Quando eu conheci Kamala, pensei que ela fosse a mulher da minha vida. Eu me apaixonei por ela quase instantaneamente. Kamala era bonita, inteligente, divertida, espontânea. Era perfeita para mim.

Sua família era muito rica. Eles eram os donos das Indústrias Rajaram. Eu conhecia muito bem aquela empresa, já tinha lido muito e pesquisado sobre eles. Eram um conglomerado com negócios em vários países. As indústrias nasceram na Índia há muitos séculos, inicialmente no ramo de transporte de especiarias. A empresa foi crescendo, investiu no setor de transportes, telecomunicações e produções industriais. Além das fábricas, os Rajaram eram donos de satélites, aviões e navios. Eu sempre quis trabalhar naquela empresa, mas eles eram um grupo muito fechado.

Quando conheci a família de Kamala, fiquei impressionado pela simplicidade. Eles tinham uma bela casa, carros de luxo e um avião particular, ainda assim, pareciam tão simples quanto qualquer cidadão de classe média. Os pais de Kamala ficaram um pouco receosos a meu respeito no início, mas logo mudaram de opinião e me receberam como um membro da família.

Eu não pude deixar de aproveitar a oportunidade para mostrar meu talento a Dirhen. Na primeira oportunidade, mostrei a ele meus conhecimentos sobre os negócios e logo tornei-me consultor das Indústrias Rajaram. Meu trabalho foi tão bom, que logo fui convidado para assumir um cargo na empresa. E não tive nenhuma dúvida: larguei meu cargo de professor da universidade e fui trabalhar para o meu sogro.

Eu estava muito bem empregado, trabalhando em uma grande empresa, recebendo um salário muito bom e namorando a mulher mais linda do mundo. Kamala e eu estávamos apaixonados, nós combinávamos em todos os sentidos e as melhores horas do meu dia, eram aquelas que eu passava com ela. Então, resolvi pedi-la em casamento. Foi aí que as coisas entre nós começaram a dar errado.

Kamala estava começando a carreira na empresa. Seu pai aposentou-se e me deixou provisoriamente no cargo de presidente, sendo que este cargo ficaria vago em seis meses, então, haveria uma eleição em que Kamala, Sohan, e eu seríamos os candidatos.

Sohan já estava na empresa havia alguns meses e era muito competente. Kamala acabara de se formar e começou a trabalhar. Eu não achava que ela já estava apta a assumir uma empresa daquele porte. Mas ela estava convencida a se tornar a presidente. Tanto que não se importou nem um pouco como nosso casamento. Quando eu pedi a ela que se afastasse do negócios, só até nos casarmos, ela ficou muito ofendida.

— Olha Robert, não sei o que você pensa a meu respeito, mas eu não sou o tipo de mulher que vai ficar em casa enquanto o marido cuida dos negócios. A empresa é da minha família e eu sempre sonhei em assumir o lugar de meu pai. E ninguém vai tirar isso de mim ouviu? Sob nenhuma circunstância eu serei sua esposa troféu!

Esta nunca tinha sido a minha ideia. Eu sabia que Kamala era inteligente e esforçada e nunca tentaria afastá-la dos negócios de sua família. Eu tinha certeza que um dia ela seria a presidente da empresa, só achava que ainda era cedo para isso. Eu desejava me casar com ela porque eu a amava.

Nós acabamos nos afastado. Kamala me pediu um tempo e desligou-se da empresa, provisoriamente. Ela me disse que iria viajar e se preparar melhor para ser a presidente que a empresa precisava. Nós não nos falamos por meses.

Enquanto a minha noiva ficava fora da minha vida, sem me dar explicações ou ao menos me dizer onde estava, eu trabalhava muito, fazendo sua empresa prosperar e seu dinheiro multiplicar-se. Fui eleito presidente da empresa e nomeei Sohan como vice-presidente. Mandei fazer auditorias em todas as fábricas e percebi que muito do que a empresa produzia era obsoleto. Havia uma grande quantidade de funcionários trabalhando de maneira desnecessária. Resolvi modernizar a produção, investindo em maquinários e reduzindo a mão de obra, substituímos funcionários despreparados por outros mais qualificados e abri a empresa para novos investidores. Assim, conheci Mahish Sayam.

Mahish era um poderoso empresário americano, com ascendência indiana. Ele queria associar-se às empresas Rajaram e estava disposto a investir alto em um dos projetos antigos, que estava abandonado havia alguns anos. Ele também tinha interesse em outros projetos da empresa, mas exigia uma contra partida. Mahish queria que a sede de empresa, tradicionalmente indiana, se mudasse para os Estados Unidos.

Isto porque o empresário estava financiando a campanha de reeleição de um político, e aumentar a presença de uma empresa como as Indústrias Rajaram nos Estados Unidos, garantiria muitos votos a seu associado. Eu não vi problema algum.

Eu reuni a diretoria e apresentei o projeto a eles. Todos ficaram muito animados com as possibilidades de lucros da empresa. Assim que recebi o aval dos diretores e de Sohan, apresentei Mahish à diretoria. Ele tinha um carisma enigmático e conquistou a confiança de todos. Estávamos prontos para começar a transição das sedes, toda a diretoria e os investidores concordaram com as mudanças. Mas nós ainda precisávamos do aval dos principais acionistas.

Sohan detinha 30 por cento das ações da empresa, e eu estava certo de que teria seu apoio. Kamala e seu irmão detinham juntos 60 por cento, mas ambos estavam desligados da empresa e eram representados por mim e pela diretoria, então nada nos impediria. Pelo menos era o que eu pensava.