Chiquititas - Revenge escrita por Geovanna Danforth


Capítulo 6
Descoberta




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Ele se foi.

Fiquei sentada no chão por um tempo enquanto as lágrimas seguiam uma atrás da outra pelo meu rosto. “Seria bom ele ter dito adeus logo”, pensei, “provavelmente não nos veremos mais...”

Então me lembrei que Adriana estava vindo, levantei num salto e fui ao banheiro tomar um banho rápido.

Depois de me arrumar e tentar disfarçar os olhos inchados, coloquei uma panela com água no fogão pra fazer um chá. E a campainha tocou.

Tentei esticar os lençóis da cama mas a campainha tocou de novo. Merda.

Era Adriana, com um sorriso reluzente e uma caixa de bombons. Tentei fingir alegria ao vê-la mas meu corpo estava tenso.

— Tem alguma coisa pra comer por aqui? _ disse ela entrando. _ Nossa Laureen, parece que um furacão passou por aqui... vou te ajudar a arrumar essa bagunça.

— Não! Não precisa... _ falei.

— Quê isso já... claro que ajudo amiga...

—Droga. _ murmurei.

Enquanto Adriana dava uma “geral” eu fui olhar a água do chá e tentar me lembrar se Tiago tinha ido embora com todas as roupas.

— Laureen.

— Sim?

— O que significa isso?

Quando olhei percebi que Tiago tinha ido com todas as roupas sim, mas havia esquecido um pedaço de papel, não um simples papel, um extrato de uma conta que continha o nome dele por sinal...

Fui até ela e o peguei.

— Hum... _ murmurei. _ Você não sabe de quem é?

Adriana cruzou os braços.

— É do Tiago. _ falei na maior cara de pau, já que eu não tinha outra no momento _ Tá aqui, ó. _ Apontei para o seu nome escrito.

— É claro que eu sei! _ gritou ela e eu me encolhi. _ Mas parece que você é que não está muito bem da cabeça!

— O. Que. Eu. Fiz.

— Cadê a roupas dele? _ Adriana começou a zanzar pelo quarto. _ Ele tá no banheiro?

— Ele não está aqui Adriana. _ falei calmamente.

— Eu não acredito nisso Laureen... _ ela pegou o celular e começou a discar.

— O que deu em você? _ eu já estava assustada.

—Não demora pra passar aqui no apê da Laureen. _ disse ela pra pessoa do outro lado da linha enquanto eu pegava um bombom da caixa que ela havia trazido. _ Eu é que pergunto o que deu em você! _ Isso ela disse pra mim.

— Pra quem você ligou?

— Pra Renata.

— Ela não estava fazendo trabalho?

Estava Laureen. Ela precisa saber.

— Ela não precisa saber agora, caso você não lembre ela também está em conflito com o amor.

— Também? _ a voz de Adriana subiu algumas oitavas. _ Amor?

Não falei nada e enfiei o bombom na boca.

— Então quer dizer que... ele dormiu mesmo aqui? Hoje?

Eu gostava de Adriana, amava aquela garota que só porque era um ano mais velha que eu se sentia responsável por mim, mas as vezes ela passava dos limites, e como eu não era tão pirracenta assim...

— Não. Não conseguimos dormir de tão bom que estava o que nós fazíamos.

Engoli o bombom.

Adriana arregalou os olhos e foi em direção a porta.

— Eu preciso de ar.

Enquanto minha amiga foi atrás de seu “ar” eu terminei de arrumar a cama e de fazer o chá até que as duas chiquititas apareceram.

Elas foram entrando como se fossem donas da casa, Adriana foi até a mesinha e se sentou numa cadeira, se serviu de um pouco de chá e ficou quieta. Já Renata veio até a cama, onde eu estava sentada e me deu um beijo no rosto, sentou ao meu lado e pegou a caixa de bombons, da qual eu havia comido apenas um.

— E então, _ perguntou ela _ quais são as novas?

— Ela não te contou? _ perguntei desacreditada.

Renata balançou a cabeça;

— Eu preferi manter silêncio. _ disse Adriana por detrás da xícara.

— Hum... _ falei _ o Tiago me achou.

Renata virou-se pra mim com a boca cheia.

— O QUÊ?

— Eu não sei como isso aconteceu tá, ele apareceu aqui, do nada e no início nós nos tratamos de um jeito muito estranho mas depois conseguimos conversar e...

— Conversar é... _ Adriana murmurou.

— O que estão escondendo de mim? _ perguntou Renata de novo.

