa e assustadora do que tudo o que estava ali. Afinal, muitos a temiam, até mesmo os animais. Eles podiam senti-la.

Lembrava-se das mulheres dançando ao redor das fogueiras, erguendo os braços e girando tochas nas mãos. Seus cabelos eram usados longos e enfeitados com flores e ervas para a ocasião. Algumas pintavam seus rostos.

O homens também dançavam, mas não todos. Em sua maioria, os mais jovens passavam todo o tempo observando as mulheres.

Os celtas.

A Morte sentia falta desse povo.

***

— Bem, senhorita Mors, fale-me sobre seus pais. - Slughorn perguntou, olhando para Mors.

Tom Riddle se inclinou levemente, esperando ver como a garota se esquivaria desta pergunta. Ela havia se esquivado quando Lestrange havia feito essa mesma pergunta.

— Faz tanto tempo que não vejo meus pais, professor Slughorn. - ela respondeu, pensativamente - Que mal me lembro de como eles eram.

Slughorn pareceu comovido, como que entendendo sua resposta um sacrifício pela guerra que ocorria no mundo bruxo. Mas ele não; ele sabia que havia mais do que se podia ver em Aura Mors, ela não era o que parecia.

— Deve ser difícil para você, não é? - o Herdeiro de Slytherin perguntou a garota, colocando um sorriso gentil nos lábios - Ficar longe de seus pais e vir para uma escola tão grande.

— Acredite, Thomas, não está sendo difícil para mim. - ela sorriu, aquele sorriso que poderia significar qualquer coisa - Afinal, - ela se virou, dessa vez para professor Slughorn e deu uma risadinha - eu definitivamente provei isso na aula de Defesas, não é mesmo?

Slughorn riu com vontade, e seus colegas se remexeram em suas cadeiras, desconfortáveis e sem saber o que fazer. Riddle cerrou os dentes, mas se controlou para que o sorriso não saísse do lugar.

— Parece que a senhorita Mors tem razão, Tom, meu rapaz! - o professor exclamou - Fico feliz que estejam se dando bem, fariam uma dupla e tanto!

Lestrange iniciou mais um assunto, do qual Tom não se incomodou em prestar atenção. Era quase evidente que Altair estava fazendo de tudo para garantir a atenção de Mors; estava se tornando completamente ridículo. Precisaria conversar com o colega depois. Não poderia deixar que se cegasse por uma simples garota.

— Senhor, - Riddle recomeçou, quando Lestrange finalmente se calou - é verdade que a professora Merrythought está querendo se aposentar?

— Ora Tom, você não deveria estar sabendo disso. - o professor piscou sorrindo - Você tem um grande talento para saber o que não deve. Aliás, agradeço pelo abacaxi cristalizado, como sabia que era o meu preferido?

— Intuição. - respondeu simplesmente, sorrindo de leve. Os outros garotos riram, mas ele pode sentir o olhar sério de Aura Mors quase o atravessar. Não a encarou.

— Ora, já são quase onze horas! O tempo passou rápido! - o professor se ergueu - Acho melhor irem para que não arranjem problemas. Principalmente você, senhorita Mors. A Torre da Corvinal fica muito longe. Oho!

Tom ficou propositalmente por último e retribuiu o olhar de Mors, que ia saindo. Dessa vez, havia preocupação em seu olhar, o que o fez erguer as sobrancelhas em surpresa. Preocupação por ele? Por quê? O que ela sabia?

Foi divertido enganar e bajular Slughorn até conseguir a informação que precisava. Nem ao menos demorou tanto, apenas uns cinco minutos. Era impressionante o quanto a maioria das pessoas caíam por suas palavras e charme. Na verdade, apenas duas pessoas até agora, ele não conseguira enganar.

Ele poderia criar mais Horcruxes, sete. O suficiente para que sua imortalidade fosse consolidada. E então, ele viveria para sempre e se tornaria o maior bruxo que o mundo já viu. Ele seria conhecido como Lord Voldemort, e todos temeriam dizer seu nome.

Com uma felicidade imperturbável, ele saiu da sala de Slughorn.

E em seguida parou, surpreendido pela figura que se encontrava ali fora, de pé, encostada na parede e de braços cruzados.

Aura Mors o encarava de uma forma tão gélida e tão intensa que ele, Tom Riddle, quase sentiu medo.


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Notas finais do capítulo

# Sobre o Beltane: festival celta que marca o início do verão, onde os participantes dançam e se alegram ao redor de fogueiras.

# Comentários????



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