Ele não soube que tomara a decisão até se levantar e retirar as luvas. A menina observou com curiosidade. Ainda não estava na hora de trocar as ataduras e, de qualquer modo, Bono raramente interrompia suas apresentações. Esperou com paciência enquanto o homem se despia, revelando os braços, o peito e o rosto. Gostava do rosto dele. Sem as ataduras, conseguia ver melhor seus olhos e seus lábios. O pezinho começou a se mexer de nervoso, e Mayuri apertou a flauta. Bono sorriu para ela e ergueu os braços.

No começo, era apenas sussurro, como uma onda suave na praia a vários metros de distância. Mas o som foi aumentando aos poucos, um crescendo que arrepiava seus cabelos e acalentava sua alma. Bono estava dançando para Mayuri. Ele girava e girava, criando música no compasso de seus desejos. E os olhos violetas arregalaram-se de deslumbramento.

Mayuri largou a flauta, despiu o chapéu e o vestido de renda e se livrou das sapatilhas. Sentiu-se mais leve apenas com a camisola branca e os pés descalços. Juntou-se a Bono na dança, girando os braços, as pernas, o corpo. Ele tocava a música que preenchia que preenchia a menina de prazeres. E o riso da menina tocava o coração de Bono.