— Nada de mais amiga, _ falou Adriana_ é que eu também fico com as mesmas dúvidas da Laureen, _ ela arqueou as sobrancelhas _ Como será que o Tiago veio achar a Laureen tão rápido? Acho que ele nem errou a porta. Com certeza ele deveria ter o endereço nas mãos né. Quem será que deu esse endereço pra ele...? _ Adriana continuou me encarando enquanto bebia um gole do chá.

Minhas palavras sumiram. Seria possível que ela estava me acusando do que eu achava que ela estava me acusando? As palavras voltaram.

— Não acredito que você está insinuando isso Adriana! Como eu poderia dar o meu endereço pro Tiago?! E como eu poderia dar o endereço pra ele e depois brigar com ele por isso?

— Vocês brigaram porquê? _ sussurrou Renata.

— Ele foi muito grosseiro comigo, mas depois conseguimos nos entender. _ fixei os olhos no chão.

— Eu acredito sim Laureen, que vocês brigaram, já que você tem um gênio forte, mas sabe o que não entra na minha cabeça... _ estreitei os olhos pra ela. _ não consigo entender, _ ela continuou _ como é que depois dos tapas saírem no corredor, vocês vieram parar na cama.

Renata virou a cabeça, roboticamente, pra mim.

— Laureen, _ falou ela_ você transou com o Tiago?

Merda.

CH

O bate-boca começou. Adriana dizendo que eu havia cometido um erro e eu dizendo que sabia disso mas não me arrependia, como eu poderia me arrepender?!

— Você não sabe no que se meteu Laureen...

— Mas que merda! _ explodi. _Da minha vida cuido eu!

— Será que você não entende que eu só quero te proteger. _ disse ela segurando meus braços.

— Adriana você não é minha mãe, _ falei gentilmente tirando suas mãos dos meus braços, _ houve um tempo em que eu precisava dessa proteção mas agora eu já estou bem grandinha, não acha? E também, o Tiago é meu amigo, nosso amigo. O que ele poderia fazer?

Renata que estava quieta todo esse tempo, apenas comendo os bombons, falou calmamente.

— Ele poderia trair a namorada dele.

— Hã?

— Ele tem namorada Laureen.

Sorri sem graça.

— Não, não... ele nunca... _ olhei para as duas_ faria?

Renata começou a lamber os dedos.

— Sim... mas pelo menos ele traiu Maíze com você, seria pior se fosse ao contrário...

Fiquei sem palavras por um minuto.

Então o que eu mais temia era verdade. Depois daquela tarde essa hipótese tinha sumido da minha cabeça, parecia que eu nunca tinha visto Tiago junto com Maíze, era outra pessoa que estava com ele na Universidade e era a mim que ele amava.

— Sinto muito Laureen. _ murmurou Adriana.

— Agora entendo você Adriana, me desculpa por...

— Não precisa pedir desculpas Laureen, você não sabia de nada.

— Bom, acho que preciso ficar sozinha um pouco.

— Você vai ficar bem? _ perguntou Renata.

Dei um sorriso amarelo. Eu tinha que ficar.

— Se cuida, tá? _ disse Adriana e eu concordei com a cabeça.

— Tá, a gente se encontra em outro momento pra colocar os papos em dia. _ disse Renata se encaminhando para a porta com a caixa de bombons na mão.

— Calma aí Renatinha... _ falei_ eu também sou filha de Deus.

— Eu também.

Dividimos os bombons e despedi as meninas na porta enquanto minhas engrenagens funcionavam.

— Só uma pergunta meninas.

Elas pararam.

— Por onde o Rangel anda?

Adriana franziu o cenho e Renata pensou um pouco antes de responder.

— Bom, eu soube que o pai dele é vereador, corrupto por sinal; ele trabalha com o próprio.

— Hum, obrigada.

— Laureen, cuidado com o que você vai fazer. _ disse Adriana me olhando nos olhos.

Sorri para ela.

— Não se preocupe.

Fechei a porta e respirei fundo.

Já tinha um plano em mãos mas antes precisava ir ao shopping urgentemente.

CH

Antes de anoitecer comecei a caçar uma roupa que eu nem imaginava nas lojas que ainda estavam abertas.

Queria uma coisa sensual mas ao mesmo tempo social.

Encontrei um macacão de tecido fino, cor de vinho, com um decote arrebatador. Me apaixonei antes mesmo de experimentar.

Levei o bendito macacão e uma pequena tv de uma outra loja, meus dias de tédio seriam entretidos por programas fúteis.

Voltei pra casa quando já estava escuro e comi umas besteiras, depois de tomar e tirar todos os meus disfarces, decidi não usá-los no dia seguinte.

— Rangel querido, me aguarde.


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